Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
sexta-feira, agosto 24, 2007
Cabo Verde
Fui no ano passado passar férias ao Brasil, agora vim a Cabo Verde.
Gosto muito de falar outras línguas e sei fazer isso, pelo que estas viagens me parecem menos interessantes nesse aspecto.
Mas, quando tenho sono e preguiça, ou quando quero falar de algo difícil de explicar, poder falar português é outra loiça.
Os nossos antepassados foram simpáticos ao terem-nos legado isto.
E nós ainda dizemos mal dos portugueses...
Vocês não acham?
quinta-feira, agosto 23, 2007
quarta-feira, agosto 22, 2007
Nhôr Deus
Este cântico tem uma música muito bonita:
Nhôr Dês, nu ta dana Nhô tudo o qui nos tene (refrão)
- Nôs miséria, nôs sofrimento; nôs amor nu ta n' trega Nhô, djunto cu ês oferta
- nôs tristeza, nôs pobreza; nôs fraqueza nu ta n' trega Nhô djunto cu ês oferta
etc...
Senhor Deus, nós te damos SEnhor, tudo o que nós temos
(Nossa miséria, etc,, nós te entregamos junto com as nossas ofertas)
+
Em geral falam bem português, mas falam crioulo uns cons os outros e às vezes falam com Nhôr Deus, que é suposto entender todas as línguas, dialectos e frases erróneas...
Cabo Verde: nô stress
terça-feira, agosto 21, 2007
Socorro! Tirem-me do Paraíso!
Como os ladrões lisboetas ainda não estão informatizados e muito menos lêem o Terra Imunda, vou ao ponto de confessar que me encontro em Cabo Verde.
Esta terra de Santa Maria, na Ilha do Sal, é um Paraíso para os turistas, que não para os autóctones, os quais já vivem razoavelmente à custa do turismo e da pesca, mas não o suficiente para viverem aqui, pois este espaço está ocupado por inúmeros hotéis de luxo e é tudo caro.
Sendo assim, só se vêem estrangeiros europeus, sobretudo portugueses e italianos e emigrantes senegaleses que andam atrás de nós a tentar vender artesanato senegalês, passando-se por caboverdianos.
Finjo que não os entendo e ouço-os dizer que não sou "nos patríciu". Ou seja: nós, portugueses, somos "nossos patrícios" dos caboverdianos, um "povo irmão" e lusófono, pelo que dizem. E já agora, também dos senegaleses. Enfim...
Como não tenho prática de estar na praia, que é a principal actividade daqui, logo no primeiro mergulho que dei, quase parti o nariz*. Estou com a pele vermelha e eriçada do sol, a doer, picada dos insectos que nem um crivo, com a boca inchada e o nariz negro...
Hoje de manhã fui andar de carrinha no deserto, passando a carrinha por cima das pedras, no que aqui chamam pedra-massagem, incluída no preço. Por fim, fomos tomar um banho obrigatório numa salina, onde se flutua na água e se fica cheio de sal até à alma.
Socorro! Tirem-me do Paraíso!
* Nota (escrita muito depois): Parti realmente o nariz, o que se nota nas fotos, mas foi bom porque andava a adiar uma operação que precisava de fazer e não se pôde adiar muito mais. Não quis ir ao hospital em Cabo Verde, por me parecer que não seria bem o ideal... fui aqui em Lisboa e fui operada com lazer... correu muito bem.
sábado, agosto 18, 2007
sexta-feira, agosto 17, 2007
S. Caetano
Ainda se mantêm algumas tradições no Norte, que se vão perdendo, como esta de fazer passadeiras de flores e ervas aromáticas e colocar ao lado balseiros coma as mesmas plantas, o que teria, no passado, para além da função estética, a de ocultar os maus odores.
E as colchas à janela. A senhora posou para a fotografia, pelo que a deixo, com a originalidade de ainda usar lenço.
Mas... quando pergunto às pessoas da pequeníssima terra chamada Serradelo quem foi São Caetano, respondem:
S. Caetano é um santo e é o padroeiro de Serradelo.
Perguntem-me o que é Serradelo.
Resposta: Serradelo é uma terra e o padroeiro dessa terra é S. Caetano.
terça-feira, agosto 14, 2007
E também era muito agradável
E também era muito agradável sentir na pele a delicadeza das asas
Quando abríamos os olhos já era quase escuridão
Mas ainda não era a escuridão.
Na época em que ainda havia borboletas
Acontecia muito elas descerem em bandos pelo espaço
Num ritmo idêntico ao do pôr do sol e à mesma hora
Era agradável ver a luz fazer brilhar as muitas cores de que eram feitas
Quando fechávamos os olhos sentíamos na pele a delicadeza das asas
Mas não era ainda a escuridão.
(Autoria própria)
Quando abríamos os olhos já era quase escuridão
Mas ainda não era a escuridão.
Na época em que ainda havia borboletas
Acontecia muito elas descerem em bandos pelo espaço
Num ritmo idêntico ao do pôr do sol e à mesma hora
Era agradável ver a luz fazer brilhar as muitas cores de que eram feitas
Quando fechávamos os olhos sentíamos na pele a delicadeza das asas
Mas não era ainda a escuridão.
(Autoria própria)
segunda-feira, agosto 13, 2007
Portuguesa Língua
Há muito tempo já que não ouvia um diálogo num português tão curioso e macarrónico como este entre dois namoradinhos, no Norte:
- Tu abristezio - disse a noivinha.
- O quê?! Inquiriu o mocinho
- Deixastezio aberto!
- Eu?
- Sim
- Fechássezio!
Este modo de conjugação pronominal parece perpassar por todos os tempos e por todos os modos...
Esta portuguesa língua...
- Tu abristezio - disse a noivinha.
- O quê?! Inquiriu o mocinho
- Deixastezio aberto!
- Eu?
- Sim
- Fechássezio!
Este modo de conjugação pronominal parece perpassar por todos os tempos e por todos os modos...
Esta portuguesa língua...
sexta-feira, agosto 10, 2007
quinta-feira, agosto 09, 2007
Baudelaire e Lisboa
Como não nasci em Lisboa, ela é para mim a cidade da minha alma, pelo menos até ver, pois não sou vocacionada para as eternidades.
Como homenagem à minha cidade anímica, aqui vai um excerto de um poema em prosa de Baudelaire e o link para quem quer ver o resto.
«Dis-moi, mon âme, pauvre âme refroidie, que penserais-tu d'aller habiter Lisbonne? Il doit y faire chaud, et tu t'y ragaillardirais comme un lézard. Cette ville est au bord de l'eau; on dit qu'elle est bâtie en marbre, et que le peuple y a une telle haine du végétal, qu'il arrache tous les arbres. Voilà un paysage selon ton goût; un paysage fait avec la lumière et le minéral, et le liquide pour les réfléchir!»
Mon âme ne répond pas."
Baudelaire "Any where out of the world
(N'importe où hors du monde)" in Le Spleen De Paris
Para ver mais, clicar aqui.
Como homenagem à minha cidade anímica, aqui vai um excerto de um poema em prosa de Baudelaire e o link para quem quer ver o resto.
«Dis-moi, mon âme, pauvre âme refroidie, que penserais-tu d'aller habiter Lisbonne? Il doit y faire chaud, et tu t'y ragaillardirais comme un lézard. Cette ville est au bord de l'eau; on dit qu'elle est bâtie en marbre, et que le peuple y a une telle haine du végétal, qu'il arrache tous les arbres. Voilà un paysage selon ton goût; un paysage fait avec la lumière et le minéral, et le liquide pour les réfléchir!»
Mon âme ne répond pas."
Baudelaire "Any where out of the world
(N'importe où hors du monde)" in Le Spleen De Paris
Para ver mais, clicar aqui.
terça-feira, agosto 07, 2007
Cicuta II
Nunca me interessei muito por ervitas, mas agora, não sei porquê, interessei-me pela cicuta.
Acabo de descobrir que ela é muito abundante em Portugal e que está agora em flor. Qualquer pessoa que viva ao ar livre a conhece de vista.
Cresce nas bordas, onde na Primavera há malmequeres. Tirei muitas fotografias, mas não posso agora postá-las. Ver uma foto em Maio de 2007.
Acabo de descobrir que ela é muito abundante em Portugal e que está agora em flor. Qualquer pessoa que viva ao ar livre a conhece de vista.
Cresce nas bordas, onde na Primavera há malmequeres. Tirei muitas fotografias, mas não posso agora postá-las. Ver uma foto em Maio de 2007.
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