Mostrar mensagens com a etiqueta Ensino. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ensino. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Não claro e Não profundo, Não humano, não etc...

Qualquer bom professor de Português ensina aos seus alunos que os adjectivos e os advérbios não podem ser utilizados quando se pretende objectividade.
Mas o Ministério da Educação utiliza até à exaustão adjectivos e advérbios no documento de avaliação dos professores, sendo um adjectivos ou um advérbio o que distingue o Bom do Muito Bom e do Excelente.
Esta situação é simultaneamente gozada e muito rigorosamente indiciada como um óbice a este sistema.
Dou exemplos:


Qual é a diferença entre demonstração clara, que dá direito a Muito Bom, e uma demonstração, que só dá direito a BOM? estão a gozar?
Ou
Entre um profundo comprometimento e um comprometimento que não seja profundo como deve ser medida a diferença?


Este texto é apresentado pela Escola Secundária da Amora. Eu nunca tinha ouvido falar da Amora. Onde é que fica a Amora?
Quero ir para lá!!!

terça-feira, janeiro 18, 2011

Ministras da Educação

Só agora me dou conta destes pormenores. Na avaliação dos professores, que tinha obrigação de ser ainda mais rigorosa e decente que qualquer outra, acontece o que vou expôr.
Existem umas quotas para as notas mais altas. Há vários avaliadores, muitas vezes com menos experiência e menos habilitações que os avaliados. Esses avaliadores entram nas mesmas quotas dos avaliados, ou seja: se só pode haver três notas muito altas, eles só as podem dar a duas pessoas, reservando a terceira para eles mesmos. Mas não é assim tão simples, pois há vários avaliadores, por exemplo, três para três notas altas.
Uma avaliação isenta e rigorosa, não? Isto não é sadismo?
Quem faz estas leis e com que intenção???

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Alunos não sabem raciocinar nem escrever

Após as imensas gabarolices de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro, estranhamente, o Ministério da Educação publica um documento afirmando que

Relatório 2010. Alunos não sabem raciocinar nem escrever

Acabo de ler isto no jornal I, o qual traz também uma reportagem sobre "copianços" e o modo como podem agora ser detectados informaticamente em países que usam testes de escolha múltipla.
Afigura-se-me dizer o seguinte: o problema em Portugal tem múltiplas facetas, sendo talvez a primeiro o exagerado facilitismo proposto pelo actual governo, sendo outro que os testes deveriam ser mais rigorosos e exactos, como é o caso dos referidos de escolha múltipla, que podem existir para todas as disciplinas, sendo o terceiro que existe em Portugal uma mentalidade favorável ao copianço. Sempre existiu. Sendo uma pequena corrupção e a primeira, participa da mentalidade geral sobre a corrupção.
Toda a gente se surpreende ao ouvir a história de um rapaz que foi estudar para Inglaterra e pediu a um inglês que o deixasse copiar. Ofendido, o colega considerou que ele o estava a ultrajar por o julgar capaz de ser cúmplice de uma fraude e foi fazer queixa dele.
Quanto ao facilitismo, ouve-se hoje em dia professores gabarem-se de que os seus alunos obtêm bons resultados (notas dadas por eles mesmos), o que, também na sua opinião, significa que ensinaram bem. E que merecem uma boa nota, na recém implementada avaliação de professores, sobretudo se os seus alunos não forem submetidos a exame, porque quase não há exames nessas disciplinas.
Uma minha amiga professora de português (que vocês conhecem bem) contou-me o que vos vou contar.
- Tive uma aluna no 10º ano que vinha com o diagnóstico de dislexia. Quer isto dizer que quase tinha direito a nota positiva a português só por isso, pois era-lhe permitido dar toda a espécie de erros. Eu deveria considerar a resposta inteiramente certa se a ideia geral estivesse certa, embora mal ou muito mal expressa. A rapariga era extremamente malcriada, mal comportada e não fazia nada. 
A primeira nota que lhe dei, num teste, foi 2, de zero a vinte. Foi fazer queixa de mim - no teste seguinte teve 2,5.
No segundo período deixou de ser mal comportada, no terceiro deixou de ser malcriada. Passou com 10 e este ano deixou de ser disléxica. É claro que nunca foi disléxica...
E até me está muito agradecida pela cura milagrosa!

domingo, dezembro 05, 2010

Poupanças do Estado

Professores vão deixar de ganhar dinheiro para corrigir exames, anulando a diferença entre os professores que se estão a bronzear na praia e os que estão a fazer um trabalho intensivo de alta responsabilidade, mas:


Clicar aqui:
Altos quadros do Estado que já acumulam ordenado e pensão não são abrangidos pela proibição dessa regalia.(...)


Nos últimos anos, andava tudo tão entretido com os professores que ninguém reparou neste descalabro das contas. E agora também são os professores que vão pagar a crise...
Porquê tanto ódio aos professores? 
Alguém traumatizado porque não conseguiu acabar um curso pelas vias normais?

sexta-feira, outubro 22, 2010

Rankings das Escolas

O Ranking das Escolas aparece todos os anos a asseverar verdades de fé. Esta escola é a melhor, esta é péssima, etc.
Já foi muito falado que umas têm alunos de bom nível socio-económico-cultural e com explicadores a
tudo,  outras pelo contrário... 
Não vou repetir o óbvio.


Neste momento existem, nas escolas secundárias portuguesas, professores que têm o Mestrado e o Doutoramento, professores que têm o Bacharelato e jovens professores que fizeram uma licenciatura de três anos numa ESE (Escola Superior de Educação)* das Berças. Conheci professores da Ese que se viram gregos para fazer o mestrado, que compravam trabalhos para apresentar e nalguns casos, nem comprando trabalhos conseguiram. Os alunos destes são agora professores e avaliam os alunos daqueles que fizeram os Mestrados e os Doutoramentos. 
Consideremos, por exemplo, o caso da disciplina de Português: os exames de 12 º ano são de tal modo fáceis, que é quase impossível errar alguma resposta. Há, então, uns critérios que tornam impossível considerar uma resposta certa na totalidade. Ou seja, todos os alunos respondem certo no essencial, e depende da subjectividade do professor dar vinte valores ou cinco.


Estou a pensar num caso em  que uma pergunta do exame pedia figuras de estilo. Os critérios do ministério davam como exemplo 4 figuras, dizendo que havia outras. Mas alguns professores só aceitaram aquelas 4. Qualquer outra era considerada errada, embora houvesse cerca de 20, ou seja, mais 16 certas.
Sendo muito subjectivos, este e outros exames, acontece o seguinte: os alunos de uma professora de uma escola, são avaliados por uma professora de uma outra escola. Por exemplo, os alunos de uma professora que tem o doutoramento, são avaliados por uma professora que tem o bacharelato antigo e não conseguiu fazer a licenciatura, ou pelos professores que fizeram um cursinho na ESE (Escola Superior de Educação)* das Berças. E que talvez considerem errado aquilo de que nunca ouviram falar.
E vice-versa, claro. E é isto o ranking das escolas.


Por outro lado, estes professores que têm Mestrados e Doutoramentos e que estão em minoria na idade dos quarentas e cinquentas, são frequentemente marginalizados, já que estão em minoria. E até lhes são atribuídas notas más, nesta nova avaliação dos professores, depois de terem conseguido notas boas em provas incomparavelmente mais difíceis. E assim vai o ensino em Portugal.

*Estas Escolas Superiores de Educação (ESES) eram antigamente as que formavam professores primários. De repente, os professores dessas escolas passaram a dar licenciaturas. Foram obrigados a fazer mestrados, apresentando resultados imediatos, sob pena de perderem o emprego... e foi o que se viu... desde comprarem trabalhos e teses... e por aí fora...
São as novas oportunidades, particularmente interessantes para novos oportunistas.