No dia de Santo António de Lisboa fui ao Castelo de são Jorge. Boa ideia: os estrangeiros pagam para entrar, nós não. Somos todos europeus, mas…
Sempre valeu a pena os Afonsinhos terem conquistado aquilo para nós. Podemos sempre aproveitar aquela pedra toda para fazer mais estádios de futebol e mais santuários de Fátima em Fátima.
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
quinta-feira, junho 15, 2006
segunda-feira, junho 12, 2006
Continuando... : Ritmo de Rap
O Governo e as "oposições", os sindicatos e os patrões, os jornais e as televisões,
Estão todos de acordo em que Portugal está na cauda de todos os bichos de cauda,
Que a solução está no sacrifício dos cidadãos e demais bichos de cauda,
Mas há uns anos atrás estavam todos de acordo em que era necessário fazer estádios de futebol novos em folha e caríssimos
E agora estão todos de acordo em que é preciso fazer um novo santuário de Fátima... e do Futebol e talvez mesmo do Fado
E viva o Destino e as touradas e o Mundial e a contenção orçamental!
(Não confundir isto com um poema, please!)
Estão todos de acordo em que Portugal está na cauda de todos os bichos de cauda,
Que a solução está no sacrifício dos cidadãos e demais bichos de cauda,
Mas há uns anos atrás estavam todos de acordo em que era necessário fazer estádios de futebol novos em folha e caríssimos
E agora estão todos de acordo em que é preciso fazer um novo santuário de Fátima... e do Futebol e talvez mesmo do Fado
E viva o Destino e as touradas e o Mundial e a contenção orçamental!
(Não confundir isto com um poema, please!)
Terra imunda!
Uma das minhas amigas mais antigas, que talvez leia estas linhas, disse-me um dia que a primeira frase que se lembra de me ter ouvido, e também a segunda, a terceira, a quarta, a quinta etc, foram variantes destas:
- Eu não aguento a estupidez das pessoas. Até as pessoas que parecem inteligentes são insuportavelmente estúpidas.
Tina, eu substitui estas formulações por esta máxima:
- Terra imunda!
É que eu nessa época ainda não conhecia o mar.
- Eu não aguento a estupidez das pessoas. Até as pessoas que parecem inteligentes são insuportavelmente estúpidas.
Tina, eu substitui estas formulações por esta máxima:
- Terra imunda!
É que eu nessa época ainda não conhecia o mar.
A assim designada ministra da educação: Part two
Todos nós recordamos com prazer ou com ódio os nossos melhores e os nossos piores professores. E quase sempre esquecemos os outros.
Esta senhora designada como ministra da educação decidiu, pela primeira vez, honra lhe seja feita, distinguir os bons dos maus.
Resultado: os professores que hoje têm 30 ou 40 anos e que são óptimos, por hipótese, nunca ganharão tanto como os professores que hoje têm 60, mesmo que estes últimos tenham sido uns baldas toda a vida.
Premiar o mérito, não é?
A terra vista da terra: Lisboa
Um dos problemas contemporâneos é a escassez dos recursos agrícolas, por exemplo de terreno agrário. Só numa terra como esta (rica de séculos) (não me chamem ingénua, ingénuos são vocês) é possível um chão agrário coberto de uma beleza inútil: os jacarandás e estas flores amarelas.
Lisboa e a beleza do mundo, talvez indevida.
Lisboa e a beleza do mundo, talvez indevida.
sábado, junho 10, 2006
A assim designada ministra da educação
Toda a gente já sabia que alguns professores se baldam para o trabalho, tal como outros profissionais das profissões em que ninguém é despedido só por isso. Tão pouco!
Os professores normais até já estão habituados a fazerem o trabalho destas abéculas e ainda a serem considerados todos iguais. Os professores que nunca faltam ao trabalho estão carecas de saber que têm fama de meterem atestados psiquiátricos por meses ou anos, sem estarem doentes.
Agora, o que ninguém esperava era que a assim designada ministra da educação reconhecesse que há professores bons: ou seja, há professores que não são maus: sabiam? Mas isto é apenas para a dita criatura poder à vontade criticar os professores bons.
Diz a luminária:
- Os médicos bons vão logo a correr tratar dos doentes que estão muito mal, mas os professores bons preocupam-se mais em ensinar bem os alunos bons…
Claro, os professores bons deveriam ir todos para o Intendente convencer os rapazes desviados a voltarem para a escola, o que nem me parece difícil:
- Ó meu, andas tu a vender o produto a estes pé-rapados, quando na nossa escola há tantos betinhos com dinheiro que te compram logo tudo, é só convencê-los a consumir.
Neste interim os alunos bons estão a ter aulas com os professores maus, ou melhor, estão no café da esquina a beber umas bejecas porque o stor faltou outra vez.
De facto, há toda uma tendência no sentido de segurar os alunos nas escolas, no receio de que eles vão lá para fora drogar-se ou agredir alguém: se podem fazer tudo isto cá dentro, para quê irem lá para fora?!
E depois há outra coisa, os professores bons, que talvez sejam os mais velhos e experientes e que agora vão chegar a trabalhar até aos sessenta e muitos anos, podem muito bem apanhar uma rasteira ou um murro e caírem ao chão e levantarem-se, pois não será por isso que vão mudar de profissão.
Os professores normais até já estão habituados a fazerem o trabalho destas abéculas e ainda a serem considerados todos iguais. Os professores que nunca faltam ao trabalho estão carecas de saber que têm fama de meterem atestados psiquiátricos por meses ou anos, sem estarem doentes.
Agora, o que ninguém esperava era que a assim designada ministra da educação reconhecesse que há professores bons: ou seja, há professores que não são maus: sabiam? Mas isto é apenas para a dita criatura poder à vontade criticar os professores bons.
Diz a luminária:
- Os médicos bons vão logo a correr tratar dos doentes que estão muito mal, mas os professores bons preocupam-se mais em ensinar bem os alunos bons…
Claro, os professores bons deveriam ir todos para o Intendente convencer os rapazes desviados a voltarem para a escola, o que nem me parece difícil:
- Ó meu, andas tu a vender o produto a estes pé-rapados, quando na nossa escola há tantos betinhos com dinheiro que te compram logo tudo, é só convencê-los a consumir.
Neste interim os alunos bons estão a ter aulas com os professores maus, ou melhor, estão no café da esquina a beber umas bejecas porque o stor faltou outra vez.
De facto, há toda uma tendência no sentido de segurar os alunos nas escolas, no receio de que eles vão lá para fora drogar-se ou agredir alguém: se podem fazer tudo isto cá dentro, para quê irem lá para fora?!
E depois há outra coisa, os professores bons, que talvez sejam os mais velhos e experientes e que agora vão chegar a trabalhar até aos sessenta e muitos anos, podem muito bem apanhar uma rasteira ou um murro e caírem ao chão e levantarem-se, pois não será por isso que vão mudar de profissão.
terça-feira, junho 06, 2006
Estado da Nação - Part Six e Final: Padamon e Padamona
De volta a casa, regressa tudo à normalidade. Apenas se descobre que a afegã, ou não é nadadora ou não quer nadar… na verdade não quer fazer nada. Como este é um assunto delicado, (sobretudo para uma feminista como eu), avancemos um pouco…
Casa do ex-futebolista português:
- ó Albira, o que é esta coisa que está debaixo deste pano e que cheira tão mal?
- Ah, isso… é a segunda esposa do Padamon.
- É bonita?
- Não sei, ela nunca tira o pano…
- E o que faz?
- Nada.
- Ah, é a tal nadadora?
- Não, filha, ela não faz mesmo nada. Nadinha. Ela nem deve saber nadar. O Padamon foi outra vez aldrabado. É um incompetente!
- Como se chama?
- Não sei, a gente chama-lhe Padamona.
- De que vive?
- Á minha custa.
Agora dava jeito uma receita de cozinha.
Tchan, tchan, tchan (isto é o passar do tempo).
Um belo dia em que a Padamona cheirava particularmente mal e não se mexia, resolveram tirar o pano da burka. Descobriram que, afinal, quem estava debaixo do pano era um homem. Um afegão, talvez taliban, enfim, quem sabe? (Desta já eu me safei!)
Passaram a chamar-lhe Padamon II, sendo o Tobias, Padamon I.
Revoltada e farta, um dia Albira passa-se dos carretos: resolve colocar uns explosivos à cintura e ir explodir para casa dos sogros. Como foi o Padamon que tratou dos explosivos, os mesmos não funcionaram, como é óbvio.
Albira foi presa e os filhinhos ficaram a viver em casa do Padamon I e do Padamon II, ambos de atestado médico. Aos domingos iam ver a mãe à prisão. Coitadinha!
E assim termina esta história.
Fim Provisório.
Autora: Nadinha
Gostaram?
segunda-feira, junho 05, 2006
Contenção orçamental
O actual primeiro-ministro desta terra devia seguir o exemplo de Salazar (embora este último nunca tenha fingido chamar-se Ptolomeu nem mesmo Aristóteles para fingir que era sábio).
Salazar (tão querido!) mandava a governanta (D. Maria) vender os ovos e as galinhas que ela criava em liberdade nos jardins do palácio de São Bento (qualquer semelhança com o Garcia Marquez é invenção do Garcia Marquez) e também a mandava remendar os cobertores e lençóis do palácio. Se alguma vez a rainha de Inglaterra dormiu em lençóis e cobertores remendados e acordou com o canto do galo, só lhe fez bem e só pode ter sido no nosso Palácio de São Bento (que nosso é como quem diz). Mas talvez agora esteja eu a inventar…
Em vez de roubar as reformas e os impostos e as idades das reformas e fechar maternidades e aumentar os impostos aos que não têm filhos e aos que têm muitos filhos, que compram muitas coisas, claro, e aumentar os impostos aos que nunca puderam ter filhos e aos que perderam os filhos que tinham (tão querido) (nem o tipo que não se chamava Arquimedes se atreveria a fazer tanta asneira junta).
Em vez de fazer esta ladroagem, que o ganhem e que o poupem.
Qualquer dia voltamos ao mesmo. Acabamos outra vez por ser mandados por um tipo vulgar e desta vez ainda temos que fingir que o homem é uma sumidade.
Salazar (tão querido!) mandava a governanta (D. Maria) vender os ovos e as galinhas que ela criava em liberdade nos jardins do palácio de São Bento (qualquer semelhança com o Garcia Marquez é invenção do Garcia Marquez) e também a mandava remendar os cobertores e lençóis do palácio. Se alguma vez a rainha de Inglaterra dormiu em lençóis e cobertores remendados e acordou com o canto do galo, só lhe fez bem e só pode ter sido no nosso Palácio de São Bento (que nosso é como quem diz). Mas talvez agora esteja eu a inventar…
Em vez de roubar as reformas e os impostos e as idades das reformas e fechar maternidades e aumentar os impostos aos que não têm filhos e aos que têm muitos filhos, que compram muitas coisas, claro, e aumentar os impostos aos que nunca puderam ter filhos e aos que perderam os filhos que tinham (tão querido) (nem o tipo que não se chamava Arquimedes se atreveria a fazer tanta asneira junta).
Em vez de fazer esta ladroagem, que o ganhem e que o poupem.
Qualquer dia voltamos ao mesmo. Acabamos outra vez por ser mandados por um tipo vulgar e desta vez ainda temos que fingir que o homem é uma sumidade.
sábado, junho 03, 2006
Em que se trata da Europa e de outros bichos
Às vezes, por entre as estatísticas que nos colocam sempre na cauda de todos os bichos com cauda (CEE, OCDE, OTAN, etc.), aparecem algumas divergentes.
Estrangeiros e às vezes portugueses dizem por exemplo, com um ar envergonhado, que Portugal é um país seguro, que Lisboa é das poucas capitais do mundo em que se pode andar à vontade, mesmo de noite. Nem Londres, qual Paris, qual Nova Iorque?
Eu, Nadinha, acho que é realmente uma vergonha! Pelo que isto implica, percebem?
1º - Os nossos ladrões estão na cauda da Europa e dos outros bichos de cauda!
2º - São uns incompetentes e uns baldas!
3º - São uns cobardes!
4º - Já tem acontecido uma família mandar matar o pai e marido, mas o “jagunço”, em vez de fazer o servicinho como nos filmes e nas telenovelas, não: fica com o dinheiro e vai fazer queixa à polícia e à Sic, leva uma câmara oculta e lá estamos nós a ver e a ouvir a conversa toda, enquanto jantamos.
4.1º - Os nossos bandidos são todos uns queixinhas, só lhes falta também meterem atestado psiquiátrico para faltarem ao trabalho.
5º - Os nossos ladrões são uns corruptos: o absentismo de semelhante classe é de bradar aos céus! (Ao contrário dos ladrões americanos, italianos, etc, que são mais profissionais)
- Ó filha (oh dear) tu já viste algum bandido desde que nós entrámos em Portugal?
- Eu não, mas, como Portugal é um país pobre, se calhar emigraram todos, coitadinhos!
- Ó mamã (oh mum) isso não tem lógica! Mum, please!**
- Pois não, mas realmente, já que puseram as vacas da cow parade com os nomes em inglês, também podiam muito bem contratar alguns actores de teatro para fingirem que são ladrões e fingirem que roubam, para nós vermos [nós ingleses] e pensarmos que estamos num país civilizado!
Enfim… tanta coisa que fazemos para inglês ver, e afinal eles vêm cá e não vêem nada!
** Tradução: Ó mamã, não digas tantos disparates, por favor! É por estas e por outras que nós, ingleses, não saímos da cauda da Europa!
Estrangeiros e às vezes portugueses dizem por exemplo, com um ar envergonhado, que Portugal é um país seguro, que Lisboa é das poucas capitais do mundo em que se pode andar à vontade, mesmo de noite. Nem Londres, qual Paris, qual Nova Iorque?
Eu, Nadinha, acho que é realmente uma vergonha! Pelo que isto implica, percebem?
1º - Os nossos ladrões estão na cauda da Europa e dos outros bichos de cauda!
2º - São uns incompetentes e uns baldas!
3º - São uns cobardes!
4º - Já tem acontecido uma família mandar matar o pai e marido, mas o “jagunço”, em vez de fazer o servicinho como nos filmes e nas telenovelas, não: fica com o dinheiro e vai fazer queixa à polícia e à Sic, leva uma câmara oculta e lá estamos nós a ver e a ouvir a conversa toda, enquanto jantamos.
4.1º - Os nossos bandidos são todos uns queixinhas, só lhes falta também meterem atestado psiquiátrico para faltarem ao trabalho.
5º - Os nossos ladrões são uns corruptos: o absentismo de semelhante classe é de bradar aos céus! (Ao contrário dos ladrões americanos, italianos, etc, que são mais profissionais)
- Ó filha (oh dear) tu já viste algum bandido desde que nós entrámos em Portugal?
- Eu não, mas, como Portugal é um país pobre, se calhar emigraram todos, coitadinhos!
- Ó mamã (oh mum) isso não tem lógica! Mum, please!**
- Pois não, mas realmente, já que puseram as vacas da cow parade com os nomes em inglês, também podiam muito bem contratar alguns actores de teatro para fingirem que são ladrões e fingirem que roubam, para nós vermos [nós ingleses] e pensarmos que estamos num país civilizado!
Enfim… tanta coisa que fazemos para inglês ver, e afinal eles vêm cá e não vêem nada!
** Tradução: Ó mamã, não digas tantos disparates, por favor! É por estas e por outras que nós, ingleses, não saímos da cauda da Europa!
A terra vista da terra com pétalas de jacarandá: Lisboa
quarta-feira, maio 31, 2006
Contos populares: O Ancinho
Os ditados e contos populares são às vezes comicamente antiquados: “O que não mata engorda” – quem se guia agora por semelhante ideia?
Esta história foi-me contada quando eu vivia numa pequena terra onde nasci.
Uma rapariga da aldeia, filha de camponeses pobres, foi servir para o Porto. (Noutras versões poderá ter casado com um homem do Porto, o que seria um pouco estranho).
Um dia, quando voltou a casa, vinha de tal modo chiquérrima que já não se lembrava de nada e era preciso explicar-lhe tudo:
- Ó meu pai? O que é aquela coisa ali deitada no chão e cheia de picos????!
(Cá entre nós era um ancinho, uma coisa com picos que serve para apanhar as folhas que caem das árvores).
- Ai tu não sabes o que é aquilo?
- Não, meu pai. (A rapariga até era bem educada).
- Então põe o pé em cima dos picos.
A rapariga assim fez, mas, ao fazê-lo, o cabo do ancinho levantou-se e bateu-lhe no nariz. Ao sentir aquela sensação, muito desagradável mas muito familiar, a rapariga lembrou-se logo e disse assim:
- Ah, meu pai, é um inchinho! (corruptela de lá).
Moral da história:1º- Nunca devemos fingir-nos de chiquérrimos e fingir que não sabemos o que é um inchinho. 2ª- Não devemos esquecer / renegar as nossas raízes! 3ª- Convém sabermos onde pomos os pés.
Falta de moral da história: este conto foi-me narrado de forma interactiva: eu fingia que era a rapariga e punha o pé nos picos, para nunca mais me esquecer da sensação, realmente inolvidável (parece que foi ontem). Mas só o pus da primeira vez, porque eu não sou burra!
Ora, da última vez que experimentei, com muito cuidado, o cabo não me bateu no nariz, mas sim nas pernas, talvez nas ancas, no máximo. Daqui se conclui que a rapariga era criança. Quantas histórias e quantos ditados haverá, relativos ao trabalho infantil e outras coisas deste género?
“O trabalho do menino é pouco, mas quem o não aproveita é louco”.
Clicar abaixo no item Conto Popular para ler outros aqui no blogue
(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, a ser queimada na lareira.)
Esta história foi-me contada quando eu vivia numa pequena terra onde nasci.
Uma rapariga da aldeia, filha de camponeses pobres, foi servir para o Porto. (Noutras versões poderá ter casado com um homem do Porto, o que seria um pouco estranho).
Um dia, quando voltou a casa, vinha de tal modo chiquérrima que já não se lembrava de nada e era preciso explicar-lhe tudo:
- Ó meu pai? O que é aquela coisa ali deitada no chão e cheia de picos????!
(Cá entre nós era um ancinho, uma coisa com picos que serve para apanhar as folhas que caem das árvores).
- Ai tu não sabes o que é aquilo?
- Não, meu pai. (A rapariga até era bem educada).
- Então põe o pé em cima dos picos.
A rapariga assim fez, mas, ao fazê-lo, o cabo do ancinho levantou-se e bateu-lhe no nariz. Ao sentir aquela sensação, muito desagradável mas muito familiar, a rapariga lembrou-se logo e disse assim:
- Ah, meu pai, é um inchinho! (corruptela de lá).
Moral da história:1º- Nunca devemos fingir-nos de chiquérrimos e fingir que não sabemos o que é um inchinho. 2ª- Não devemos esquecer / renegar as nossas raízes! 3ª- Convém sabermos onde pomos os pés.
Falta de moral da história: este conto foi-me narrado de forma interactiva: eu fingia que era a rapariga e punha o pé nos picos, para nunca mais me esquecer da sensação, realmente inolvidável (parece que foi ontem). Mas só o pus da primeira vez, porque eu não sou burra!
Ora, da última vez que experimentei, com muito cuidado, o cabo não me bateu no nariz, mas sim nas pernas, talvez nas ancas, no máximo. Daqui se conclui que a rapariga era criança. Quantas histórias e quantos ditados haverá, relativos ao trabalho infantil e outras coisas deste género?
“O trabalho do menino é pouco, mas quem o não aproveita é louco”.
Clicar abaixo no item Conto Popular para ler outros aqui no blogue
(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, a ser queimada na lareira.)
domingo, maio 28, 2006
Estado da Nação: Part Five: Padamon no Afeganiston
De repente, o palácio é invadido e inundado pelas sogras das esposas de Rashid, que eram muitas. Estas mulheres, traumatizadas por séculos de exploração, mas espevitadas por décadas de modernidade, desataram à chapada e ao murro e ao pontapé a tudo quanto era homem, e sobretudo à Albira (não sei porquê) e sobretudo, também não sei porquê, ao Padamon. Que neste caso até não tinha culpa nenhuma, mas é sempre assim.
Aproveitando-se da confusão e das portas abertas, Albira escapulinzipou-se dali para fora à velocidade da luz.
Conseguiram os dois (marido e mulher) sumir daquela terra e, para não serem apanhados nos aeroportos, foram de boleia em boleia até ao Afeganistão.
Lá, então, no Afeganistão (rimou), para não virem de mãos a abanar, Padamon tem uma ideia! Cuidado! Uma ideia?!
Padamon decide casar-se com uma atleta nadadora afegã de alta competição. Quando chegar a Portugal como segunda esposa de Padamon, a rapariga será uma portuguesa genuína e fará parte da selecção portuguesa de natação, para a qual ganhará grandes prémios.
Andam os portugueses a queixar-se de que estão na cauda da Europa economicamente e depois começam a gabar-se de que estão nos cornos do mundo desportivamente, com base nestas selecções que, se por um lado nos custam os olhos da cara, por outro nos deixam bem vistos como um povo que só gosta de curtir.
Neste caso, a rapariga nem chegou a pagar nada, a selecção depois pagava quando eles cá chegassem.
A questão com os tribunais é a mesma: resolve-se quando vier cá o Papa.
Laurindinha, eu estava a precisar duma receita oriental fácil. Arranja-se?
Apesar do incómodo, havia um problema um tanto embaraçoso (sobretudo para uma feminista como eu): a rapariga nunca tirava a burka! Também não a queriam obrigar, mas, por favor!
Cenas dos próximos capítulos: Padamon e Padamona.
Lisboa: a mulher e a vida
Hoje estou muito mole porque sempre fui à tal corrida das mulhereres - até porque algumas das minhas conhecidas do ginásio me disseram que achavam mal os homens serem excluídos, ao que redargui: e as mulheres não estão excluídas de jogar no Mundial de Futebol?
Algumas pessoas parecem pensar que os homens não se safam se não forem protegidos. Há umas décadas havia manifestações feministas, mas não havia disto.
Enfim, como quase todas as mulheres adoram cantar, começámos a corrida a cantar a plenos pulmões: "We are the champions of the world", o que me pareceu apropriado. Depois, pelo caminho, havia umas raparigas giríssimas, parcamente vestidas a dançar aos saltos para animar.
Não sei quem ganhou: como estava lá, não vi a televisão, mas não fui eu.
Algumas pessoas parecem pensar que os homens não se safam se não forem protegidos. Há umas décadas havia manifestações feministas, mas não havia disto.
Enfim, como quase todas as mulheres adoram cantar, começámos a corrida a cantar a plenos pulmões: "We are the champions of the world", o que me pareceu apropriado. Depois, pelo caminho, havia umas raparigas giríssimas, parcamente vestidas a dançar aos saltos para animar.
Não sei quem ganhou: como estava lá, não vi a televisão, mas não fui eu.
terça-feira, maio 23, 2006
Língua portuguesa arrepiada
Descobri o blog da minha xará, com 2 posts e um comentário. Vale a pena ler tudo.
http://nadiavanessa.blog.com/2006/5/
http://nadiavanessa.blog.com/2006/5/
Guarda o que não presta: por exemplo, a bandeira nacional
“Guarda o que não presta e terás o que precisas” é o que diz o ditado popular.
Os portugueses, segundo e seguindo o ditado, deixaram na janela ou na varanda um trapito esfarrapado e imundo, desde o último campeonato. (Não escrevo as palavras todas para não voltar a ser citada nos blogues dessa coisa). [Quando escrevi isto, em 2006, referia-me ao futebol, tendo este meu blogue aparecido num site de futebol, o que me deixou zonza].
Os estrangeiros, em viagem por Portugal, ficam admirados com isto e perguntam assim:
- Ó filha (oh dear), o que será aquele farrapito que todos os portugueses têm pendurado à janela?
- Deve ser alguma tradição portuguesa, talvez o pano das touradas…
- Mas o pano das touradas é vermelho e este é preto.
- Cinzento!
- Castanho!
- Depende, este, por exemplo, é todo verde!
- Talvez seja uma superstição portuguesa: quando uma rapariga casadoira quer marido, pindura à janela um panito esfarrapado e imundo!
- Ó mamã, (mom) não tem lógica!
- Ah, pois, como os portugueses são pobres, não deitam nada fora nem lavam nada.
Eu, Nadinha, espero que estes ingleses não tenham entendido que se tratava da bandeira da nossa selecção… (natural)… ou seja, da nossa pátria, para inglês ver.
Como diria o meu pai: “Guarda o que não presta e encontrarás o que não presta!”
A prova disto é que estes trapitos estão a ser substituídos por bandeiras novas, para durarem mais uns anos e se transformarem outra vez numa coisa, que não se percebe se é a expressão do orgulho nacional ou do desprezo... enfim...
Os portugueses, segundo e seguindo o ditado, deixaram na janela ou na varanda um trapito esfarrapado e imundo, desde o último campeonato. (Não escrevo as palavras todas para não voltar a ser citada nos blogues dessa coisa). [Quando escrevi isto, em 2006, referia-me ao futebol, tendo este meu blogue aparecido num site de futebol, o que me deixou zonza].
Os estrangeiros, em viagem por Portugal, ficam admirados com isto e perguntam assim:
- Ó filha (oh dear), o que será aquele farrapito que todos os portugueses têm pendurado à janela?
- Deve ser alguma tradição portuguesa, talvez o pano das touradas…
- Mas o pano das touradas é vermelho e este é preto.
- Cinzento!
- Castanho!
- Depende, este, por exemplo, é todo verde!
- Talvez seja uma superstição portuguesa: quando uma rapariga casadoira quer marido, pindura à janela um panito esfarrapado e imundo!
- Ó mamã, (mom) não tem lógica!
- Ah, pois, como os portugueses são pobres, não deitam nada fora nem lavam nada.
Eu, Nadinha, espero que estes ingleses não tenham entendido que se tratava da bandeira da nossa selecção… (natural)… ou seja, da nossa pátria, para inglês ver.
Como diria o meu pai: “Guarda o que não presta e encontrarás o que não presta!”
A prova disto é que estes trapitos estão a ser substituídos por bandeiras novas, para durarem mais uns anos e se transformarem outra vez numa coisa, que não se percebe se é a expressão do orgulho nacional ou do desprezo... enfim...
Subscrever:
Mensagens (Atom)