O Ranking das Escolas aparece todos os anos a asseverar verdades de fé. Esta escola é a melhor, esta é péssima, etc.
Já foi muito falado que umas têm alunos de bom nível socio-económico-cultural e com explicadores a
tudo, outras pelo contrário...
Não vou repetir o óbvio.
Neste momento existem, nas escolas secundárias portuguesas, professores que têm o Mestrado e o Doutoramento, professores que têm o Bacharelato e jovens professores que fizeram uma licenciatura de três anos numa ESE (Escola Superior de Educação)* das Berças. Conheci professores da Ese que se viram gregos para fazer o mestrado, que compravam trabalhos para apresentar e nalguns casos, nem comprando trabalhos conseguiram. Os alunos destes são agora professores e avaliam os alunos daqueles que fizeram os Mestrados e os Doutoramentos.
Consideremos, por exemplo, o caso da disciplina de Português: os exames de 12 º ano são de tal modo fáceis, que é quase impossível errar alguma resposta. Há, então, uns critérios que tornam impossível considerar uma resposta certa na totalidade. Ou seja, todos os alunos respondem certo no essencial, e depende da subjectividade do professor dar vinte valores ou cinco.
Estou a pensar num caso em que uma pergunta do exame pedia figuras de estilo. Os critérios do ministério davam como exemplo 4 figuras, dizendo que havia outras. Mas alguns professores só aceitaram aquelas 4. Qualquer outra era considerada errada, embora houvesse cerca de 20, ou seja, mais 16 certas.
Sendo muito subjectivos, este e outros exames, acontece o seguinte: os alunos de uma professora de uma escola, são avaliados por uma professora de uma outra escola. Por exemplo, os alunos de uma professora que tem o doutoramento, são avaliados por uma professora que tem o bacharelato antigo e não conseguiu fazer a licenciatura, ou pelos professores que fizeram um cursinho na ESE (Escola Superior de Educação)* das Berças. E que talvez considerem errado aquilo de que nunca ouviram falar.
E vice-versa, claro. E é isto o ranking das escolas.
Por outro lado, estes professores que têm Mestrados e Doutoramentos e que estão em minoria na idade dos quarentas e cinquentas, são frequentemente marginalizados, já que estão em minoria. E até lhes são atribuídas notas más, nesta nova avaliação dos professores, depois de terem conseguido notas boas em provas incomparavelmente mais difíceis. E assim vai o ensino em Portugal.
*Estas Escolas Superiores de Educação (ESES) eram antigamente as que formavam professores primários. De repente, os professores dessas escolas passaram a dar licenciaturas. Foram obrigados a fazer mestrados, apresentando resultados imediatos, sob pena de perderem o emprego... e foi o que se viu... desde comprarem trabalhos e teses... e por aí fora...
São as novas oportunidades, particularmente interessantes para novos oportunistas.
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