Tudo bem. Descansa-se a trabalhar.
Depois, em Lisboa, faço posts mais explicativos.
Vêem-se por aqui muito poucos estrangeiros provenientes da Europa. Como ontem à noite pedi uma visita guiada, tive hoje direito a uma só para mim, com um Sinar giríssimo e simpático a falar português só para mim e ainda tive direito à companhia da sua namorada espanhola.
Noo hotel sou a única europeia também, mas há muitos turistas orientais. Muitos europeus, ou ocidentais (vi 3 brasileiros, pai, mãe e filha, nesta visita, também acompanhados por uma guia que falava português só para eles) anularam as reservas que tinham feito. Tiveram medo daquilo que a mim me atraiu, a contestação do sistema, que os turcos fizeram recentemente. Mas também da situação da Síria, que confina com a Turquia.
Ontem subi no elevador, chegando ao quarto no momento em que todas as mesquitas fazem o apelo á oração. Antigamente era um Muezin, homem de voz muito potente, que subia ao minarete (aquelas torres muito altas e estreitas dos lados das mesquitas) e entoava o apelo, hoje em dia os minaretes têm atifalantes para os 4 pontos cardeais e mensagens gravadas. O que nos parece uma chinfrineira, mas não é desagradável de ouvir, se sabemos que só dura uns minutos. A princípio assustei-me, parecia-me música pimba em alto som... :)
Subia comigo no elevador um iraquiano que me disse várias vezes, após me ter perguntado de onde era:
- Wellcome, Wellcome to Turquia.
Por estas palavras se entende que se sente aqui em casa e que eu não estou em casa. Por ser um país muçulmano, a sua casa é a religião muçulmana. Percebi depois que chegou ao quarto a tempo de rezar. Talvez não a tempo de lavar os pés e as mãos antes disso... vi-o hoje com mulheres de preto e lenço preto na cabeça.
O guia, Sinar, é muçulmano não praticante. Diz que 40 por cento dos muçulmanos turcos o são, pois é aqui permitido. Também é por isso que discordam do seu primeiro ministro, muito beato.
De facto, até criou a imposição de as mulheres entrarem convenientemente vestidas no museu Topkaki. Eu não precisei de fazer nada, mas a espanhola não entrou, para não usar uma burka, como ela chama às roupas que nos obrigam a vestir.
A razão para fazer isto, ao contrário do Ataturk que secularizou até a igreja / mesquita de Hagia Sofia, também transformada em museu, é que o Topapki contém várias relíquias do cristianismo e da religião muçulmana.
Gostei de ver o Bastão de Moisés, creio que se chama vara de Aarão, a espada de David, mas não gostei de ver e realmente não vi os pêlos da barba do profeta. Cada um deles está quase invisível, dentro de uma caixinha de ouro, estendido sobre duas pedras preciosas. Não gosto nada da relação que as religiões estabelecem com os pêlos do corpo humano e disse ao Sinar que queria sair dali.
Vi também o 6º maior diamante do mundo, chamado qualquer coisa como "Diamante do Colhereiro" (aquele que faz colheres) do tamanho de um ovo de galinha classe S. E muitas esmeraldas do tamanho de ovos de galinha classe M. Nunca tinha visto tanta maravilha em termos de pedras preciosas.
O diamante é magnífico, parece ter luz própria. Tentaram roubá-lo muitas vezes.
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