Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
sábado, setembro 04, 2010
Lata
É preciso ter lata para comparar o processo Casa Pia com o fascismo. Mas os ricos ou influentes estão habituados a fazer o que querem e a prova é que foram condenados a prisão e estão em liberdade.
sexta-feira, setembro 03, 2010
Ainda Saint Tropez
É uma terra bonita, mas para ver como nós a vimos "à vol d' oiseau". Ficar lá não me parece que valha a pena: muitos turistas, tudo demasiado caro, não sei se é verdadade, mas garantiram-me que lá e em Cannes, onde também fomos, até se paga para estar na praia...
Enfim, são duas terras muito fotogénicas.
"Esplendor e Miséria"
Fico sempre mal impressionada e mesmo incomodada quando, em certos países, sou levada a contemplar a extrema pobreza, que parece inadmissível e quase impossível para quem vive num país relativamente abastado, como é o nosso. Sei que muitos não concordarão com esta frase, mas a pobreza que se "vê", ou que não se vê em Portugal não é comparável à que não se pode esconder noutros países.
Pela mesma razão, sinto-me chocada quando vejo sinais de extrema riqueza e opulência, como vi em Saint Tropez, Riviera Francesa. Havia quem tirasse fotos aos enormes iates, aos invulgares automóveis, às motos...
Se pensarmos bem, é para lugares como este que vai o dinheiro da também imensa corrupção que há no mundo. Diamantes de sangue, negócios de sangue, dinheiro lavado em sangue...
quinta-feira, setembro 02, 2010
Minha peça de teatro
Interrupção das navegações para dizer:
Foi publicada na Revista Triplov a minha peça de teatro, inédita até agora
Aldeia das Cavernas
Pretende demonstrar a ideia de que a aldeia global também pode ser considerada uma aldeia de cavernas, tanto no sentido do primitivismo das relações, como no sentido platónico das ilusões.
Essa não é necessariamente a minha opinião, é apenas um ponto de vista, que me surgiu na escrita desse texto.
Um enorme agradecimento a Estela Guedes, directora da Revista.
quarta-feira, setembro 01, 2010
Navegações
Acabada de chegar a Lisboa, doem-me as pernas, as ancas, as costas... apanhámos vários dias de muita ondulação, ao ponto de ninguém ter dormido uma ou duas noites. A cama dá solavancos, projecta-nos contra a cabeceira ou contra a parede, acorda-se. Nunca ouvi ninguém queixar-se de lhe ter acontecido, mas deve acontecer atirar-nos ao chão.
De pé, estamos sempre a colocar o peso do corpo numa perna, depois na outra, depois na mesma, para nos equilibrarmos, contrabalançando o balanço constante e isto, mesmo quando o mar está manso. Agora aqui, vejo o chão de Lisboa a oscilar perigosamente, porque continuo a centrar a força numa perna e na outra, automaticamente.
Estendida na minha pobre e enorme cama, de braços abertos, dormi a noite dum sono.
Já tenho esta cama há cerca de dez anos, mas nunca se mexeu, nunca me atirou contra coisa nenhuma e nunca me aconteceu adormecer nela em Lisboa e acordar noutro país. Digamos que não tem vontade própria...
Também me agrada pensar que por baixo dela não há tubarões, nem esqueletos de marinheiros nem fantasmas de navegantes. Nem mesmo água.
A minha vocação marítima não é exclusiva, afinal. É muito mais fácil ficar na terra.
Somos todos irmãos
Recordava Ceuta, de lá ter arribado por mar, como uma terra muito tranquila e com gente muito simpática. Recordava esta cafetaria em particular e voltei lá.
Só depois de pedir o café percebi que não tinha levado a carteira: com duas noites e um dia só de navegação, como no navio não se utiliza dinheiro, não vale a pena andar carregada. E disse ao rapaz, na foto:
- Afinal já não quero o café, porque não trouxe dinheiro.
- Pagas amanhã.
- Amanhã já não estou em Ceuta.
- Pagas quando voltares a Ceuta.
E serviu-me o café, com todas as regras. Voltei lá para pagar, claro...
Devo ter cara de pobre, porque toda a gente me dá de comer e de beber em todo o lado, foram os figos em Itália, é o café em Ceuta... uma vez na Tunísia, também café...
Ou: somos todos irmãos.
terça-feira, agosto 31, 2010
Ceuta
sábado, agosto 28, 2010
Navegações
Portas de Oiro
sexta-feira, agosto 27, 2010
Só lhe falta falar... italiano: Porto Santo Stefano
Mas percebe português perfeitamente, visto que entendeu tudo o que eu lhe disse. Quando me esqueci dele, veio ter comido e bateu-me com a patinha na perna para me chamar...
Fiquei com vontade de conhecer a dona: pelo gato se vê o dono, acho eu...
Estava preso por um enorme fio, macio, dúctil e muito bonito.
quinta-feira, agosto 26, 2010
quarta-feira, agosto 25, 2010
Porto Santo Stefano
Para seguir a ordem deste diario de bordo, deveria colocar aqui imagens de Ajaccio, na Corsega, mas é uma terra demasiado turistica. E nao aguento estar em Italia e nao falar so de Italia, so de italia, pensar so em Italia!
Porto St Stefano, enfeitado para a festa do Palio Marinaio. Que ja foi. aqui ninguem rouba nada?
(P.S.: Faltam acentos neste e noutros posts, mas isso é porque o teclado era italiano, ou francês, ou assim...)
(P.S.: Faltam acentos neste e noutros posts, mas isso é porque o teclado era italiano, ou francês, ou assim...)
La Bella Italia: Porto Santo Stefano
Mal chego a Itália, vou tomar o pequeno almoço a terra, claro. Quando vi estes maravilhosos figos pretos, pego em três, levo-os para dentro, dou-os à senhora imensa, alta larga, tal como o marido, ambos sorridentes. A senhora mete-os num saco e dá-mos.
- C' é quanto?
- Niente!
- Niente???
- Nada di nada!
- Grazie. Grazie tante!
- Ah ah ah!
Maravilhosa Itália! Mal ponho um pé em terra, dão-me logo três figos fantásticos!
Porque é que não nasci nesta terra?
E fui comê-los com um capuccino.
Foi tão bom!
terça-feira, agosto 24, 2010
Navegação e Mahon
Vir a esta terra não é indispensável. Apenas um lugar sossegado...
Antes de desembarcar (pela primeira vez nesta viagem e após três dias e três noites só a navegar) proponho à minha amiga X (não posso dizer nenhum nome) que venha comigo fazer uma excursão de barco quando chegarmos a terra. Para ver o fundo do mar. Torceu o nariz de tal maneira, que fiquei um pouco enxofrada, mas calei-me.
Só percebi o motivo quando, telefonando para aí, a primeira pergunta que me fizeram foi:
- Deves estar farta de água, de barcos, de navegar?!
Já depois de termos feito essa excursão, acabou por confessar:
- Eu pensei que o fundo do mar nesta terra não deve ter nada de especial...
Acertou. Só tinha uns peixitos mixurucas a que os dos barcos deitavam pão... que já se habituaram a comer o seu pão sem o suor do seu rosto...
segunda-feira, agosto 23, 2010
Navegaçao
Embarquei sexta-feira no navio Funchal, em Lisboa, mas foi hoje a primeira vez que pus pé em terra. Em Mahon, na ilha de Menorca.
Havia a intenção de aportar em Marrocos, mas o porto de Tânger nao é muito seguro, os rebocadores sao velhos, os cabos podem partir e, como havia muito vento e ondulaçao, cá viemos nós, três dias e três noites sempre a navegar. Primeiro no Atlântico e agora no Mediterrâneo, a bordo do navio Funchal, um navio histórico (e pequeno) que fará 50 anos no próximo ano.
Fotos: de um lado (estibordo) Marrocos, talvez Tânger, a bombordo um pouco mais a Leste, o rochedo de Gibraltar, ambos mergulhados na bruma da tarde.
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