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segunda-feira, julho 11, 2011

Mindelo





Centro do Mindelo e arquitectura colonial do Sec. XIX, de influência portuguesa e inglesa.
A Rua de Lisboa tem, na verdade outro nome, qualquer coisa como: Rua dos Heróis da Libertação. Ironicamente ou não, todos lhe chamam Rua de Lisboa.
Mas não é só aqui que se nota ser a libertação não demasiado importante para esta gente. Tratam os portugueses como conterrâneos, chamam a Portugal "nossa terra" e são fãs do Benfica, como se vê no vestuário da menina da foto no post "Baía das Gatas".

No interior / exterior do café Lisboa: a senhora faz as despesas da conversa, sem fazer as despesas do café. Como falam em crioulo, pouco entendo, a não ser isto:
- Que mais quer? Tem casa, tem catchupa...
- Andam a gozar o crioulo!

Ah, a propósito, a partir de agora, podem tratar-me por Senhora Branca. Em vez de Nadinha. É como me chamam aqui.

segunda-feira, julho 18, 2011

"Nha Cretcheu" e Literatura de Cabo Verde


Ouvi e li por toda a parte em cabo Verde esta expressão "Nha Cretcheu". Procuro na net e descubro o seu significado:

Literalmente, cretcheu quer dizer quero-te muito (cre-tcheu). Logo, nha cretcheu é meu amor, e por aí fora. Pode significar meu namorado, minha namorada, meu amor, etc...
"Nha Terra Nha Cretcheu", será algo como minha terra querida, amada, ou "minha terra, amo-te muito", ou assim...


Quando vou  a uma terra, gosto de ler obras literárias que lá foram produzidas, ou por autores dessa terra, ou por outros.
Regressada do Mindelo, continuo a ler um livro que refere constantemente esta cidade, embora a localize entre o início e meados do Sec. XX, período que abrange a revolução salazarista de 28 de Maio de 1923, sobre a qual parece ter boa opinião. É Oh! mar de túrbidas vagas  de Teixeira de Sousa.

Falando de literatura de Cabo Verde, refiro os autores que encontrei, enquanto consultava a biblioteca do instituto Camões, no Mindelo. 
Salientarei este escritor, Teixeira de Sousa, até pelos temas escolhidos, que me agradam muitíssimo: mares, navios, navegações. É um autor simpático, que não faz sofrer as suas personagens para além do necessário para inventar uma história romanesca. Nesse aspecto, faz lembrar Júlio Dinis: não há grandes conflitos, nem problemas que não se resolvam totalmente. Além disso, fala das navegações com muito conhecimento de causa.

O seu romance Oh! mar de túrbidas vagas é um retrato heróico dos marinheiros que nessa época faziam a travessia entre Cabo Verde e a América do Norte em barcos à vela, carregando produtos e passageiros, que assim emigravam, numa viagem turbulenta e  incerta.
Tem outros livros sobre navegações, que espero encontrar em Portugal, pois de momento interesso-me por narrações de vidas simples, como se fossem arquétipos de vidas, casas, barcos, etc.
Mas de repente, dou-me conta de que não se trata de escritor caboverdeano e sim português, ressuscitando uma questão de que nós, portugueses, nunca ouvimos falar, mas que é muito polémica no Brasil e nessas terras. 
É o seguinte: o autor nasceu em Cabo Verde, que era Portugal nessa época. Após a independência, vem para Portugal viver em Oeiras, onde morre. 
Assim, podemos considerar portugueses os escritores e artistas das colónias portuguesas até à sua independência, o que as deixa sem literatura nem arte.

Neste caso particular, sendo aparentemente Salazarista, este escritor seria completamente ignorado em Portugal após a revolução de 74, como aconteceu com outros.

Um outro autor,  presente neste livro como personagem aludida, dificilmente seria considerado português. Trata-se do poeta popular 

Eugénio Tavares, que escreveu em crioulo muitos dos seus poemas. É dele o verso que dá título ao romance ("Oh! mar de túrbidas vagas" ou "ondas", da sua Canção ao Mar, vídeo abaixo) e de muitas letras de mornas caboverdeanas. Mornas parece derivar da palavra inglesa mourn, significando luto, tristeza, etc. 

Despertou-me muita curiosidade Baltasar Lopes e o seu livro Chiquinho, que, segundo me disseram lá, não existe à venda porque os herdeiros não permitem a publicação das suas obras. Tentarei encontrá-lo num alfarrabista, pois também poderá ser considerado, ou ter sido considerado escritor português.


Germano Almeida: já tinha lido o livro O Testamento do Senhor Nepumoceno da Silva Araújo, mas parece-me que o comprei no Brasil. É um livro muito original, que me ficou na memória, tratando sobretudo de convenções sociais, hipocrisia social, atitudes consideradas correctas, etc. O autor vive em Cabo Verde, na actualidade.




De Orlanda Amarílis, Ilhéu dos Pássaros, agradou-me pelo título e pelo que li, folheando e me pareceu interessante. O mesmo para 

Dina Salústio, com o livro A Louca de Serrano.

Amor na Ilha e outras Paragens, de Camila Mont-Rond, que comprei e li, tem alguma graça e alguma cor local, com referência, por exemplo, à época da Independência e sequentes atitudes dos jovens, mas as vírgulas estão todas fora do sítio e não existe fio condutor da narrativa que é autobiográfica, com episódios desgarrados sobre a família. É como se fosse um livro de contos disfarçado de romance. Trata-se, contudo, de um primeiro livro.


Esta autora tem a particularidade engraçada de ter nascido num navio em viagem de Cabo Verde para Lisboa. Consta da sua certidão de nascimento a latitude a longitude do navio nesse momento.




Morabeza







Posted by Picasa
Alguns fizeram comentários, no blogue e no Facebook, dizendo que tinham saudades do Mindelo, o que me surpreendeu a princípio, pois não são de cá.
Compreendo agora que qualquer um que conheça esta terra e estas gentes poderá vir a ter saudades.
É uma gente simpática, calma e delicada.
É a Morabeza: vejo, na nota do livro que ando a ler, o seu significado. Substantivo correspondente ao adjectivo morabi, que significa amável, amorável, hospitaleiro, simpático (em crioulo).

Se entramos numa loja e ficamos à espera que nos atendam, eles também ficam à espera que digamos alguma coisa, por tempo indefinido.
O que não dá é para pedir informações a qualquer um, até porque muitos não falam português, embora os jovens já tenham tantos estudos como os jovens portugueses. Pergunto a uma menina do café, mostrando-lhe um mapa, se é possível ir ao Ilhéu dos Pássaros.
- Podes.
- Como é que se vai?
- De táxi.
- De táxi? Mas é uma ilha. No mar!
- Vais de táxi até ali - apontando no mapa - e depois sobes.
Fiquei na mesma, o que aconteceu muitas vezes. Afinal, para ir à dita ilha, era preciso pedir autorização à capitania do porto, era muito complicado.

(Na segunda foto, são todas do Mindelo, vê-se uma réplica da nossa Torre de Belém. Um mamarracho. A última é do Palácio do Governo).

sábado, janeiro 06, 2024

Mindelo

 



3 / 12 / 2023

Gosto muito do Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde. Em tempos passei aqui uma semana em que não preguei olho, porque em Cabo Verde existe o costume de tocar música toda a santa noite. E com muitos decibéis… foi uma viagem muito engraçada que partilhei no meu blogue Terra e Mundo, pois ainda não havia Facebook. Quem leu, gostou muito e vocês também podem ver, pois o blogue ainda existe. A ilha não tem muito que ver, fui a uma praia maravilhosa, nessa altura, onde umas mulheres me perguntaram se eu ia comprar bebés. Fiquei tão chocada, que nem me quero lembrar. Fiquei com a impressão de que existia um comércio com oferta e procura. Para começar, nem gosto de bebés… uma das vantagens deste cruzeiro é que as crianças estão na escola. Há só umas duas ou três… talvez do ensino doméstico.

Alguns de vocês já leram estes posts, alguns são meus amigos virtuais (outros reais) dessa época.

Link para este blogue

Porto Grande, Mindelo







 

Porto Grande, um porto que tem este rochedo no meio, cidade do Mindelo, Ilha de São Vicente, Cabo Verde.
Acho que vocês vão gostar de ler o que escrevi em tempo no blogue, creio que antes de haver Facebook e que alguns de vocês já leram. Partilho aqui, antes deste post.
Também vou por alguns destes no blogue, para poderem ser vistos ou lidos em qualquer altura. O blogue tem um sítio de pesquisa, basta escrever o que queremos.

Mindelo, os peixes, os pescadores e os gatos












Mindelo. E onde há peixe, há gato feliz!
Nos comentários surgiu um diferendo sobre aquele peixe, que é atum vermelho, o melhor, mas em vias de extinção.

domingo, agosto 26, 2007

Conselhos práticos

Falando com pessoas estrangeiras, sobretudo francesas, constato que nós não temos uma cultura de viagens, com troca de informações sobre o assunto, em parte porque só começámos a viajar por sistema há pouco tempo, em parte porque não andamos todos ao mesmo...

Vou dar aqui informaçõe~s práticas.

Quando eu voltar ao sal ficarei no hotel Odjo d'Água que é pequenino, lindíssimo, não muito caro. O restaurante desse hotel também deve ser o melhor do Sal.
Os resorts que lá existem não são grande coisa...
Tinham-me dito que só os hotéis de 5 estrelas reúnem condições de higiene e sanidade, mas é mentira. A falta de higiene não é comparável à que existe noutros países do 3º mundo.
Disseram-me muito que não bebesse água da torneira nem bebidas com gelo, mas eu bebi e tudo bem.

Quanto à Ilha de São Vicente, aparentemente a mais interessante, os melhores sítios para ficar são o resort Foya Branca e o Hotel Mindelo . Para comer, os restaurantes destes dois e o Restaurante Tradicion Morabeza e o restaurante Fornalha para o almoço.

Aconteceu-me uma coisa curiosa: tal como no Brasil não consegui comer feijoada À brasileira, também não consegui comer uma cachupa em condições. São considerados pratos parolos (em brasileiro caipiras) e não existem nos sítios para europeus.
Perguntei a todo o mundo o que fazer e indicaram-me, em Santa Maria no Sal, a pastelaria Dá Dó ao pé da padaria (aquilo é tudo perto). Comi por 2 Euros e cinquenta uma cachupa guisada, que é o que comem ao pequeno almoço.
É feita com os restos da cachupa, guisados.
Juro que era bom, melhor do que a maior parte das coisas que como no Oásis Novo Horizonte e Belorizonte, cuja comida não vale nada e não têm nada de especialmente recomendável.

sexta-feira, julho 15, 2011

Mosquitos, ou lá o que é




O pior defeito que vejo em Cabo Verde é, sempre que cá venho, ficar picada que nem um crivo por insectos invisíveis.
São tão atrasados que em vez de serem repelidos pelos repelentes de insectos, parecem ser atraído por eles.
- Ó mosquitos burros! Isto é re-pe-len-te! Percebem?
Não.
Descobri recentemente o que muita gente sabe: alguns insectos ainda são do tempo dos dinossauros.

Também estou um nadinha farta de comer inhame, mandioca, batata doce, banana verde, ou, em alternativa, fast-food. Cachupa, as melhores que comi foram em Lisboa. Aqui é raro encontrar-se, embora a metáfora para "pão", em Cabo Verde, seja catchupa. É o que comem ao pequeno almoço. Mas não nos restaurantes.
Enfim, vou hoje embora e apetece-me ir.

Mas já começo a ter saudades do Mindelo e desta gente boa.
(N.B.: Na ilha de São Vicente não há grandes problemas com insectos. Na de Santo Antão, sim.)

sábado, janeiro 06, 2024

Mindelo, Café Lisboa

 


Quando aqui estive, este café era pequenino e as mulheres ficavam debruçadas à janela do lado de fora a conversar com quem estava dentro. (Está no blogue, na viagem a São Vivente.)

Mas agora é um restaurante chique, até serve lagosta por 25 euros. E até tem Internet, que estou a usar.
As pessoas continuam a ser simpaticíssimas! O barco tem um shuttle que custa 15 euros do porto ao centro da cidade. Uns brasileiros perguntaram a um autóctone quanto custaria um táxi: dois euros, duzentos escudos de cá. Quanto tempo demora? Cinco minutos. E a pé? Também cinco minutos. Lol. Teve razão, dez minutos, talvez, também me parecia que era pertíssimo..

sábado, julho 09, 2011

Mindelo, Ilha de São Vicente: Comércio





Em todo o lado o comércio embeleza a vida das pessoas e a paisagem. Aqui, faz-se em grande parte nas ruas, pela fresca do entardecer (última foto),ou à sombra, no calor tropical.

sábado, janeiro 06, 2024

Mindelo "Torre de Belém"









 

3 de dezembro de 2023

Prontus. Quem faz um cesto, faz um cento, diz o ditado popular. Fotos de janelas e portas do museu que e uma imitação da Torre de Belém. Uma imitação tão foleira que até o alemão que foi assaltado se ri ao mencionar a Torre de Belém de Cabo Verde. Mas o museu é interessante, pequeno e bonito por dentro

Vi-me grega para fazer este post e ficou repetido, tive de apagar um que já tinha likes.

sábado, julho 09, 2011

Para Salamansa






Se alguém quer deslocar-se a locais fora da cidade do Mindelo, vai de Toyota, transporte que se chama assim porque se realiza em carrinhas Toyota. As pessoas entram e saem, têm de caber todas e a carga tem de caber em cima, se houver tejadilho, ou dentro, mas eu tenho o direito de ir à frente, ocupando dois lugares.
Os outros comentam, a rir, falando um crioulo que não entendo, mas o tom parece mais brejeiro do que agressivo. O preço é 100 Escudos, mais ou menos um Euro, para todos.
Pelo caminho, uma paisagem lunar, pontuada apenas pelos fios eléctricos, que levam a luz à terra para onde vamos.

domingo, julho 10, 2011

Cantam enquanto choram





Mindelo não é parecido com nenhum outro lugar que conheça.


Dizem que Cabo Verde, em vez de europeizar a influência africana, africanizou a influência europeia. Daí a sua originalidade.

Mas a maior originalidade é a música, que até se ouve nos funerias, em que as pessoas choram a cantar.

E cantam bem. Mas depois falo disso. Aí, com tempo.

Tem algumas estruturas turísticas, mas ainda poucas. Felizmente.

(Foto 1: escultura de William Sweetlove, à venda em galeria de arte.)