Ocorre-me esta conversa que ouvi há uns meses, numa pequena terra portuguesa.
"Antigamente, * as mulheres iam ao talho, de garrafita na mão,** e pediam ao Sr. Quintela, "pelas alminhas de quem lá tem" se lhes dava um bocadinho de sangue de porco***. E o Sr. Quintela lá fazia a caridade de dar o sangue de graça... deitava um bocado de sangue na garrafita...
E depois iam para casa e guisavam aquele sangue de porco com batatas.
Agora!!! Agora os filhos dessas mulheres andam aí de carro novo, não dispensam de ir passar férias lá para os Algarves ou lá para o estrangeiro. E eu tenho um primo que trabalha na recolha do lixo e que diz que se deita fora tanta coisa boa! Carne, fruta... Kilos e Kilos. Kilos e Kilos de carne".
Então eu, Nadinha, fiquei a pensar: por um lado, enriquecemos muito numa geração. Por outro, não sabemos poupar... esquecendo os milhares de truques que sempre houve para se ir comendo sem gastar muito...
:)* [ pronunciado "intigamente"]
** [a garrafa era sempre reutilizada, até se partir]
*** [não havia, ainda, talho de boi]
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