Existe um novo fenómeno na sociedade lisboeta: a afluência em massa a eventos culturais gratuitos, como a inauguração do novo museu, visitas ao Palácio de São Bento, ou a adesão, também em massa, a campanhas como a do "crowdfunding" para comprar o quadro do Sequeira, promovido pelo Museu Nacional de Arte Antiga, para só dar dois exemplos.
Alguns veem com consternação ou com ironia esta gente, que consideram movida pelas televisões, quando se veem às moscas tantos outros produtos e equipamentos culturais...
Mas também é caso para perguntar por que razão nem uma décima dessas pessoas está disposta a gastar tempo e dinheiro, ou só tempo, ou só dinheiro naquilo a que chamamos cultura.
Comeu muito gato por lebre?
Os eventos e os produtos culturais são caros?
São feitos para uma elite que não existe?
São um subproduto de outros subprodutos, como os livros portugueses comerciais e light, ou parte do teatro?
Creio que cada uma destas respostas é verdadeira, caso a caso.
Muitas pessoas que frequentavam os teatros e outros eventos, agora ficam em casa e não sentem a falta das grandes e inúmeras secas que apanharam.
Por baixo, por cima ou ao lado, floresce uma sociedade que lá vai fazendo evoluir o país.
Caso para perguntar:
Há ou não há público para a cultura, em Portugal?
Público é o que não parece faltar.