Longe de ser uma dona de casa exemplar, em parte por ser demasiado inquieta, deparo-me com situações como que vou contar, ao fazer as minhas agradáveis deambulações com fins culinários, ao sábado de manhã, com o Expresso numa mão e o Ipad na outra (metaforicamente).
Num dos mais caros mercados de Lisboa, deparo-me com um polvo maravilhosamente fresco por 7 euros e 90 cada kilo. Mas talvez este fim de semana me apeteça comer fora, ou fazer um dia vegetariano, portanto, talvez seja melhor comprar polvo congelado, que deve ser muito mais barato e também é bom. Com este desígnio, dirijo-me ao Pingo Doce, ali logo ao pé. O polvo fresco, tão fresco como o que vi, custa 10 Euros, (normalmente é mais barato para fazer concorrência), o congelado custa 9 Euros e 90 cêntimos.
Pego na embalagem, que custa 10 Euros, constatando que tem um grande pedaço de gelo e, claro, o polvo congelado é mais pesado do que o fresco, porque parece uma pedra. Mas ainda é mais caro...
Intrigada, volto ao Mercado de Campo de Ourique, compro um grande polvo por 10 Euros e, enquanto espero que o arranjem, peço ao peixeiro, dono da banca que me explique este enigma. O objetivo é mais obter informação do que propriamente a deambulação culinária. Não parecia bem fazer esta pergunta sem comprar nada, embora a dona da banca me trate por querida e me mande beijinhos verbais.
A resposta talvez seja exagerada, mas é esta:
- Os espanhóis compram aos pescadores portugueses todo o polvo que conseguem. Então, levam para Espanha uma tonelada de polvo fresco a bom preço e trazem-nos para cá uma tonelada e meia de polvo congelado mais caro. A meia tonelada é gelo e conservantes. Pagos, claro, ao preço de polvo.
- Ah! - Exclamei eu.
E vim logo contar-vos.