sábado, outubro 16, 2010

Privilegiados? Porquê?

A propósito deste post recente, ( Dá vontade de rir, mas não tem graça nenhumarecebi um email, escrito em Francês e referindo-se à realidade francesa, mas que se pode aplicar à portuguesa.


O autor do texto propõe que se troquem as pessoas idosas pelos prisioneiros, colocando as primeiras nas prisões e estes últimos nos lares de terceira idade. E vai desenvolvendo a ideia: tomavam banho todos os dias, tinham televisor e computador, tinham roupa fornecida pela instituição, não pagavam nada, tinham enfermaria e cuidados médicos, biblioteca, etc.
É interessante esta comparação, mas é também muito estranho e ao mesmo tempo muito significativo que se fale agora tanto no assunto. Agora que o Estado Providência começa a deixar de o ser, generaliza-se a ideia de que os prisioneiros são privilegiados. No caso do post que escrevi antes, não era essa a ideia de quem me contou o episódio, mas confirma alguns pressupostos do email.
Uma mulher-a-dias que conheço, criou três filhos com o seu trabalho e a  ajuda do sogro, o marido estava sempre preso. Criou-os bem, com muito trabalho, mas queixava-se de que ele não fazia nada, não tinha de se preocupar com o que comia e tinha televisão a cores, quando ela não tinha nenhuma, nem mesmo a preto e branco. Creio que só haverá um televisor para muitos e nem sempre, mas a ideia fica...


Por outro lado, há muitos sem-abrigo que continuarão a sê-lo, a menos que alguém os ajude ou eles se ajudem, enquanto a hipótese de ir preso para ter de comer, de beber, cama, etc. não se lhes coloca.


Num post já bastante antigo conto, na primeira pessoa, o modo como uma sem-abrigo, imigrante estrangeira, conseguiu recuperar uma vida normal, com a ajuda de uma senhora. Tentei reproduzir o que ela me contou.
Jardim. Ah ah ah!

Já agora, seria caso para perguntar se os prisioneiros não deveriam trabalhar... para bem de todos...
As opiniões de que aqui faço eco não são necessariamente as minhas, saliento apenas a ocorrência e recorrência significativa destes temas.
Antigamente os prisioneiros não tinham o direito de comer à custa do Estado, só comiam do que podiam comprar ou do que lhes davam, o que seria hoje impensável.  
Daí a expressão: "quem tem amigos não morre na cadeia".
Mas estes novos direitos também geram desigualdades estranhas e não intencionais, sendo esta uma entre muitas.

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