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sábado, abril 14, 2012

Titanic: e depois? Uma herdeira da companhia de navegação, uma freira clarissa...









Não poderia este blogue, que tanto ama os mares, deixar passar, sem o referir, o centenário do naufrágio do Titanic.

O Titanic, que naufragou faz hoje cem anos, pertencia à companhia de navegação White Star Lines.

A herdeira dessa companhia, filha adotiva do principal proprietário, chamava-se Amy Pollard (Amy Elizabeth Rosalie Imrie), e era oriunda da Guiana Inglesa.

Apesar da fortuna que herdou, entrou para a irmandade católica das Clarissas descalças, uma ordem contemplativa que faz voto de pobreza. Morreu em 1944, após uma vida de abnegação, tendo doado o dinheiro para a construção de igrejas e capelas, como a de Santa Maria dos anjos, em Liverpool, cidade que hoje a venera. Para além de muitas obras de caridade que financiou e da doação da mansão familiar para ser transformada em convento (franciscano) das Clarissas, o primeiro nos Estados Unidos.


terça-feira, janeiro 17, 2012

Que Vergonha!!!




É com consternação que assistimos aos relatos da cobardia do comandante do navio Costa Concordia, que fez naufragar o navio por incompetência, por não ter seguido as rotas que é obrigado a seguir e nem sequer aceitou o aviso do chefe de mesa, natural da ilha, de que estavam demasiado perto de terra e que aquela zona tinha muitos escolhos, mas que tentou salvar a  pele em vez de tentar salvar os passageiros ea tripulação.
Esta cobardia contrasta com a coragem de muitos tripulantes e até mesmo de muitos passageiros, pois a eles se deveu o salvamento de tanta gente. Vi na RAI Uno uma mesa redonda em que muitas pessoas italianas, desde uma actriz até um antigo marinheiro, todos passageiros deste navio elogiavam a coragem uns dos outros e da tripulação. 

Temos s impressão de que os navegantes são corajosos e até se diz que o comandante deve naufragar com o navio. Se fosse em Portugal, concluir-se-ia logo que o comandante seri aparente de algum ministro ou de alguém influente. Será o mesmo em Itália? 








Ver Aqui

E AQUI

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Naufrágios: o passado e o presente



Vou publicar aqui mais posts sobre naufrágios, já tenho vários, como se pode ver clicando na tag abaixo "Naufrágios".
Este, no vídeo, o do navio Sírio, também já aqui referido, aconteceu há cem anos com um navio italiano a caminho do Brasil, também por culpa do comandante. 
Mas a criatividade napolitana transformou este dramático episódio, que de outro modo ficaria sem história (só tem história o que é narrado) num momento interessante do canto napolitano, os Cantastorie - histórias cantadas, quase parecidas com a nossa "literatura de cordel", mas musicada com grande emoção, inteligível mesmo para quem não entenda a língua.
O Costa Concordia tinha 4000 tripulantes, o que é hoje em dia muitíssimo, por ser um dos maiores navios do mundo, mas o Sírius ou Sírio já tinha 2000. A diferença, muito pequena se pensarmos em dimensões oceânicas com cem anos de diferença, explica-se contudo: na terceira classe viajavam a monte "ao molho" e sem condições mínimas, centenas ou milhares de emigrantes, que, se morressem na viagem, o problema era deles. 
(Como agora, com o neo-liberalismo introduzido em Portugal pelo bem intencionado, simpático e muito ingénuo coelho, em italiano coniglio, ler conilho).

Ver actualizações sobre o Costa Concordia ( o navio da Discórdia)
AQUI

sábado, janeiro 14, 2012

Naufrágios e heroísmo. Ou a falta dele





Não sei se já contei isto aqui, mas creio que não. 
No início de cada cruzeiro há uma simulação de acidente ou naufrágio, situação em que seria necessário abandonar o navio, o que assusta muita gente, por fazer lembrar o filme do Titanic. Por sua vez, os tripulantes têm vários treinos de simulação, para além deste, nomeadamente quando o navio está fundeado. Quanto às baleeiras salva-vidas, elas são removidas e içadas de cada vez que se utilizam como barcos de transporte.

Numa dessas simulações que são muito lentas e demoradas, no Princess Danae, uma criança comentou:
- Se isto fosse a sério, já tínhamos naufragado.
Um elemento da tripulação que estava a coordenar a situação, um homem já com bastante idade, respondeu:
- Se isto fosse a sério, eu já não estava aqui. - E começou a contar um episódio em que naufragou e só sobreviveu porque não esperou por ninguém.
A mãe da criança agradeceu a sinceridade... 

Como diz o filósofo José Gil, uma caraterística da mentalidade portuguesa é o burgessismo (qualidade do burgesso), que, de facto é muito bem aceite na sociedade portuguesa, provocando frequentemente um riso coletivo. Como foi o caso.

O programa humorístico em que Hermano José criticava isso mesmo, pessoas a rirem em coro de piadas sem graça, por serem ditas por alguém a quem queriam agradar, ou por serem apenas grosseiras, gerou demissões dos actores e a mais completa indiferença do público. Masoquisticamente, preferimos aceitar o "burgessismo" de forma acrítica.

É claro que reclamei desta declaração, até por ser sincera, porque a sinceridade não é uma qualidade "per si". E é claro que admiro os tripulantes deste navio, que ajudaram os passageiros, ao contrário do que disse o tipo referido, o criaturo.

E vi na RAI que uma tripulante, pelo menos uma, fugiu a nado. Para além do execrável comandante. Que só podia estar bêbado...

Quantas inconfessáveis cobardias, quantos não exaltados heroísmos. Sobretudo de alguns que morreram (refiro-me aos naufrágios em que muita gente morreu, incluindo os que deram o lugar a outros para os salvar)...





Naufrágio do Costa Concórdia


Imagem: Costa Victoria (o navio grande) fundeado ao largo da ilha grega de Santorini


Viajei no Costa Victoria, navio da Costa Cruzeiros, com partida de Veneza. Vi na televisão de Veneza, na véspera da viagem, que tinha havido uma tentativa da Al Qaeda para colocar uma bomba num desses navios, fundeados no porto, notícia que não circulou, talvez por motivos de segurança *.

Nunca tive tanto medo de navegar, nos vários cruzeiros que fiz, quando nos pediam que não aceitássemos presentes de estranhos, podia ser uma bomba, nunca aceitássemos embrulhos fechados, ao comprar qq coisa, deveríamos pedir que embrulhassem à nossa frente, etc. Há sempre um certo receio, claro,  num chão que bamboleia, mas sem motivo aparente.

Creio que nunca contei isso aqui, até porque ainda não tinha blogues, só há algumas fotos dessas viagens nos primeiros posts. E não haveria, ou eu não tinha, máquinas fotográficas digitais.



Como a viagem foi muito bela, beleza acentuada pelo sentido da aventura, de que o medo é o ingrediente e a especiaria principal, hei-de digitalizar e colocar aqui algumas fotos "analógicas". Não sendo saudosista, e muito menos saudosista de acontecimentos nefastos, creio não ter guardado os jornais de bordo, que faziam os referidos avisos. Hei-de contactar uma amiga que viajou comigo.



* - Soube, mais tarde, que várias tentativas da Al Kaeda de concretizar os muitos atentados bombistas ameaçados pela organização para serem levados a cabo em Itália, foram gorados pela colaboração da Máfia napolitana com a polícia. Atacar Itália? Só passando sobre o cadáver da Máfia.



VER AQUI imagens  do naufrágio.
VER AQUI a notícia no Jornal Público
Neste blogue, tenho um post sobre um naufrágio ocorrido há 100 anos, com um navio indo de Itália para o Brasil, o Sírius. VER AQUI



quarta-feira, agosto 04, 2010

NAUFRÁGIOS





 


 Narro aqui um acontecimento importante que ocorreu há pouco mais de cem anos, a 9 de Agosto de 1906.
O naufrágio do Navio italiano Sirius.

Transportava emigrantes italianos para o Brasil e soçobrou na costa espanhola, alegadamente porque o comandante (que estava a dormir e que foi um dos primeiros a abandonar o navio, sendo preso depois), teve a intenção de embarcar mais emigrantes clandestinos em Espanha, embora a embarcação já estivesse superlotada e sem meios de salvar tanta gente.
Foram dados como mortos 300 emigrantes, como desaparecidos 200 e também morreu o Bispo de São Paulo, no Brasil, entre muitas outras pessoas.
A canção Sirius, que exprime esta tragédia, ficou célebre, mas foi proibida durante a ditadura brasileira. Mesmo assim, a colónia italiana ainda repete uma frase muito bonita:

"Quem não souber por quem rezar, reze por aqueles que estão no mar".
Ou talvez estejam mesmo no fundo do mar, o que talvez seja mais um motivo para rezar por eles.

O vídeo aqui apresentado, muito interessante, mostra fotografias da época, fotografias do actual micro ecossistema marinho em que foram transformados os despojos do navio, ao largo da costa espanhola e ainda a bela canção italiana "Il Sirius"


domingo, julho 04, 2010

"Tão Longe do Mundo"

Acabo de ler, com entusiasmo e alegria, o relato de um naufrágio no Pacífico, o livro "Tão Longe do Mundo". Quase não consegui parar de ler, o que é estranho, dada a aparente monotonia do tema: um homem à deriva no Pacífico durante quatro meses, 180 dias. Mesmo contando com a minha paixão pelo mar (que não pela praia, de que não gosto) e pelas navegações, o mérito da narrativa deve-se, em grande parte, ao jornalista que ouviu este pescador e que escreveu o livro, como se fosse ele o autor e o protagonista.
Estes pescadores do Thaiti eram considerados os "Senhores do Mar" e estão agora em extinção absoluta pela globalização que, neste caso, se deve sobretudo às experiências nucleares em Samoa, a pior de todas as globalizações. Onde esperávamos encontrar o Paraíso, surge-nos o pesadelo, num lugar escolhido de propósito por ser remoto e longínquo.
Devido a uma avaria no motor, Tavae vê-se arrastado pela corrente marítima para longe da ilha onde vive e onde tem filhos e netos, tendo sobrevivido miraculosamente por efeito de dois ou três factores: a sua extraordinária experiência do mar e a invulgar perícia de navegação, que lhe permitem enfrentar uma tremenda tempestade, durante a qual partiu as costelas, (mas não o pequeníssimo e desprovido barco, ficando também com as pernas paralisadas), alguma sorte, se assim lhe podemos chamar, por ter chovido torrencialmente quando estava a morrer de sede, (não de fome que conseguiu sempre pescar), mas sobretudo à sua incrível e indestrutível fé em Deus. Este é um dos aspectos mais interessantes do livro, pois o protagonista interpreta todos os acontecimentos invulgares que presencia, como o aparecimento dos pássaros, das orcas, da tempestade, pensando que se trata de sinais que Deus lhe quer transmitir.
Tal como pensam outros invejáveis crentes, talvez de entre os mais simples, dir-se-ia que Deus nem tem mais em que pensar senão no modo de pôr à prova este seu fervoroso seguidor, num diálogo íntimo que "mantêm". As narrativas míticas, politeistas, são um lenitivo para os momentos em que nada acontece e isto deve-se ao jornalista co-autor. Aqui, Tavae recorda a origem da ilha e outros pormenores, em que os deuses são as personagens principais. Mas talvez seja desta religião primitiva que o protagonista retira a intimidade com Deus, mais improvável na austeridade do catolicismo... em que fomos criados... Tal é a crença nos desígnios divinos, que Tavae decide ir viver para a ilha onde acabou por aportar, vivo devido à sua perícia, a mil quilómetros da sua terra, mas só depois de casar a filha que faz anos no dia da sua "aterragem". Também porque os habitantes da ilha, que tão bem o acolheram, incluindo a "família real", achariam estranho se ele se fosse embora para sempre... até porque reencarna um dos seus mitos/deuses.

Fez-me lembrar um livro que foi marcante na minha primeira juventude:
"Náufrago Voluntário", com a vantagem de tudo ser natural e espontâneo neste livro que agora acabo de ler, reservando a intenção de reler com frequência algumas passagens.

O mar, a última fronteira, pode colocar-nos em contacto com o mundo, com a nossa essência e com o milagre quotidiano da existência.
(Pormenor curioso, o livro custa 2,50 Euros, Editora Bizâncio.)
Comprado no novo e muito interessante "Espaço Docas", nas Docas de Alcântara.

terça-feira, agosto 18, 2009

Diario de Bordo


Ainda não consigo postar fotografias. Em Casablanca tentei mas não consegui e deixei la ficar a pen com algumas. Poucas. A viagem está a decorrer sem incidentes, até agora. Amanhã, em Agadir, pode ser que encontre uma net mais moderna, mas duvido. Agora em Lisboa, 24 Agosto, posso colocar mais algumas que não perdi com a pen pois tinha copiado para um mini-laptop. (O tremido deve-se ao balanço do barco, que era muito. A sério:).) Por o mar estar agitado é que se deu o naufrágio.



Na segunda foto, vê-se a baleeira (como se designa o salva-vidas do navio, por semelhança com os pequenos barcos acoplados ao barco principal para caçar baleias) a ser içada para o deck 8, correspondente ao 8º andar do Pacific Dream, estando dependurada e tendo dependurada de si a balsa (o pequeno-salva-vidas do pesqueiro). A cruz é uma imagem reflectora, que está no fundo.

Na primeira vê-se a baleeira já no deck 8, a ser assistida por outros tripulantes, talvez pessoal da saúde, pelo vestuário.
(Foto tirada do interior, do casino, através da janela).

segunda-feira, agosto 17, 2009

Diario de Bordo


Agora em Gibraltar consegui colocar estas fotos do resgate, mas sem as ver antes de postar.

Os pescadores estão dentro da "baleeira", o barco que aqui é grande. O pequeno a reboque é a balsa salva-vidas que os salvou antes de mais, conservando-os à tona de água.
Já agora, a "petite histoire": é obrigatório os barcos de pesca levarem aquele barquinho (balsa), que se abre automaticamente em contacto com a água, mas, como é de uso em Portugal, os pescadores costumam prendê-lo com correntes e cadeados à embarcação principal. Nesse caso teria ido ao fundo e os pescadores também.
"Milagre" - disseram eles.

domingo, agosto 16, 2009

Diário de Bordo

Logo no primeiro dia de navegacao aconteceu-nos uma aventura.
O nosso navio, Pacific Dream, salvou quatro pescadores náufragos. Nao sei onde estávamos, talvez perto de Sagres, mas sem terra à vista. Pelas 10 e meia da noite.
A Internet, por satélite, é muito lenta e não vou talvez conseguir colocar as fotografias do resgate. Ponho depois.