Preparar os alunos para a vida, dotando-os do conhecimento da língua, do poder da interpretação e da escrita, da fortuna da metáfora, ou prepará-los para estes exames?
Mais uma vez os resultados dos exames de português são surpreendentes. E mais até do que o usual: todos os estudantes diziam que o teste era fácil, que lhes tinha corrido muito bem e surgem 55 por cento de negativas e uma média negativa.
Por uma vez sem exemplo, a Associação de Professores de Português critica a primeira prova (do dia da greve) apontando que duas das perguntas de interpretação são ambíguas e os critérios de resposta a essas perguntas não contemplam nenhuma espécie de ambiguidade (Isto, segundo o DN.).
Para quando escandalizarmo-nos com a pobreza mental destes exames, em termos de cultura literária, obrigando os professores a darem aulas como se fossem abéculas, ou carneiros e ovelhas que seguem os rebanhos, submetidos que são à pressão dos rankings? Que tranquilidade para ensinar a língua portuguesa e as suas maiores expressões de liberdade, como a poesia e o romance?
Este ano teve ainda uma novidade: um exame extraordinário, motivado pela greve, muitíssimo mais fácil do que o primeiro e com o Gave a aceitar o critério subjetivo de cada professor, pela segunda vez e de forma explícita, embora o tivesse deixado implícito na primeira prova.
E a procissão vai no adro: ainda falta a 2ª Fase.
Por que tem o ensino do português de se sujeitar a critérios tecnocráticos? Medo da liberdade? Limitação mental dos pedagogos, classe execrada pelos professores e desconhecida dos alunos?