quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Provérbios nossos na Holanda

Encontrei um sítio holandês com expressões idiomáticas e provérbios portugueses, alguns que eu não conhecia, como este:

É mais velho que o azeite e vinagre

(Há algumas falhas do português, mas estão traduzidos)

Só conhecia: é mais velho do que a Sé de Braga.

O meu provérbio favorito é o seguinte:
Morra Marta, morra farta

E o seu?

Clicar aqui

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Fevereiro é um mês bom

Fevereiro é um mês bom porque nós só trabalhamos 28 dias, ganhamos 30 ou 31 e só gastamos 28. Durante 2 ou 3 dias não gastamos um cêntimo, porque esses dias não existem.
Não digam isto a ninguém, porque eu desconfio que o nosso Primeiro Ministro ainda não reparou nisso.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Dádivas

Impressionou-me muitíssimo, no filme O Grande Silêncio, o depoimento de um frade cego que agradecia muito a Deus a cegueira, por achar que era boa para a sua alma.
Dizia também que nós não precisamos de nos preocupar com nada, pois Deus dá-nos tudo aquilo de que precisarmos.
No dia seguinte, tomei um comprimido que me obriga a não me sentar nem deitar nem comer durante meia-hora. Como é aborrecido, fui a pé até às Amoreiras. Ao chegar, constatei que já podia tomar o pequeno-almoço e também que o café onde costumava tomá-lo tinha fechado.
Nesse preciso instante, uma rapariga dirigiu-se a mim para me dar um iogurte e uma colher de plástico. Comi-o com grande apetite, pensando nas palavras do frade, que, de qualquer modo me andavam na ideia.
Pouco depois vi um pedinte daqueles antigos, sem conhecimentos de marketing e sem falar inglês, de chapéu na mão e “Deus acrescente o que lhe sobra” na boca.
Será que a rapariga também lhe deu o iogurte e a colher? Pareceu-me que não… ele não é um potencial consumidor…

A realidade tem esta mania de nos cair em cima quando menos se espera…

sábado, fevereiro 17, 2007

Enfim, mudando de assuntos...

Fui ver o filme "O Grande Silêncio" e gostei muito. Pensei que me ia aborrecer, mas é muito bonito e mostra-nos uma perspectiva do mundo e da vida que não estamos habituados a ver. Valia a pena, mesmo que fosse aborrecido e não é.
Por outro lado, o que judtifica um filme destes é a actual tendência Big Brother. Eu sempre desejei saber como vivem os monges cartuxos e também tenho curiosidade sobre a vida nas cadeias. Duma certa forma, são as duas faces da mesma moeda: uma reclusão voluntária e feliz e o seu oposto.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Estado da Nação: A Cultura

A escritora Carolina Salgado é um dos muito poucos escritores portugueses que conseguem ganhar a vida com a sua obra.
Estamos sempre a tentar morder a cauda da Europa, mas vamos sempre por maus caminhos!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Resultados do referendo reverendíssimo

A interpretação dos resultados do referendo (reverendo) faz lembrar a interpretação que a Teresa Guilherme fazia dos telefonemas para o Big Brothers (peço desculpa aos meus ledores (e já amigos) estrangeiros, mas volto às questões domésticas.)
Ela dizia que tal ou tal figura tinha sido expulsa pelos "portugueses", como se não estivesse careca de saber que a maioria esmagadora da populaça não era perdida nem achada em tal coisa... e muitos acreditavam, claro...

A meu ver, o que aconteceu foi o seguinte: mais de metade da população não votou. Poder-se-ia afirmar, como antigamente se afirmava, que quem não votou não tem opinião, não sabe, não reponde, coitadinhos dos ignorantes. Mas isso era na era A.B. (antes de existirem blogs): eu fartei-me de dar aqui opiniões para explicar a razão por que me abstinha e sei que convenci alguns.

A menos de metade da população que decidiu votar dividiu-se: pouco mais de metade dessa metade votou sim, pouco menos de metade dessa metade votou não. O sim deve ter tido cerca de 25 % dos eleitores.

Como, então, explicar a alegada grande vitória do sim? Se nem houve quorum para que o sim seja vinculativo? E reparem que eu sempre disse que nunca votaria não.

Os que fingem que a abstenção não existe consideram que foi uma grande vitória dos partidos
que defenderam o voto no sim, sobretudo do PS e do governo.
Os que pensam que ganhou a abstenção e que isso tem significado (como eu, que me abstive), afirmam que foi uma grande derrota dos políticos (visto que todos se empenharam activamente), dos partidos, da política em geral e sobretudo do PS e do governo, que se esforçaram bué.

Posso fazer uma gracinha? Aí vai: Esta parte não é a sério:
Foi uma grande vitória do Cavaco Silva, que não apelou ao voto e, teoricamente, se absteve. Como eu. E como milhões de portugueses com opinião. Haverá quem não a tenha em semelhante assunto?

sábado, fevereiro 10, 2007

ESta é a minha Primavera em Fevereiro


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Violência Doméstica I

Convivi, há uns anos, com uma senhora de idade da região da Serra da Estrela, que vinha sempre passar os Invernos a Lisboa, por serem mais suaves. O marido, inválido, esse ficava lá.
Este pormenor intrigou-me: não eram gente de ter empregados, os filhos viviam todos em Lisboa...Embora vocês pensem que não, eu sou uma mulher delicada, por isso, numa das muitas vezes em que a mulher se referiu ao marido apenas perguntei:
- A Senhora deve ter sofrido muito quando o seu marido teve o acidente, não é?
- Não!
- Não?!!!!!!!
- Até pelo contrário, fiquei toda contente!
Julguei ter ouvido mal, como frequentemente acontece quando ouvimos alguma coisa que não estávamos à espera de ouvir.
- A Senhora ficou toda contente por o seu marido ter ficado entrevado?!!!!
- Claro, ele batia-me muito quando era são! Mas agora é ele quem as amarga. E bem! E bem!

Juro que esta história é verdadeira.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O Reverendo Referendo

Existe, na obra Os Maias, um gato chamado Reverendo Bonifácio. Aparece só no princípio e já é velho. Há uns anos saiu no exame do 12º ano esse texto. Inúmeros alunos pensaram que o gato era um bispo e chamaram-lhe Referendo Bonifácio. Isto quer dizer alguma coisa, ou talvez várias...
Vem isto a propósito.
Pela 1ª vez desde que me lembro (não falo dos tempos do Camilo Castelo Branco), trava-se na sociedade portuguesa um debate em que uma das partes não faz figura de idiota e a outra de culta e arrogante - a sabedoria contra a ignorância.
Da outra vez, os argumentos do não eram ridículos, agora sáo de longe os melhores. Ganharam o debate. Creio que vão ganhar o referendo. E os do sim subiram de nível, também.
tudo estaria no melhor dos mundos possíveis , não fosse o carácter completamente obsoleto e descabido, ou seja, demagógico do referido reverendo referendo e a hipocrisia que manifesta. De facto, vivemos, em Portugal, uma época de endeusamento das crianças. Mas só de algumas.
Sempre que vejo alguém com um bebé, coloco logo um sorriso idiota, para imitar os que me rodeiam. se eu fosse simp´ática, além disso dar-lhe-ia muitos beijinhos, cheirava-o, lambia-o, dizia que perdia a cabeça sempre que vejo um, como vejo muita gente fazer à minha volta. E que sempre me pareceu esquisitíssimo.
um dia, num café, peguei numa ciganinha muito suja ao colo, para lhe dar metade4 do meu bolo. Disseram-me logo: "Cuidado, que a menina deve ter piolhos!", ao que respondi: "A meu ver, tu tens defeitos piores." mal a coloquei no chão, o empregado correu com a menina pela porta fora, muito agressivamente. Fiquei a saber que uma ciganinha imunda não é uma criança como as outras nem merece sorrisos idiotas e declarações de afecto. Mesmo que ande sozinha, a pedir.

Enfim, não posso votar. Não posso votar não por coerência, não consigo votar sim. Já me custou muito da outra vez e chega. O Graça Moura vota branco, eu abstenho-me, pois votar é concordar com o referendo.

Outro pormenor muito curioso: embora eu fale diariamente com pessoas que me são próximas em termos ideológicos, nunca ninguém se refere ao referendo. Nem mesmo as pessoas que lêem estes meus blogues. Também quer dizer alguma coisa, não quer?

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Estupor

Estupor, s. m. entorpecimento das faculdades intelectuais; assombro; pasmo; in Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora ...

domingo, fevereiro 04, 2007

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Mar e Marinheiros: Passatempo

Todos nós usamos tantas expressões idiomáticas e tantos provérbios relacionados com o mar, como se fôssemos experimentados e velhos marinheiros. Não somos, mas herdámos dos que foram estas frases todas.


Vamos fazer aqui uma lista. Espero a vossa colaboração.


Há mais marés que marinheiros.
Foi tudo por água abaixo. (Tem como referência os naufrágios, mas aplica-se a tudo)
Quem foi ao mar, perdeu o lugar.
Há mar e mar, há ir e voltar.
Estou em maré de sorte... (ou o contrário)


etc. hoje não estou inspirada, mas pode ser que vocês estejam


E mais:


Quem vai ao mar avia-se em terra (contribuição da anónima Inteb).


E Mais:
Nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Pela boca morre o peixe
Filho de peixe sabe nadar
Tudo o que vem à rede é peixe (ou o contrário).
Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura.
Pássaros do mar em terra, sinal de vendaval.
Quanto maior é a nau, maior a tormenta
Quem nada não se afoga.
Vermelho para a serra, chuva na terra; vermelho para o mar, calor de rachar.
Nem tudo é um mar de rosas
Mais vale andar no mar alto, que nas bocas do mundo- (será provérbio?)
Arco-íris contra a serra, chuva na terra; arco-íris contra o mar, tira os bois e põe-te a lavrar ...
Mais pessoas se afogam no copo do que no mar - (será provérbio?)
Se o mar fosse de vinho, todo o mundo seria marinheiro (será provérbio?)
Gaivotas em terrra, tempestade no mar.
Marinheiro de água doce.
Lançar a âncora.
Águas mansas não fazem bons marinheiros.

terça-feira, janeiro 23, 2007

O Bicho da Gripe ou O Deflucho: Conto Popular

Este é mais um dos contos populares que ouvi na região de Entre-Douro e Minho, ou Douro Litoral.
Este foi contado pelo meu avô – no meu tempo chamou-lhe bicho da gripe, noutro tempo anterior chamou-lhe deflucho, mas creio que se refere ao vírus da gripe. Não conheço outro conto tradicional que se assemelhe a este.
É assim:


Uma vez, o bicho da gripe ia da aldeia para a cidade e encontrou uma aranha que vinha da cidade para a aldeia.
- Ó aranha, tu para ondes vais?
- Vou viver para a aldeia.
- E porquê?
- Porque na cidade andam sempre a limpar as casas, todos os dias me escangalham a teia e eu tenho que fazer outra nova.
Ao menos, na aldeia, só limpam a casa uma vez por ano, na Quaresma, e eu posso ficar com a minha teia o ano todo, uma teia grande, enorme…
E tu, bicho da gripe, para onde vais tu?
- Eu cá, vou-me mudar de vez para a cidade.
- E porquê, bicho da gripe (deflucho)?
- Eu, quando dou em alguma pessoa, cá na aldeia, ela mete-se à chuva, ao vento, a trabalhar como uma negra, trata-me mal… mata-me!
- Então e na cidade?
- Na cidade é que eu estou bem: metem-me na cama, no quentinho, muito agasalhadino, dão-me leite e mel, chazinhos, lá é que eu estou bem!


Moral da história: as pessoas da cidade são mais doentes do que as do campo porque tratam bem as doenças: os vírus, as bactérias, os bichos da gripe, os defluchos… mas tratam mal as aranhas.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Hits

Constato com surpresa que os sítios mais visitados deste blog são: o dos gatos malteses, o do conto popular o ancinho e, mais estranho ainda, o da fotografia de umas flores, que tirei no Verão, perto da Avenida de Roma.

Sendo assim, aqui vai mais um conto popular. Nunca me teria passado pela cabeça escrevê-los antes de ter um blogue, não um qualquer, mas este.

Duas cabras: activismo online III

Filhas:

Em vez de andarmos por aí a dar os trocados da carteira a uns rapazitos que até falam Inglês e entendem de marketing, mais vale juntarmos os trocados de vários dias e oferecermos uma ou duas cabras a uma família do Ruanda.
Já vi que vocês se estão a rir, achando que estou a gozar, mas eu nem sou de fazer isso… é a sério!

Conhecem aquela história, de que, em vez de dar um peixe, mais vale dar uma cana de pesca e um curso intensivo de como pescar? Bem, isso só não dá certo quando apanhamos com a cana na cabeça e ficamos sem os peixes, sem a carteira, etc… o que não é o caso.
Por pouco dinheiro, dá-se duas cabras a uma família do Ruanda, e há quem a ensine a rentabilizá-las: elas dão leite, queijo, mais cabras, etc… também lhes podem chamar um figo, mas isso já não é problema nosso. Custam cerca de 50 Euros, cada uma.
Se não acreditam em mim, cliquem aqui: cabra diz-se goat em inglês.

domingo, janeiro 21, 2007

Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)

Rias

O caminhar pela areia sem caminho,
indo ao sabor dos recortes e marinhas.

Ao sul ou norte de um país marítimo,
era um tempo passageiro esse
do caminhar pela areia sem caminho.

Baixa se estendia a água.
Deitada no chão, a sombra era bebida
por essa água pouca, areia ávida.



Fiama Hasse Pais Brandão

(1938-2007)