Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
sexta-feira, agosto 08, 2008
quinta-feira, agosto 07, 2008
Sem Titulo
Que horror! Imaginem-se a viver ali!
E no entanto, uns austríacos fizeram lá ao fundo um hotel e uma quinta biológica, aonde só se pode ir de barco e organizam caminhadas por antigos trilhos da serra, para turistas. Para mim nao, obrigada.
Creio que nao é neste sítio, mas mais perto do porto. Isto nem é o sítio onde Judas perdeu as botas, porque nem o próprio Judas veio para aqui...
No tempo dos dinossauros
Na ilha de La Gomera existe um bosque de "Laurissilva" que existiu na Europa na epoca dos dinossauros, ainda a nossa avo nao era nascida, percebem? Nao e periodo que me interesse por ai alem, sendo eu toda voltada para as realizaçoes do espirito humano, mas...
E o maior bosque de laurissilva do mundo. Ha 27 espécies diferentes de árvores, incluindo 4 castas de loureiros.
Veem-se tambem aqui umas montanhas negras e nuas e imensas... sem vivalma e sem nada...
E depois eu, um tanto cansada mas ja rodeada de realizaçoes humanas, incluindo as sandalias novas..
À descoberta das Índias Orientais
domingo, agosto 03, 2008
Adivinhem onde estou
quinta-feira, julho 31, 2008
Utilidade do Jornal Expresso
A última vez que utilizei o Jornal Expresso para tapar o chão porque a casa andava em obras, ele era muito maior do que é agora. Pelo menos para isso ainda servia...
Andei hoje a espalhá-lo pela casa, mas não dá jeito nenhum.
Nessa altura também este jornal não cantava hinos de louvor a Sócrates (refiro-me ao José Pinto).
Estou também a experimentar pela primeira vez a curiosa sensação de me levantar às 7 da manhã nas férias. Para descansar. E para superintender às obras... claro.
Após estas reflexões profundas e profícuas(notar a aliteração), decidi deixar de comprar o Expresso. Entendam isto como uma greve e façam o mesmo.
Andei hoje a espalhá-lo pela casa, mas não dá jeito nenhum.
Nessa altura também este jornal não cantava hinos de louvor a Sócrates (refiro-me ao José Pinto).
Estou também a experimentar pela primeira vez a curiosa sensação de me levantar às 7 da manhã nas férias. Para descansar. E para superintender às obras... claro.
Após estas reflexões profundas e profícuas(notar a aliteração), decidi deixar de comprar o Expresso. Entendam isto como uma greve e façam o mesmo.
terça-feira, julho 29, 2008
Eu Servi o Rei de Inglaterra - Filme
Vi este filme, de Jirí Menzel e gostei.
Acho boas quase todas as alternativas ao cinema americano, mas este realizador é daqueles que fizeram história.
O filme conta as peripécias de um homem que trabalhou sobretudo como criado de mesa em restaurantes chiques da Checoslováquia. Abrange a 2ª Gerra Mundial, com a ocupação do país pelos alemães, mais tarde a libertação e posterior instalação do regime comunista.
A personagem principal é um anti-herói algo cómico, mas o filme tem uma ironia subtil que faz sorrir, não provoca aquelas gargalhadas sonoras de quem não está a pensar.
É de facto um país que foi dum extremo ao outro, antes de ser desmantelado e transformado em dois. É bem apanhada a ideia de mostrar essa sociedade sob a perspectiva do luxo, que deixa de existir no regime comunista e que assume facetas diferentes durante a ocupação nazi. Também mostra o "ridículo" das ideologias e de quem as segue de forma rígida.
Acho boas quase todas as alternativas ao cinema americano, mas este realizador é daqueles que fizeram história.
O filme conta as peripécias de um homem que trabalhou sobretudo como criado de mesa em restaurantes chiques da Checoslováquia. Abrange a 2ª Gerra Mundial, com a ocupação do país pelos alemães, mais tarde a libertação e posterior instalação do regime comunista.
A personagem principal é um anti-herói algo cómico, mas o filme tem uma ironia subtil que faz sorrir, não provoca aquelas gargalhadas sonoras de quem não está a pensar.
É de facto um país que foi dum extremo ao outro, antes de ser desmantelado e transformado em dois. É bem apanhada a ideia de mostrar essa sociedade sob a perspectiva do luxo, que deixa de existir no regime comunista e que assume facetas diferentes durante a ocupação nazi. Também mostra o "ridículo" das ideologias e de quem as segue de forma rígida.
domingo, julho 27, 2008
Gostar de gente... O que quer dizer isso?
Li hoje no DN que um pedófilo alemão vivia em Vila Nova de Cerveira tão feliz que era considerado benemérito. Porquê? Sobretudo porque gostava muito de crianças e até tinha adoptado algumas, de pais pobres que lhe ficaram eternamente agradecidos.
Constato que toda a gente morre de medo de ser considerada ingénua e parva. Eu, que muitas vezes fui considerada ingénua e parva, já que não morro de medo de ser considerada assim, acho que quase toda a gente é demasiado ingénua e incrivelmente parva. Senão, reparem.
Eu não gosto de crianças. Não gosto de jovens. Não gosto de adultos. Não gosto de homens nem de mulheres.
Gosto de algumas pessoas, de alguns jovens, de algumas crianças, de alguns homens, de algumas mulheres. Já agora, gosto de alguns animais. Talvez goste da espécie humana e da espécie animal em termos genéricos, mas isso é muito vago. Não gosto mesmo nada de certos seres.
Quem fingir que gosta de todos está a ser hipócrita, não acham?
E qual é o seu objectivo? Sem dúvida tomar os outros por lorpas e idiotas. Com razão, não acham? É usar a massa cinzenta.
Já agora, tenho quase a certeza de que vi muitas vezes esse tipo alemão. Onde, não sei dizer, mas provavelmente em algum local de Lisboa. A cara não me é estranha...
sábado, julho 26, 2008
A fruta do milagre
Vi isto no Expresso e depois na net.
A fruta do milagre é um fruto que torna doce o limão, se o comermos um pouco antes.
Cada vez se descobem mais coisas, sobretudo das que já tinham sido descobertas, neste caso por uma tribo, que não dispensa este fruto.
Ver aqui
A fruta do milagre é um fruto que torna doce o limão, se o comermos um pouco antes.
Cada vez se descobem mais coisas, sobretudo das que já tinham sido descobertas, neste caso por uma tribo, que não dispensa este fruto.
Ver aqui
segunda-feira, julho 21, 2008
"Diz-me como a chuva"
Fui à estreia da peça de teatro "Diz-me como a chuva".
Com diversos textos de Tennessee Wiliams, tem encenação de Marta Lapa e é interpretada por Isabel Medina Cucha Carvalheiro.
Assumindo quase sempre o ser humano como ferido na relação com os outros, como um pássaro de asa quebrada que só deseja fugir e esconder-se, são muito belos esses textos. Não existe a crueldade nem o mal, nas personagens, apenas uma desadaptação e incapacidade para o relacionamento, sobressaindo o homem como ser solitário, um ser que talvez nem necessite dos outros, mas que também não consegue passar sem eles.
De salientar o óptimo trabalho mimético das actrizes, que, sem mudarem de caracterização, fazem o papel de homem, de mulher e de criança, fazendo-nos despertar um sorriso neste último papel, mas sem os tiques que às vezes se notam noutros actores que imitam crianças. E sem qualquer vulgaridade na passagem de um papel a outro. Muitos actores poderiam aprender alguma coisa ao ver esta peça.
Particularmente interessantes os textos seleccionados da peça "Um Eléctrico Chamado Desejo", de "Diz-me como a chuva" e desse texto com crianças à beira da linha de um caminho-de-ferro, simbolicamente à beira de todas as passagens e de todos os perigos, "à beira-mágoa", já também marcadas pelo receio e pela rejeição.
Obrigada Isabel. E já agora, obrigada Cucha Carvalheiro.
(Em cena no Teatro da Comuna até ao dia 9 de Agosto.)
Com diversos textos de Tennessee Wiliams, tem encenação de Marta Lapa e é interpretada por Isabel Medina Cucha Carvalheiro.
Assumindo quase sempre o ser humano como ferido na relação com os outros, como um pássaro de asa quebrada que só deseja fugir e esconder-se, são muito belos esses textos. Não existe a crueldade nem o mal, nas personagens, apenas uma desadaptação e incapacidade para o relacionamento, sobressaindo o homem como ser solitário, um ser que talvez nem necessite dos outros, mas que também não consegue passar sem eles.
De salientar o óptimo trabalho mimético das actrizes, que, sem mudarem de caracterização, fazem o papel de homem, de mulher e de criança, fazendo-nos despertar um sorriso neste último papel, mas sem os tiques que às vezes se notam noutros actores que imitam crianças. E sem qualquer vulgaridade na passagem de um papel a outro. Muitos actores poderiam aprender alguma coisa ao ver esta peça.
Particularmente interessantes os textos seleccionados da peça "Um Eléctrico Chamado Desejo", de "Diz-me como a chuva" e desse texto com crianças à beira da linha de um caminho-de-ferro, simbolicamente à beira de todas as passagens e de todos os perigos, "à beira-mágoa", já também marcadas pelo receio e pela rejeição.
Obrigada Isabel. E já agora, obrigada Cucha Carvalheiro.
(Em cena no Teatro da Comuna até ao dia 9 de Agosto.)
sábado, julho 19, 2008
Feira Biológica do Príncipe Real
Voltei à feira de produtos naturais do Príncipe Real, em Lisboa. Hoje, sábado, 18 de Julho.
Já aqui falei dela, mas para dizer mal. Agora já vi outras coisas que não tinha visto: nessa época pouco entendia de comida, menos de culinária e cheguei lá à hora do fecho, quando já quase não havia nada. Podemos sempre mudar de opinião, ou, como se diz agora, podemos evoluir dentro da mesma posição. Por exemplo, evoluir da posição de pé para a posição de pernas para o ar e vice-versa.
Hoje voltei lá, pelas dez e meia da manhã.
Vi cousas que nunca tinha visto. Algumas conhecia de nome, outras nem de ouvir falar ou ler. Algumas só conhecia dos livros antigos em que figuravam como remédios, outras de livros de culinária estrangeiros, sobretudo italianos, outras de lado nenhum, mesmo.
Vi ruibarbo, o tal dos livros antigos, vi flores de courgettes, machos e fêmeas. As flores machos comem-se fritas ou recheadas de compota. As fêmeas também, se bem entendi.
Receei experimentar: como tenho muita imaginação, estou a ver-me: oferecem-me um ramo de rosas e eu imagino-as e vejo-as fritas ou recheadas de compota... não me sinto preparada para comer flores e havia lá muitas de comer.
Só não comprei chá de urtigas, que parece fazer bem a muita coisa, por o achar caro. É mais barato colher as urtigas e pô-las a secar. Como aqui não há urtigas, lanço um apelo a quem o entender para me arranjar um molho de urtigas. Há uns meses andei à procura, mas confundi-as com outra erva parecida... Aquelas estavam cortadas aos bocadinhos...
Como é um bocado intelectual ir àquela feira, as pessoas comportam-se com tanta delicadeza como se estivessem numa exposição de obras de arte e outras coisas preciosas: pedem-me delicadamente desculpa por estarem à minha frente a tapar as couves.
Claro,as couves biológicas, ou, como dizem os americanos, as couves orgânicas, devem ser contempladas antes de, ou em vez de, serem compradas. As outras couves não são biológicas nem orgânicas?
Vim de lá com: um molho de rúcula, uma caixa de rebentos de alfafa, um molho de manjericão que cheira muito bem e se pode usar também como decoração - pu-lo numa jarra... e morangos. Nunca como morangos por sentir que me fazem mal. Como crescem rente ao chão e acachapados na planta, creio que devem ficar muito encharcados de pesticidas - não têm por onde fugir...
Já os provei, são melhores do que os outros, parecem os morangos silvestres que eu apanhava pelos campos em pequena, mas esses eram minúsculos. Espero que não tenham pesticidas.
Já que é intelectual ir à feira biológica, de caminho passei pela livraria Byblos, para comprar os jornais e para ver o meu livro.
E pensar que o livro é meu mas não é meu: afinal, não o posso trazer para casa...
Já aqui falei dela, mas para dizer mal. Agora já vi outras coisas que não tinha visto: nessa época pouco entendia de comida, menos de culinária e cheguei lá à hora do fecho, quando já quase não havia nada. Podemos sempre mudar de opinião, ou, como se diz agora, podemos evoluir dentro da mesma posição. Por exemplo, evoluir da posição de pé para a posição de pernas para o ar e vice-versa.
Hoje voltei lá, pelas dez e meia da manhã.
Vi cousas que nunca tinha visto. Algumas conhecia de nome, outras nem de ouvir falar ou ler. Algumas só conhecia dos livros antigos em que figuravam como remédios, outras de livros de culinária estrangeiros, sobretudo italianos, outras de lado nenhum, mesmo.
Vi ruibarbo, o tal dos livros antigos, vi flores de courgettes, machos e fêmeas. As flores machos comem-se fritas ou recheadas de compota. As fêmeas também, se bem entendi.
Receei experimentar: como tenho muita imaginação, estou a ver-me: oferecem-me um ramo de rosas e eu imagino-as e vejo-as fritas ou recheadas de compota... não me sinto preparada para comer flores e havia lá muitas de comer.
Só não comprei chá de urtigas, que parece fazer bem a muita coisa, por o achar caro. É mais barato colher as urtigas e pô-las a secar. Como aqui não há urtigas, lanço um apelo a quem o entender para me arranjar um molho de urtigas. Há uns meses andei à procura, mas confundi-as com outra erva parecida... Aquelas estavam cortadas aos bocadinhos...
Como é um bocado intelectual ir àquela feira, as pessoas comportam-se com tanta delicadeza como se estivessem numa exposição de obras de arte e outras coisas preciosas: pedem-me delicadamente desculpa por estarem à minha frente a tapar as couves.
Claro,as couves biológicas, ou, como dizem os americanos, as couves orgânicas, devem ser contempladas antes de, ou em vez de, serem compradas. As outras couves não são biológicas nem orgânicas?
Vim de lá com: um molho de rúcula, uma caixa de rebentos de alfafa, um molho de manjericão que cheira muito bem e se pode usar também como decoração - pu-lo numa jarra... e morangos. Nunca como morangos por sentir que me fazem mal. Como crescem rente ao chão e acachapados na planta, creio que devem ficar muito encharcados de pesticidas - não têm por onde fugir...
Já os provei, são melhores do que os outros, parecem os morangos silvestres que eu apanhava pelos campos em pequena, mas esses eram minúsculos. Espero que não tenham pesticidas.
Já que é intelectual ir à feira biológica, de caminho passei pela livraria Byblos, para comprar os jornais e para ver o meu livro.
E pensar que o livro é meu mas não é meu: afinal, não o posso trazer para casa...
sexta-feira, julho 18, 2008
De como os erros podem ser giros
Em resposta ao que pedi no post anterior, a Inteb enviou-me isto.
"Factura de um santeiro olhanense
"Nota: esta é uma factura de um santeiro de Olhão, chamado Joaquim Manuel Alfarrobinha, apresentada em 1853 por um conserto nas capelas do Bom Jesus de Braga, hoje arquivada na Confraria do Bom Jesus do Monte, naquela cidade."
"Por corrigir os Dez Mandamentos, embelezar o Sumo Sacerdote e mudar-lhe as fitas 170 réis
Um galo novo para S. Pedro e pintar-lhe a crista . 80 réis
Dourar e pôr penas novas na asa do Anjo da Guarda 120 réis
Lavar o criado do Sumo Sacerdote e pintar-lhe as suíças 160 réis
Tirar as nódoas ao filho de Tobias 95 réis
Uns brincos novos para a filha do Abraão .95 réis
Avivar as chamas ao Inferno, pôr um rabo novo ao diabo e fazer vários consertos aos condenados.185 réis
Fazer um menino ao colo da Senhora 210 réis
Renovar o Céu, arranjar as estrelas e lavar a Lua 130 réis
Retocar o Purgatório e pôr-lhe almas novas 355 réis
Compor o fato e a cabeleira de Herodes 35 réis
Meter uma pedra na funda de David, engrossar a cabeleira de Tobias e alargar as pernas de Saul.95 réis
Adornar a Arca de Noé, compor a burrica do filho pródigo e limpar a orelha esquerda de S. Tinoco.152 réis
Pregar uma estrela que caiu ao pé do coro 23 réis
Umas botas novas para S. Miguel e limpar-lhe a espada.255 réis
Limpar as unhas e pôr os cornos ao Diabo.185 réis
Total = 2.496 réis"
quinta-feira, julho 17, 2008
Língua Portuguesa e Petróleo
Falando de língua portuguesa, não sei se vocês leram uma notícia impressionante. Como raramente vejo o telejornal e nunca até ao fim, não sei se foi falada aí.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP, que tem neste momento 8 países incluindo Timor, está a ter muitos pedidos de adesão. Adivinhem de quais países...
Argentina, Guiné Equatorial (foi colónia portuguesa, mas foi trocada com a Espanha por uma terra a sul do Brasil e parece que quer resolver agora esse problema), Ucrânia, Roménia, etc. Para não falar da Galiza e de Macau.
Uma das razões desta súbita paixão pela Língua Portuguesa é que 4 dos oito países que compóem a comunidade têm petróleo. Outra é um assunto actualmente em debate: o valor económico da língua portuguesa. Espero que a outra seja mesmo o amor à portuguesa língua.
como fomos nós, portugueses, que a inventámos e que a espalhámos pelo mundo, espero que sobre alguma coisa para aqui, apesar de não termos petróleo.
Afinal, o petróleo desaparece e a língua fica.
Um dia, com paciência, hei-de mostrar-vos que Camões em Os Lusíadas e mesmo Marco Polo no Livro de Marco Polo já falavam no petróleo, visto que ele existia em certas zonas à superfície da terra.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP, que tem neste momento 8 países incluindo Timor, está a ter muitos pedidos de adesão. Adivinhem de quais países...
Argentina, Guiné Equatorial (foi colónia portuguesa, mas foi trocada com a Espanha por uma terra a sul do Brasil e parece que quer resolver agora esse problema), Ucrânia, Roménia, etc. Para não falar da Galiza e de Macau.
Uma das razões desta súbita paixão pela Língua Portuguesa é que 4 dos oito países que compóem a comunidade têm petróleo. Outra é um assunto actualmente em debate: o valor económico da língua portuguesa. Espero que a outra seja mesmo o amor à portuguesa língua.
como fomos nós, portugueses, que a inventámos e que a espalhámos pelo mundo, espero que sobre alguma coisa para aqui, apesar de não termos petróleo.
Afinal, o petróleo desaparece e a língua fica.
Um dia, com paciência, hei-de mostrar-vos que Camões em Os Lusíadas e mesmo Marco Polo no Livro de Marco Polo já falavam no petróleo, visto que ele existia em certas zonas à superfície da terra.
quarta-feira, julho 16, 2008
Continuando...
Em relação à última mensagem aqui postada, juro que nunca me teria passado pela cabeça que uma frigideira pudesse ser considerada um instrumento musical e muito menos que um jumento pudesse ser considerado uma ave canora (no caso, um pássaro de canto).
No entanto, uma minha amiga não demasiado inteligente, talvez tentasse convencer-me de que se pode fazer barulho com uma frigideira e que o jumento também emite um ruído, pelo que, apesar de não ser ave, pode ser considerado ave canora.
Por aqui se vêem várias coisas: que a língua portuguesa não está em vias de ser assassinada, já que sobreviveu em beleza a este tipo de atentado, muito mais frequente no passado que no presente. Que a falta de lógica, como eu sempre disse, não é uma questão de língua, embora se note muito facilmente através da língua. É mesmo uma questão de inteligência. Nem todos nasceram poetas.
Este texto fez-me lembrar um outro muito engraçado sobre a pintura duma igreja, em que as figuras nunca são referidas como imagens mas como realidades, por exemplo: "pintar os cornos ao Diabo e à vaca do presépio". Se alguém tiver ou encontrar esse texto, agradeço que mo envie CLICAR AQUI.
Encontrei também um muito engraçado como prefácio do autor a um livro de culinária publicado na 1ª década do século XX. Como tivemos uma reforma ortográfica em 1911, os textos desta época têm os erros ortográficos anteriores à reforma mais os da reforma. Vou procurar, mas não sei se encontro.
O diferente de hoje em dia é que os erros tinham muita graça, lidos hoje, e que eram publicados em jornais, algo impensável hoje.
Já agora, vejam os anúncios do google neste post.
No entanto, uma minha amiga não demasiado inteligente, talvez tentasse convencer-me de que se pode fazer barulho com uma frigideira e que o jumento também emite um ruído, pelo que, apesar de não ser ave, pode ser considerado ave canora.
Por aqui se vêem várias coisas: que a língua portuguesa não está em vias de ser assassinada, já que sobreviveu em beleza a este tipo de atentado, muito mais frequente no passado que no presente. Que a falta de lógica, como eu sempre disse, não é uma questão de língua, embora se note muito facilmente através da língua. É mesmo uma questão de inteligência. Nem todos nasceram poetas.
Este texto fez-me lembrar um outro muito engraçado sobre a pintura duma igreja, em que as figuras nunca são referidas como imagens mas como realidades, por exemplo: "pintar os cornos ao Diabo e à vaca do presépio". Se alguém tiver ou encontrar esse texto, agradeço que mo envie CLICAR AQUI.
Encontrei também um muito engraçado como prefácio do autor a um livro de culinária publicado na 1ª década do século XX. Como tivemos uma reforma ortográfica em 1911, os textos desta época têm os erros ortográficos anteriores à reforma mais os da reforma. Vou procurar, mas não sei se encontro.
O diferente de hoje em dia é que os erros tinham muita graça, lidos hoje, e que eram publicados em jornais, algo impensável hoje.
Já agora, vejam os anúncios do google neste post.
terça-feira, julho 15, 2008
Que engraçado. LOL
Não resisto a reproduzir aqui um texto autêntico escrito por volta do ano de 1910 que encontrei no blogue Ad Libitum. É um anúncio a um cirurgião e faz-tudo.
Ainda dizem que os jovens agora não sabem escrever. De notar que um dos problemas da escrita é a falta de lógica dos relacionamentos e enumerações. Chama-se actualmente a isto (falta de) coesão textual, coesão lexical, interfrásica, etc. Mas este também dava aulas de escrita...
Eu, Manuel Ferreira, surgião, rigedor, comerciante e agente de enterros. Respeitosamente informa as senhoras e cavalheiros que tira dentes sem esperar um minuto, apelica cataplasmas e salapismos a baixo preço, e vixas a 20 réis cada, garantidas. Vende pelumas, cordas, corta calos, joanetos, (br)aços partidos, tusquia burros uma vez por mez, e trata das unhas ao ano. Amolla facas e tizoiras, apitos a 10 réis, castiçais, fregideiras e outros instrumentos musicais a preços reduzidos. Ensina gramática e discursos de maneiras finas, acim como cathecysmo e oretographia, canto e danças, jogos de suciedade e bordados. Perfumes de todas as qualidades. Como os tempos vão maus, pesso licença para dizer que comessei também a vender galinhas, lans, porcos e outra criação. Camisolas, lenços, ratueiras, enchadas, pás, pregos, tejolos, carnes, chourissos e outras ferramentas (d)e jardim e lavoira, cirragos, pitrol, augardente e outros materiais inflamáveis. Hortaliças, frutas, músicas, lavatórios, pedras de amolar, sementes e loiças e manteiga de vaca e de porco.Tenho um grande çurtimento de tapetes, cerveja, velas e phosphoros, e outras conservas como tintas, sabão, vinagre, compro e vendo trapos e ferros velhos, chumbo e latão. Ovos frescos meus, paçaros de canto como moxos, jumentos, piruns, grilos e deposito de vinhos da minha lavra. Tualhas, cobertores e todas as qualidades de roupas. Ensino jiographia, aritmetica, jimnástica e outras chinezisses."
"(O texto deste prospecto histórico, mandado imprimir e distribuir por volta de 1910 pelo regedor da freguesia da Sertã, Manuel Ferreira, foi também publicado num número de 1960 da Revista da Polícia Portuguesa)."
segunda-feira, julho 14, 2008
Jardim. Ah ah ah!
- Qual é a sua terra?
- Bulgária.
- Gosta de estar aqui?
- Gosta muito. Portugal gosta muito. Vou ficar aqui para sempre!
- Gosta deste calor?
- Gosta muito deste calor. Muito, muito. Que bom.
- Na Bulgária está mais frio...
- Eu vive aqui há sete anos. Não sabe falar porque não tem tempo para falar.
Fui à Bulgária. Ui que frio! Nunca mais cá venho.
- E quando veio para cá, foi fácil arranjar emprego?
- Não. Difícil. Difícil. Muito difícil... eu não sabia falar.
- Como foi?
- Eu vim só com uma mochilinha com roupa e com uma desta (aponta para os chinelos).
Só vim ver se gosta da terra.
- E depois?
- Pessoas boas ajudam imigrantes. Em Santa Apolónia dão comida e roupa. Tem comida e roupa, não precisa mais nada. Eu fiquei.
- Comida, roupa e cama...
- Cama não Ah ah!
- Cama não?
- Cama não. Ah ah ah!
- Então onde dormia?
- Jardim. Ah ah ah ah!
- Você dormia no jardim? Uma mulher sozinha a dormir no jardim? Aqui em Lisboa?!
- Sim. Senhora boa parou carro, abriu o porta e fez sinal para eu entrar, assim.
- Você entrou?
- Não. Eu aponta para eu e diz: Cheira mal. Chuja.
- E a senhora boa?
- Senhora boa abriu porta e diz: entra. E eu pensa: onde me quer levar esta mulher?
- E aonde foram?
- A casa dela. Deu-me banho. Lavou-me os dentes. Fez gesto - trabalhar. Eu apontei boca: não sabe falar. Senhora fez gesto assim (passar a ferro). Eu diz: sim.
- Ficou a viver em casa dela?
- Eu disse: não quero viver na tua casa. Senhora boa apresentou-me mulher da Bulgária. E ela disse: ficas aqui. Não tens dinheiro, não pagas. Trabalhas, passas a ferro, ganhas dinheiro. Pagas.
- Há aqui pouca gente da Bulgária.
- Cinquenta mil. Agora há menos.
- Foram-se embora.
- Agora Portugal tudo caro. Eu não. Trabalha muito. Hoje lavei restaurante. Amanhã Domingo trabalha. Ganha bem. Vive bem. Fica em Portugal para sempre. Minha terra.
sábado, julho 12, 2008
Um sotaquezinho...
- Boa tarde. Quero ir para a rua Augusta.
- Você de que terra é?
- Desta.
- Diga lá a verdade!
- Estou a dizer a verdade.
- Você fala bem português, mas tem um sotaquezinho...
- Não tenho sotaque nenhum, sou portuguesa.
- Eu quando a vi, vi logo que não era de cá e agora vejo que tem um sotaquezinho!
- ...
- Pronto, não quer dizer, não diga, mas eu bem vejo que você não é de cá.
Este curioso diálogo, com variantes, passou-se comigo em Lisboa por várias vezes, em táxis, etc... Quando isto me acontece a mim, o que acontecerá àqueles que têm um sotaquezinho?
- Você de que terra é?
- Desta.
- Diga lá a verdade!
- Estou a dizer a verdade.
- Você fala bem português, mas tem um sotaquezinho...
- Não tenho sotaque nenhum, sou portuguesa.
- Eu quando a vi, vi logo que não era de cá e agora vejo que tem um sotaquezinho!
- ...
- Pronto, não quer dizer, não diga, mas eu bem vejo que você não é de cá.
Este curioso diálogo, com variantes, passou-se comigo em Lisboa por várias vezes, em táxis, etc... Quando isto me acontece a mim, o que acontecerá àqueles que têm um sotaquezinho?
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