terça-feira, julho 11, 2017

Diálogos



- A senhora está a dizer que eu ainda sou muito nova para pedir a reforma? Eu tenho 46 anos e já tenho 20 de descontos, já trabalhei muito, mas já pedi a reforma por validez.

- Ai sim? Mas eu referia-me àquela senhora, ela diz que não trabalha...

- Eu tenho 45 anos e já tenho 25 anos de descontos. É claro que não trabalho. Qual é o patrão que me dá emprego, se eu de vez em quando tenho de me sentar?

- Bem, o ideal era arranjar um emprego em que estivesse sentada.

- Mas eu não posso estar muito tempo sentada! Também vou pedir a forma por validez! Agora estou a receber da inzenção.

- Eu também estou a receber da inzenção. Mas eu tenho os papéis. Ora veja. Vê?

- O que é isto? Espere, vou pôr os óculos.

- São os papéis dos tratamentos que eu faço, vê? Estou toda picadinha, aqui, aqui, aqui, aqui... Vê?

- Sabe, os velhos acham que podem ir sentados no autocarro e estar nos bancos da paragem, como aqueles li, e têm direito, claro, mas os velhos muitas vezes não têm nada e depois dizem que nós somos muito novas!

- Sabe, senhora, eu estive aqui a ouvir a conversa e eu também só tenho 42, mas também não posso estar muito tempo de pé, nem muito tempo sentada. Tenho espandilosite. Não posso trabalhar! Vê? Já me está a doer aqui.

- E a mim doi-me aqui, vê? Até estou encostada à paragem, aqui atrás.

- Mas os câncaros é que dão logo direito à validez.

- Pois, o pior são as limpezas! As limpezas das casas fazem muito mal aos ossos.

- Então adeus e as melhoras!

- Não tem nada que saber, vai neste e depois apanha o 50.

- Obrigada!

- Espere que eu vou consigo para lhe dizer aonde há-de sair.

- Eu também vou e também lhe digo.

- Eu não vou, mas não se esqueça que é o 50!

- Obrigada!

domingo, julho 09, 2017

Tatuagens






Vejo-a às vezes com os filhos pequenos, outras vezes sozinha ou com amigas. Por onde andará o Rodrigo?

sábado, julho 08, 2017

o verão do nosso descontentamento

Eu não diria que tudo acontece neste verão, apenas que tudo se descobre neste verão. 

Sempre houve roubos de armas, balda nas forças armadas que julgávamos tão direitinhas, vigarices no SIRESP e outras PPPs e fugas de informação no exame de português. 

Este governo não esconde nem nega os problemas, manda investigar... mais: apagão dos offshores, etc. sei que há mais... tudo esclarecido neste verão.


Ainda os exames de 12º ano de português

BNão pude deixar de rir às gargalhadas, ainda que involuntariamente, ao ler a notícia da professora que fazia a revisão do exame de português e que todos os anos dizia aos alunos o que ia sair. O riso inoportuno, já que estava a ler o Expresso num sítio público, ocorreu quando se informava que o professores que conhecem as provas estão sujeitos ao dever de sigilo.  Ai sim?

Não se trata de um problema de hoje, mas sim de uma década.

É o culminar de um exame que sempre foi desastroso, como muitas vezes, aliás, todos os anos, demonstrei neste blogue. Umas vezes com comentários meus, outras vezes partilhando artigos críticos. 
É o último exame deste género e sinto-me muito satisfeita por isto se ter descoberto, pois mais tarde seria tarde. E já é tarde, parafraseando a Sophia.

No entanto, este é apenas um pormenor do que está errado, embora aponte, como em outros casos agora vindos a lume, como o do paiol de Tancos e outros, para um questionamento geral das chefias do Estado. 

Como se chega chefe? No Estado?

A direção do IAVE manteve-se de pedra e cal através de muito governos, é caso para perguntar porquê. 
Com um diretor tão confiante, tão ingénuo, que confiou naquela criatura para ser uma das 10 que têm acesso ao enunciado final do exame. (Desse número não fazem parte as pessoas que elaboraram as perguntas do exame, as quais só sabem da sua pergunta). aquela senhora era mesmo de confiança...

Neste verão tudo se descobre. Somos nós, portugueses, que temos de descobrir também por que razão as chefias que temos são, ou corruptas, o que não parece ser o caso, ou ingénuas. 

Ou parvas.

Até porque "a professora em causa já tinha sido suspeita, em anos anteriores, de violar o acordo de confidencialidade a que estão obrigados todos os que participam no processo ligado aos exames nacionais, "

Ver aqui: http://www.tsf.pt/sociedade/educacao/interior/identificada-alegada-autora-da-fuga-no-exame-do-12o-ano-8622797.html

(Para ver os outros posts deste blogue sobre o assunto, clicar no fim do post, onde diz Etiquetas e na tag: Exames do 12º Ano).


sexta-feira, julho 07, 2017

Turistas: o novo volfrâmio





No tempo do volfrâmio os pobrezinhos enriquecidos pelo volfrâmio iam aos restaurantes do Porto e pediam cabrito assado, com pão de ló em vez de pão e acompanhado de vinho "fino" (vinho do Porto), em vez de vinho de mesa. 

Mas o volfrâmio de agora são os turistas, que levam com este "prato típico".

O problema da administração pública é um problema de caráter

O que funciona mal no país, o que nem sequer funciona no país, não é só produto da corrupção.

As coisas não funcionam porque quem está à frente de tudo são os que não deviam estar à frente de nada.

São os videirinhos, os louvaminhas, ou os que não fazem ondas.

A pior coisa que se inventou neste país, inventada pelo José Sócrates, foi a avaliação dos funcionários. O que até aí se fazia de maneira informal, passou a ser feito de forma burocrática. Foi um achado.

Escolhem-se as pessoas simpáticas, ou os amigos, elimina-se a concorrência, etc. O José Sócrates, mais conhecido pelo 44, sabia muito bem o que fazia. Mas só fez o que lhe deixaram fazer.

Precisamos de gente ativa, dinâmica, mas sobretudo de gente que acumule essas qualidades com a coragem.

O SIRESP só não funciona em situações de emergência

Afinal, o SIRESP sempre funcionou muito bem. Só funciona muito mal, desde o tempo do passos coelho, quando se verifica alguma situação de emergência.

O SIRESP só serve para socorrer em situações de emergência.

Percebem? Não?!

quinta-feira, julho 06, 2017

Desde que o Francisco se tornou Papa, comecei a pensar que talvez não devesse ter criticado tanto a Igreja, sobretudo pelos comentários dos meus amigos católicos.
Essas críticas também são feitas nas aulas de Português, pois há várias obras de leitura obrigatória que criticam o catolicismo, ou a hierarquia católica, o que quase vai dar ao mesmo: Os Maias, Felizmente há luar!, Memorial do Convento e mesmo os Sermões do Padre António Vieira. Creio que alguns professores passam por cima disso, assim como passam por cima de tudo.
Mas leem-se agora tristes notícias do Vaticano, que são uma pena... orgias gays, pedofilia... é claro que todos têm pecados, mas tantos? De gente que é tão repressiva em relação ao corpo e à sexualidade?
Esta gente não tem medo do inferno? Sim, porque a Igreja Católica, ao contrário de outras, ainda acredita no inferno.
Esta gente não acredita em nada e aproveita o dinheiro, o poder e o palácios para fazer o que lhe apetece.

P.S.: as Testemunhas de Jeová, por exemplo, não acreditam no Inferno, argumentando: Deus pode querer o nosso mal?
Então o que acontece aos muito maus? Não regressam na ressurreição final, ou seja, morrem mesmo.

Francisco e os outros

Desde que o Francisco se tornou Papa, comecei a pensar que talvez não devesse ter criticado tanto a Igreja, sobretudo pelos comentários dos meus amigos católicos. Mas leem-se agora tristes notícias do Vaticano, algumas das quais são uma reação interna contra Francisco e outras são uma pena... orgias, gays, pedofilia...
Esta gente não tem medo do inferno? Sim, porque a igreja católica, ao contrário de outras, ainda acredita no inferno.

Esta gente não acredita em nada e aproveita o dinheiro, o poder e os palácios para fazer o que lhe apetece.

terça-feira, julho 04, 2017

No paiol de Lavadoiros



- Está lá? É o senhor ministro da defesa? Como está? Eu era para lhe pedir se vinha aqui ao quartel de Lavadoiros mudar umas lâmpadas que se fundiram. Pois, eu até já pedi ao meu neto para as trocar, mas esta canalhada de agora não faz nada… Pois, pois, mas isso é na 24 de julho.


- Olhe, e já agora, se não se importava trazia também umas duas ou três máquinas de filmar, daquelas de pôr por cima das portas, está ver? Era para pôr por cima das portas do paiol, o meu neto diz que são baratas na Internet.


- Ai são muito caras? Então o sr. ministro, ou os seu netos, ou assim, podiam ir para a feira da ladra, aí em Lisboa, vender uns bonés de general e umas espaditas e as medalhas do Marcelo… já deve dar… Ai ninguém quer as medalhas porque toda a gente já tem duas ou três? Mas nós aqui também temos uns detonadores que se vendem muito bem… ai não se podem vender?


- Então deixe lá sr. ministro, aqui em Lavadoiros é tudo boa gente, ninguém rouba nada a ninguém.

- Os rapazes das rondas noturnas até se queixam de que não têm nada para fazer e vão mas é para a cama.

- Pois, eu sei, eu bem lhes tenho dito que devem ir na mesma fazer a ronda, mas eles reclamam que lá fora não apanham bem o wi-fi do telemóvel. Pois.

- Está bem, está bem, pronto, sr. ministro. Não se fala mais nisso...

- Bom fim de semana, sr. ministro. Deixe lá, traga só as lâmpadas. E uns fios, que é para quando os fusíveis se vão abaixo.

Depor espadas?


Queridos oficiais militares de Tancos:
Não venham todos de espada em riste para Lisboa. 
Não deixem o Tancos vazio, que andam por aí uns ladrões.
Daqueles maus.

segunda-feira, julho 03, 2017

Tancos ou a submissão - Parte II



Diz a imprensa espanhola que houve conivência de pessoas de Tancos, no roubo das munições.


Presumo eu, mas talvez esteja errada, que as criaturas que abriram a porta aos ladrões e lhes disseram onde estavam as coisas que queriam e que impediram que houvesse rondas durante 20 horas, terão entrado para tropa antes de este ministro ter tomado posse. 


Digo eu... e assim não vejo motivo para se demitir o ministro. Vejo mais motivo para que osculados queiram demitir o ministro...

Ou terão sido os recrutas a abrir as portas?

Protestos de tantos, deposição das espadas



Agora vão roubar as espadas aos tipos de Tancos.
Vão depô-las não sei aonde, mas o melhor seria pedirem às esposas que as escondam debaixo da cama.

Será que não têm o sentido do ridículo? quais espadas? Para que lhes servem?

Romances policiais italianos


Este é o centésimo livro policial deste autor italiano, cujo herói é o inspetor Montalbano.
L'altro capo del filo

Há dois ou três publicado sem português, em Portugal, mas são muito difíceis de ler no original, pois é escrito, em grande parte em dialeto siciliano. O narrador escreve assim é assim falam os polícias, incluindo Montalbano. Italiano correto, só falam as senhoras, praticamente. 

Muitas referências gostosas a comida italiana, siciliana. 
A tradução do título poderia ser: "A outra ponta do fio" (telefónico, ou não).



E para quando a responsabilização individual por negligência e preguiça, defeitos atribuídos aos povos do sul?

Conheci em tempos e muito bem uma criatura que tinha, entre outras funções, a de ajudar pessoas em situações de emergência.
Numa certa sexta feira de inverno e de chuva torrencial, chamaram essa pessoa para acudir a uma mãe e uma filha que tinham sido despejadas de casa e estavam na rua. Não foi. Motivo: porque estava a chover muito.
Durante todo o fim de semana, a referida criatura não saiu de casa, sem que um estremecimento de culpa lhe arrepiasse os músculos descansados ou lhe tirasse o sono. Afinal, é tão agradável ficar na cama ouvindo a chuva torrencial tamborilar nos telhados, nos vidros, no telhado mais baixo do vizinho… dá sono… dá tanto sono, tanta calma e tanta paz…
Insisti, ofereci-me para ajudar, mas a explicação para nada fazer era ótima: - “Eu só tenho de atuar em caso de emergência e, quando passarem 48 horas, deixa de ser um caso de emergência… na segunda feira, o caso passa para a alçada de outras pessoas”.
Conto isto para exprimir a seguinte ideia: em Portugal há realmente muitas pessoas assim, como dizem que é comum nos países do sul da Europa. O que me chateia é que também há pessoas muito cumpridoras, que poriam tudo a toque de caixa, mas que, muitas vezes, são bloqueadas, postas na prateleira e têm de obedecer a estas. Porque estas não fazem ondas. São amorosas com as chefias, dão abraços e beijinhos, são “porreiras”.
A solução, quando se descobrem casos de negligência é acusar o governo e o ministro da tutela. Para quando a responsabilização individual? Para quando ir ver se as pessoas estão doentes e penalizar o funcionário que finge estar doente e o médico que passa os atestados a toda a gente?
Esta pessoa era considerada boa pessoa, ou mesmo muito boa pessoa. Às vezes era. E as vezes em que era tão boa pessoa e tão generosa, ficavam para as vezes em que deixava ao frio e à chuva uma mulher e a filha, sem terem que comer, sem nada que as protegesse ou aos seus haveres, enquanto ouvia tamborilar a chuva, ensonada, satisfeita e farta das iguarias que podia comprar com o subsídio que recebia, além do ordenado, para tratar de emergências.

domingo, julho 02, 2017

Assaltar o paiol de tantos? Não acredito!

Não entendi porque é que nós, portugueses, deveríamos andar a fazer aquelas rondas noturnas no paiol de Tancos, todos os dias.

Toda a gente sabe que é muito perigoso atacar um quartel, com tantos militares a dormir lá dentro, capitães, coronéis, generais e isso tudo
É claro que ninguém nunca se lembraria de roubar um paiol. Ou será que lembraria?

Mas parece que a culpa é da Catarina Martins, do Jerónimo de Sousa e do António Costa. 
Será que estavam todos a dormir? Ai que preguiçosos!

sábado, julho 01, 2017

Diálogos


- A minha senhora está de cama, ela já está desenganada dos médicos, mas borda estes paninhos - afirma o senhor de idade, mostrando envergonhadamente e quase escondendo logo a seguir, um paninho bordado, não muito bonito nem muito limpo, mas muito colorido.
- E eu vim aqui a ver se alguma senhora me compra este, pra môr de ver se compro uma garrafinha de azeite, umas batatinhas e umas couves para fazer uma sopa...
Algumas senhoras dão-lhe dinheiro, muitas mais dariam se não pedisse com tanta timidez, mais a esconder-se do que a mostrar-se, mas ninguém compra a mercadoria. Ninguém quer ter em casa um paninho, não muito bonito nem muito limpo, embora muito colorido, que lhe faça lembrar a miséria, a vergonha e a fome de duas pessoas que trabalharam toda a vida. 
Mas também o amor.

Ao ouvi-lo, imaginamos as muitas lágrimas choradas em conjunto, abraçados, mas também o amor que os mantém unidos no seu próprio lar.

sexta-feira, junho 30, 2017

Tancos ou a submissão


Já que somos tão solidários, proponho:
Proponho fazermos grupos armados, como os há na América, mas no nosso caso grupos armados clandestinos, já que é proibido usar armas de guerra, para irmos vigiar e defender o paiol de Tancos.
Já agora, alguém tem um tanque, daqueles antigos do 25 de abril? Não são os antigos tanques de lavar, são aqueles de dar tiros. 
Coitados, os rapazes de Tancos até podem morrer, se não formos lá protegê-los.

(Bem, é notícia que o Paiol de Tancos foi assaltado!)

Romance de Salvador Dali "Visages cachés"


Salvador Dali escreveu este romance da foto, Visages cachés, o único que escreveu. 
Não, não é fácil de ler, não é muito agradável de ler, por isso não é conhecido. 
Retenho uma ideia que me ocorre frequentemente: a personagem principal, evidentemente uma projeção do Salvador Dali, faz umas festas grandiosas, milionárias, mas não muito interessantes. A ideia de fazer essas festas com muitos convites e muita gente é apenas esta: que se saiba quem não foi convidado. 
Isto lembra-me uma situação laboral que conheço bem: são feitos muitos elogios, a muitas pessoas, mas o importante é notar quem não foi elogiado. 
Nunca.




quinta-feira, junho 29, 2017

Estranhas e novas liberdades de expressão

Vejamos: segundo informações da net, parece que um ser humano saudável lança gazes cerca de 20 vezes por dia, alguns sites até dizem 27.
Imaginemos então uma reunião com 10 pessoas, daquelas que duram muitas horas: fazendo as contas, como diz o Guterres, são logo 270 peidos reprimidos durante muitas horas. E curiosamente, nem sequer se fala de tal coisa. (Peço desculpa por ter utilizado aquela expressão, mas está na moda e é chique dizê-la, pois foi utilizada por um rapaz chique e de boas famílias).
Então, e se forem 100 pessoas, por exemplo, num congresso? São logo 2700 peidos (desculpem) reprimidos em simultâneo, sem que ninguém o mencione. É fazer-lhe as contas...
E se, de repente, começasse toda a gente a trocar impressões sobre o assunto? A fase seguinte, qual seria, numa reunião de 100 pessoas? Talvez escolher a liberdade de expressão, não das palavras, mas das sonoridades corpóreas, também chamadas ventosidades?  
Dizem aqueles que já foram à China que lá na China não existe toda esta repressão, sendo que as ventosidades se exprimem livremente, para grande incómodo dos narizes dos turistas ocidentais e acidentais.
Pronto. Também escrevi sobre isto. E até usei a palavra da moda.


Acho que é a primeira vez, neste extenso blogue, que é usada uma palavra deste género.

P.S.: O meu amigo Zé Daniel, após ter lido esta minha erudita dissertação, alertou-me para os perigos de tal liberdade de expressão em locais muito concorridos e públicos, ao transmitir-me uma notícia de jornal sobre facto ocorrido na Alemanha. Segundo o periódicos, um celeiro alemão explodiu devido à excessiva flatulência das vacas, tendo algumas delas ficado feridas.