Uma estudante salta de alegria e grita bem alto:
- Tive 10 a Português! Tive 10!
- Está contente por ter 10? - pergunta-lhe uma professora, surpreendida.
- Claro, Stôra. Então não havia de estar? Passei!
Ao lado, duas outras alunas estão sem fala e em estado de choque. Razão: também tiveram dez a português. Costumavam ter 17... junto delas, um rapaz tenta segurar as lágrimas: teve 12.
Entram, a seguir, três alunos felicíssimos: tiveram 17 e 18, exactamente as notas que costumam ter sempre.
Explicação para esta diferença: chamam-se Ricardos e Teresas.
Estranho? Não. É que, a partir da letra R, os exames foram corrigidos por outra professora, uma professora competente, que "acertou" com as classificações que os alunos mereciam.
Dir-se-ia que este é um caso inédito, esporádico, mas não: aconteceu um pouco por todo o país, vem nos jornais, embora na página 12. A gripe A e o Michael Jackson roubaram lugar este tipo de informação.
Explicação para isto? Difícil de explicar, pois os factores são muitos. Mas aqui vai uma tentativa.
Dada a dificuldade de correcção dos exames de Português por ser muito subjectiva e por depender muito da pessoa que corrige, o ministério inventou, no ano passado um novo sistema: para além dos critérios de correcção públicos e publicados, há uns novos, decididos pelos supervisores e transmitidos aos correctores. São transmitidos oralmente, não há nada escrito, mas são para cumprir. (Qual será a legalidade de tal coisa?)
Tendo a intenção de diminuir a subjectividade e mesmo a arbitrariedade, de facto aumentaram-nas exponencialmente. Quanto mais critérios secretos, mais confusão.
Não esquecer que há professores competentes, bons, muito bons, incompetentes e assim-assim. Cumpridores, baldas e assim-assim. Professores que têm, ou a quem falta, bom-senso e bom-gosto.
E alguns dos mais competentes reformaram-se a meio deste ano lectivo.
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1 comentário:
Uma denúncia muito esclarecedora! Já algumas pessoas me o tinham dito, neste texto identifiquei melhor o problema...
Maria
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