Escrevi isto no meu blogue Escrevedoiros em 2006, sobre os lavadouros públicos, hoje considerados património municipal. Lembrei-me do texto, a propósito deste atentado ao património que se vê na image. A câmara autorizou que se construísse uma esplanada devrestaurante exatamente por cima de um destes lavadouros públicos, que faz conjunto arquitectónico com um chafariz, dois dos poucos elementos do património construído desta terra. Assim se faz em Portugal inteiro.
Foto e texto meu
“Antigamente as pessoas lavavam a roupa nos lavadoiros públicos. Alguns eram locais idílicos a meio dos campos cultivados, ou da folhagem dos bosques.
Lavavam-se as nódoas conhecidas e vulgares. Quanto às outras, que poucas seriam nessas épocas, desconhecidas e invulgares, poderiam ser imperceptíveis, mas duvido que passassem despercebidas.
É como agora, nos modernos escrevedoiros públicos. Cada um mostra o que quer… mas vê-se sempre mais.
Havia o gorgolejar da água no tanque, a frescura acariciante da erva, o convívio murmurejante das mulheres de saias largas e compridas, o cheiro da terra.
E a fonte, ou o curso do regato, onde se inclinavam mulheres com panos.
- O que é que o seu homem andou a fazer, para ficar com essa camisa tão suja?
- Sei lá!..- Que fez a sua filha, para ter esse vestido rasgado?
- Sei lá!...
- E você, porque tanto esfrega esse pano que está limpo?
Viver é viver! E Rima.”
Texto de Graciete Nobre