sábado, janeiro 16, 2016

Pai Nosso de Clara Ferreira Alves


Pai Nosso de Clara Ferreira Alves é um livro chato. Interessante, lê-se como se fosse uma reportagem, mas ao fim de 114 páginas de reportagem, já chega. Li até essa página com algum esforço, parei e não me apetece continuar.
As reportagens nunca têm mais do que 10 páginas. E os romances não são reportagens. Nem crónicas.
É claro que o livro tem ambições internacionais. Só se for como reportagem sobre tema da atualidade, muito bem documentado. Mas talvez romanceado...

terça-feira, janeiro 12, 2016

Maria de Belém e o seu humor involuntário: - ide comer para a vossa terra

Nesta maravilhosa campanha eleitoral, são inúmeros os momentos de humor involuntário.
É o caso da ideia-chave da campanha da Maria de Belém, cujo nome é, já de si, objeto de trocadilho, a Belém quer ir para Belém, a Maria de Belém quem será, talvez a Nossa Senhora, etc...
A ideia principal da campanha e, aliás, a ideia única da campanha, essa sim, é brilhante.
Quando cá vierem chefes de Estado, como a Merkel ou o Obama, por exemplo, em vez de lhes oferecermos grandes banquetes, a presidenta irá levá-los a almoçar e jantar a lares de terceira idade. 

Em vez de grandes manjares regados com os melhores vinhos, irá oferecerl-lhes umas batatinhas cozidas com pescada congelada cozida, um compito de água da torneira, servida numa caneca de plástico e um caldinho de legumes numa malga de folha.

A Merkel e o Obama não correm o risco de fazerem segunda visita e, se passarem palavra, voltaremos a ficar orgulhosamente sós, como no tempo de Salazar.

Ouço dizer que em certas regiões do país, is autóctones comem com o prato dentro de uma gaveta, para não serem obrigados a oferecer as visitas, as quais têm o hábito de aparecer sempre a hora das refeições.

A Maria d Belém sempre é um pouco menos avarenta, mas inscreve-se nesta tradição tão portuguesa de não dar nada a ninguém.
Que vão comer para a terra deles!
- Ide comer para a vossa terra! - afirmará, com aquela vozita "esganiçada".


domingo, janeiro 10, 2016

Natália Correia versus Candidato Marcelo

Este blog tem muitos poemas de Natalia Correia, aqui vai mais um a propósito das eleições presidenciais, em que Marcelo Rebelo de Sousa é o principal candidato, quase o único que pode ganhar. Com uma publicidade que lhe vem da televisão. Este poema foi feito aquando da sua candidatura para a Câmara de Lisboa.




MARCELO E AS TÁGIDES

Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se valoroso - ó bacanal! -
ao leito húmido das Tágides daninhas.

Para conquistar as Musas de Camões
lança a este, Marcelo, um desafio:
Jogou-se ao verso o épico? Ilusões!...
Bate-o Marcelo que se joga ao rio.

E em eleitorais estrofes destemidas,
do autárquico sonho, o nadador
diz que curara as ninfas poluídas
com o milagre do seu corpo em flor.

Outros prodígios - dizem - congemina:
ir aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.

Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é de galinhola.
in "Inéditos"1979/91
Cancioneiro Joco-Marcelino, 
Poesia Completa

quarta-feira, dezembro 30, 2015

Um poema de Baudelaire

L'Homme et la mer
Homme libre, toujours tu chériras la mer!
La mer est ton miroir; tu contemples ton âme
Dans le déroulement infini de sa lame,
Et ton esprit n'est pas un gouffre moins amer.
Tu te plais à plonger au sein de ton image;
Tu l'embrasses des yeux et des bras, et ton coeur
Se distrait quelquefois de sa propre rumeur
Au bruit de cette plainte indomptable et sauvage.
Vous êtes tous les deux ténébreux et discrets:
Homme, nul n'a sondé le fond de tes abîmes;
Ô mer, nul ne connaît tes richesses intimes,
Tant vous êtes jaloux de garder vos secrets!
Et cependant voilà des siècles innombrables
Que vous vous combattez sans pitié ni remords,
Tellement vous aimez le carnage et la mort,
Ô lutteurs éternels, ô frères implacables!
— Charles Baudelaire

quinta-feira, dezembro 24, 2015

Feliz Natal





Feliz Natal para os leitores, amigos e seguidores deste blogue.
Que vão mudando com o tempo, pois já tem muitos anos.

domingo, dezembro 13, 2015

Manoel de Oliveira




Estão  a dar, no TVcine 2, todos os filmes de Manoel de Oliveira, todos seguidos.
Pode parecer monótono ver um filme deste realizador, mas é menos monótono se o vemos em casa, podendo parar e reatar quando quisermos.
Na verdade, é uma experiência tão extraordinária que não vamos querer parar.
Manoel de Oliveira valoriza muitíssimo as paisagens portuguesas, as paisagens rurais e os palácios e palacetes rurais, fazendo-nos apreciar uma beleza que não nos é estranha, a não ser que nunca tenhamos reparado nela.
Neste último caso, faz-nos ver uma beleza que conhecemos como realidade e que passamos a conhecer como esplendor do mundo.

Se as personagens nos parecem estranhas, quase todos da alta sociedade altamente minoritária, é talvez porque essa sociedade é a mais culta. 
Pelo que afirmam e discutem, somos levados a refletir sobre a humanidade. Não tanto portuguesa, como europeia e universal.
Pois a humanidade não é portuguesa nem europeia.
Mas sim universal.
A beleza existe em toda a parte, mas ao nível paisagístico existe uma beleza portuguesa. 
Como sentimos nostalgia ao ver uma paisagem italiana, imbuída das representações e sensações italianas, iremos ver sentir um dia  nostalgia da paisagem portuguesa, tornada saudosa e sensívelpor Manoel de Oliveira.








É Natal? Pode ser ou não ser. Depende.

Há no Facebook uma mensagem de Natal que afirma algo como: muitas pessoas têm um Natal triste porque estão sozinhas, etc... 

 Parece-me que temos a liberdade de festejar, ou não, o Natal, mas se o festejarmos, só pode ser como data alegre e solidária. Não entendo que se possa celebrar o Natal como dia triste ou deprimente, pois o seu sentido é exatamente de dia e noite felizes. 

Não é obrigatório comer nesse dia bacalhau ou peru, não é obrigatório festejar o Natal, não é obrigatório ser religioso e cristão. 

 Quem não é religioso ou sendo religioso, não é cristão nem deveria festejar o Natal. 

Se o faz, deve respeitar a mensagem salvífica e de esperança, não neste mundo, mas num mundo melhor. 

 O Natal é puramente espiritual, não tem nada a ver com a realidade presente. 

Ou então, não é Natal.

sábado, dezembro 12, 2015

"viver muito tempo é um dom de Deus. Mas tem o seu preço."

Diz o Manoel de Oliveira no seu filme "viagem ao princípio do mundo": " viver muito tempo é um dom de Deus. Mas tem o seu preço." 
Ele, que viveu Anto tempo, é que  sabe.
Creio que muitos de nós vamos aprender isto.

Para quando um Simplex nas fórmulas de tratamento?

- Nao trates a setôra por você.
- Então como é que a hei-de tratar? Por tu?
- Ó setôra, não devemos tratar as setores por você, pois não?
- Não, claro que não, o tratamento por você é muito familiar, é quase tu. Os brasileiros até dizem: " Pode me tratar por você".
- Ó setôra, então como hei-de dizer?
- Em vez de você, diga setôra.
- Setôra? Mas setôra é um erro. Essa palavra nem existe!

Língua portuguesa complicadinha hem? E é sempre muito difícil explicar isto do você. Nem eu concordo com esta complicação toda nas fórmulas de tratamento. 

Uma professora chamou malcriado a um aluno porque ele chamou Senhora Diretora à senhora diretora, pensou que estava a ser irónico, mas os miúdos pequenos não têm o sentido da ironia e ele foi, muito sério, perguntar à professora de Português se era falta de educação falar assim. Realmente, já tudo parece possível.  
Dizer-lhes que digam senhora doutora é agora impensável. Setôra quer dizer, para os alunos, senhora professora e não senhora doutora, tratamento que caiu em desuso para professores. Isso sim, pareceria irónico.
Chamar professora seria o acertado , mas não é assim que se fala, hoje em dia é não existem maneiras acertadas, só existem formas convencionais de proceder. 

Tarde ou cedo, terá de haver um Simplex de toda esta trapalhada.

Que até já está em curso.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

Somos um estado laico, ou somos estado laico que se verga perante os preceitos da religião muçulmana?

IEsta questão tem sido levantada, mas em Portugal tudo é aprovado por consenso e a pressão social faz o resto: os muçulmanos, incluindo refugiados sírios, podem andar aqui de cara tapada? Digamos, as mulheres. Mas eu sei lá se uma criatura de cara tapada é homem ou mulher? Outra: é noticiado nos jornais que os refugiados, por serem muçulmanos, aqui em Portugal podem escolher, os homens um médico homem, as mulheres uma médica. Mas não  somos um estado laico? As portuguesas pobres põem escolher uma ginecologista mulher? 
Vamos deixar de ser estado laico paras respeitar a religião muçulmana nas escolhas laicas? 
Onde está a reflexão / discussão sobre todos estes temas?
Sou a favor do acolhimento o mais solidário possível dos refugiados.
Mas deve o estado laico respeitar os preceitos da religião muçulmana, se não respeita os da cristã.
Isto não é bondade nem maldade. É estupidez.

Exemplo: embora não me pareça mal, tem sido até agora um preceito importante da religião católica o não poder a mulher abortar, mas o estado permite o aborto e até o financia.

Sim, devemos acolher bem os refugiados, como estado laico. Mas são eles que devem adaptar-se a democracia, não somos nós que devemos adaptar-nos ao obscurantismo de certos costumes religiosos.

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Exames? Sim ou não?

Os exames, os do quarto ano incluídos, são muito bons para as editoras venderem livros de preparação para os exames, para os centros de explicações venderem explicações para os exames e para os professores formatarem os alunos para os exames. Por exemplo, a português, a partir do décimo ano, ensina-se os alunos a escrever textos argumentativos com 250 palavras, com dois argumentos e um exemplo para cada um. Para quê? Para o exame. Os parágrafos devem começar com "de facto",ou " assim", "por outro lado" e o último por "em suma" ou "em conclusão". Sabiam que só assim é que um texto está correto? De acordo com os critérios de correção, forjados por meia dúzia de louvaminhas dos regimes. Não acham isto ridículo? Mas é a concorrência entre escolas a falar mais alto. Criatividade? Forget, temos mais que fazer. Dois argumentozinhos e dois exemplozinhos, como diria o Eça.

sábado, novembro 28, 2015

domingo, novembro 22, 2015

sábado, novembro 21, 2015

Presépios de Belém: refugiados




Em novembro,a Sagrada Família, refugiada, dirige-se a Belém, enfrentando perigos terríveis. Como se vê, ampliando a imagem, se for preciso.

Mergulhados na água e na luz: a pintura de Joaquim Sorolla







O Museu Nacional de Arte Antiga trouxe a Lisboa várias obras de Joaquim Sorolla, considerado o pintor da luz, pela forma particular como joga com este elemento pictórico.


Gostei particularmente dos estudos e pinturas sobre o mar, sobretudo os regressos da pesca. É também muito sensível no modo como capta o olhar, obediência e a força dos animais, em total sintonia, direi mesmo em total parceria com os homens.


Há também uma aliança entre a força, a bondade e a ternura, nestas criaturas, animais e homens que, juntamente com os barcos, nos surgem do nada, mergulhados na água salgada e na luz.

domingo, novembro 15, 2015

Laurie Anderson

I've seen your film "The Heart of a Dog", yesteday in Lisbon.

And would like to ask You a question:

Hoje do I recognise myself if I do not have a body?

 How can I distinguish myself from the others, if I do not have a body?

:)

É claro que todos somos a favor da paz. Mas o que é a paz?


Parece-me que muitos dos meus amigos, muito bem intencionados, claro, não entendem que a nossa relação com o médio oriente é uma questão geoestrategica e geopolítica. 
Assim, uma potência regional, como o Iraque do Sadham, é deixada em paz pelas potências mundiais, porque mantém a região controlada. Direitos humanos não há, crimes praticados pelas autoridades há muitos, mas "a nós, ninguém nos chateia. O problema é que essas potências regionais vão adquirindo muito poderes e querem passar a controlar outra região que fica perto, por exemplo, a Europa. Que faz a Europa? Da última vez, ficou à espera dos Estados Unidos. Todo o ocidente tem cometido erros, por não entender o que é o fundamentalismo islâmico. Afinal,  o requinte do ocidente é ser ateu, não é? Quem são esses bárbaros que se reclamam do Islao?
 Deixem-nos andar, não os chateiem. 
Claro que somos a favor da paz. Mas o que é a paz?

Nunca Maquiavel foi tão atual!

sábado, novembro 14, 2015

Pray for Paris

I




Realizou-se esta semana o festival hindu Diwali, um dos festivais da lua cheia do Oriente e o principal, que celebra a vitória da luz sobre a escuridão.
Na mesma semana, em Paris, houve uma pequena vitória da escuridão sobre a luz.

Mas todas as luzes do mundo se acendem para afastar as trevas. 

Citando Sophia de Mello Breyner no poema "O Crepúsculo dos Deuses":

"A treva \ Foi exposta e sacrificada em grandes pátios brancos".

Ver aqui vídeo sobre as lanternas volantes que iluminam anote do Diwali





quinta-feira, novembro 12, 2015

Obrigada, criaturas do Neandertal, por nos fazerem reparar que... estamos noutra era

Uma criatura chamada Pedro Arroja fez rir o país e sobretudo o Facebook pelo ridículo das suas declarações, que seriam muito vulgares em inícios ou meados do Século XX.

Diz a avantesma que não queria aquelas mulheres do Bloco de Esquerda, sem se perguntar se passaria  pela cabeça das mulheres do Bloco de Esquerda interessarem-se por semelhante criatura.

O BE exige que o senhor peça desculpa, mas ninguém pede desculpa por ser ridículo. E mesmo que peça...

Obrigada, criaturas do Neandertal, por nos fazerem reparar que somos tão civilizados, tão modernos...
Que estamos noutra era.



Muito interessante o post deste blogue  sobre o assunto

Praça do Bocage

Citando : ""Há um enxame de medíocres vespas asiáticas ao assalto em defesa de uma nova barbárie política económica e social totalitária que quer comandar o mundo""


terça-feira, novembro 10, 2015

Soluções económicas?

Tão difícil assim? Não pode haver uma lei portuguesa que obrigue  o Pingo Doce português a pagar impostos em Portugal? E que carrada de impostos que aí vêm!!!!!!!

Se não sabem, o Pingo Doce paga impostos na Holanda. Porquê?