terça-feira, agosto 20, 2013

Capadócia: aldeias subterrâneas





Os gregos, que como já foi referido, viviam na Capadócia desde Alexandre Magno, com muitos vindos posteriormente, foram perseguidos em várias épocas, por serem gregos e por serem cristãos. O Império Otomano, propriamente turco, não fazia perseguições religiosas e, bem ao contrário, acolheu de braços abertos os judeus fugidos da península ibérica, como está fortemente documentado. Embora, também na Turquia, vivessem em ghetos.

Para fugirem às perseguições, os gregos, que viviam comunitariamente em aldeias agrícolas, construíram estes subterrâneos. Ficavam aqui até terminar a perseguição, ou até se sentirem seguros para regressarem a casa. 
Entretanto, iam fazendo o que tinham a  fazer, como, por exemplo, vinho. Estes subterrâneos continham vários lagares e vários espaços para conservação do agradável líquido.
A pedra é a mesma que permite escavar as chaminés das fadas. Estas têm 3 camadas, mas a parte principal é em turfa.

É difícil tirar fotos com tanta escuridão, isto foi o que se pôde arranjar.

Capadócia: O Castelo







Este é o mais alto "complexo urbanístico" constituído por casas escavadas nos rochedos de pedra macia, chamados "chaminés das fadas". Chama-se Castelo.

Viviam aqui muitas pessoas, todas gregas. Embora habitassem a Capadócia e outras partes da Turquia desde os tempos da invasão de Alexandre Magno, os gregos mantiveram a sua língua, a sua religião e a sua cultura até aos dias de hoje.

Mas um acordo bilateral de 1924 obrigou estes Gregos a regressarem à Grécia e os Turcos que habitavam em regiões da Grécia a regressarem à Turquia, (embora ainda existam muitos gregos em Istambul, segundo diz Pamuk no livro citado). O que deixou as casas desabitadas. Atualmente é proibido morar nelas, por ser considerado perigoso. Ainda recentemente morreu um turista alemão que subiu ao topo e no mosteiro, uma turista italiana. Agora é proibido ir onde foi a italiana, mas ainda é permitido subir a este Castelo.

Na última foto, vê-se uma árvore carregada de objetos chamados "Olho Turco", contra o mau olhado e outra carregada de cântaros, em frente ao Castelo. Vi muitas árvores decoradas como esta.

Vou interromper este "Diário de Bordo", a continuar mais tarde. Ver o postt do mosteiro, a que acrescentei várias fotos e informações.

Dourados



Basta uma imagem como esta para constatarmos que estamos perante uma cultura diferente. Adivinhem para que servem estas espetaculares artefactos dourados.


Solução: para engraxar sapatos, não apenas os dos homens mas também os das mulheres e das crianças. são muito maciços e aparentemente, ficam ali de um dia para o outro.

segunda-feira, agosto 19, 2013

Istambul, a cidade do outro lado







Saímos de Istambul enriquecidos, não pelo muito que aprendemos, mas abismados pela nossa ignorância de toda a parte oriental do mundo.

Enriquecidos de curiosidade pelo outro, que é o reverso dos livros de história. Ou de geografia, ou do que for.

Porque as pedras só se tornam humanas se virmos nelas a inscrição, não só do humano, mas também do divino. Como neste mosteiro da Capadócia.

Istambul já foi Bizâncio e já foi Constantinopla, cidades quase míticas. Com uma história que é a nossa história. Istambul significa, etimologicamente, "a cidade que fica do outro lado". Do outro lado do Bósforo. A cidade estranha e estrangeira.

A cidade que fica do outro lado, também para nós ocidentais, do outro lado do mundo, é a cidade do passado.
Mas o passado talvez se transforme em futuro e talvez o futuro nos surja do Oriente. Como uma renovação.



 




domingo, agosto 18, 2013

Festa da circuncisão



Aterrorisada pelo que julguei ser outro casamento na piscina para não deixar dormir ninguém também esta noite, perguntei. A princípio não entendi a resposta, não por defeito do inglês, mas da estranheza. Circum circum... será circo? Não deve ser...

É uma festa de circuncisão. Que na Turquia tem caraterísticas próprias como refere este site em inglês CLICAR.
Mas também há um casamento, num sítio insonorizado.
Como a festa da circuncisão tem muitas criancinhas, espero que acabe cedo.

Também está aqui uma equipa de futebol do Iraque, chamada Zahco, sempre vestidos de equipamento vermelho, as crianças pedem-lhes autógrafos e os homens sorriem e tratam-nos pelo nome.
Estão no mesmo andar que eu e são muito simpáticos, já me cumprimentam muito bem e alguns falam comigo, incluindo o manager, que fala várias línguas incluindo turco, provavelmente mal, a julgar pelo seu inglês.
Um dos jogadores dá-me um grande aperto de mão quando lhe digo que sou portuguesa, depois de me perguntar, talvez por ter entendido mal, se sou chinesa. Aqui perguntam-me se sou alemã ou polaca. Italiana é o mais perto que chegam. Agora, chinesa... também me fez uma festinha na cabeça, a despropósito. Em geral toda a gente faz uma ar de satisfação quando digo que sou portuguesa, ou melhor, digo Portugal, pois pouca gente entende mais do que isso. Alguns referem o nome de um jogador, mas não é o caso destes jogadores.
Eu tinha a ideia de que os árabes eram muito durões, autoritários, convencidos, mas os que conheci aqui são muito gentis. Incluindo o cirurgião iraniano com quem falei algumas vezes em Istambul. Com as mulheres não dá para falar, não devem entender línguas, nem falar com desconhecidos. As mais convencionais de trajo tradicional, pelo menos algumas, ficam chocadas com o meu modo de vestir e de proceder. Não dizem nada, mas o olhar diz tudo.

Mas, durante os dois pequenos cruzeiros que fiz no corno de ouro,  a certa altura aparece um homem a vender uma espécie de roscas, espécie de pão de trigo. Como não almocei e são 5 da tarde, quero comer aquilo, mas receio que seja muito doce. Pergunto a duas meninas de lenço na cabeça. Faço a pergunta em todas as línguas que conheço e noutras inventadas, mas elas não entendem. Então, uma delas tira um bocado da rosca que comprou e dá-me para provar. Até ma queria dar toda. Era boa, compro uma, mas não aceita a restituição do bocado que me deu.

(E afinal, a festa sempre era um casamento. E um tormento para quem quisesse dormir.)

Capadócia: o Mosteiro








Mosteiro cristão ortodoxo grego que esteve em atividade até 1924. Tudo escavado nestas formações geológicas designadas por “chaminé das fadas”. Na primeira imagem vê-se o dormitório das monjas, na segunda o dos monges.
O mosteiro inclui várias capelas e uma igreja, com pinturas murais de arte sacra, algumas deterioradas, as da igreja recentemente restauradas. É claro que não é permitido tirar fotografias dessas imagens, mas será possível encontrá-las na Internet.




 Igreja: o recinto principal é totalmente interior e sem janelas.




Como é difícil entrar em qualquer um destes sítios! como seria com os monges idosos ou doentes? Isto sim, é preciso ter muita fé para procurar Deus num mosteiro destes. 




Refeitório dos monges e moderno café decorado com artefactos regionais, que nos mostra como seria um interior habitado. 

Dormir



 



Dormir? Era bom, era.
Amanhã tenho de me levantar Às 3 da manhã, dormi mal em Istambul. Quando cheguei a  este bom hotel, no meio de sítio nenhum e com uma cama enorme, pensei que era desta que dormia.
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Mas havia dois casamentos: um muito discreto, numa sala onde só comeram enquanto um grupo cantava umas músicas que até pareciam religiosas, tudo muito tradicional exceto o vestido da noiva, ocidental, com um véu muito bonito e diferente. Os noivos estavam ao lado do palco numa mesa que era também uma espécie de palco e estavam a ser continuamente projetados nun vídeo. A festa começou pelas 8:30 da noite e acabou pelas 10:30.

E na piscina em frente do meu quarto havia esta bagunça. Com músicas muito animadas e muito alto, quase todas turcas mas uma ou duas brasileiras, espanholas, etc. Durou pelo menos até à meia noite, talvez não muito mais. Mas já começou outro. Vêem-se por aqui muitas noivas vestidas de noiva.

Há grandes diferenças entre os turcos muito tradicionais e  religiosos e os ocidentalizados e pouco religiosos. Segundo Pamuk, há já muito tempo que uma parte da Turquia tenta imitar o ocidente, conta até que nas casas da sua família havia salas de visitas, todas com um piano que nunca foi tocado e muito outros objetos ocidentais, lugar a que ele chama museu, só para mostrarem que eram ocidentalizados.

sábado, agosto 17, 2013

Istambul - livros




Não gosto daqueles livritos para turistas com fotos e mapas, que afinal também existem aqui, mas em sítios muito restritos e alguns só em turco ou árabe. São úteis no momento, mas depois não servem para nada porque a Internet é mais atualizada e tem as mesmas coisas.
Ao contrário, este livro é maravilhoso: memórias de Istambul do prémio Nobel da literatura Orham Pamuk, que sempre aqui viveu e sempre na mesma casa em que nasceu.
Diz ele que Flaubert afirmou que, dentro de cem anos, Istambul seria a capital do mundo, mas que, com a queda di império otomano, o mundo quase esqueceu a Turquia.

De facto. Eu não tinha grande curiosidade de cá vir, a não ser por causa da primavera turca e porque já fui a todosos sítios que desejava conhecer, alguns várias vezes.
Mas Istambul é apaixonante e já me apetece regressar, até com mais tempo. Porque o Império Otomano foi importantíssimo, tem uma longa história, uma especial cultura e vestígios de tudo isso, por toda a parte. Diz também Pamuk que, para colocar canos da água ou algo assim, é preciso proceder com cuidado, pois é provável que haja túneis e outros vestígios.

E, além disso, as pessoas ficam todas contentes por me verem com o livro de Pamuk.

Animais de Istambul













Os animais também distinguem um país e uma cultura, pelo modo como são tratados. Na  Índia, que acho parecida com isto aqui, poucos fugiam das pessoas, e recentemente os golfinhos passaram a ser considerados como  pessoas não humanas.
Há dois animais que aqui chamam a atenção: os gatinhos, muito meigos e confiantes e o facto de circularem numa cidade enorme, mesmo nas grandes avenidas, o que nunca vi. A primeira vez que um gatinho vreio ter comigo a miar, à noite, deduzi que se tinha perdido e fiquei cheia de pena, espero que não tenha sido esse o problema.
O outro animal é uma rolinha castanha muito querida, que não foge de nós e que anda muito pelo chão, em toda a parte.

No primeiro dia estive no parque Taksim, que adorei, embora não tenha percebido que foi por quererem construir lá uns hotéis que houve a primavera turca. Tem muitos animais, desde galinhas e corvos, até cabras que parecem ter dono, porque estão amarradas. Depois faço um post sobre isso.

Agora estou na Capadócia, num hotel muito bonito, no meio de sítio nenhum. O hotel de Istambul era fracote, mal consegui dormir porque as cortinas não tapavam a luz e o ar condicionado não arrefecia mas fazia muito barulho e não se podia desligar.
Fotos:
Essas cadeiras e a mesa estão à porta de uma loja de roupas desportivas, para quem se quiser sentar, mas nunca consegui sentar-me em nenhuma, por falta de hábito, tenho sempre a impressão de que as cadeiras pertencem  a alguém. O gatinho está à vontade com a cadeira e todo dengoso comigo.

Mesmo ao lado, três gatinhos que pertencem a uma oficina, ou garagem, não percebi. Em Lisboa hei-de por mais fotos nos mesmos posts.

Em Portugal existe a designação de rolas turcas. Devem ser estas.

E vejam onde estavam as rolinhas a fazer o ninho... Ampliar. o dono da loja ria-se para mim, orgulhoso e feliz das suas rolas turcas.





sexta-feira, agosto 16, 2013

Navegar, claro.





Porto de Eminonu, no Corno de Ouro, dentro do Estreito de Bósforo. Tem grande agitação por causa dos pequenos cruzeiros e por ser um sítio de comércio, junto do Mercado das Especiarias.

Ao lado, a ponte de Galata, muito frequentada e vivida, tendo por baixo vários restaurantes.

Tal como na Índia, as atrações turísticas da Turquia não são para "inglês ver", salvo raras exceções, mas sim autênticas peculiaridades, decorrentes de uma cultura diferente e misteriosa. A descobrir.

quinta-feira, agosto 15, 2013

A Torre de Galata






Como a visita acabava cedo, o Sinar, (ou será Sinai ?) aconselhou-me a ir depois disso à torre de Galata, por mim, e uma vez que eu não quis que me trouxessem ao hotel, desde o Grande Mercado, à torre de Galata, para ter uma visão panorâmica e pra ver, pelo caminho, o Corno de Ouro, a parte do mar que se vê na foto.
Aqui há uns elétricos muito bons e muito rápidos, outra coisa que deveríamos imitar e ele fez-me uma lista pormenorizada das paragens onde devia entrar e sair, hoje e amanhã. Muito simpático. Aconselha-mea  evitar os taxistas, porque tentam explorar os turistas. O condutor da carrinha, em quem eu confesso que não tinha reparado, ofereceu-me um objeto, a chaminé das fadas da Capadócia, que é a terra dele. Pareceu-me uma maneira simpática de se fazer a uma boa gorjeta, mas fiquei envergonhada de ter pensado isso: não aceitou nada.


O que o Sinar não me disse foi que para chegar até à torre tinha de subir  a pé muitas ruas a pique, algumas com escadas e ainda muitas escadas dentro da torre (para além do elevador). Lá em cima tem só uma varandinha estreita a toda  a volta da torre redonda, imprópria para quem tiver vertigens, pois ficamos quase em cima do abismo. Ah, e um café.

À ida para baixo, perdi-me de tal maneira que tive de voltar a subir imenso. É que há um bairro inteiro com lojas de ferragens e maquinarias. Deve ser o paraíso de qualquer mecânico, mas, quando me parecia que já tinha passado naquela rua, havia mais cinco ou seis ruas iguais àquela, todas a vender apenas torneiras, ou peças, ou alicates... também nunca vi nada assim.

O nome Torre de Galata é fácil de fixar, por causa do clube de futebol Galata Zarai, que tem bandeiras por tudo quanto é sítio.




Imagens da Torre de Gálata, ao por do sol, do porto de Eminou e da ponte de Gálata.
O porto e a ponte são dos lugares mais bonitos de Istambul.