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sexta-feira, maio 24, 2019

Exposição Lisboa Plural, no Museu de Lisboa





O Museu de Lisboa, a parte situada no Palácio Pimenta, no Campo Grande, inaugurou uma exposição intitulada Lisboa Plural.
Lisboa Plural é a Lisboa, cidade mãe de cristãos, de mouros, de judeus, de escravos negros que cá nasceram ou que para cá vieram, de índios da Índia e de índios das Américas, que cá aportaram, talvez contra a vontade. 

Como se pode ver em muitas imagens desta exposição, estiveram cá e coexistiram todas essas pessoas. E onde estarão agora? Talvez na nossa pele...

A escravatura é algo que não devemos esquecer, por muito que nos apeteça dizer que não tivemos culpa nenhuma. 

Num poste antigo deste blogue sobre a abolição da escravatura, muitas pessoas se queixaram de se sentirem ofendidas, magoadas e tristes, pois dizer a verdade sobre o assunto é uma dor. 

Começa-se agora a tratar claramente o assunto e a mostrar, com imagens, o que foi esse tempo, o que foi a escravatura, o que foi o tráfico de escravos, o modo como essas pessoas sobreviveram, o heroísmo de que deram mostras, a miséria em que viveram, etc.

Tudo isto se vê na Exposição Lisboa Plural. Com visitas guiadas que nos apaixonam  por nos transportarem para outras épocas em que, apesar dos pesares, também existiu o amor, a alegria, a festa, a solidariedade de braço dado com a traição, enfim, a nossa pobre humanidade, comum a todos os povos.

A não perder.

domingo, julho 16, 2017

Portugal deve pedir desculpa pelo seu papel no tráfico de escravos e incentivar no país uma discussão sobre o assunto?


Encontramos no Expresso de 16 / 7 / 17 esta notícia:

"Os líderes políticos portugueses devem pedir desculpa pelo papel do país no tráfico de escravos e incentivar uma discussão sobre o tema na sociedade portuguesa, defendem especialistas americanos ouvidos pela Lusa."

A discussão sobre o assunto é de facto urgente. Senão, vejamos: 

Existe, neste blogue, um post muito polémico, intitulado : 
"Portugal, 1º país a abolir a escravatura?" polemizando esta informação, que nos é dada nos bancos da escola. 

A ideia de que Portugal foi pioneiro na luta contra a escravatura é totalmente abstrusa, absurda  uma negação da realidade, já que Portugal foi um dos países com mais responsabilidade na quase "eternizarão" da escravatura, perpetrada por europeus. 
É da Europa que estamos a falar e não da escravatura que ainda hoje se pratica em muitos países do mundo, de tal maneira que existem hoje mais escravos do que no ano 1800. (E nós também pactuamos com essa escravatura atual, ao comprarmos produtos muito baratos, em ternos relativos, porque são produzido por escravos).

O interessante desse post não é o post em si, mas sim os muitos comentários, quase todo negando a realidade. Só foram apagados os que eram claramente insultuoso para a autora do blogue ou para alguém específico, os outros estão lá, prontos a serem lidos.
E, na sua maioria, revelam um desconhecimento total da história de Portugal e da história da escravatura no mundo. Ou uma ideologia branqueadura de tudo isto e em particular do Salazarismo, o qual mantinha os escravos, de forma anacrónica em relação à Europa.

Chegou o tempo de refletir. Vivemos num mundo global. Não custa nada reconhecer os erros dos nossos antepassados. Nossos? De quem? Meus?

Creio que o atual presidente da Republica irá pedir desculpa, como lhe compete, até na sua qualidade assumida de professor.

segunda-feira, maio 01, 2017

Portugal e a escravatura (ainda)

O nosso simpático Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou recentemente, num dos países que mais foram vitimas da escravatura, o Senegal, que Portugal foi dos primeiros países abolir a escravatura, em 1761. Isto veio abrir uma polémica que nunca tinha acontecido no país. 

A afirmação foi muito simpática do ponto de vista do Presidente, mas não do ponto de vista dos muitos milhares de escravos que existiram em Portugal até dois séculos depois dessa data, até 1961 ou mesmo 1974.

É uma das frases que toda a gente diz, porque não é verdade. Neste caso, só se diz em Portugal.

Este blogue tem um post antigo sobre este mesmo tema, é o seu post mais polémico, com acusações e insultos à sua autora. Os comentários estão online, exceto os mais insultuosos, porque eles também mostram a mentalidade dos portugueses em relação à sua própria história, em relação aos seus próprios mitos inventados pelo poder e pela versão oficial da sua história. De facto, esse post só é interessante pelos comentários. Cheguei a retirá-lo, a torná-lo invisível, quando me acusaram de magoar muita gente com as verdades que revelava. Não quero magoar ninguém..


VER AQUI

Como o debate se reacendeu, em parte devido a uma exposição no Museu de Arte Antiga, a qual incluía duas polémicas (tinham de ser) pinturas da Lisboa do Sec. XVI com muitíssimos negros, o post foi recolocado 2 ou 3 meses depois de ser ocultado.

E aqui vai a questão de novo: Portugal foi o primeiro país a abolir a escravatura? Ou Portugal tem uma das histórias mais inconfessáveis da escravatura? 

Quem conhece a data 1447 em que foi iniciado o tráfico de escravos africanos para Europa? Quem, de entre nós, portugueses, sabe que foi Portugal a  iniciá-lo? 

Ficaram aqui vários links de jornais recentes, abordando esta matéria, que tarda a ser debatida e reconhecida por Portugal e pelos Portugueses. A Bem da Nação :)

Clicar por cima: 


Sobre as coleiras usadas pelos escravos 

Portugal reconheceu injustiça da escravatura quando a aboliu em 1761, diz Marcelo

Portugal: evitando falar sobre escravatura desde 1761





Testemunhos da escravatura em museus e arquivos de Lisboa - Jornal Público







domingo, janeiro 08, 2017

Contra a escravatura moderna

Contra a escravatura moderna, assinar esta petição para apoiar a ONU nesta luta

CLICAR AQUI


quarta-feira, dezembro 28, 2016

Ainda a Escravatura: às vezes o amor pode vencer o tempo



Ao separar-se da filha Ashley que venderam, uma escrava, chamada Rosa, deu-lhe este saco, que levava dentro um vestido esfarrapado, três mãos cheias de nozes pecan, um caracol do seu próprio cabelo e "o saco está cheio com todo o meu amor", disse ela. 

Nunca mais se viram.

Muitos anos depois, neta de Ashley, Ruth, bordou a história no saco.

Muitos anos mais tarde, o saco foi descoberto numa venda de velharias.

Encontra-se agora num museu em Washington D.C. o Museu Smithsonian National Museum of African American History and Culture. 

http://kuow.org/post/slave-mothers-love-56-carefully-stitched-words



O bordado tem estes dizeres:

"A minha bisavó Rose, mãe de Ashley, deu-lhe este saco quando ela foi vendida, com a idade de 9 anos, na Carolina do Sul.

Continha um vestido esfarrapado, 3 mãos cheias de pecans [nozes], um caracol do cabelo deRosa.

Disse-lhe: estará cheio com todo o meu amor.

Ela nunca mais a viu.

Ashley é minha avó.

Ruth Middleton"




segunda-feira, março 19, 2012

Escravos atuais





Já aqui mencionei este tema, mas nunca é demais referi-lo e alertar para ele.
Encontram-se hoje verdadeiros escravos na Mauritânia, o último país a abolir a escravatura (1981) e a criminalizar o ato de possuir uma pessoa (2007). são arrepiantes os relatos, levando-nos a imaginar e a compreender como é desumano o poder. Qualquer poder torna os homens desumanos.


LER RECENTE REPORTAGEM DA CNN sobre o assunto.


E que linda que é esta mulher, apesar de lhe terem matado a filha pequenina e de não lhe terem permitido sepultá-la... 

segunda-feira, maio 09, 2011

O 1º País a abolir a escravatura?

Há vários blogues portugueses a denunciarem os erros históricos cometidos no vídeo que a Câmara de Cascais fez, para enviar aos Finlandeses. E vai fazer mais. *
A acreditar nesses blogues, quase nada, nesse vídeo, corresponde à verdade.

O que me saltou à vista, numa primeira visualização, foi a ideia peregrina de que Portugal aboliu a escravatura 100 anos antes dos Estados Unidos. De facto, é usual dizer-se que Portugal foi o 1º país a abolir a escravatura. Tenho discutido este assunto, que a princípio me despertou muita perplexidade. É um dos muitos mitos em que se baseia o orgulho português e quase que a própria identidade portuguesa.

O Marquês de Pombal aboliu a escravatura em 1761, mas só no papel. Aboliu-a em Portugal Continental e na Índia Portuguesa, quero dizer, nas colónias portuguesas na Índia, deixando bem claro ser muito importante que não faltassem escravos no Brasil.

Portugal tem uma das histórias mais vergonhosas do mundo no que diz respeito à escravatura e precisa duma mentira deste calibre para se branquear. É esta a origem dos mitos, quase todos inventados por Salazar e apaniguados.

A escravatura só foi abolida no Brasil muito depois da independência do Brasil, mais exactamente em 1888. Em território português, ela existiu na prática, ainda durante o Salazarismo e até ao 25 de Abril.
Não há muitos portugueses que saibam estes factos: quando, nas colónias africanas portuguesas, um "criado" negro não queria continuar a trabalhar para o português branco (eram ambos considerados portugueses, mas...), muitas vezes porque era espancado por ele, fugia.
Depois de fugir, era procurado e normalmente apanhado por uma polícia especial só para negros, constituída por negros e mulatos. Era espancado pela polícia por ter fugido e logo entregue ao antigo patrão.
Isto não é escravatura?

O romance "Equador" de Miguel Sousa Tavares explica bem, baseado numa investigação histórica, como a escravatura persistiu no Sec. XIX, com alguns disfarces legais, pouco disfarçados e nada legais.
Para não dizer que os portugueses se destacaram pela negativa no tráfico negreiro, até mesmo quando ele era proibido nos mares.
Quando se estudava, durante o Estado Novo, décadas de 60 e 70, aprendia-se que, entre as nossas muitas colónias, tínhamos Goa, Damão e Diu. Já não tínhamos. Era mentira.

Pobre da Terra Imunda que precise destas mentiras demasiado descaradas para se orgulhar de si mesma. Há-de haver motivos mais válidos.
Portugal pode orgulhar-se do que fez bem, não precisa de se orgulhar do que fez mal.

* N.B.: O vídeo está neste blogue, é o penúltimo post antes deste (Maio de 2011).

Ver blogues que apontam os erros


COMO ESTE POST TEM DESPERTADO MUITO INTERESSE E MUITA POLÉMICA, APAGUEI MESMO ALGUNS COMENTÁRIOS POR DESCABIDOS E / OU OFENSIVOS, DECIDI ATUALIZÁ-LO EM 25 /  9 / 2015, COM BASE EM NOTÍCIAS DE COLÓQUIO SOBRE O ASSUNTO

Como falar de escravatura sem ser antiportuguês

Uma história da escravatura sem heróis (incluindo o escravo)http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/como-falar-de-escravatura-sem-ser-antiportugues-1708787


(Ver outros posts deste blog sobre escravatura, clicando no link abaixo.)

terça-feira, outubro 28, 2008

Escravatura, hoje

Fiquei abismada ao ler hoje no Público uma notícia sobre escravatura em África, nos nossos dias. Não é que não tivesse ouvido falar, nem que não fosse imaginável, só não imaginava que fosse legal, ainda nos nossos dias.
De facto, a escravatura foi abolida no Níger só há 5 anos e ainda existe noutros países.
Todos nós, há uns meses atrás, ficámos siderados com a notícia daquele pai austríaco que tinha a filha e os filhos-netos numa cave... pois algo de muito semelhante e em cerrtos casos muito pior se passará nesses países e sem dúvida nos países muçulmanos, em que queimam e matam mulheres impunemente.
A notícia do Público é uma boa notícia, mas realmente parece péssima pelas outras informações que estão implícitas.

A notícia já não está online, mas tem por título:

Mulher do Níger indemnizada por ter sido escrava.

já agora, foi indemnizada em cerca de 15 mil Euros