Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
segunda-feira, maio 09, 2011
E cá temos a resposta da Finlândia
Entretanto e segundo o Público, a Finlândia vai dar apoio a Portuga. Tratou-se de manobras estratégicas da extrema-direita, que nunca olha a meios para atingir os fins. Neste vídeo eles gabam-se de terem combatido os nazis, mas... mas...
Não, não somos os úuunicooos... não somos os únicos a gabaaaaar-nos... :)
VER AQUI
O 1º País a abolir a escravatura?
Há vários blogues portugueses a denunciarem os erros históricos cometidos no vídeo que a Câmara de Cascais fez, para enviar aos Finlandeses. E vai fazer mais. *
A acreditar nesses blogues, quase nada, nesse vídeo, corresponde à verdade.
O que me saltou à vista, numa primeira visualização, foi a ideia peregrina de que Portugal aboliu a escravatura 100 anos antes dos Estados Unidos. De facto, é usual dizer-se que Portugal foi o 1º país a abolir a escravatura. Tenho discutido este assunto, que a princípio me despertou muita perplexidade. É um dos muitos mitos em que se baseia o orgulho português e quase que a própria identidade portuguesa.
O Marquês de Pombal aboliu a escravatura em 1761, mas só no papel. Aboliu-a em Portugal Continental e na Índia Portuguesa, quero dizer, nas colónias portuguesas na Índia, deixando bem claro ser muito importante que não faltassem escravos no Brasil.
Portugal tem uma das histórias mais vergonhosas do mundo no que diz respeito à escravatura e precisa duma mentira deste calibre para se branquear. É esta a origem dos mitos, quase todos inventados por Salazar e apaniguados.
A escravatura só foi abolida no Brasil muito depois da independência do Brasil, mais exactamente em 1888. Em território português, ela existiu na prática, ainda durante o Salazarismo e até ao 25 de Abril.
Não há muitos portugueses que saibam estes factos: quando, nas colónias africanas portuguesas, um "criado" negro não queria continuar a trabalhar para o português branco (eram ambos considerados portugueses, mas...), muitas vezes porque era espancado por ele, fugia.
Depois de fugir, era procurado e normalmente apanhado por uma polícia especial só para negros, constituída por negros e mulatos. Era espancado pela polícia por ter fugido e logo entregue ao antigo patrão.
Isto não é escravatura?
O romance "Equador" de Miguel Sousa Tavares explica bem, baseado numa investigação histórica, como a escravatura persistiu no Sec. XIX, com alguns disfarces legais, pouco disfarçados e nada legais.
Para não dizer que os portugueses se destacaram pela negativa no tráfico negreiro, até mesmo quando ele era proibido nos mares.
Quando se estudava, durante o Estado Novo, décadas de 60 e 70, aprendia-se que, entre as nossas muitas colónias, tínhamos Goa, Damão e Diu. Já não tínhamos. Era mentira.
Pobre da Terra Imunda que precise destas mentiras demasiado descaradas para se orgulhar de si mesma. Há-de haver motivos mais válidos.
Portugal pode orgulhar-se do que fez bem, não precisa de se orgulhar do que fez mal.
Portugal pode orgulhar-se do que fez bem, não precisa de se orgulhar do que fez mal.
* N.B.: O vídeo está neste blogue, é o penúltimo post antes deste (Maio de 2011).
Ver blogues que apontam os erros
COMO ESTE POST TEM DESPERTADO MUITO INTERESSE E MUITA POLÉMICA, APAGUEI MESMO ALGUNS COMENTÁRIOS POR DESCABIDOS E / OU OFENSIVOS, DECIDI ATUALIZÁ-LO EM 25 / 9 / 2015, COM BASE EM NOTÍCIAS DE COLÓQUIO SOBRE O ASSUNTO
Como falar de escravatura sem ser antiportuguês
Uma história da escravatura sem heróis (incluindo o escravo)http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/como-falar-de-escravatura-sem-ser-antiportugues-1708787
(Ver outros posts deste blog sobre escravatura, clicando no link abaixo.)
domingo, maio 08, 2011
Zé Socas
IMAGEM: PATO MUDO, EM TENTATIVA DE VOAR
Vem isto a propósito. O José Sócrates, mais conhecido por Zé Socas, tem muito mau feitio.
Quando o Pedro Passos Coelho afirmou que se devia privatizar as empresas públicas como solução para a crise, vem o Zé Socas metê-lo a ridículo. E toda a gente o achou ridículo.
Quando Pedro Passos Coelho não aprovou o PEC 4, impondo a vinda, inevitável e já muito atrasada do FMI, o Zé Socas acusou-o de queria aqui o FMI, uma coisa medonha e horrenda. E todos concordaram, não com as ideias gerais, que ninguém entendeu, mas com a ideia genérica de que o Zé Socas tem mau feitio e por isso devemos concordar com ele, ao passo que o Passos tem bom feitio e portanto não se importa nem fica triste se não concordarmos com ele. E até mesmo não se importa se o acusarmos de ser parvo, apesar de, obviamente, não o ser. Poderá não ser óptimo, mas pelo menos é diferente.
Mas se acusarmos o Zé Socas de ser parvo, o coitadinho fica melindrado porque tem mau feitio e vai sofrer muito com isso e vai esbracejar e espernear muito com isso. E como nós temos brandos costumes,
DAMOS-LHE RAZÃO; CLARO!!!!!!!!!!! Votamos nele... claro...
Tenho ouvido esta ideia, que me não desagrada:
- " Até pode ser que os actuais políticos sejam todos uma merda. Talvez sejam. Mas, nesse caso, eu quero outra merda."
É chato. Mas é fácil concordar.
sábado, maio 07, 2011
RESPOSTA AOS FINLANDESES QUE NÃO QUEREM APOIAR-NOS
Onde foi parar o manguito do Zé Povinho?
O Zé Povinho ficou tão civilizado que perdeu o manguito, o senso crítico e a esperteza.
(Já muito depois de eu ter publicado aqui este post, a remodelada fábrica Bordalo Pinheiro fez um manguito à Moody's, quando esta agência financeira cortou o rating de Portugal. Boa ideia. Não inteiramente original...)
sexta-feira, maio 06, 2011
A crise desperta o humor
Gostei deste artigo do Jornal de Negócios, assim como da palavra PORMAIOR / contrário de pormenor
Não querem contratar a Troika?
Três homens que não conheciam a economia portuguesa vieram a Lisboa e em três semanas fizeram o melhor programa de Governo que o país conheceu em décadas.
Este "pormaior" merece reflexão. Porque se eles conseguiram fazer um programa de Governo completo, é porque os problemas estão bem identificados. Razão pela qual vale a pena perguntar porque é que os partidos que nos governam não propõem um receituário desta qualidade. Se calhar é porque a qualidade da decisão política portuguesa é má.
O programa de ajustamento é duro? É. Vai ser muito difícil cumpri-lo, nomeadamente em matéria de redução de despesa (v.g. os protestos de Rui Rio, político de direita, sobre o corte de chefias nas autarquias)? Sem dúvida. Mas sejamos honestos: o programa é aquilo de que o país precisa para se modernizar. De tal maneira que é legítimo dizer que se 80% do que lá está for cumprido, daqui a cinco anos Portugal será um país muito diferente (para melhor). E nem é preciso o marketing do engenheiro Sócrates para prometer isto...
[...]
Camilo Lourenço
Não querem contratar a Troika?
Três homens que não conheciam a economia portuguesa vieram a Lisboa e em três semanas fizeram o melhor programa de Governo que o país conheceu em décadas.
Este "pormaior" merece reflexão. Porque se eles conseguiram fazer um programa de Governo completo, é porque os problemas estão bem identificados. Razão pela qual vale a pena perguntar porque é que os partidos que nos governam não propõem um receituário desta qualidade. Se calhar é porque a qualidade da decisão política portuguesa é má.
O programa de ajustamento é duro? É. Vai ser muito difícil cumpri-lo, nomeadamente em matéria de redução de despesa (v.g. os protestos de Rui Rio, político de direita, sobre o corte de chefias nas autarquias)? Sem dúvida. Mas sejamos honestos: o programa é aquilo de que o país precisa para se modernizar. De tal maneira que é legítimo dizer que se 80% do que lá está for cumprido, daqui a cinco anos Portugal será um país muito diferente (para melhor). E nem é preciso o marketing do engenheiro Sócrates para prometer isto...
[...]
Camilo Lourenço
quinta-feira, maio 05, 2011
FMI: afinal 3 homens vêm cá resolver tudo
Com a conferência de imprensa do FMI, ficou tudo tão claro como a água:
1. Se o FMI tivesse sido chamado mais cedo, a sociedade portuguesa sofreria menos e a dívida portuguesa não se teria agravado tanto.
2. O PEC 4 não resolvia nada nem era realista.
3. As parcerias público-privadas são desastrosas e deverão acabar o mais depressa possível.
4. As reformas tinham de ser feitas e não foram.
Será que depois disto as pessoas vão continuar a votar em Sócrates? Receio bem que sim, pois a sociedade portuguesa está a dar razão às anedotas brasileiras do portuga parvo e idiota.
1. Se o FMI tivesse sido chamado mais cedo, a sociedade portuguesa sofreria menos e a dívida portuguesa não se teria agravado tanto.
2. O PEC 4 não resolvia nada nem era realista.
3. As parcerias público-privadas são desastrosas e deverão acabar o mais depressa possível.
4. As reformas tinham de ser feitas e não foram.
Será que depois disto as pessoas vão continuar a votar em Sócrates? Receio bem que sim, pois a sociedade portuguesa está a dar razão às anedotas brasileiras do portuga parvo e idiota.
quarta-feira, maio 04, 2011
Somos burros? Não insultemos os burros... que não são burros. Os animais, quero dizer
domingo, maio 01, 2011
Lisboa: a quarta cidade mais bela do mundo!
Lisboa foi considerada pelo http://ucityguides.com./ a quarta cidade mais bela do mundo. As outras escolhas também são interessantes para nós e mesmo motivo de orgulho: entre as cinco primeiras, estão quatro europeias e duas de língua portuguesa.
Lista das cinco mais belas:
Veneza, Paris, Praga, Lisboa, Rio de Janeiro
Dez mais belas: as mesmas cinco, seguidas de: Amesterdão, Florença, Roma, Budapeste e Bruges.
A respeito de Lisboa:
“[A cidade] possui uma beleza natural, acentuada por detalhes como a calçada, as suas fachadas em azulejo e a cor pastel dos edifícios, que criam uma atmosfera singular já apagada em tantas outras cidades”.
As pessoas que a escolheram para viver, como eu, deverão sentir-se mais felizes do que as pessoas que simplesmente nela nasceram... acho eu...
sábado, abril 30, 2011
Fartar vilanagem
Catroga: "Fartar vilanagem de Sócrates foi tragédia nacional"
Faço minhas estas palavras. Para quando ser isto evidente para todos?
Faço minhas estas palavras. Para quando ser isto evidente para todos?
sexta-feira, abril 29, 2011
Casamento Big Brother e beatificação do Papa: Para quê ter opiniões?
Claro.
A mocinha casou com o príncipe e ficou tudo de boca aberta, a babar-se. Tão romântico!!!
Monárquicos, republicanos, latinos e nórdicos, orientais, se calhar...
Tal como Eça preconizava, vivemos numa sociedade romântica. Muito pior: vivemos numa sociedade dúplice, em que a fé e a falta de fé são exactamente idênticas, o que anula, se bem entendi, o livre arbítrio.
Pelo menos um nadinha. De nada. Tão pouco, que ninguém repara.
E amanhã, ou depois de amanhã, temos a beatificação do papa "comunista" e "anti-comunista".
Para crentes, descrentes e sobretudo para aqueles que são simultaneamente crentes e descrentes, monárquicos e anti-monárquicos...
Para quê ter opiniões?
Para quê ter opiniões, se podemos perfeitamente ter uma opinião e também a sua contrária?
Só é pena quando as pessoas votam num partido apesar de serem contra esse partido e não votam noutro, apesar de serem a favor do outro...
quinta-feira, abril 28, 2011
Activismo online: liberdade de expressão na China
Activismo online é algo que tenho / temos feito neste blogue.
Neste caso, o artista chinês Ai Weiwei foi feito desaparecer pelas forças de segurança da China.
Actualmente, as elites chinesas compram muita arte contemporânea, por esse motivo a organização de defesa e luta pelos direitos humanos, Avaaz, propõe que as galerias de arte e os artistas deixem de expôr na China, até que algo de novo aconteça. Podemos assinar a petição online, aqui:
Free Ai Weiwei!
Mas nós andamos tão subservientes a quem tem dinheiro... Os chineses têm muito... será que podemos fazer isso? Devemos? E o dinheiro?
- Você pediu alguma coisa a alguém? Eu, não.
"Governador do Banco de Portugal quer que políticos sejam responsabilizados por incumprimentos."
Porque é que não são?
Até há quem diga que não temos nada que pagar a dívida. Que a pague quem a contraiu.
terça-feira, abril 26, 2011
Primavera
Primavera no Douro
Nada nos pode estragar o prazer de viver mais uma Primavera.
Que se lixem os políticos, os FMIs, essa gentalha. A política segue dentro de meses, quando tivermos tempo para pensar nisso.
Quando chover.
(Apesar da beleza da paisagem, ela mostra também um outro lado: o abandono da agricultura - vê-se que a quinta foi abandonada e a "casa de lavoura" também).
A beleza da desordem.
Nada nos pode estragar o prazer de viver mais uma Primavera.
Que se lixem os políticos, os FMIs, essa gentalha. A política segue dentro de meses, quando tivermos tempo para pensar nisso.
Quando chover.
(Apesar da beleza da paisagem, ela mostra também um outro lado: o abandono da agricultura - vê-se que a quinta foi abandonada e a "casa de lavoura" também).
A beleza da desordem.
segunda-feira, abril 25, 2011
Esta mulher tem Pinta: tem feito muito pela Casa Fernando Pessoa. Resolveu agora ser polemista à maneira antiga
"A Ditadura Democrática Portuguesa elimina os que pensam e promove os Burros (peço desculpa ao animal, por quem tenho muito carinho e admiração)
Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é MESMO o maior fracasso da democracia portuguesa!"
Clara Ferreira Alves, "Expresso"
Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é MESMO o maior fracasso da democracia portuguesa!"
Clara Ferreira Alves, "Expresso"
Vejam isto: antigo ministro das Finanças de José Sócrates afirma que
“Estamos a viver um filme de terror em que o drácula culpa a vítima”
Campos e Cunha, antigo ministro das Finanças de José Sócrates, diz que "esta crise governamental foi desejada e planeada pelo Governo".
"A situação económico-financeira é de tal descalabro que não pode haver eleições antecipadas sem haver uma crise política, económica e financeira de acordo com vários ministros, começando pelo primeiro. É a constituição e a democracia que estão em causa", alerta o mesmo responsável.
Interrompo as minhas divagações nortenhas, que seguem dentro de momentos, por me parecer isto muito importante.
Nadinha
Nadinha
domingo, abril 24, 2011
sábado, abril 23, 2011
Às Malvas
Para além de ser muito agradável mandar tudo às malvas, que é o que apetece fazer, também as próprias malvas são muito interessantes. Agora que comecei a estudar as ervas do campo, surpreendo-me ao constatar que quase todas elas têm utilidade e que muitas são ou foram importantes do ponto de vista medicinal.
As malvas podem ser comidas, flor e folhas, em salada e são-no desde o tempo dos romanos.
São usadas para chás, flor, folha e raiz e para fazer banhos de limpeza.
Não é incrível? E além disso são bonitas!
sexta-feira, abril 22, 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)