Mostrar mensagens com a etiqueta Educação de Raparigas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Educação de Raparigas. Mostrar todas as mensagens

sábado, dezembro 14, 2019

Ser professora / professor

Não me tornei professora por vocação nem por convicção. Quando os alunos me perguntam, digo a verdade, é claro.
Acho mesmo que nunca teria escolhido esta profissão, pois sou vocacionada para a solidão. O excesso de comunicação que ela implica, com alunos, professores, pais, sempre foi para mim um incómodo. Sempre me impediu de comunicar nas horas vagas, em que prefiro o silêncio.
Agora, neste momento em que os professores são ostracizados, hostilizados, é só agora que me sinto identificada com esta profissão. Como é bom ser ou ter sido a professora preferida de um ou de milhares de alunos! Como é bom ter feito a diferença para um ou para milhares de alunos entre a seca de estar nas aulas ou o acordar alegre por ir ter uma aula com aquela professora! 
Como é bom fazer este trabalho de forma rotineira, sem nem sequer pensar nisso, como se fosse apenas, todos os dias, assinar um ponto e imprimir uns formulários... não é!
Porque pensar em tudo isto é demasiado emocionante, demasiado empolgante para ser rotineiro, mas às vezes, muitas vezes, precisamos da rotina... 
Sobretudo quando, para além desta obrigação, ainda fazemos algo mais. 

Noto que esta profissão existirá, apesar dos políticos e das políticas que desaparecerão para sempre.

domingo, agosto 05, 2018

Violência doméstica, calduços, chapadões e indisciplina nas escolas


-Não percebo porque é que fazem tanto drama agora só por causa disso [isso é o facto de os pais baterem nos filhos, que alguém mencionou].
- Porquê? Os seus batem-lhe?
- Claro! A minha mãe tem de me bater, que é para me dar educação. É com cada chapuçada! muitas chapadas e muitos calçudos *, claro. - afirmou a menina.
- Os meus pais também me batem, claro!
- Ai sim?
- Agora nem tanto, mas quando era pequeno era sempre a bombar. Era só calduços e chapadões.
- Entao é porque tu te portavas ainda pior quando eras pequeno! 
- Também era por ser pequeno, claro, mas agora também é com cada chapadão!
- E então, tudo bem, na sua opinião? - Pergunta a professora, espantada com estas declarações.
- Claro, como é que me davam educação sem os chapadões?

Este depoimento vale o que vale, pois trata-se de um diálogo   (mais ou menos autêntico) entre quatro alunos (uma menina e três meninos do décimo primeiro ano) que foram postos na rua com falta disciplinar e a professora (adivinhem qual) que os recebeu para lhes dar um raspanete. 
Detalhe: embora nenhum dos quatro fosse contra a "violência doméstica", os dois apologistas reconheceram o erro que cometeram, depois de refletirem sobre o assunto e foram pedir desculpa. Os outros dois garantiram que não fizeram nada de mal e que foi muito injusto terem sido postos na rua. Ignora-se a opinião dos 36 que ficaram na sala.

Já agora, os motivos confessados: todos os rapazes da turma e algumas raparigas começaram a tossir convulsivamente. O dos chapadões levantou-se e perguntou à professora se achava normal estarem todos a tossir. - Rua! - Não tive culpa, só perguntei se achava normal que era para a setôra os mandar calar. 
- E se os mandasse calar, vocês respondiam que estavam com tosse, como já fizeram nas minhas aulas, não sabe disso? 
- Claro que sei. 
- Então você ainda estava a gozar mais com a professora do que os outros. 
A rapariga, essa, desatou a rir às gargalhadas porque um dos tossedores se engasgou ao tossir e começou a tossir aflito. Bem feito! 

- Mas a setôra teve razão em pôr-me na rua, porque eu estava-me a rir às gargalhadas e a setora não sabia porquê.

* Calduço é um apequena pancada na cabeça, normalmente na nuca.

sábado, dezembro 17, 2016

Nunca "bater" numa pessoa mais fraca

Quando eu era pequena e depois muito jovem, eu era tão magra, que dificilmente encontraria uma pessoa mais fraca, considerando mais fraca uma pessoa menos robusta, fisicamente.

Ainda assim, o meu pai, que morreu nos meus 19 anos, disse-me muitas vezes:
- Nunca batas numa pessoa mais fraca do que tu!

Creio que nunca o fiz, até hoje. Considerando as palavras fraca e forte como metáforas, na maior parte dos casos. Ou no seu sentido real, desde que ganhei peso.

Pelo contrário, tenho "batido" nos mais fortes, às vezes com prejuízo de mim mesma. Mas foi a educação que recebi.

É a educação que tenho transmitido sempre e que só hoje me lembrei de agradecer. 

Como homenagem ao meu pai, que pouco conheci.
Faz este mês muitos anos que morreu, tinha eu 19.

quinta-feira, setembro 26, 2013

Caminhos da Escola: Caminhos de todos os perigos






Está a dar no canal ARTE um programa incrível: "Chemins d'école chemins de tous les dangers". Creio que é aos domingos, pois eu gravo a série. Recomendo, sobretudo a professores e a alunos. 

No Quénia, (1º vídeo), crianças sozinhas ou em grupos de 2 ou 3 atravessam a Savana, até 10 km, esperando não serem atacadas por tigres e elefantes. E os professores ainda lhes batem, se chegarem atrasados. Na escola não falam a língua deles, o Masai, têm de aprender Suaili e Inglês. Quatro em cada  cinco não aprende a ler nem a escrever. 

No Nepal,  (2º vídeo), têm de atravessar um rio, numa cesta metálica enferrujada, dependurada em dois cabos de ferro enferrujados (o terceiro cabo já se partiu, os outros poderão quebrar-se a todo o momento). A cesta é empurrada por eles. E os professores também lhes batem, se chegarem atrasados

Quanto ao programa da Sibéria, eu nem consigo vê-lo porque o frio é algo que me assusta a mim.

Isto é uma série em exibição, mas já existem alguns episódios no Youtube. São em francês, mas não é necessário saber francês para os entender.

É claro que estes estudantes são os privilegiados. De tal maneira, que o site THE LITERACY SITE nos propõe pagarmos a escola de meninas durante um ano, dado que as meninas nem isso têm.

Por 10 Dólares, menos de 10 euros, podemos ajudar a enviar uma menina para a escola no Afeganistão, o lugar do mundo onde as mulheres são mais discriminadas e perseguidas. Um ano de escola custa 250 dólares.


VER AQUI 


Fica muito mais barato pagar os estudos a uma menina orfã (abandonada) na Índia. Desde 3 dólares e 50 cêntimos.

VER AQUI

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Público - Vem aí uma geração de rapazes frustrados

Público - Vem aí uma geração de rapazes frustrados

Esta polémica é muito interessante. De certa forma, é estranho não se falar deste problema, ao ponto de muitas pessoas ignorarem que ele existe. Sim, desde que há concorrência com as raparigas em perfeita igualdade, tornou-se claro que os pais exigem que elas sejam cumpridoras, educadas, disciplinadas, enquanto acham graça a que os rapazes sejam "malandros" "malandrecos", irrequietos, pouco atinados. Respondem mal e sempre aos professores ("tão engraçado"), guincham quando a professora está a declamar poesia fazendo rir todos os colegas ("o meu filho tem uma graça!")... o pior é o resto.
O artigo também afirma,a certa altura, que poderá haver no futuro "uma nova classe baixa: a dos homens".
Neste blogue, o assunto já foi abordado várias vezes.

Será que também vão ser os professores a resolver (artificialmente, como sempre que é impossível) esta desigualdade de género? Basta dizer-se que a culpa é deles e fazer uma estatística: os rapazes desta professora têm muitas negativas, os daquela só têm positivas... e segue a palhaçada.
De facto, esta rebeldia que a sociedade aprecia nos rapazes não se manifesta a não ser como falta de educação, desinteresse, não cumprimento de regras... sem correspondente em termos positivos. Onde estão os efeitos práticos desta rebeldia?

terça-feira, julho 24, 2007

E ainda a propósito...

Mas talvez o problema mais grave seja este:
Encontramos hoje em dia raparigas inteligentíssimas, sensíveis, ultra-trabalhadoras, que sabem cozinhar e lavar a loiça e que são óptimas no desporto. Não é raro ver-se uma rapariga assim.
E como é que uma miúda destas vai encontrar um namorado entre os palermas que conhece e que nem lêem um livro, porque acham uma seca?
Estarão condenadas a não se reproduzirem? Ou a reproduzirem-se a que custos, aos níveis emocional, económico, de carreira e de paciência de Job?

Enxadórium! Campórium!

Aí vai uma das histórias do meu avô, que neste caso deve ser uma anedota vulgar, embora antiga.
Era no tempo em que os estudantes (todos rapazes) que não dessem para os estudos iam cavar batatas, (sendo filhos de proprietários agrícolas médios e até grandes). Existiam cursos de agricultura, mas isso seria para os bons... e ninguém tirava esses cursos, talvez fosse para os idiotas e nobres? Não sou muito entendida em sociologia...

É assim a história:

O filho chega a casa de férias e de manhã não se levanta da cama. O pai pergunta-lhe se está doente e ele responde, num latim macarrónico, pois não sabia o latim verdadeiro:

- Paizórum, querum cafézorium in camórium!
O pai, que não sabia latim, percebeu e respondeu.
- Filhórium! Esse latinórium já se cá sabórium:
Enxadórium! Campórium!

Pois. Isto não é muito politicamente correcto, mas é verdade.
andam estes tipos a aborrecerem-se de morte, pois não são capazes de ler um livro e a aborrecerem de morte os colegas e os professores. Estes últimos metem atestados aos molhos e se calhar, tudo tinha uma solução:

Enxadórium! Campórium!

LOL LOL LOL
Boas Férias!

domingo, julho 22, 2007

Sexualidade (s)

Quando hoje cheguei a casa, muito cansada por razões várias, estava a dar na televisão um programa sobre sexualidade.
(Este hoje refere-se ao dia em que escrevi, claro!)

Ouvi e vi com alguma curiosidade, por ser um assunto sobre o qual ninguém pára de falar, mas ninguém sabe dizer nada. Há pessoas que sabem fazer, mas nem isso é muito relevante. Sabem fazer com quem tiver vontade de fazer o mesmo... com elas...

A certa altura, um sexólogo disse isto: para a mulher o acto sexual pode implicar gravidez, aborto, dor, hemorragias, etc., mas para o homem não há problemas. Concluiu também que as mulheres têm uma atitude de responsabilização e os homens uma educação irresponsabilizante a respeito do assunto.

Pareceu-me muito bem este comentário. De facto, os homens geralmente não se preocupam com a hipótese de a mulher engravidar, pois isso é um problema dela...
Embora os testes de ADN tenham introduzido uma mudança absoluta, as pessoas demoram muito tempo até se darem conta das mudanças.
Penso até que os rapazes têm hoje em dia uma educação desresponsabilizante a respeito de tudo. Pois se isto é o essencial, que mais lhes pode importar?


Por exemplo, em Portugal, e é de Portugal que tenho falado, todos os anos entram para a universidade muito mais raparigas que rapazes, sobretudo nos cursos difíceis. E todos os anos reprovam muito mais rapazes do que raparigas em todos os níveis de ensino.

Que eu saiba, ainda não foi concluído que as raparigas são mais inteligentes que os rapazes. Pelo contrário, as nossas ancestrais deveriam ser quase todas ultra-ignorantes e fúteis por falta de informação e de educação.

Até quando um país com tão pouca população poderá sustentar esta irresponsabilidade e irresponsabilização completa dos rapazes e homens e continuar a viver (como sempre viveu) à custa das mulheres, parvas ou não?
Antigamente os homens com sentido de aventura iam pregar a outra freguesia, no Brasil, na Índia e não voltavam.
As mulheres, ainda que ignorantes, conseguiram laborar e manter esta terra separada de Espanha. Com a ajuda dos reis, que só saíram daqui para fugir.

Vocês não acham?