terça-feira, novembro 17, 2009

Violência doméstica e casamento homossexual

Os nossos honoráveis ministros e restantes admiráveis e admirados políticos andam tão preocupados com o funeral dos homossexuais (ditado popular: "casou-se, matou-se") que deixam de lado outras questões legais bem mais importantes e urgentes. Já aqui disse o que vou expor, mas repito.
Todos os anos morrem em Portugal (e no mundo) muitas mulheres que são vítimas de violência doméstica. Para não esquecer as que morrem aparentemente por outras causas, mas que também são vítimas de violência doméstica não denunciada e portanto impune. Restrinjamo-nos aos casos em que há condenação.

Quem herda os bens da vítima? Sabem? É o assassino.
Ainda há pouco tempo saiu na Visão uma horrível reportagem, em que o marido fez à mulher um seguro milionário e a seguir mandou matá-la. Mesmo assim, a família dela não aceitou o divórcio.
Esta questão da herança no caso do marido que mata a mulher, do filho que mata o pai, etc., foi debatida há uns meses em Espanha e em Itália, mas aqui estamos todos muito preocupados com assuntos mais polémicos, que façam esquecer as faces ocultas dos nossos honoráveis representantes políticos

segunda-feira, novembro 16, 2009

Vara pau nos lombos

Do que esta gente precisa é dum Vara pau nos lombos.

Um varapau ou mesmo o cilício fazem melhor à alma desta gente do que o nosso dinheiro lhes faz aos bolsos.
E também nos fazia bem a nós zurzir esta cambada. Não há dinheiro para nada, porque é todo para eles.


A despropósito: aproveito este post para lembrar que começa na próxima quinta-feira a Fil de Arte Contemporânea de Lisboa 2009


sábado, novembro 14, 2009

Água na lua

O Google comemora, com imagem apropriada, a descoberta de água na lua.
Não é que interesse muito ao nosso país, ávido de descobertas bem mais prosaicas e que nunca se fazem...

Viva a água da lua! A água é sempre boa em toda a parte. E se já lá há água, não tardará muito a haver vinho...

sexta-feira, novembro 13, 2009

Alçar a Alçada II

E depois do entusiasmo despertado pelo contraste entre a anterior ministra da educação e a nova, surgem as perguntas:

Se quer ser tão diferente da anterior ministra, irá o Sócrates concordar? Andará demasiado distraído com a face oculta? Será melhor limpar a cara? Servem os professores para tudo?
Uma coisa é certa: depois de tanta luta , os professores ainda tinham à sua espera uma SURPRISE!!!!!
É que quem tinha poderes para os avaliar não hesitou, nesta fase final, em avaliá-los à Lagardaire, pensando que tudo é para durar e que não haverá "tudo se paga neste mundo". Avaliar iguais é impossível, a não ser que o ser humano não fosse a besta que é.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Alçar a Alçada

Acabo de ver a entrevista com a nova ministra da educação, Isabel Alçada.
Ao contrário do que esperava, a primeira impressão é francamente favorável.
Situo-me, não tanto ao nível das intenções e das promessas, mas sobretudo ao nível semiótico: aquilo que perpassa através da comunicação, às vezes até involuntariamente.
A outra ministra, uma inconcebível megera que despertava o que há de mais irracional em toda a gente, tinha sempre como sujeito de todas as frases que proferia a palavra "checolas". Exemplo: "é preciso que as checolas tracem os seus objectivos..."
Quando ouvi os sindicatos usarem também checolas como sujeito das frases, escrevi um email para o SPGL, aconselhando-os a escolherem um sujeito "humano" para as suas frases - isto de sujeito humano é da linguística, digamos da gramática. Quem souber falar e escrever saberá usar sujeitos humanos ou não-humanos conforme a sua intenção. Ou então fala sem saber o que diz. Fiquei seriamente preocupada ao ouvir os sindicatos fazerem eco das palavras e da sintaxe da sujeita. E foram os representantes dos professores, e não os sindicatos, que tomaram todas as iniciativas.

Esta Isabel Alçada colocou sempre, nesta entrevista, como sujeito das frases, os sujeitos professores (no plural) e alunos (no plural); alunos apareceu mais como complemento directo e professores como sujeito. O outro sujeito que usou frequentemente foi: o entusiasmo (dos professores).

Sim. É entusiasmo que falta. No ensino e em toda a parte. E nem a anterior ministra, nem os recentes e decepcionantes acontecimentos da avaliação feita "à Lagardaire" por qualquer idiota, nada disto conseguiu em certos casos coarctar o entusiasmo dos professores, que sabem muito bem o seguinte: à sua volta há mesquinhez e ignorância, mas são os alunos que os irão avaliar no futuro. O que os alunos irão contar durante o resto das suas vidas a respeito dos professores que tiveram, não tem nada a ver com questões institucionais. Muito menos com o poder.

Sob suspeita

Vocês acham normal termos um primeiro-ministro que está constantemente sob suspeita? Disto e daquilo e depois mais isto e depois mais aquilo...
Como já nos habituámos...
Não se augura nada de bom deste exemplo para o país.

sexta-feira, novembro 06, 2009

As Rainhas de Copas: Avaliação dos professores

Os professores são avaliados de forma severa, divertida ou saudosa, mas definitiva, na memória dos seus antigos alunos, muito mais do que em qualquer outro fórum. E acontece que o tempo faz esta avaliação dar voltas de muito graus, pois são às vezes os professores mais malucos e irritantes que se recordam melhor e com mais benevolência.
Há muitos que são esquecidos para sempre, quase no mesmo ano em que estiveram no activo. Quase durante o ano, ao ponto de nunca nenhum aluno saber o seu nome. Há aqueles que influenciam o futuro dos jovens, que querem ser como eles. A diferença entre uns e outros é tão abissal que não cabe numa escala normal de avaliação, pois é uma diferença de grau e não de quantidade. Só por isso já era evidente que uma avaliação de professores seria um ponto muito sensível, até porque os preferidos dos alunos nem sempre (quase nunca) são os preferidos do poder que os avalia. Até por uma simples questão de ciúmes e inveja. Quem não gostaria de ter a preferência de todos os alunos, sabendo que isso lhe é impossível e que é fácil para outros?

E agora os professores andam a ser avaliados/torturados há mais de um ano.
Como tudo mudou nas escolas, incluindo a relação de poder, as simpáticas presidentes de outrora, eleitas pelos colegas, estão agora transformadas em Rainhas de Copas, impulsivas e caprichosas, dispostas a dar as piores notas aos colegas que lhes fazem sombra e / ou lhes não elogiam os loiros cabelos, os sapatos novos e sobretudo os pés. Usam para isso um modelo de avaliação que permite todas as arbitrariedades e na maior parte dos casos são exactamente as mesmas antigas afáveis presidentes, que assim se vêem radicalmente mudadas pela atracção (aparentemente irresistível) do poder.

quinta-feira, novembro 05, 2009

A Modéstia

Almeida Garrett disse, se não me engano nos detalhes, pois cito de cor, que a modéstia é a pior de todas as virtudes.
Não sendo um homem modesto, viu bem e antecipadamente o que quer dizer esta "virtude".
Século volvido, o caso parece mais óbvio, por exemplo quando foi levantada a questão das avaliações de todo o mundo:

Claro!

A modéstia é muito natural e na nossa pequena sociedade portuguesa "fica bem".
Fica muito melhor e é bastante mais fácil a quem não tem qualidades invulgares...
Claro, como vivemos numa sociedade bué igualitária, a modéstia fica igualmente bem a quem tem grandes qualidades e grandes capacidades, e a imodéstia fica igualmente mal aos dois grupos.

É por isso que Portugal não sai da mediocridade pardacenta. Porque o respeitinho e a modéstia são muito bonitos... são mesmo giríssimos.

Uma gabarolice infundada até pode ter graça, mas os que são mais cultos, mais experientes, mais sábios, esses deveriam ter sido mais modestos. Claro. Evitando assim sobrepor-se àqueles que, por motivos vários e todos decentíssimos, não "tiveram tempo" para ler, escrever, etc... e se tivessem tido tempo, não teriam sabido fazê-lo. Porque são modestos.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Tempos presentes, ou seja, tempos futuros

Não sei se vocês já se aperceberam disto, talvez não... também é para isso que servem os blogues.

A Internet, na sua primeira juventude ou mesmo infância, creio ter mais de 10 anos e menos de 15, menos ainda aqui em Portugal, mesmo assim já passou por várias fases.
E esta última é a melhor, claro, a última é sempre melhor que a anterior. Vejamos:

Lembro-me das absurdas objecções que se faziam à Internet quando ela surgiu. Como sempre que surgiu alguma coisa e este final de Século XX foi pródigo em surgirem coisas inteiramente novas, a primeira reacção é a da rejeição.

A fase em que acabamos de entrar é esta:
As pessoas passam da comunicação "solitária" via Internet, que alegadamente as afastaria dos outros, para uma fase de encontro com as pessoas que se conheceram via net.

Na passada Sexta-feira fui, como sabem, a um jantar de Bloggers, ou seja, com pessoas que eu conhecia virtualmente e outras que não conhecia de todo, sendo todos bloggers como eu.
Na Segunda-feira seguinte, fui a um almoço num navio, com pessoas que conhecia virtualmente, mas que já tinha visto noutro navio e outras que não conhecia e fiquei a conhecer.

Neste último caso, está previsto juntarem-se todas estas pessoas para fazerem juntas um cruzeiro. Digamos que, pessoas que têm algo, bastante ou muito em comum, juntam-se por esse motivo.
Esta é apenas uma das fases incipientes da net. Imaginem o resto!
Aparentemente e se bem entendi, passámos muito rapidamente do isolamento ensimesmado para o encontro puro e simples.

VIVÍSSIMA

A propósito dos posts que aqui coloquei, com a palavra "vivíssimas", uma amiga contou-me o seguinte:
Uma mulher que ela conhece confessou ao seu mestre espiritual:


- Mestre! Tenho tanto medo da morte!
- Medo de quê? - respondeu o mestre - morta já tu estás há muito tempo!

(Ver mais clicando na tag vivíssimas)

segunda-feira, novembro 02, 2009

Navio Zénith





Fui almoçar a bordo do navio Zénith fundeado na Doca do Conde de Óbidos, também chamada Cais da Rocha: Cais da Rocha do Conde de Óbidos, com o grupo Infocruzeiros.. Este navio é gémeo, ou seja, é quase igual àquele em que naveguei em Agosto, o Pacific Dream.
OOOOHHHH! Que saudades do mar! E de navegar! Aqui estão algumas fotos.

sábado, outubro 31, 2009

Vara de porcos

Não tenho acompanhado a notícias, mas parece que há para aí uma vara de porcos, segundo li no blogue recém-amigo.
Ou a portuguesada apanhou com uma vara nas costas, está varada...
Ou então é pior: a população ainda não foi suficientemente varada nem varejada nem emporcalhada nem avacalhada e ainda se sente pouco esclarecida.
E feliz!
Os dinheiros dos impostos, esses, vão para a vara de porcos, como sempre foram. E parte significativa da população não ganha o suficiente para comer da maneira que nós consideramos indispensável. E muitos estão no desemprego, mas isso não importa.

Vocês, não sei... quanto a mim, vou virar muçulmana fundamentalista, por horror que tenho aos porcos.

Também há quem fale no polvo socialista, mas os portugueses adoram polvo, logo a seguir ao bacalhau e ao porco.

Vocês, não sei... quanto a mim, gostaria de virar vegetariana fundamentalista. Ou americana. Ou até mesmo... como se chamam os habitantes do Burkina Faso? Burkinafasense? Ou do Turquemenistão? Turquemenistanesa? Ou do Tuvalu? Tuvaluesa? Ou do Kiribati? Kiribaptista? Kirisbatesa? Kiribatinha...

VI Farra Blogosférica

Realizou-se ontem a VI Farra Blogosférica, aqui anunciada.
Adorei conhecer pessoalmente alguns dos bloggers dos blogues que costumo ver e outros que começarei a ler agora.
Tudo pessoas muito críticas e por isso mesmo muito alegres, divertidas, com o vício de pensar, inquietas e fascinantes. Que estão muito vivas.
Isto surgiu-me após uma semana de trabalho em que me morderam nas canelas, coisa de que ninguém gosta, apesar de também me ter divertido um bocado, pois a minha é uma daquelas profissões em que se interage com muita gente: enquanto uns ainda empunham o punhal da traição, os outros dão beijinhos para sarar a ferida.
Estas "farras" reconciliam-nos com a vida e com os outros.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Tresantontem



A minha avó costumava usar a palavra Tresantontem, ou tresantonte, que também se diz tresanteontem.

É uma palavra que já não usamos, mas que faz falta.
Outro dia, num post, eu queria referir um facto como sendo muito recente, mas, não podendo dizer tresantonte, tive de dizer "a semana passada", o que é algo muito diferente.

Será que perdemos a percepção de que o que aconteceu antes de anteontem é ainda
muito recente?
Gosto também da expressão algarvia: isso já foi para aí há uns três quinze dias.

Três quinze dias também não são muitos dias. Não é muito tempo... mas creio que querem dizer três semanas.

segunda-feira, outubro 26, 2009

VIVÍSSIMA

Quase contrastante com o post anterior, quero salientar um episódio giríssimo que ocorreu recentemente e foi notícia de jornais.
Dizia eu há dias neste blogue que, às vezes, olhando para as pessoas, me pergunto se elas estão vivas ou vivíssimas, mas ocorre-me muitas vezes que mais parecem mortas.
Resumo:
A mãe daquele candidato a Presidente dos Estados Unidos que concorreu contra Obama teve um pequeno acidente a semana passada no Chiado, em Lisboa, foi hospitalizada no S. José, mas já está bem.
Esta senhora tem 97 anos (o filho de 72 foi considerado algo idoso para presidente), recentemente foi multada por excesso de velocidade e, como gosta de viajar, corre o mundo com a sua irmã gémea.
Pormenor: como todos os verdadeiros viajantes (palavra que pode opôr-se a turistas, dado que os viajantes andam ao sabor das marés apreciando o que existe no mundo, ao passo que os outros andam atrás dos guias turísticos, a ver palácios em países miseráveis e dormindo nos melhores hotéis, sem sentirem o frio nem o calor nem coisa nenhuma...), a dita senhora ficou hospedada num hotel relativamente barato, de duas estrelas, o Hotel Borges no Chiado, um pequeníssimo hotel carregado de história, sobretudo história literária.
Era onde eu ficava quando vivia no Algarve e pernoitava em Lisboa, a caminho ou a descaminho do Norte e vice-versa, regressando a caminho ou a descaminho de Portimão...

E ao encontro desta bela cidade, que me chamou para si e que agora me chama sua.

sábado, outubro 24, 2009

O nosso antepassado morto

Como os portugueses só gostam de escritores mortos e só os adoram depois de mortos, José Saramago resolveu dar uma de escritor morto.
Nem de outro modo se entende que tenha ressuscitado uma polémica completamente anacrónica. Não me parece que fosse apenas uma questão de marqueting, acho mesmo que é uma questão de personalidade...
A civilização ocidental, depois de ter colocado em causa a existência de Deus e a verdade das religiões durante quase dois séculos, entra agora definitivamente numa fase mística que é o resultado dessa pesquisa e simultaneamente do desejo humano da transcendência. Não se trata de uma atitude ingénua: muitos abandonaram a religião de origem e procuraram outras, de que se destaca o budismo, não o budismo "institucional", digamos assim, mas a essência dessa religião que não cede nada ao materialismo, à economia, etc. Muitos, como eu, desejariam acreditar no budismo, o que seria muito fácil se isso não fosse uma questão de fé, irremediavelmente perdida pelo materialismo e pragmatismo demasiado persistentes da religião católica. Dos quais não me parece que este Papa seja cúmplice.
Vejamos:
A certa altura, a religião católica quase que foi a votos: as pessoas não gostam disto, então mudamos aqui e mantemos o resto. Fez o que fazem as empresas: fingiu ser complacente para ser vendável, algo que este Papa tenta mudar. Resultado: muitos crentes "fanáticos" mudaram-se para religiões ainda mais rígidas, como a das testemunhas de Jeová, enquanto outros crentes se mudavam para o budismo, muitíssimo mais exigente, tornado-se, por exemplo, vegetarianos ou fazendo improváveis votos de castidade, sem que a sangria dos ateus irresolutos se tenha estancado.
Tudo isto resulta, naturalmente, do questionamento da religião católica, que desde há séculos se faz nas consciências, nas famílias, na sociedade. Mantiveram-se na religião os materialistas, outros que valorizam mais a tradição do que a a convicção e também os ateus, designando por esta palavra aqueles que não têm fé, mas também não lhes parece que isso seja grave. E alguns cristãos convictos, claro, que são, talvez, a minoria e que são muito "gozados" pelos outros.
A questão da Bíblia só é ainda questionável para os milhões de ignorantes que infelizmente existem, para os quais Saramago se vocaciona agora, numa patética tentativa de protagonismo. São muitos milhões no mundo inteiro, mais do que em Portugal, de que o escritor já entendeu a pequenez, passando-se para Espanha. Não imaginemos que Saramago se dirige ao punhado de crentes católicos portugueses, que não lhe interessa nada, obviamente.
Tive a percepção desse completo abismo, há uns anos atrás, ao tentar explicar a uma amiga que o Deus do Antigo Testamento é praticamente o oposto do referido na mensagem de Cristo, sendo um violento e vingativo, enquanto o outro é pacífico e fraterno. Polémica esta, que aconteceu há dois mil anos e que Saramago ressuscita como se se dirigisse a um público de analfabetos. A minha amiga, ateia católica pouco esclarecida e muito ignorante, cabou por argumentar que a Bíblia que lhe mostrei não era católica. Como de facto não era, ficou muito aliviada e esqueceu o assunto.
Deixo aqui, neste fórum, um desafio a Saramago: sendo hoje a questão religiosa e mística fundamental, o que acontece também ao nível da geopolítica, sugiro-lhe que ponha em causa a religião e as práticas religiosas muçulmanas, pois essa é a questão realmente actual, ao contrário da questão cristã, fartamente debatida pelos filósofos e escritores do Sec. XIX. E que se dedique à defesa dos direitos da mulher nessa religião e nos países que a praticam.
Para isso é que é preciso ter coragem! Não para criticar uma religião já questionadíssima pelos próprios crentes. E se corresse algum risco, não seria o de morrer jovem.

A casa maravilhosa


Era uma casa maravilhosa. Por fora, parecia que ia cair, de tão velha.
Antes de nós lá chegarmos, tínhamos de atravessar um lodaçal muito grande e ficávamos com os sapatos cheios de terra e de lama. Quando entrávamos na nossa casa, tínhamos que calçar pantufas porque a vizinha de baixo já era muito velha e não aguentava o barulho dos nossos passos. Lá dentro, nós tínhamos uma inclina também africana como nós, mas é claro que a gente não podíamos nunca entrar no quarto da inclina. Mas depois, quando já estávamos lá dentro, todos de pantufas, a casa era o lugar mais maravilhoso do mundo. Éramos todos pretos, lá dentro. Mesmo a inclina. E estava quentinho...

Até que um dia... a inclina chegou a casa e atirou-se para cima da mesa da cozinha, a chorar. Tinha perdido o emprego.
- Estou farta disto. Não aguento - dizia, na sua voz rouca - vou voltar para África! estou farta.
Então, a minha mãe disse:
- Se tu vais voltar para África, então nós temos de nos mudar para uma casa mais barata e mais pequena, porque, sem a tua renda, não podemos pagar esta renda.
E então assim foi. Mudámo-nos para um pequeno apartamento. Era mais moderno, não tinha lama, não tinha a vizinha velha a reclamar por causa do barulho. Mas havia um problema.
É que a inclina tinha pago uma calção quando foi morar com a gente. E quando nós nos mudámos para a casa nova, tivemos de a levar, para ela se gozar da calção que já estava paga, claro.
Como ela tinha pago uma calção por um quarto onde estava sozinha, então nós tivemos que dormir todos apinhados na sala, para ela se poder gozar da calção no único quarto da casa.
- Agora adivinhe, setôra!!
- O quê?
- Adivinhe!!!
- Não sei!
- A inclina gostou tanto da casa nova, que lhe passou a raiva. Arranjou um emprego novo e ficou na mesma a viver connosco.
- Eu sempre me dei bem com vocês. Já estou habituada... E, portanto, fico aqui.
- Não é engraçado, setôra?
- Bem, engraçado...eu... pois, é muito engraçado!

sexta-feira, outubro 23, 2009

Dia Mundial do Macarrão

Comemoremos o Dia Mundial do Macarrão. Domingo 25 de Outubro.
Adoro macarrão e acho este assunto muito mais importante, porque mais saboroso, do que a mudança do governo.


quinta-feira, outubro 22, 2009

Contos de fadas (Fadistas?)

A anterior ministra da educação parecia a bruxa má de uma banda desenhada de mau gosto.
Esta agora é dotada para a ficção para crianças.
O que diria o filósofo Sócrates, ou mesmo o Freud sobre estas duas criaturas?
Sobre esta preferência óbvia pelas mulheres ficcionais, ficcionistas e ficcionadas, por parte deste 1º ministro?
Que gosta de contos de fadas? Que vê a política como um conto de fadas? Fadista?