Mostrar mensagens com a etiqueta Exames do 12º Ano. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Exames do 12º Ano. Mostrar todas as mensagens

sábado, julho 09, 2022

Exames, rankings e tudo o mais



 Eu corrigia exames de português do 12º ano todos os anos, ia sempre buscá-los ao mesmo sítio e recebi muitos elogios nesse sítio, por exemplo, se em todas as escolas me destacavam para o 12º ano é porque eu era muito boa e se aquele sítio de correções me chamava sempre para corrigir, é porque eu era uma ótima corretora, etc. 

Apesar disto ou por isto, eu sempre achei que as notas dos exames de português são quase aleatórias, cada professor dá uma nota diferente, embora isto tenha melhorado um pouco. Não muito. O erro está na prova, por ser demasiado subjectiva e nos programas, que são parvos, etc. 

Um dia telefonaram-me do sítio dos exames para ir lá ter uma conversa. A conversa era que eu tinha corrigido tudo mal, tinha dado até mais sete valores ou menos sete do que o normal. Tinham corrigido tudo de novo, alteraram as minhas notas todas, etc. (Fazem isto quando a média de um professor se afasta muito da média de todos, o que pode acontecer só porque a escola que corrigiu tem bons alunos). Fiquei péssima com esta conversa e deram-me mais exames para corrigir, da segunda chamada. Então corrigi tudo mal e querem que corrija mais? Claro. Corrigiu mal porque estava muito cansada, mas você é muito boa e agora vai corrigir bem porque já descansou. O exame é de poesia, os alunos não percebem nada de poesia, não dê notas muito altas. Quando cheguei a casa constatei que tinha 60 exames para corrigir, o dobro dos outros todos, que levaram apenas 30. Porque não estavam muito cansados nem tinham corrigido tudo mal. 

Por esses dias li uma notícia no Expresso que até recortei e guardei. Tinha acontecido( no Pedro Nunes, mas também havia queixas de outras escolas: alunos com médias de 17 e 18 tinham tido 10 ou 11 no exame. Pediram as cópias das provas para reclamar da nota e constataram que uma primeira corretora, eu, lhes tinha dado exatamente 17 e 18, ou 19, mas uma segunda corretora tinha alterado estas notas todas para 10 e 11… 

Depois destes episódios, mudaram tudo: ou seja, deixou de ser possível ver a primeira nota e as assinaturas dos corretores.

Isto passou-se há uns 10 ou 15 anos e eu já não sou professora, mas não creio que algo tenha mudado desde então, a não ser esses detalhes de ocultar alguns dados da correção. 

Assim vai este país…

quinta-feira, junho 10, 2021

Exames nacionais

 O Ministério da Educação decidiu e é agora notícia, que os exames, este ano, vão ser mais difíceis do que no ano passado. 

Tem imensa lógica: no ano passado, os alunos que iam a exame só tinham tido um ano de confinamento, todos da mesma maneira. Os que vão este ano, já levam dois anos, todos de maneira diferente: turmas em casa enquanto outras estão na escola, turmas na escola com professores confinados em casa, incapazes de lhes dar aulas pela internet porque não é possível segurá-los sozinhos numa sala. 

Outra diferença: o ano passado os alunos estavam preocupados com o exame, como as notas foram maravilhosas, este ano estão-se nas tintas e acham que ainda vai ser mais fácil, como seria de esperar.

Por que será que os organismos do estado mostram tanta incompetência e estão tão desligados da realidade?

sábado, julho 08, 2017

Ainda os exames de 12º ano de português

BNão pude deixar de rir às gargalhadas, ainda que involuntariamente, ao ler a notícia da professora que fazia a revisão do exame de português e que todos os anos dizia aos alunos o que ia sair. O riso inoportuno, já que estava a ler o Expresso num sítio público, ocorreu quando se informava que o professores que conhecem as provas estão sujeitos ao dever de sigilo.  Ai sim?

Não se trata de um problema de hoje, mas sim de uma década.

É o culminar de um exame que sempre foi desastroso, como muitas vezes, aliás, todos os anos, demonstrei neste blogue. Umas vezes com comentários meus, outras vezes partilhando artigos críticos. 
É o último exame deste género e sinto-me muito satisfeita por isto se ter descoberto, pois mais tarde seria tarde. E já é tarde, parafraseando a Sophia.

No entanto, este é apenas um pormenor do que está errado, embora aponte, como em outros casos agora vindos a lume, como o do paiol de Tancos e outros, para um questionamento geral das chefias do Estado. 

Como se chega chefe? No Estado?

A direção do IAVE manteve-se de pedra e cal através de muito governos, é caso para perguntar porquê. 
Com um diretor tão confiante, tão ingénuo, que confiou naquela criatura para ser uma das 10 que têm acesso ao enunciado final do exame. (Desse número não fazem parte as pessoas que elaboraram as perguntas do exame, as quais só sabem da sua pergunta). aquela senhora era mesmo de confiança...

Neste verão tudo se descobre. Somos nós, portugueses, que temos de descobrir também por que razão as chefias que temos são, ou corruptas, o que não parece ser o caso, ou ingénuas. 

Ou parvas.

Até porque "a professora em causa já tinha sido suspeita, em anos anteriores, de violar o acordo de confidencialidade a que estão obrigados todos os que participam no processo ligado aos exames nacionais, "

Ver aqui: http://www.tsf.pt/sociedade/educacao/interior/identificada-alegada-autora-da-fuga-no-exame-do-12o-ano-8622797.html

(Para ver os outros posts deste blogue sobre o assunto, clicar no fim do post, onde diz Etiquetas e na tag: Exames do 12º Ano).


domingo, junho 25, 2017

Exames de Português do 12º ano

Chega ao fim o pior modelo de exame do 12º de Português de que há memória, com resultados sempre desastrosos e absurdos. 

A partir do próximo ano, haverá, esperemos, um tipo de exame diferente.

Este termina com suspeitas de fraudes, não só neste ano, mas em todos os anos anteriores. Suspeitas tão legítimas, que o IAVE as mandou para o MinistérioPúblico.

Espero que se desvendem finalmente os erros muito graves deste exame. Mas não creio que o pior  sejam as fraudes, isto no caso de existirem fraudes. 

O pior é a mediocridade de quem é responsável pelos exames, ou talvez o compadrio, que leva certas pessoas a serem escolhidas para lugares de responsabilidade, neste país, não por mérito, mas por outros motivos.

Apesar de todas as tremendas falhas deste exame, ao longo de tantos anos, o IAVE manteve-se de pedra e cal através dos vários governos. Governos de: Direita, Esquerda e Volver!

(Antes de haver este exame, com resultados ridículos, os exames de Português da área de Letras eram corrigidos só por uma pessoa (como não havia os livros que há hoje, que facilitam a vida aos professores, não era qualquer um que dava esta disciplina, ou que a corrigia), ou por duas pessoas, no caso dos exames que não eram de Letras (a probabilidade de duas pessoas errarem é menor, sem ser neglicenciável).

Apesar da imensa subjectividade destes exames, cada teste é agora corrigido por uma só pessoa, podendo as notas de uma escola inteira depender da subjetividade dessa pessoa, já que os critérios são  interpretáveis. 
Outras vezes, os exames de uma escola foram corrigidos por três pessoas e nota-se bem diferença entre as classificações dos três corretores, sendo possível perceber onde acaba um e começa outro. 


sexta-feira, junho 23, 2017

Exame Português 12º - Fraude - Diz ela!



Dois comentários no DN à notícia de fraude nos exames (o 1º de um estudante, o 2º de professora, segundo o que comenta depois uma sua aluna):

Estudante: "Eu como aluno que realizei a prova, acho bastante injusto o facto de esta puder ser anulada, a culpa é da esperteza que se "xibou", essa sim é que deve ser culpada! Eu nem sequer sabia da existência dessa fuga!"

Professora (que define assim a sua profissão): "...terapia da fala em papagaios... na empresa ...manicómio oficial do estado..."

"A escrever assim, não te auguro grande classificação na disciplina. Mais valia ser anulada."

Há também outros comentários muito engraçados, mas também muito violentos, como acontece sempre que se discute a língua portuguesa.

AQUI

Aberto inquérito a alegada fuga de informação no exame de português



domingo, junho 28, 2015

Mais achas para a fogueira: ainda os exames de Português 12º

Depois de ter demonstrado, no post anterior, que os examinadores interpretaram mal, mesmo muito mal, o poema de sophia que colocaram no exame (se o tivessem percebido, viam logo que era demasiado difícil para o efeito) partilho aqui um texto de Antônio Guerreiro que, no essencial, diz o mesmo, embora analisando-o sob uma perspetiva diferente.
O autor também lamenta é estranha que a Associação  de Professores (apenas refere uma das duas) não tenha notado nada disso.

Como é que o IAVE se mantém de pedra e cal, atravessando governos e partidos, apesar de estar demonstrado que é dominado pela pimbalhada? 
Ou talvez por isso mesmo.

Segue o link


As aventuras de Sophia na pátria dos examinadores


http://www.publico.pt/portugal/noticia/as-aventuras-de-sophia-na-patria-dos-examinadores-1699440


p.s. : Isto não significa que os alunos não tenham sabido responder as perguntas bacocas que fizeram, nem dar as respostas bacocas que o IAVE propôs. 


Numa data posterior à deste post, foi ainda levantado novo problema respeito deste exame: a nova Associação de Professores de Português afirma que os critérios do IAVE não chegaram a todos os corretores e noutros casos chegaram versões diferentes. De facto, em reunião no IAVE, são definidos novos critérios em função das dúvidas dos corretores, que lhes são logo enviados pelos coordenadores.  Seja por distração ou por outro motivo, as instruções enviadas diferem entre si e também parece acontecer que não sejam enviadas.
Para além disto, o próprio ministro da Educação pôs em causa os resultados dos exames de matemática.

VER AQUI 

Professores denunciam falhas graves na correcção do exame de Português


Para ver mais, clicar na tag abaixo : Exames do 12º Ano

sábado, junho 20, 2015

Exame de Português 12º ano, 2015




Mais uma vez o disparate, a falta de rigor, a falta de bom senso.
E a falta do mais elementar sentido crítico de quem o deveria ter, agora já não de uma, mas de duas associações de professores de português.

A prova tem uma unidade temática, começa e continua com textos relativos à música e termina com uma composição sobre as sensações, desde auditivas (musicais) às visuais e olfativas. 

Isto é o que alguns professores, cristalizados num qualquer sistema otorrômbico, consideram como "muito giro".

O muito giro pode dizer várias coisas, mas quase sempre quer dizer falta de rigor e de sentido crítico, às vezes mesmo falta de qualquer sentido lógico...

A prova apresenta um poema de Sophia de Mello Breyner, já que corresponde a um qualquer aniversário da sua morte e isto é sempre assim previsível.

O poema (que abaixo se transcreve) intitula-se "Bach Segovia Guitarra", um título tão enigmático como outros da autora, para quem não conhecer o compositor Segóvia, que fez adaptações para guitarra de músicas clássicas, incluindo algumas de Bach. Ou seja, é um título enigmático para todos os alunos e para quase todos os professores. Esperamos que haja uma nota explicativa? Não há. Para quê a nota explicativa? De qualquer modo, pouca gente iria entender a relação do poema com o título.

A relação do poema com o título é a  seguinte: Sophia considera que a adaptação da música de Bach, muito abstrata e espiritual, a voz de Deus, ou dos deuses, se transforma em algo de mais humano, na sonoridade muito simples e básica de um instrumento tão popular como a guitarra. 
Ouvir esta música fá-la sentir (faz-nos sentir?) uma unidade, procurada porque às vezes perdida, entre o lado intelectual / espiritual e o aspeto carnal, sensitivo, mais físico, mais comum.

A prova de português, nos últimos anos, tem duas perguntas de interpretação incompreensíveis e irrespondíveis, que no caso são as duas perguntas sobre este poema. Uma delas fala da humanização da música. Mas qual música? E porquê humanização? A outra faz uma pergunta cuja resposta é a procura da unidade, temática comum no universo de Sophia, mas que não foi estudada.

Aqui vai o poema e também uma música de Bach adaptada e executada por Segovia.


"BACH SEGÓVIA GUITARRA"

"A música do ser
Povoa este deserto
Com sua guitarra
Ou com harpas de areia

Palavras silabadas
Vêm uma a uma
Na voz da guitarra

A música do ser
Interior ao silêncio
Cria seu próprio tempo
Que me dá morada

Palavras silabadas
Unidas uma a uma
Às paredes da casa

Por companheira tenho
A voz da guitarra

E no silêncio ouvinte
O canto me reúne
De muito longe venho
Pelo canto chamada

E agora de mim
Não me separa nada
Quando oiço cantar
A música do ser
Nostalgia ordenada
Num silêncio de areia
Que não foi pisada"















domingo, junho 22, 2014

Exame de Português: textos misturados, perguntas ambíguas, critérios errados

O exame de português do 12º volta a surpreender-nos. Como acontece todos os anos.

Como é possível que o GAVE (atual IAVE) tenha contratado pessoas que, dispondo de um ano inteiro para elaborar uma prova de exame, tenham cometido erros tão crassos como estes:

- O texto, atribuido a Lídia Jorge, termina com uma conclusão que não é de Lídia Jorge nem daquele texto, mas sim de outro autor, Almeida Faria, num texto que nada tem a ver com aquele. A desculpa é que foi assim que o encontraram na Internet. Como se lê aqui:

Frases do exame de Português podem não ter sido escritas por Lídia Jorge



- Para além desta grave falha, há mais umas duas ou três, como a ambiguidade de certas perguntas, a dúvida grave sobre a denominação da figura de estilo, se é ou não metáfora.

É verdade que o português é subjetivo, a literatura é polissémica, mas os últimos exames de português não parecem considerá-la assim, já que não aceitam respostas diferentes da proposta nos critérios de correção, as quais são sempre muito básicas, mesmo quando se referem a comentários de textos literários. Para acentuar esta ideia, este ano retiraram, pela primeira vez, uma frase na qual se dizia que o aluno poderia dar uma outra resposta, a qual poderia ser considerada certa se o corretor assim o entendesse. Ainda bem que retiraram essa frase, pois não era isso o que acontecia. Qualquer leitura mais literária era considerada incorreta.

Advertido pela APP de que existe uma resposta errada nos critérios, o GAVE/ IAVE teima em afirmar que a resposta está correta e qualquer outra está errada.
Muito mais estranho: muitíssimos alunos acertam e, portanto, têm a resposta errada.

Especialistas não se entendem sobre critérios de correcção do exame de Português


Um linguista vai ao ponto de afirmar que se podem aceitar as duas respostas, a do GAVE e a outra, mas não deixa de acrescentar que é um disparate colocar tal pergunta num exame.
Parece que agora até os linguistas analisam a língua de acordo com  a cor política...
A mim ainda me parece muito dúbio que se considere ato locutório ou ato de fala uma frase que não corresponde a uma fala (normalmente, faz-se esta pergunta reportando-a a um diálogo). Talvez o discurso de  Almeida Faria seja mais coloquial que o de Lídia Jorge e se possa inferir que se trata de uma situação coloquial, metaforicamente falando... mas o texto da autora nada tem de coloquial.

- Não esquecer que este exame foi bem mais fácil que todos os outros, um autêntico bodo aos pobres, embora o atual ministro dissesse, há uns anos, que não se pode aferir a avaliação do sistema com exames que mudam de dificuldade todos os anos, o que implica resultados totalmente diferentes todos os anos. 
Assim, no ano passado os alunos tiveram más notas a português, o que aparentemente quer dizer que está algo errado no ensino desta disciplina, mas este ano vai haver notas ótimas, o que significa, claro, que tudo mudou para melhor no ensino do português, nos últimos 12 meses e que já está tudo bem. Sem que nada tenha acontecido, entretanto.

Está em atividade uma petição pública online a propor a revisão do critérios de exame: AQUI


Todos os anos acontece esta coisa extraordinária: alunos com média de 18 a tudo são classificados com 10, 11 ou 12 no exame de português. E na maioria dos casos, não adianta nada reclamar da nota. Raramente resulta.

Post Scriptum (4/7/2014): O Iave continua a considerar errada a resposta que os linguistas consideraram correta, mas, "para não prejudicar os alunos", os corretores devem considerar as duas certas. E porque não considera todas certas, "para não prejudicar os alunos"?

quinta-feira, julho 18, 2013

Exames - Finalmente, põe-se o dedo na ferida (Parte 2)


Mais de 70% de negativas no exame nacional de Português na António Arroio

A escola artística do Porto, equivalente à António Arroio em Lisboa, teve 80 por cento de negativas.

O principal problema é sempre o exame de português, mas o assunto tem sido pouco falado.
Esperemos que, desta vez, a comunicação social faça uma investigação a sério.


quarta-feira, julho 17, 2013

Exames - Finalmente, põe-se o dedo na ferida

Nos últimos anos, este blogue tem demonstrado à evidência que os exames  do 12º ano de Português estão mal feitos, sendo essa e só essa a explicação de muitos descalabros, individuais e coletivos, com as classificações: alunos com notas extraordinárias têm negativa ou 10 no exame, alunos que mal sabem escrever têm 18.

O artigo do Público abaixo citado afirma o mesmo, mas é pena que sejam os encarregados de educação a porem o dedo na ferida.

Sugere-se ao Jornal Público e ao Expresso que façam uma aprofundada reportagem sobre esta situação, que só não é anedótica porque chega a ser trágica, para muitos.

Professores esperam melhor nota no exame de Português da 2.ª fase (Esta notícia só estará online amanhã, hoje está no jornal em papel)

(Para consultar outros posts deste blogue sobre o assunto, clicar abaixo na tag Exames do 12º Ano. Aparece este post, seguido de todos os outros.)

sexta-feira, julho 12, 2013

Exames de português do 12º ano (ainda)

Preparar os alunos para a vida, dotando-os do conhecimento da língua, do poder da interpretação e da escrita, da fortuna da metáfora, ou prepará-los para estes exames?

Mais uma vez os resultados dos exames de português são surpreendentes. E mais até do que o usual: todos os estudantes diziam que o teste era fácil, que lhes tinha corrido muito bem e surgem 55 por cento de negativas e uma média negativa.

Por uma vez sem exemplo, a Associação de Professores de Português critica a primeira prova (do dia da greve) apontando que duas das perguntas de interpretação são ambíguas e os critérios de resposta  a essas perguntas não contemplam nenhuma espécie de ambiguidade (Isto, segundo o DN.).

Para quando escandalizarmo-nos com a pobreza mental destes exames, em termos de cultura literária, obrigando os professores a darem aulas como se fossem abéculas, ou carneiros e ovelhas que seguem os rebanhos, submetidos que são à pressão dos rankings? Que tranquilidade para ensinar a língua portuguesa e as suas maiores expressões de liberdade, como a poesia e o romance?


Este ano teve ainda uma novidade: um exame extraordinário, motivado pela greve, muitíssimo mais fácil do que o primeiro e com o Gave a aceitar o critério subjetivo de cada professor, pela segunda vez e de forma explícita, embora o tivesse deixado implícito na primeira prova.

E a procissão vai no adro: ainda falta a 2ª Fase.


Por que tem o ensino do português de se sujeitar a critérios tecnocráticos? Medo da liberdade? Limitação mental dos pedagogos, classe execrada pelos professores e desconhecida dos alunos? 

segunda-feira, julho 01, 2013

Ainda os exames de Português do 12º ano e a LITERATURA

Já aqui foi partilhado um interessante artigo de António Guerreiro sobre o assunto, publicado no Expresso, no ano passado. Aqui temos outro, do mesmo autor.

Ainda a respeito da escolha de Pessoa para análise dos textos de exame, coloco aqui citação de uma entrevista de Teresa Rita Lopes, especialista pessoana, sobre o contributo que isso pode dar para a valorização do autor. Dependendo... 

 "Nas escolas, as vezes limita-se a vacinar as pessoas contra aquele autor [Pessoa]. Estudar um poema não é resumir em prosa. A poesia sempre foi mal dada nas escolas. Só pode gostar de poesia quem tem o hábito e o convívio com poesia, o que a escola não dá. Há sempre poucas pessoas a gostar de arte em geral e de literatura em particular." [sic].

Sim, o que os últimos exames têm feito, seguramente, é vacinar os alunos contra Fernando Pessoa. No caso de ainda não terem sido vacinados...

Vejamos, então, o que diz António Gurreiro no seu texto A Teologia dos Exames, publicado na revista Ípsilon, do Público.


Caso para dizer: é a literatura, estúpido!

(Para ver mais, clicar no link abaixo, onde diz Exames do 12º. Aparecerão todos os posts sobre o assunto, a seguir a este)


domingo, junho 23, 2013

Exame de 12º de português e inspiração pimba.

O examinador, desta vez, escolheu um poema muito pouco conhecido de Pessoa / Reis, sobre os modos como, na velhice, podemos evocar as reminiscências da infância. Entre vários, propõe que se reiventem as recordações, de modo a  que as verdadeiras memórias não tragam demasiado desassossego à velhice.

Tudo muito adequado para jovens que acabaram de completar 17 ou 18 anos. Que "perceberam tudo", claro. E até acharam muito fácil.

Mas o problema não se fica por aí. Nos cenários de resposta e critérios de correção, o examinador propõe uma leitura arrevesada e mesmo descabida do poema, sobretudo no respeitante à pergunta / resposta 4. 
Assim, o aluno deverá mencionar a "noite da vida", expressão que não aparece em lado nenhum, mas que o examinador inventou e considera simbólica da velhice.

O último verso do poema é "há só noite lá fora" - Se deduzimos e bem, que Reis e Lídia estão à lareira na fase da velhice, então como entender que a velhice "noite" esteja lá fora? Está neles e não lá fora, portanto, noite não pode aqui ser entendida como metáfora ou símbolo da velhice, ou seja, este critério está errado.

Era ótimo, se fosse a letra para uma música pimba! Intitulada "A noite da vida".

domingo, junho 16, 2013

Vai ser bonito!

Ainda bem que a greve é ao exame de Português do 12º ano, o exame mais escandalosamente mal feito  de todos, todos os anos, com resultados absurdos, critérios absurdos, perguntas demasiado fáceis e outras muito confusas, etc... (provas nunca denunciadas por uma "associação de professores de português", que lambe as botas a todos os governos).

É vulgar um aluno com  média de 18 valores ter 10 no exame, enquanto um seu colega da mesma turma, com média de 8, tem 11 ou 12. E isto é assim todos os anos, sem que ninguém proteste.

Se isto acontece com os dois exames, 1ª e 2ª fase, que demoram um ano, cada um deles, a ser elaborado, vai ser bonito o da 3ª fase, que também já está feito, mas nunca preocupou ninguém.

Não esquecer que no ano passado muitos alunos tiveram informação, através de sms, de que iria sair Os Lusíadas e precisamente qual o canto que ia sair. O ministro ignorou o assunto. 

Agora, o mesmo ministro ignorou os avisos de greve dos professores.
Vai ser bonito!


P.S.: (Última hora: circula hoje um boato, alegadamente com a mesma origem do do ano passado, assegurando que vai sair amanhã Mensagem e Felizmente há luar!).

sexta-feira, agosto 03, 2012

Exames de Português do 12º Ano e a saga do rigor ("mortis")

Já aqui foi várias vezes referido este tema, ao ponto de se tornar recorrente neste blogue. Para ver posts anteriores, clicar na Tag  .

Também partilhei um link dum texto de António Guerreiro no Expresso, desmontando o exame da 1ª fase, bem como uma opinião do representante da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Albino Almeidaque partilho, defendendo a demissão da atual direção do Gave, ou mesmo a sua extinção, como era promessa do atual Ministro da Educação.

Segue agora a "saga" da 2ª Fase do mesmo exame.

Logo na primeira pergunta sobre um texto do Memorial do Convento, pede-se o seguinte: 

"1. Indique, de acordo com o primeiro período do texto, três elementos que caracterizam Baltasar no momento em que regressa a casa."

O primeiro período é o seguinte:

"Regressou o filho pródigo, trouxe mulher, e, se não vem de mãos vazias, é porque uma lhe ficou no campo de batalha e a outra segura a mão de Blimunda, se vem mais rico ou mais pobre não é coisa que se pergunte, pois todo o homem sabe o que tem, mas não sabe o que isso vale."

Seríamos levados a supor que a  pergunta é demasiado fácil, não fosse o critério de correção decidido em reunião do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional)  e recebido pelos  examinadores às 23 horas do dia 23 de Julho, para correção exames realizados em 13 de Julho:

"A expressão «filho pródigo» não constitui, por si só, um elemento caracterizador de Baltasar no momento em que regressa a casa."


Sendo assim, os elementos ( linguagem perfeitamente familiar e nada científica) caraterizadores aceitáveis são: tem mulher, não tem mão e é pobre. "Tem mulher" é um elemento caraterizador??? Eu não acertava essa e, portanto, ia para o filho pródigo. Perdia logo uns pontos largos.



Na verdade, Baltazar é comparado ao filho pródigo, já que só regressa a casa quando precisa de dinheiro. Havendo trabalho em Mafra e como os pais vivem nessa terra, regressa e vai para casa deles, depois de ter passado anos sem dizer se estava vivo ou morto. 



O receio de o aluno acertar por acaso, pois pode não saber quem é o filho pródigo, deveria ter sido previsto ao fazerem uma pergunta tão óbvia e tão parva, em vez de se considerar totalmente errada uma resposta totalmente certa.



Será possível haver pior? Sim. Senão, vejamos...



Quanto ao que normalmente chamamos "redação", pede-se que se faça uma reflexão sobre o papel do homem e da mulher na atualidade. Os alunos do 12º ano, que terminam agora uma escolaridade com 12 anos de português, não terão dificuldade em responder, mas correm sérios riscos.


Os melhores e mais cultos farão uma reflexão sobre o papel da mulher e sobre o modo como tem evoluído ao longo do tempo. Esta resposta poderá ser desvalorizada até zero, de acordo com os mesmos critérios recebidos pelos corretores em 23 de Julho (10 dias após o exame e 3 dias antes do dia em que deverão ser entregues os exames corrigidos - 26 de Julho). 

Sendo assim, 

"[...]quando os examinandos abordam, exclusiva ou predominantemente, a evolução verificada ao longo dos tempos, ocorre um desvio do tema e, em certos casos, um incumprimento da tipologia solicitada. Nos critérios de classificação, estão previstos níveis de desempenho correspondentes a estas situações."

Um dado que se tem evidenciado nestes exames (de há 5 ou 6 anos para cá) é o facto de os melhores alunos terem notas fracas, com uma incrível frequência, ficando muitas vezes atrás de alguns dos piores, por exemplo, um aluno muito bom tem 10, ou 9,5, ao passo que um dos piores alunos tem 11.

Será que existe, por detrás disto, uma intenção? 
Seria necessário, para isso, haver pessoas inteligentes por detrás dessa intenção, o que não parece ser o caso. António Guerreiro afirma que sim, a mim parece-me mais parolice e o reflexo das cabeças ocas que tratam do assunto. 

Ou talvez a intenção seja levar os alunos a verem os Morangos com Açúcar em vez de lerem um livro? Porque para entender o Memorial do Convento, de José Saramago é preciso conhecer a Bíblia e tanto um livro como o outro são muito chatos. Mas então o tipo não é ateu? Who cares? Whatever?


Caso para perguntar: onde é que pára a Associação De Professores de Português? 
Resposta: Como sempre, a dizer "Amen Jesus" aos ministérios, aos ministros, às ministras e ao governo, sejam eles quais forem. Felizmente, os professores de português, na sua esmagadora maioria, não são sócios dessa aberração, que até era a favor das TLEBS quando o país inteiro se movimentava ativamente contra.

segunda-feira, julho 16, 2012

“Os exames e a comédia do rigor”

[...] "O aluno não é convidado a pensar, a interpretar, a escrever, mas a decorar chavões, a papaguear tópicos, a repetir interpretações fabricadas que circulam como um cânone que não admite desvio [...]"




“Os exames e a comédia do rigor” é o título de um artigo de António Guerreiro, publicado na revista do Jornal Expresso: Atual, de 14 Julho 2012.
Na impossibilidade de o transcrever aqui na íntegra, recomenda-se a sua leitura, por ser uma análise lúcida e rigorosa do exame de Português da 1ª chamada do 12º ano. Que justifica os resultados: por um lado fracos, por outro, não estabelecendo qualquer tipo de diferença entre os alunos ótimos e os médios, o que sobressalta até estes últimos. E que só não vê quem não quer ver, pois de há uns poucos anos para cá, acontece sempre isto.
Creio que o texto estará disponível online a partir de uma data que não sei qual seja.


Ficam aqui citações.



"O que imediatamente chama a atenção é o facto de boa parte da prova exigir, não que o aluno escreva, mas que ordene, escolha e associe frases já dadas."
"Os textos literários são estudados como se tivessem interpretações fechadas e o exame, por sua vez, vai confirmar esse fechamento."



"Os critérios de correção, lavrados em verdadeiros tratados (os critérios de correção têm mais páginas do que o enunciado do exame), fundam-se numa ciência para a qual não temos nome porque trata de hipóteses e de "cenários de resposta". Eles preveem tudo - todos os desvios, todas as incorreções, todas as imperfeições e incompletudes das respostas dos alunos - e para tudo o que preveem têm uma quantificação.

Se, ainda assim, o professor, presumindo-se um avaliador competente, quiser operar um pequeno desvio e introduzir o seu critério de quantificação, lago saberá que a grelha Excel onde vai lançando a pontuação das respostas só aceita os números previstos pela ciência que projeta "cenários de resposta".

No fim de todos os mecanismos de vigilância por que passou, há uma grelha Excel que lhe diz que ele não é nada e nunca será nada.” 




segunda-feira, julho 09, 2012

Nuno Crato: Yes Minister!


Por uma vez, o presidente da confederação de pais tem razão no que diz. E diz que os exames não são credíveis. E que deveriam ser. 

Ver aqui abaixo

De facto, quando Nuno Crato "subiu" [(desceu?) (ao ponto de chegar )] ao poder, logo afirmou que ia acabar com o GAVE (Gabinete de Avaliação Educacional).

Não só não acabou, como também nem mexeu uma palha na direção e constituição do GAVE. 

A grande meta, aliás, do ministro nuno crato, são as metas, ideia definida pela isabel alçada, contra a qual o atual ministro disse cobras e lagartos. Mas agora  são as metas que contam, sendo que as metas podem querer dizer tudo e mais alguma coisa.


E a outra meta é sorrir ironicamente quando lhe perguntam uma opinião sobre a licenciatura de Miguel Relvas. Sorriso compreensível no líder de um partido clandestino durante uma qualquer ditadura, no receio de vir  a ser torturado numa roda, menos entendível num ministro  de uma pretensa democracia.

E a outra meta é nem dizer nada perante a suspeita de que os temas dos exames de português foram conhecidos antes dos exames. Ou vir mais tarde, dizer que é boato. Boato? 
E os exames da segunda fase foram, ou não, elaborados pelas mesmas pessoas que, alegadamente e segundo os boatos, deixaram escapar informação? 

Sim, não, talvez, o que acha o senhor ministro?

Resposta óbvia: 
YES MINISTER!!!!!!

E a outra meta é... era... teria sido, gostaríamos que tivesse sido... mas...



sexta-feira, julho 31, 2009

E quem corrige os exames de Português?


Esta pergunta deveria ser também tema de investigação jornalística. Senão, reparem:
Os exames de Português do 12º apresentam sempre incríveis oscilações, dado que a nota depende em grande parte de quem corrige. Como se avalia uma redacção sobre a liberdade ou sobre o consumismo? Um professor acha-a original, o outro absurda. Um acha-a banal e o outro interessante.
Há ainda o caso das vírgulas, por exemplo: alguns professores acrescentam vírgulas não obrigatórias e descontam por cada uma que falta. Se o texto é extenso, arrisca-se a perder muitos pontos, por erro de quem corrigiu.
Há ainda o caso da incompetência: quem disse que todos os professores são competentes? E que todos se esforçam por fazerem o trabalho bem feito? E por merecer o que ganham, seja muito ou pouco? Mas este assunto não está na moda.

Por estas e por outras, o exame de Português era até há dois anos corrigido por um júri de 2 pessoas, mas agora já não é.

Resultado: na mesma escola, alunos que costumam ter 18 têm 10 ou mesmo 8, até à letra M. A partir dessa letra, alunos que costumavam ter negativa tiveram 11 ou 12. Porquê? Porque os exames foram corrigidos por uma pessoa até à letra M e por outra a partir daí. Isto aconteceu em várias escolas. Daí que haja muitos mais pedidos de reapreciação a Português do que a qualquer outra disciplina e nalgumas escolas quase todos pedem.
Vejamos 2 alunos ou alunas da mesma turma: uma tinha 19 a Português, a outra tinha 8, notas dadas por vários testes, comparadas com outras notas a outras disciplinas, tudo perfeitamente legítimo. No exame, corrigido apenas por uma professora, ambas tiveram 12. Pior, a de 19 teve 10, a de 8 teve 11. Isto é vulgar e banal. Basta que a aluna boa se chame Andreia e a má Teresa, ou vice-versa, o que significa que os exames foram corrigidos por pessoas diferentes.

Outra pergunta legítima: o que é que acontece a estas pessoas que corrigem mal, perguntar-se-á? Se as notas que deram forem alteradas de forma substancial?
Resposta: nem sequer são informadas disso e ainda podem oferecer-se para fazer reapreciações, que são bem pagas.
Quanto aos estudantes, se querem ver o seu exame reapreciado, deverão pagar 15 Euros e sujeitarem-se a que a nota baixe, em vez de subir. O que pode acontecer porque...
Se o professor subir a nota 2 ou mais valores, o teste será reapreciado por uma terceira pessoa. Terceira pessoa a chatear... Se baixar, mesmo que seja mais de 2 valores, não é necessária outra opinião.
Mas parece que ninguém se toma destas dores... nem de outras.

Este post comenta esta notícia do Público



domingo, julho 12, 2009

Ainda a Palhaçada dos Exames


No blogue do Público Nota Final, referido aqui em post, óptimos estudantes do 12º ano dão conta do seu exagerado esforço e da sua decepção.
Como comentário, pessoas fanáticas pelo governo, quase todas da classe média baixa, como se vê pela pobreza argumentativa, põem-nos na lama da rua.
Deixei lá um comentário que diz:
Vocês já têm 18 anos? Não se esqueçam de votar.
O PS vai perder por várias razões e também porque os estudantes do 12º, na sua maioria, vão votar.


VER AQUI

sábado, julho 11, 2009

Ainda sobre os exames: sorte descomunal


Que sorte descomunal!
Tive uma amiga que morreu recentemente com 60 anos. Quando estudava, era péssima aluna: pouco inteligente, não estudava nada, copiava, assinava trabalhos de grupo que não tinha feito, ia à biblioteca buscar trabalhos com boa nota, copiava-os (à mão, tanto trabalho!) e apresentava-os.
Dizem muitos que os estudantes agora é que são assim, mas isto é talvez a maioria de todas as épocas e existem hoje jovens que estudam muito mais do que antigamente e que têm uma formação muito melhor a todos os níveis.
Sendo como contei, essa minha amiga era insuspeita para dizer e repetir algo que costumava afirmar: que os bons são sempre prejudicados e desvalorizados, ao passo que os maus, ignorantes e baldas são sempre protegidos. Referia-se também aos estudos, sobretudo.
Contei-lhe uma vez que uma minha professora do mestrado me disse:
- O seu trabalho está muito bom, mas só lhe dou bom, porque você é capaz de fazer muito melhor.
Como tinha feito o trabalho em cima do joelho por falta de tempo, aceitei este comentário e até me senti satisfeita, mas diz-me essa amiga:
- Então, se um teu colega fizer um trabalho idêntico e se não for capaz de fazer melhor, tem muito bom?
- Sim, acho que sim...
- E passa-te à frente porque ele não é capaz de fazer melhor e tu és?
- Bem, de facto...

Vem isto a propósito do seguinte: enquanto alguns estudantes do 12º ano estão muito deprimidos e a estudar para a 2ª fase de exames porque só tiveram 15, 17, etc., um rapaz que conheço está felicíssimo e delirante: para passar de ano precisava de ter 8, 50 a português e 9,50 a matemática: teve, respectivamente, 8,51 e 9,51. Todos acham que teve uma sorte descomunal, incluindo a família, que está satisfeitíssima.
Mas não se trata de sorte. É realmente o que diz a minha amiga.
Ninguém tem 9,51. O que acontece é que um aluno tem 8 ou 9 e dão-lhe, para o passarem, 9,50.
Se um estudante, pelo contrário, tem 18 ninguém lhe vai dar 19,5, embora a diferença seja a mesma.
Exigimos muito mais àqueles que são bons, de facto.
O pior é que não exigimos mesmo nada aos que são maus.