terça-feira, dezembro 26, 2023

Alto-mar - reflexão sobre abundância



 



30 / 11 / 2023

Hoje recordo uma antiga colega de trabalho: como teve muita pena de uma sua grande amiga que estava a perder capacidades mentais e físicas, pediu a Deus que lhe tirasse algo a ela, que tinha tudo, para dar à amiga. Pouco tempo depois ficou cega e a amiga morreu.
Penso muitas vezes neste caso porque a espiritualidade New Age o explica com a lei da atração: nós atraímos o que pedimos e o que desejamos, por isso devemos agradecer a abundância do que temos e pedir ou desejar ou desejar e pedir igual abundância para todos, ou mais. Abundância de saúde, de felicidade, de paz para todos, não só para o ser humano, mas para todos os seres.
A abundância nasce do desejo de abundância. Mas nem todos conseguem pensar assim, recentemente li no Facebook muitos comentários de ódio contra o povo de Gaza… quando é tão fácil a compaixão por esse povo. Por outro lado, há umas décadas eram todos muito mais pobres em todo o mundo, podemos todos ser mais abundantes no futuro.






Navios - Navegar no mar e nas redes sociais

 

Muita gente critica as redes sociais dizendo que nós aqui contamos a nossa vida toda apesar de ninguém se interessar por ela, pois não somos a Madona. Na verdade, nunca vi alguém dizer nas redes sociais que deve dinheiro a toda a gente e não paga, embora eu conheça pessoas que fazem isso e seja fácil obter essa informação a respeito delas.

O que se passa nas redes sociais é que somos nós que controlamos a nossa narrativa, quando antes eram os outros. Nem sabíamos o que contavam a nosso respeito, que muitas vezes era boato.
É um avanço e não uma falha, isto de partilharmos o que nos apetece. Quanto a não sermos a Madona, as pessoas sempre se interessaram muito mais pela vida dos vizinhos do que pela vida da Madona e só não compram revistas sobre a vida dos parentes e conhecidos, porque não há 🙂
( o navio da imagem não é o meu, é o Aída Cosma, que neste momento está a fazer o mesmo percurso, E um rebocador do Porto de Santa Cruz.

Tenerife - Santa Cruz

 





29 / 11 / 2023
Passei uns dias nesta ilha de Tenerife, na terra de Puerto de la Cruz. É uma terra pequena e muito bonita. Esta cidade capital, Santa Cruz, não parece valer grande coisa. Uma e outra têm muitas, muitíssimas lojas de produtos informáticos e fotográficos. Nunca vi tantas seguidas em lado nenhum.
A Cruz é a que o conquistador espanhol espetou aqui, em Santa Cruz, para marcar território, pois já havia aqui uns nativos, a viver em cavernas. As Canárias são muito agradáveis, tempo ameno, gente muito simpática. Mas tem muitos insetos que picam. O repelente que comprei ontem realmente não tem cheiro e até agora os mosquitos não gostaram.
Gostei da Igreja da Conception, barroca, sobretudo da imagem da Senhora da Assunção. Não parece ter nada de especial em termos artísticos, mas é muito bela e não tem aquele ar subalterno das Nossas Senhoras, parece mais uma deusa, a Grande Mãe. Só posso admirar a Virgem nesta acepção, a mentalidade patriarcal reduziu-a a uma criatura subserviente, nas imagens, mostrando compaixão e servilismo, na expressão corporal. Parece uma empregada doméstica daquelas antigas, muito humilhada pelos patrões mas sempre amável, por isso mesmo. Esta virgem, pelo contrário, domina os elementos, é segura, é mágica, é moderna. Tem um crescente de prata muito bonito.
É uma igreja cheia de ouro e de prata. O ouro não veio do Brasil, deve ter sido dos Incas, a prata talvez tenha vindo da Argentina. Do Rio de la Plata. Tem também uma imagem engraçada do anjo anunciando a São José a vinda de Jesus e o púlpito é muito bonito. Aqui, nas fotos.

Gran Canaria - Jardim da Marquesa de Arucas



Os catos têm um parasita, um inseto chamado cochonilha, que reduzido a pó dá o corante carmesim- cochonila, produzido aqui em grande quantidade. Na época em que inventaram as anilinas, houve uma grande crise nas Canárias, mas o carmesim continua a vender-se para corantes de alimentos, de roupas, etc.. Em suma, já todos comemos várias vezes este insetozinho reduzido a pó vermelho. Sem saber que ele existe.
Bem, insetos é comigo. Tenho um pé com uma picada que me dói muito, mal dormi, vespa, mosquito, cochonilha, sei lá, e um braço com outra que dói menos, já comprei um repelente de insetos, mas… o odor que repele insetos não agrada demasiado às pessoas… a mim…

Gran Canaria: Jardim da Marquesa de Arucas.

 








28 / 11 /2023

Jardim da Marquesa de Arucas. A natureza é muito exuberante nas Canárias e com a ajuda de marqueses e quejandos, linda. É para isso que servem os marqueses, para deixarem coisas bonitas e árvores estranhas. Este lugar tem agora um grande hotel, no que era o palácio dos marqueses.
Imagens: jaca aquela coisa redonda e jaqueira; dragoeiro e pavão. Fiquei a saber que há um dragoeiro famoso no jardim da Estrela, um dos mais antigos. Da Europa, provavelmente.

Gran Canária

 







28 /11 / 2023

Gosto muito das Canárias, dos seus acidentes de terreno e da diversidade das suas culturas agrícolas, assim como do clima, mas ainda não conhecia esta Gran Canária. Então, fui numa excursão do navio, com japoneses. Falada em inglês e em japonês. Embora eu fosse a única portuguesa, os guias fartaram-se de falar das heranças portuguesas, a começar pelas bananas, que produzem em quantidades astronómicas, trazidas do Oriente, instaladas aqui, de onde partiram para as Américas. Arquitetura manuelina da igreja e mais isto é mais aquilo… de facto, deveria alguém escrever sobre como os portugueses foram buscar plantas, comestíveis e outras, a certos locais para as levarem para outro, o milho, por exemplo, que aqui se diz milhio embora em espanhol se diga maïs, pois a língua espanhola canarina tem muitas palavras emprestadas do português, como mojo de molho, de alimentos e de modos de os cozinhar. E mais isto e mais aquilo…

No Navio Norwegian Star







27 /11 / 2023
Nestas viagens as pessoas não costumam conviver umas com as outras, mas, como vamos ficar aqui muito tempo e como este navio não é dos maiores, convive-se muito e já conheço muita gente. Há um grupo de portugueses formado no Facebook antes do embarque e tenho o grupo dos que viajam sozinhos, todos estrangeiros, muitos americanos. O navio organiza jantares para nós, só fui a um porque realmente gosto de estar sozinha, mas já nos conhecemos e encontramo-nos por todo o lado.
um português que vinha sozinho, mas foi a um encontro, viu toda a gente a beber álcool e ficou horrorizado, nunca mais vai aparecer. Também não se junta aos portugueses, pelo mesmo motivo.
Ao falar com os estrangeiros, vejo que tudo mudou em relação a Portugal. Há uns anos, talvez vinte, quando me perguntavam de onde era e eu respondia Portugal, algumas pessoas ficavam a pensar e não diziam mais nada. Um perguntou: o que é isso? É um país. Em que continente fica? Europeus que já cá tinham vindo, achavam que tinham estado em Espanha. Agora, quando digo que sou portuguesa e que moro em Lisboa, dizem todos: oh que maravilha! Wonderfull! Viver em Lisboa! Que sorte! Todos conhecem Lisboa, exceto os que a gostariam de conhecer.
Leio agora na CNN que uns apresentadores televisivos russos até dizem que gostariam de anexar Portugal à Rússia, mencionando Lisboa por tudo e por nada. Claro! E vinham todos viver para cá. Aliás, para aí. Falar-se de Lisboa é bom, “mesmo que seja para dizer bem”, citando Salvador Dali.
Imagens: aquilo que brilha são os elevadores do quarto para o 13º andar, o corredor infinito e labiríntico é onde ficam os camarotes (quartos) e onde nos perdemos muito. Mesmo sem sair daqui, andamos quilómetros

Arrecife, Ilha de Lanzarote




Hoje disseram que a entrada no navio era às seis, depois às seis e meia. As cinco andava em em terra, muito sossegada e ouço uma sereia de navio. Como não tinha visto mais nenhum, achei que era este e lembrei-me que estava em Espanha, portanto, uma hora mais tarde. Então vou perder o navio! Vou de ferry ou de avião até Las Palmas, ou Arrecife, mas não tenho passaporte porque o passaporte foi-nos apreendido e só no-lo dão no Brasil. Mas em Espanha basta o cartão de cidadão. Ah, mas eles disseram seis e meia. Enfim, ao entrar perguntei as horas a um tripulante, eram cinco e dez. O que tocou a sereia era outro navio, que atracou depois deste e zarpou antes. Eles tocam quando vão partir… Que susto! Em Espanha é uma hora mais tarde, mas nas Ilhas Canárias é a hora de Portugal.
Mesmo assim, à partida chamam insistentemente por duas pessoas que aparentemente não entraram. Espanholas. Será que também se baralharam com as horas?
Entretanto, segundo o contador do telemóvel, bati meu próprio recorde de passos e de quilómetros, que já era altíssimo. Nem digo quantos. Muitos.

Arrecife, Ilha de Lanzarote





 

Esta é a parte bonita de Arrecife, na ilha de Lanzarote. Também há uns vulcõezitos, mas já os vi e já vi vulcoes que cheguem para tida a vida, pois nao gosto de vulcões. Só do que é humano, incluindo paisagens agricolas. E do mar, claro.

Ilha da Madeira






26 / 11 / 2023

 Nós, portugueses, inventamos esta moda de construir cidades e povoações em colinas e o resultado é isto. Esta beleza.

Ilha da Madeira / Câmara de Lobos







Também gosto muito desta capelinha (da Senhora da Conceição, também em Câmara de Lobos) e sobretudo destas pinturas com milagres de um santo que agora não sei qual é. São Telmo? São Brandão?

Correção: São Telmo, ou Santelmo, ou Corpo Santo, pinturas de Nicolau Ferreira, pintor madeirense.
Em Lisboa há um sítio chamado Corpo Santo, agora entendo o que quer dizer.

A Ilha da Madeira vista do navio






26 / 11 / 2023


 Cá está. A Ilha da Madeira de madrugada, vista da minha pobre janela. Antes e depois.

O mar

 



25 / 11 / 2023

Acordo e ouço um leve ruído, uma espécie de deslizar contínuo. Onde estou, pergunto. Em lado nenhum. Nos mares. Olho pela janela / vigia e é isto que vejo.
Hoje é o primeiro dia sem terra à vista, haverá sete. Na verdade, estou em Portugal, na nossa Zona Económica Exclusiva, tão grande que faz do nosso pequeno país um país enorme. É a terceira maior da UE, a quinta maior da Europa, vigésima maior do mundo.

Partida pelos mares

 






A maior parte embarcou ao meio-dia por não poder embarcar mais cedo. Eu só embarquei às 15 porque a minha ideia de navegar não é ficar todo o dia ancorada no porto de Lisboa. Mas finalmente, lá vamos nós. A hora, as 21 horas. Entramos de noite no oceano, abandonando uma bela Lisbon by night.
O ano passado ao zarpar, eu estava a fazer vídeos para a minha irmã. Agora trago um fio de ouro que lhe pertenceu, que a nossa irmã me deu e que uso pela primeira vez, para a trazer comigo pata o mar, nesta navegação. Porque ela também era uma amante dos mares.

Viajar por mar

Vou aqui colocar narrativas de viagens e fotos da viagem que fiz por mar de Lisboa ao Rio de Janeiro. tudo isto foi partilhado no Facebook em tempo real. As datas originais da viagem serão indicadas nos posts.

24 / 11 / 2023
Boa festa faz, quem em sua casa fica em paz! Sempre ouvi dizer isto, creio que era a minha avó que dizia e já o teria ouvido aos seus ancestrais.
Concordo inteiramente com esta afirmação. Só há um problema: algumas pessoas, como eu, não conseguem ficar em paz quando estão em casa. Porque sentem o apelo da distância e a inquietação dos longínquos mares. Foi assim que se fizeram muitas coisas notáveis e que se deixaram de fazer muitas outras. Mas ficar em casa e em paz… para mim, no thanks!
Vou-me, nada menos que até aos Brasis num paquete, como fizeram tantos emigrantes portugueses, depois dos descobridores, que foram nas naus. Cada um vai como pode, para aportar, após uma longa navegação, ao Rio de Janeiro. Vou dando notícias… fique atento.