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segunda-feira, julho 06, 2009

Renunciar à Nacionalidade Portuguesa

Maria Jão Pires, consagradíssima pianista, ameaça renunciar à nacionalidade portuguesa por se sentir incompreendida em Portugal. Duvido que o chegue a fazer, mas...

José Saramago, consagradíssimo escritor, que nunca seria internacionalmente reconhecido se não o tivesse sido primeiro no país e se não tivesse a promovê-lo o poderoso lobby do PC, ideologia que ignorou quando recebeu aquele dinheiro todo, também fez a mesma ameaça pelo mesmo motivo e acabou por ir viver para Espanha, alegadamente por não se sentir bem aqui. Notem que é possível alguém ir viver para outro país por se sentir muito bem nessa terra, não se sentindo propriamente mal nas outras.

Miguel Sousa Tavares, "consagratíssimo" jornalista e escritor, diz que tenciona ir viver para o Brasil, por estar zangado com Portugal.

José Saramago acha que João Pires pode mudar de ideias (porque será que pensa assim?) e diz que tanto lhe faz que Sousa Tavares vá para o Brasil ou para Marte.
Agora reparem: se estes "consagratíssimos" estão tão revoltados com Portugal, imaginem como se poderão sentir aqueles artistas e escritores que são ignorados ou desvalorizados.
Entre os quais se incluiu, por exemplo, Fernando Pessoa. Que nunca foi, nem quis ir, para lado nenhum.
A mim tanto me faz que estes três vão para Marte ou para a China, mas parece evidente a conclusão de que escolhemos mal os que consagramos e que se somem daqui assim que se apanham com os louros.

VER AQUI

terça-feira, junho 30, 2009

Mais um dos meus livros: outros virão


Cá está como prometido no blogue Escrevedoiros. Ver o que lá digo sobre o assunto, na mesma data, 30 de Junho de 2009.

Com tudo isto, sinto-me muito satisfeita: nariz novo e livro novo. LOL.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Enveja

Num dos meus últimos posts, eu perguntei qual era a última palavra de "Os Lusíadas", tendo afirmado que essa palavra só pode ser muito importante no contexto.
Senão, vejamos.
Camões escreve um livro grande (em tamanho), sempre com estrofes de oito versos, cada verso com 10 sílabas métricas. Cada estrofe está dividida em termos de ideia. Os quatro primeiros versos dizem uma coisa, os quatro restantes dizema outra. Mas isto não é tudo.
O esquema rimático de cada estrofe ou estância é sempre o mesmo: ABABCBDD.
Mais ainda: cada verso é acentuado na 6ª e 10ª sílabas (ritmo heróico), a não ser quando o poeta fala de amores, usando, então, o ritmo sáfico (acentuação nas 4ª, 8ª e 10º sílabas).
Complicado? Então vejamos: a última palavra de todo o livro é (como disse em comentário a Inteb, que faz anos domingo (parabéns Inteb)):
a última palavra de todo o livro é "enveja"
A resposta fácil e simples é: Camões não reparou nisso. Acham? Reparou em tudo e não reparou na última frase que escreveu, a mais importante de todas as frases de um livro?


Não me parece.
Antes parece que num país em que os que têm talento são marginalizados como Camões e os que não valem nada e são vigaristas bacocos e altamente valorizados, até porque têm cargos de poder, é natural que a inveja seja o principal sentimento social.
Os grandes escritores têm inveja dos escritores comerciais porque são estes que estão na onda e que ganham dinheiro, os escritores comerciais têm inveja dos bons porque sabem que são medíocres e que nunca serão como eles, os políticos e demais mercantes sabem que são medíocres e morrem de inveja daqueles que "por obras valerosas se vão da lei da morte libertando", etc.


Oiçamos o grande tio Luís (de Camões), num dos últimos versos da sua obra, profundamente decepcionado com Portugal e com os portugueses:


"Não mais,Musa,não mais,que a lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor que mais se acende o engenho
Não no dá a Pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
De uma austera, apagada e vil tristeza"


Será que Camões se referia ao momento presente?
"Austera, apagada e vil tristeza?"
Esta tristeza do Freeport é apagada e vil, acho eu... e a da Universidade Independente, que, alegadamente, ocultava crimes de branqueamento e outros, é apagada e vil, acho eu. E a do BPP, que, alegadamente, também ocultava crimes de branqueamento e outros, é "é apagada e vil", acho eu.
E a criatura que vem sempre a própósito destas apagadas e vis tristezas:
Será Dom Sebastião?


Vou colocar este post a comentar esta notícia do jornal Público
Sócrates sairá com imagem reforçada depois de esclarecido o caso Freeport, acreditam militantes

terça-feira, dezembro 02, 2008

Novos Talentos Europeus

União Europeia cria prémio de literatura para novos talentos

Bem até aqui tudo bem. Os novos talentos nem têm de ter menos de dez anos, ou vinte, no que se evitam os plágios.
Mas já agora, numa Uniaõ Europeia com tantas línguas e com tantos "experts", quem é que faz a selecção dos melhores?
O prémio Nobel já deixou de fora pessoas como Fernando Pessoa e José Luís Borges, esquecimentos imperdoáveis, para premiar Winston Churchil, que nem sequer é escritor literário nem nunca foi.
Quem vai escolher os melhores talentos portugueses, hão-de ser os do costume: parece a avaliação dos professores:
- Eu não te posso dar Muito Bom, porque senão tu passa-me à frente e eu fico lixado. Desculpa lá...
É neste mundo que vivemos. Com atrasos de vida nacionais e atrasos de vida europeus, deixando ficar para trás quem não disser amen e também quem disser amen.
- Desculpa lá! Espero que entendas que, se eu te der muito bom, tu passas-me à frente e eu fico lixado. Eu tenho a certeza de que tu me fazias o mesmo se estivesses no meu lugar!
Nós nem sequer utilizamos a palavra emergentes, em vez de novos, que, no entanto, existe e se usa noutras línguas.
(Já agora, coloquei este blogue a comentar a notícia.)

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Ministra das Educanças - Lulu, a Bela

Os professores podem e devem meter o champagne no frigirífico, para não serem apanhados desprevenidos sem champagne como aconteceu com os médicos, quando o ministro deles foi "despedido".

Como dizia o nosso querido, mas muito antiquíssimo António Ferreira, (Sec. XVI) "antes quebrar que torcer".

Mais exactamente: "Homem dum só parecer, um só rosto, uma só fé, antes quebrar que torcer, ele tudo pode ser, mas da corte homem não é". Ser "da corte", naquele tempo, era ser "da política" no nosso. Quem for dum só parecer...

A Ministra das Educanças já torceu tanto para pessoa tão rígida... e tão à vista de todo o mundo...

Xau Bella.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

A Cabo sem Cabo (continuação)

E afinal lá vieram trazer aquilo tudo: dois aparelhos muito giros, pequeninos e brancos chamados Rucas, uma caixa chamada Box que eu tive que pagar (ninguém me tinha dito que era a pagar), etc... e finalmente lá tenho 140 canais de TV, incluindo 4 pornográficos horrendos, logo a seguir a três de religião!

Que seca! Os Rucas acendem e piscam o dia todo e toda a santa noite. A minha simpática televisãozinha antiga e minúscula já apanha vários canais novos, mesmo sem rucas nem boxes, só com uma antenita.

Resultado: desliguei tudo da ficha e comecei a ler "A Casa Grande de Romarigães" do Aquilino Ribeiro.
É giro, já tinha lido, mas não me lembrava de nada. Agora confesso que não percebo muitas das palavras, sobretudo os regionalismos e uma ou outra metáfora, pois para as entender era preciso perceber quase de agricultura. É sem dúvida um escritor muito interessante e versátil, mas receio que esteja condenado a que ninguém o entenda, nunca mais.
Enfim, é sempre possível estudar o português medieval, mas este... do sec. XX?

terça-feira, novembro 20, 2007

Autogénese Poema de Natália Correia



Uma nossa recente amiguinha deste blogue, auto-designada por Luanda, pede-me que coloque aqui o poema completo "Autogénese" de que já coloquei parte em Setembro do ano passado. Vou enviar-lho por email como pediu, mas tenho muito gosto em colocar aqui esse magnífico poema da Natália Correia, que conheci pessoalmente e que me deu muitos momentos de fruição estética. Diz este poema, se bem o entendo, que cada um se faz a si mesmo, desde que não se deixe influenciar incontroladamente por aquilo que o rodeia. Concordo e a Luu também, acho eu.
Afinal a Luu diz que tem um disco do Vinícius com a Amália em que a Natália canta isto. Espero que nos mande essa música, pois não conheço.

(Mais tarde: acrescento este vídeo, com o poema dito pela própria Natália Correia).
AUTOGÉNESE


Nascitura estava
sem faca nos dentes
cómoda e impura
de não ter vontade
de bater nas gentes.

Nasce-se em setúbal
nasce-se em pequim
eu sou dos açores
(relativamente
naquilo que tenho
de basalto e flores)
mas não é assim:
a gente só nasce
quando somos nós
que temos as dores;


pragas e castigos
foram-me gerando
por trás dos postigos
e um fórceps de raiva
me arrancou toda
em sangue de mim.

Nascitura estava
sorria e jantava
e um beijo me deste
tu Pedro ou Silvestre
turvo namorado
do verão ou de outono
hibernal afecto
casca azul do sono
sem unhas do feto.

Eu nasci das balas
eu cresci das setas
que em prendas de sala
me foram jogando
os mulheres poetas
eu nasci dos seios
dores que me cresceram
pomos do ciúme
dos que os não morderam;

nasci de me verem
sempre de soslaio
de eu dizer em junho
e eles em maio
de ser como eles
às vezes por fora
mas nunca por dentro

perfil de uma estátua
que não sou de frente.

Nascitura estava
e mais que imperfeita
de ser sorte ou dado
que qualquer mão deita.

Eu nasci de haver
os bairros da lata
do dedo que escapa
dos sapatos rotos
da fome que mata
o que quer nascer
e que o sábio guarda
em frascos de abortos;

eu nasci de ver
cheirar e ouvir
dum odor a mortos
(judeus enlatados
para caberem mais
mas desinfectados)
pelas chaminés
nazis a sair
de te ver passar
de me despedir
de teus olhos tristes
como se existisses.

Nascitura estava
tom de rosa pulcra
eu me declinava
vésper em latim:
impura de todos
gostarem de mim.


sexta-feira, outubro 19, 2007

Ele há cousas!!!

Como apareceu aqui alguém a pesquisar sobre o "Sermão de Santo António aos Peixes", do Padre António Vieira, e como tenho aqui muitas fotos sobre pesca e pescadores, lembrei-me de uma coisa gira a este respeito.

A certa altura, Vieira fala sobre a rémora, dizendo que é um peixinho pequenino que, quando se cola ao leme de Uma nau o prende de tal maneira, que a paralisa ou lhe muda o rumo. Ou qualquer coisa assim. Pensei que era lenda, claro.

Vi outro dia no programa Bombordo que, numas ilhas cujo nome não fixei, é usada a rémora para pescar tubarões, raias gigantes e outros bichos enormes.
Os pescadores levam 2 ou 3 rémoras numa bacia, amarram-lhes um fio à cauda e atiram-nas ao mar, de maneira a que elas se colem a um peixe desses. Como ela nunca mais se desgruda, puxam o fio, manipulam à vontade o peixe grande, nalguns casos mergulham para o matar com um arpão, mas, claro, com o comando da situação, visto que o têm preso.

Ele há cousas!!!!!!!

Deus nos livre de quem não se desgruda!

quarta-feira, setembro 13, 2006

Natália Correia

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes, 
Creio em amores lunares com piano ao fundo, 
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,


Creio num engenho que falta mais fecundo 
De harmonizar as partes dissonantes, 
Creio que tudo é eterno num segundo, 
Creio num céu futuro que houve dantes,


Creio nos deuses de um astral mais puro, 
Na flor humilde que se encosta ao muro, 
Creio na carne que enfeitiça o além,


Creio no incrível, nas coisas assombrosas, 
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.


                                    in "Sonetos Românticos", Natália Correia

terça-feira, setembro 12, 2006

Natália

Nasci de me verem sempre de soslaio,
De eu dizer em Junho e eles em Maio,
de ser como os outros às vezes por fora
Mas nunca por dentro
Perfil duma estátua
que não sou de frente.


Eu nasci de haver os bairros da lata,
Da gente que mata o que quer nascer...
Dos teus olhos tristes,
Como se existisses.


...
Natália Correia
(Estou a citar de cor, se quiserem mais, digam ou escrevam.)

Natália Correia


É amanhã o aniversário do nascimento da grande poetisa, grande política e grande feminista Natália Correia, nascida nos Açores a 13 de Setembro dum ano que não importa, porque as mulheres não se medem aos anos.

domingo, junho 18, 2006

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.


O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.


Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.


O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa ele mesmo, in
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html