Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
quarta-feira, setembro 04, 2013
Istambul Maravilhosos Mercados
O Mercado das Especiarias de Eminonu. Comprei deste açafrão indiano a 50 liras turcas o kilo (é isso que quer dizer o letreiro).
Do lado de fora do mercado coberto, encontramos de tudo um pouco: colheres de pau, tachos e bules...
É o comércio que dá graça a qualquer terra.
Em baixo, vemos o Grand Bazar. Muito perto dele, na saída 2, Gate 2, podemos ainda encontrar um sítio onde se faz bem o Banho Turco. Os preços começam nos 20 euros. Sim, Euros. A moeda é a Lira Turca, mas existem preços em euros, em locais como este.
Fica aqui o link para esse local.
Alguns hotéis também fazem este Banho turco.
Istambul, a cidade do outro lado
Saímos de Istambul enriquecidos, não pelo muito que aprendemos, mas por nos apercebermos do abismo da nossa ignorância em relação à parte oriental do mundo.
Enriquecidos de curiosidade pelo outro, que é o reverso dos livros de história. Ou de geografia, ou do que for.
Porque as pedras só se tornam humanas se virmos nela a inscrição, não só do humano, mas também do divino. Como neste mosteiro da Capadócia.
Istambul já foi Bizâncio e já foi Constantinopla, cidades quase míticas. Com uma história que é a nossa história. Istambul significa, etimologicamente, "a cidade que fica do outro lado". Do outro lado do Bósforo.
A cidade que fica do outro lado, também para nós ocidentais, do outro lado do oriente, é a cidade do passado.
Mas o passado talvez se transforme em futuro e talvez seja do Oriente que nos chegue a renovação.
Ponte e torre de Galata
Um dos locais mais vividos de Istambul é esta ponte de Galata, que tem restaurantes sobre o rio e muitos pescadores por cima, mesmo de noite.
Fica no porto de Eminem, também muito vivido e concorrido, com restaurantes especiais. Não para turista ver, mas com comidas típicas, como umas sanduíches de peixe que não cheguei a provar, devoradas com grande sofreguidão pelos autóctones.
Tudo isto fica também perto do fantástico mercado de especiarias, com o mesmo nome do porto.
Ainda Istambul
Estes palácios, alguns deles abandonados, testemunham o antigo esplendor do Império Otomano. Os paxás viviam em grandes mansões de madeira na cidade, mas, após a implantação da república, foram frequentes os incêndios dessas casas (fogo posto). Fizeram então, ou já tinham, estes palácios ao longo do Estreito de Bósforo, para onde se mudaram. Há vários parecidos, este no Corno de Ouro, uma parte estreita e especial do Bósforo.
Casas de madeira
segunda-feira, setembro 02, 2013
Finalmente! Que coragem!
Já aqui tinha referido uma anterior notícia, da última tentativa que falhou. Se fosse em Portugal, esta senhora estaria há vários anos na reforma antecipada. Cansada da vida.
E no Expresso:
Mulher de 64 anos nada de Cuba à Florida sem protecção contra tubarões
À quinta tentativa, Diana Nyad conseguiu mesmo atravessar a nado as 103 milhas (cerca de 166 quilómetros) que estão entre Havana, Cuba, e Key West, no estado norte-americano da Florida. E fê-lo como nunca ninguém o tinha feito: sem a ajuda de uma jaula que a protegesse de tubarões. Mas esse não é o único facto impressionante: Diana tem 64 anos.E no Expresso:
A nadadora de 64 anos, que acalentava o sonho da travessia há vários anos, partiu de Havana no início de sábado - gritando "coragem!" enquanto entrava na água - e chegou esta tarde à praia de Key West, sendo recebida por dezenas de pessoas, algumas das quais a nadarem na sua companhia para a acompanharem na sua aproximação à costa norte-americana.
Apesar de ter saído da água em pé, sem assistência, Nyad não demorou muito a cair nos braços de uma assistente, já que a longa travessia de 180 km foi muito dura para a nadadora nova-iorquina, de acordo com os médicos que a acompanharam em embarcações de apoio.
terça-feira, agosto 20, 2013
Capadócia: aldeias subterrâneas
Os gregos, que como já foi referido, viviam na Capadócia desde Alexandre Magno, com muitos vindos posteriormente, foram perseguidos em várias épocas, por serem gregos e por serem cristãos. O Império Otomano, propriamente turco, não fazia perseguições religiosas e, bem ao contrário, acolheu de braços abertos os judeus fugidos da península ibérica, como está fortemente documentado. Embora, também na Turquia, vivessem em ghetos.
Para fugirem às perseguições, os gregos, que viviam comunitariamente em aldeias agrícolas, construíram estes subterrâneos. Ficavam aqui até terminar a perseguição, ou até se sentirem seguros para regressarem a casa.
Entretanto, iam fazendo o que tinham a fazer, como, por exemplo, vinho. Estes subterrâneos continham vários lagares e vários espaços para conservação do agradável líquido.
A pedra é a mesma que permite escavar as chaminés das fadas. Estas têm 3 camadas, mas a parte principal é em turfa.
É difícil tirar fotos com tanta escuridão, isto foi o que se pôde arranjar.
Capadócia: O Castelo
Este é o mais alto "complexo urbanístico" constituído por casas escavadas nos rochedos de pedra macia, chamados "chaminés das fadas". Chama-se Castelo.
Viviam aqui muitas pessoas, todas gregas. Embora habitassem a Capadócia e outras partes da Turquia desde os tempos da invasão de Alexandre Magno, os gregos mantiveram a sua língua, a sua religião e a sua cultura até aos dias de hoje.
Mas um acordo bilateral de 1924 obrigou estes Gregos a regressarem à Grécia e os Turcos que habitavam em regiões da Grécia a regressarem à Turquia, (embora ainda existam muitos gregos em Istambul, segundo diz Pamuk no livro citado). O que deixou as casas desabitadas. Atualmente é proibido morar nelas, por ser considerado perigoso. Ainda recentemente morreu um turista alemão que subiu ao topo e no mosteiro, uma turista italiana. Agora é proibido ir onde foi a italiana, mas ainda é permitido subir a este Castelo.
Na última foto, vê-se uma árvore carregada de objetos chamados "Olho Turco", contra o mau olhado e outra carregada de cântaros, em frente ao Castelo. Vi muitas árvores decoradas como esta.
Na última foto, vê-se uma árvore carregada de objetos chamados "Olho Turco", contra o mau olhado e outra carregada de cântaros, em frente ao Castelo. Vi muitas árvores decoradas como esta.
Vou interromper este "Diário de Bordo", a continuar mais tarde. Ver o postt do mosteiro, a que acrescentei várias fotos e informações.
Dourados
Basta uma imagem como esta para constatarmos que estamos perante uma cultura diferente. Adivinhem para que servem estas espetaculares artefactos dourados.
Solução: para engraxar sapatos, não apenas os dos homens mas também os das mulheres e das crianças. são muito maciços e aparentemente, ficam ali de um dia para o outro.
segunda-feira, agosto 19, 2013
Istambul, a cidade do outro lado
Saímos de Istambul enriquecidos, não pelo muito que aprendemos, mas abismados pela nossa ignorância de toda a parte oriental do mundo.
Enriquecidos de curiosidade pelo outro, que é o reverso dos livros de história. Ou de geografia, ou do que for.
Porque as pedras só se tornam humanas se virmos nelas a inscrição, não só do humano, mas também do divino. Como neste mosteiro da Capadócia.
Istambul já foi Bizâncio e já foi Constantinopla, cidades quase míticas. Com uma história que é a nossa história. Istambul significa, etimologicamente, "a cidade que fica do outro lado". Do outro lado do Bósforo. A cidade estranha e estrangeira.
A cidade que fica do outro lado, também para nós ocidentais, do outro lado do mundo, é a cidade do passado.
domingo, agosto 18, 2013
Festa da circuncisão
Aterrorisada pelo que julguei ser outro casamento na piscina para não deixar dormir ninguém também esta noite, perguntei. A princípio não entendi a resposta, não por defeito do inglês, mas da estranheza. Circum circum... será circo? Não deve ser...
É uma festa de circuncisão. Que na Turquia tem caraterísticas próprias como refere este site em inglês CLICAR.
Mas também há um casamento, num sítio insonorizado.
Como a festa da circuncisão tem muitas criancinhas, espero que acabe cedo.
Também está aqui uma equipa de futebol do Iraque, chamada Zahco, sempre vestidos de equipamento vermelho, as crianças pedem-lhes autógrafos e os homens sorriem e tratam-nos pelo nome.
Estão no mesmo andar que eu e são muito simpáticos, já me cumprimentam muito bem e alguns falam comigo, incluindo o manager, que fala várias línguas incluindo turco, provavelmente mal, a julgar pelo seu inglês.
Um dos jogadores dá-me um grande aperto de mão quando lhe digo que sou portuguesa, depois de me perguntar, talvez por ter entendido mal, se sou chinesa. Aqui perguntam-me se sou alemã ou polaca. Italiana é o mais perto que chegam. Agora, chinesa... também me fez uma festinha na cabeça, a despropósito. Em geral toda a gente faz uma ar de satisfação quando digo que sou portuguesa, ou melhor, digo Portugal, pois pouca gente entende mais do que isso. Alguns referem o nome de um jogador, mas não é o caso destes jogadores.
Um dos jogadores dá-me um grande aperto de mão quando lhe digo que sou portuguesa, depois de me perguntar, talvez por ter entendido mal, se sou chinesa. Aqui perguntam-me se sou alemã ou polaca. Italiana é o mais perto que chegam. Agora, chinesa... também me fez uma festinha na cabeça, a despropósito. Em geral toda a gente faz uma ar de satisfação quando digo que sou portuguesa, ou melhor, digo Portugal, pois pouca gente entende mais do que isso. Alguns referem o nome de um jogador, mas não é o caso destes jogadores.
Eu tinha a ideia de que os árabes eram muito durões, autoritários, convencidos, mas os que conheci aqui são muito gentis. Incluindo o cirurgião iraniano com quem falei algumas vezes em Istambul. Com as mulheres não dá para falar, não devem entender línguas, nem falar com desconhecidos. As mais convencionais de trajo tradicional, pelo menos algumas, ficam chocadas com o meu modo de vestir e de proceder. Não dizem nada, mas o olhar diz tudo.
Mas, durante os dois pequenos cruzeiros que fiz no corno de ouro, a certa altura aparece um homem a vender uma espécie de roscas, espécie de pão de trigo. Como não almocei e são 5 da tarde, quero comer aquilo, mas receio que seja muito doce. Pergunto a duas meninas de lenço na cabeça. Faço a pergunta em todas as línguas que conheço e noutras inventadas, mas elas não entendem. Então, uma delas tira um bocado da rosca que comprou e dá-me para provar. Até ma queria dar toda. Era boa, compro uma, mas não aceita a restituição do bocado que me deu.
(E afinal, a festa sempre era um casamento. E um tormento para quem quisesse dormir.)
Mas, durante os dois pequenos cruzeiros que fiz no corno de ouro, a certa altura aparece um homem a vender uma espécie de roscas, espécie de pão de trigo. Como não almocei e são 5 da tarde, quero comer aquilo, mas receio que seja muito doce. Pergunto a duas meninas de lenço na cabeça. Faço a pergunta em todas as línguas que conheço e noutras inventadas, mas elas não entendem. Então, uma delas tira um bocado da rosca que comprou e dá-me para provar. Até ma queria dar toda. Era boa, compro uma, mas não aceita a restituição do bocado que me deu.
(E afinal, a festa sempre era um casamento. E um tormento para quem quisesse dormir.)
Capadócia: o Mosteiro
Mosteiro cristão ortodoxo grego que esteve em atividade até
1924. Tudo escavado nestas formações geológicas designadas por “chaminé das fadas”. Na primeira imagem vê-se o dormitório das monjas, na segunda o dos monges.
O mosteiro inclui várias capelas e uma igreja, com pinturas murais de arte sacra, algumas deterioradas, as da igreja recentemente restauradas. É claro que não é permitido tirar fotografias dessas imagens, mas será possível encontrá-las na Internet.
Igreja: o recinto principal é totalmente interior e sem janelas.
Como é difícil entrar em qualquer um destes sítios! como seria com os monges idosos ou doentes? Isto sim, é preciso ter muita fé para procurar Deus num mosteiro destes.
Refeitório dos monges e moderno café decorado com artefactos regionais, que nos mostra como seria um interior habitado.
Dormir
Dormir? Era bom, era.
Amanhã tenho de me levantar Às 3 da manhã, dormi mal em Istambul. Quando cheguei a este bom hotel, no meio de sítio nenhum e com uma cama enorme, pensei que era desta que dormia.
.
Mas havia dois casamentos: um muito discreto, numa sala onde só comeram enquanto um grupo cantava umas músicas que até pareciam religiosas, tudo muito tradicional exceto o vestido da noiva, ocidental, com um véu muito bonito e diferente. Os noivos estavam ao lado do palco numa mesa que era também uma espécie de palco e estavam a ser continuamente projetados nun vídeo. A festa começou pelas 8:30 da noite e acabou pelas 10:30.
E na piscina em frente do meu quarto havia esta bagunça. Com músicas muito animadas e muito alto, quase todas turcas mas uma ou duas brasileiras, espanholas, etc. Durou pelo menos até à meia noite, talvez não muito mais. Mas já começou outro. Vêem-se por aqui muitas noivas vestidas de noiva.
Há grandes diferenças entre os turcos muito tradicionais e religiosos e os ocidentalizados e pouco religiosos. Segundo Pamuk, há já muito tempo que uma parte da Turquia tenta imitar o ocidente, conta até que nas casas da sua família havia salas de visitas, todas com um piano que nunca foi tocado e muito outros objetos ocidentais, lugar a que ele chama museu, só para mostrarem que eram ocidentalizados.
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