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sábado, março 26, 2022

1984 Livro de George Orwell

 Sugiro a todos os meus amigos que leiam, ou releiam se já leram, o livro 1984. 

Nele se descreve uma sociedade imaginária e distópica, situada no futuro, em 1984, em que existe o pensamento único, não pode haver opiniões diferentes, pois isso configura “crime de pensamento”.

Este controle, exercido pelo poder, é conseguido através da televisão (ainda não havia Internet quando George Orwell escreveu), que controla toda a população através da manipulação das emoções: medo, ódio e amor. O ódio exprime-se coletivamente pelo grande inimigo, o amor pelo Grande Irmão (Big Brother). É de lá que vem esse conceito.

Muito interessante



sábado, janeiro 06, 2018

A Coluna de Fogo




Esta é a terceira sequência dos calhamaços que começaram com Os Pilares da Terra. É melhor ler nas férias, porque são todos muitíssimo absorventes, mas este tem o interesse de retratar as lutas entre católicos e protestantes em França e na Inglaterra dos Tudors.

O primeiro, Os Pilares da Terra, centra-se na construção das grandes catedrais góticas, com muita informação sobre os aspetos arquitectónicos, para além de focar diferentes aspetos da época, como a produção e tintura de tecidos.

Em todos estes livros, a ação decorre numa cidade inglesa inventada, Kinsgsbridge. As personagens centrais são inventadas, as personagens reais interagem com elas, dando-nos um panorama da Europa dessa época.  Dessas 3 épocas.

segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Grande Sertão Veredas e demais leituras obrigatórias no ensino






Primeira página do romance Grande Sertão Veredas, um livro emblemático do Brasil.  

Tenho conhecido jovens portugueses que não passam da primeira página dos Maias, mas eu mesma nunca passei da terceira página deste livro. Continuo a tentar.

É claro que o livro é estudado nas escolas do Brasil. 

Sorte a nossa, pois, pelas mais recentes notícias, basta saber dois ou três palavrões para entender as nossas obras de leitura obrigatória.

Chamam a isto "liberdade de expressão". E onde fica a liberdade de ler ou não ler? Por exemplo, de não ler expressões ordinárias? De não ser obrigado pelos professores a ler expressões ordinárias? (Referimo-nos ao livro O Nosso Reino, De Valter Hugo mãe, que foi recomendado para os alunos do 8º ano e que foi considerado leitura obrigatória para esse nível.)

A minha dificuldade começa logo pela primeira palavra, que nunca ouvi ou li: Nonada. Parece que quer dizer não nada, não é nada, etc... Ser´termo erudito inventado pelo autor? Termo popular, corruptela usada pelo personagem? Talvez nem uma nem outra?


Foi-me indicado este site para ajuda na leitura, que pedi no Facebook:

http://www.pactoaudiovisual.com.br/mestres_final/guimaraes/texto1.htm

Citamos aqui :

"" Em tese, trata-se de um argumento bastante simples: homem relembra a vida e, ao recontá-la, refaz o percurso de suas andanças, tristezas e felicidades. No vídeo a crítica literária nos diz: "Resumir Grande Sertão: Veredas é muito difícil. Trata-se de um grande, longo, denso monólogo de Riobaldo, um jagunço, que ao narrar sua história, já é um ex-jagunço, no meio da história da jagunçagem (...) O problema, contudo, encontra-se no modo pelo qual se constrói a narrativa, repleta de ações paralelas e casos inusitados, sobre os quais o engenho e arte de Guimarães Rosa deram vida e significado.”"


Outra citação: 

"Professor Willi Bolle nos diz: "Grande Sertão: dois universos paralelos (...) é uma montagem em contraste. Com isso o autor se refere a dois universos de linguagem, dois mundos de fala. De um lado, o grande discurso, a grande eloqüência, a norma culta, do outro lado, as veredas, a fala humilde das pessoas que moram no sertão. As veredas são os cursos de água e, por extensão, as clareiras onde se estabelecem mais facilmente as moradias”. Ao mesmo tempo, a evocação de um conjunto de significados tão característico do ambiente do sertão impõe à obra um forte traço particular, do qual Guimarães Rosa não pretende escapar. Por isso, a fortuna crítica de Grande Sertão insiste em marcar o movimento ambivalente da narrativa, sempre oscilante entre o regional e o universal."

sábado, março 10, 2012

Sobre Agustina

Renascença V+Ver todos os videos
O mundo de Agustina

Rádio Renasceça




Agustina Bessa-Luís já não escreve. Está lúcida, mas não escreve. Neste vídeo, os familiares próximos falam dela como se fosse uma pessoa muito invulgar e estranha. E é.

sábado, setembro 10, 2011

Privacidade no tempo da Morgadinha dos Canaviais

Prometi continuar a falar aqui sobre o livro A Morgadinha dos Canaviais. Trata-se de um romance campesino, subgénero literário criado pela francesa George Sand. Sim, aquela que se disfarçava de homem e que teve relações amorosas com escritores e com o Lizt. E que escreveu magistrais romances campesinos.
O nosso Júlio Dinis também. O campo surge neste tipo de romance como algo de idílico, opondo-se à corrupção e artificialismo da cidade, tópico tratado na poesia desde os antigos romanos, como o poeta Horácio.
Vejamos o que noto sobre a privacidade, neste livro em que o campo é idílico e em que todas as pessoas são muito boas, como em todos os romances do autor.

O mestre escola (professor primário) percorre a aldeia à procura dum certo homem. Supõe que deve estar em casa de um outro, dirige-se para lá e ouve falar. Entra, percorre a casa, (respeitando o quarto conjugal que está tapado com uma cortina) e vai até à cozinha, onde encontra o dono da casa, embriagado, a falar sozinho. Pergunta-lhe por que está a falar sozinho e o que está a dizer. O homem explica que a esposa deu em "beata", anda atrás dos missionários e o "caldo está na horta", ou seja, os produtos para fazer o caldo ainda estão na horta, quando o caldo devia estar pronto.

Outro caso de privacidade: ler cartas faz parte da educação das crianças. A família da Morgadinha entrega várias cartas ao mestre escola para que ele escolha as mais adequadas para as crianças da família lerem. Pouco depois, ao chegara  casa, encontra outro professor que o aguarda na sala enquanto ele "janta" (almoça). Assim que se vê sozinho, o indivíduo abre a pasta, tira as cartas, lê-as e leva uma. Ninguém dá pela falta, claro e não sei o que acontece depois, pois não me lembro e ainda vou antes do meio.
A primeira vez que li, vivia eu na província e tudo me parecia quase igual ao descrito no livro. Agora...


E ainda falam da falta de privacidade da net!

quinta-feira, setembro 08, 2011

A Morgadinha dos Canaviais: Como de repente e em pouco tempo tudo se estragou???!!!

Estou a ler, com entusiasmo e alegria, A Morgadinha dos Canaviais. Pela nostalgia do campo.
A primeira vez que li e talvez mesmo a segunda, eu vivia no campo e o campo era assim. As descrições coincidiam, embora com um século de atraso. Bom ou mau, era assim.

Agora os campos estão ao abandono. Não existem quase diferenças entre o campo e a cidade. E gosto de imaginar um passado futuro em que os campos eram cultivados, em que a natureza era intacta, em que as pessoas viviam as horas de Deus, as horas do mundo, o tempo da natureza. Rezavam para adormecer, quando a noite caía, acordavam com o sol.
Continuarei a falar sobre isto e vou citar excertos da obra que me encantam.

Como de repente e em pouco tempo tudo se estragou???!!!

sexta-feira, setembro 02, 2011

O Tigre Branco





Está na moda este autor, que ganhou o Booker Prize, exatamente com este livro, O Tigre Branco: Aravind Adiga.
A obra apresenta um retrato da Índia bem diferente daquele que imaginamos e que é simultaneamente exótico e místico. 
Surge-nos uma Índia terrível, imunda, corrupta, em que o crime e a miséria se relacionam de formas perversas, variadas e estranhas. Para só dar um exemplo, os ricos levam os pobres a assinar confissões em que assumem as culpas dos seus crimes. Por dinheiro e por medo de retaliações sobre toda a família. 
O vício de mascar um produto vermelho e cuspir por todo o lado uma saliva vermelha é constantemente referido.

Não deixa de ser curioso e mesmo irónico, que sejam estes autores indianos a ganharem os prémios da  escrita em língua inglesa. No fundo, sente-se neles a nostalgia da Inglaterra, país considerado civilizado. E sabemos todos do que dependem os prémios. Sendo uma avaliação, está dependente dos conceitos e preconceitos dos avaliadores.

Acontece o mesmo com os livros de Arundhati Roy, que também ganhou esse prémio com O Deus das Pequenas Coisas. É também um retrato desencantado da miséria, da segregação de castas, da imitação do Ocidente. Neste caso, a escritora é considerada anti-globalização, mas, depois de ler estes livros, somos levados a perguntamo-nos qual é o problema da globalização... quando o tão imitado Ocidente não tem problemas destes...

Se o que a Índia tem de tão estranho, invulgar e místico nunca é referido, a não ser como caricatura... sobressai nestes livros a luta entre religiões e o desprezo entre castas.