domingo, abril 29, 2018

The Terror e a Passagem do Noroeste






Anda a dar na televisão uma serie intitulada The Terror sobre este navio que naufragou em Lisboa e depois disso procurou uma passagem entre América, Europa e Ásia pelo Ártico, a Passagem do Noroeste

Tema muito atual, já que, com o aquecimento global, a passagem é hoje uma alternativa ao canal do Panamá e ao canal do canal do Suez. AMC HD.



VER AQUI


Aqui, informação sobre a Passagem do Noroeste

Acabou por ser atravessada em primeiro lugar por um piloto português, João Martins, ao serviço das Filipinas, em 1588.


"Em 1500, o Rei D. Manuel I de Portugal terá enviado Gaspar Corte-Real à descoberta de terras e de uma "Passagem noroeste para a Ásia". Corte-real chegou à Groenlândia pensando ser a Ásia, mas não desembarcou. Numa segunda viagem à Groenlândia em 1501, com o seu irmão Miguel Corte-Real em três caravelas. Encontrando o mar gelado, mudaram e rumo para Sul, chegando a terra, que se pensa ter sido Labrador e Terra Nova.
Em 1588, durante uma viagem do governador das FilipinasD. Lorenzo Ferrer Maldonado, o piloto português João Martins conseguiu aquela que foi a primeira conquista da Passagem Noroeste, descobrindo também o que mais tarde se viria a chamar Estreito de Bering."

domingo, abril 15, 2018

O Naufrágio, obra de Tagore

O escritor indiano Tagore é um dos maiores poetas indianos, mas também tem romances.

O Naufrágio labora com o facto de que os indianos se casam sem verem a pessoa com quem casam, a não ser por um breve momento durante a cerimónia. Mas nesse momento em que podem olhar um para o outro, alguns , muitos, poderão não olhar, seja por pudor, seja por medo. Medo de ver a pessoa com quem casaram...


O Naufrágio cria seguinte situação: após o casamento, os noivos embarcam num navio, navegando pelo rio Ganges. Uma tempestade provoca o naufrágio e poucos sobrevivem.

Um casal sobrevive, salvando um rapariga que julga ser a sua esposa, mas dá-se conta mais tarde de que rapariga casou com outro, que talvez se tenha afogado...

Vivo ou morto, a esposa tenta amar e ama o marido que lhe foi destinado, pois assim aprendeu a fazer...

Rabindranath Tagore



Poesias de Tagore, declamadas em Português do Barsil. A religião mencionada é o Hinduísmo, cujo Deus principal é Lord Shiva.


Se todos fossemos perfeitos, segundo o Dalai Lama... não existiríamos na terra


Ao ler a autobiografia da irmã do Dalai Lama, descobri uma resposta possível para milhões de perguntas (existenciais) que temos feito, talvez muitas variantes da mesma. O Budismo considera que reencarnamos enquanto formos imperfeitos, sendo possível melhorarmos até à perfeição, deixando depois de reencarnar. 

Quando a irmã do Dalai Lama se queixa dos defeitos dos adultos e da sua falta de sensibilidade para com as crianças, o Dalai Lama responde que:

"Se todos fossemos perfeitos, a nossa existência não teria justificação e não haveria lugar para nós neste mundo".

VER AQUI o livro NA AMAZON

A obra intitula-se Tibet: my story e é da autoria de Jetsun Pema (Sister of the Dalai Lama)

quinta-feira, abril 12, 2018

Autobiografia de uma das irmãs do Dalai Lama





Este livro é a autobiografia de uma das irmãs do Dalai Lama. Teve mais dois irmãos reconhecidos como reencarnacoes de importantes personagens do budismo tibetano.
A mãe teve 14 filhos, mas muitos morreram, ainda crianças.

Vida aventurosa, difícil, mas muito marcada pelo dever. 
O dever de manter viva a cultura tibetana, o Budismo tibetano, o próprio conceito de Tibete como nação.
E sobretudo a missão que lhe foi confiada, de criar e educar milhares de crianças tibetanas, maioritariamente órfãs, numa Índia que os acolheu, com recursos fornecidos pela caridade mundial e pelo própria Índia, tão depressa amiga como inimiga. Tudo contado com alguma modéstia, própria da educação que recebeu, uma menina que sempre tratou o irmão por "Vossa Santidade".
Imaginemos uma família "normal" a ser informada que um dos filhos é Sua Santidade O Dalai Lama e o mais novo é uma outra pessoa importantíssima, (já o terceiro)...

E a saga continua.


Também interessante por descrever e narrar as tradições do Tibete.


terça-feira, abril 10, 2018

Lisboa no centro da primeira era da Globalização





Análise do quadro Chafariz do Rei como Lisboa no centro da primeira era da Globalização.
"Lisboa parece uma capital do século XX."
Uma cidade cosmopolita. Tem escravos negros, escravos brancos, mas também tem um cavaleiro negro.
Ver o Vídeo da BBC.

Sempre nos queixámos de não darem importância a Portugal, de não lhe reconhecerem os méritos. 

Tudo mudou.

sexta-feira, março 30, 2018

Feliz Páscoa



A Nadinha e o Blogue Terra e Mundo (o título original, que se vê no URL, chocava algumas pessoas) desejam, aos seus leitores e seguidores, uma Páscoa Feliz, com felizes navegações..

Navegar por novas impressões, que recordam vagamente as sensações da infância...
Amêndoas, cabrito, jejum, missa pascal, visita pascal, compasso...

Recordação dos canto de muitos pássaros, ninhos, voos, enfim, a primavera em flor e em pássaros...
(Aqui, no hemisfério norte)
Nem sempre com um clima igualmente amável, às vezes mais frio, mais chuva, outras vezes a delícia de novos prazeres que se sentem no corpo. Mas sempre em festa!

(Imagem retirada da net de Ovo de Fabergé)

quinta-feira, março 29, 2018

Os descobridores que não descobriram nada. E os outros


Amerigo Vespucci não descobriu a América, mas é por causa dele que a America se chama assim. Ele apenas escreveu umas cartas em que descrevia o novo mundo, gabando-se muito de ter liderado as expedições de descoberta, tendo apenas navegado como subalterno em navios portugueses e espanhóis. Como na altura acreditaram que tinha descoberto um continente novo, chamaram a essa terra América! Vejam bem o poder da escrita! As cartas foram publicadas como livro e divulgadas pela Europa.

Abel Tasman não descobriu a Nova Zelândia, nem a Austrália, foi o Capitão Cook (
muito desconhecido dos portugueses) que as descobriu, de acordo com a versão oficial da História, ou então foram os portugueses (mais provavelmente). Mas Tasman ficou com fama de ter descoberto a Nova Zelândia e deu o nome à ilha da ...Tasmânia! Que parece um nome tão exótico!!!

Há um facto novo: "os espanhóis" publicaram um livro, que distribuíram gratuitamente entre os estudantes da Nova Zelândia.
O autor é neozelandês e defende que foram os portugueses os primeiros a chegar lá, logo seguidos do espanhóis. 
Apesar de terem chegado, alegadamente, em segundo lugar, os espanhóis chegaram primeiro agora, com o livro e com as notícias de jornal, que, com uma ligeira distorção da narrativa histórica, os coloca a chegar primeiro. E nós, portugueses, feitos bobos da corte, muito calados e sossegados!

É preciso que se note este detalhe, que leva os australianos e demais povos a não gostarem de terem sido descobertos pelo ingleses e quejandos (segundo, ainda, aversão oficial) : a Austrália começou como colónia penal para desterro de  criminosos ingleses, o que não é motivo de orgulho para os autóctones. Como se vê aqui:


 VER aqui, artigo de opinião do DN, sobre este assunto recente do livro espanhol:

Sempre nos Antípodas 

PS.: Quando, há dois anos, em Roma, procurei as cartas de Ameigo Vespucci, não as encontrei por não estarem publicadas, o que é surpreendente. 



Olhe, eu tenho um livro, mas é um livro de receitas de cozinha...


-

- Olhe, explique-me como é que eu faço para levar um livro destes.
- Traga um dos seus e leve um destes
- Pode ser um qualquer?
- Sim.
- Sabe, eu tenho um livro.
- Ai tem?
- Tenho, tenho. Mas é um livro de receitas de cozinha.
- Ai sim?
- Sim, sim. Acha que serve para eu trazer?
- Serve.
- E eu posso trazer um livro de receitas de cozinha e levar um desses?
- Pode. Muita gente gosta de livros de culinária. Mas também pode não trazer nenhum. Leva um destes e depois devolve.
- E se eu levar livros e não trouxer nenhum?
- Pode levar vários livros e não trazer nenhum. Mas se todo fizerem assim, isto deixa de ter livros.
- Ah1 e quem é que controla isto?
- Ninguém controla.
- Então adeus. Eu vou pensar!


Oh, quem me dera ter em casa apenas um livro. E que fosse um livro de receitas de cozinha.

Bem, de cada vez que vou a esta cabine e vou muitas vezes, encontro sempre livros novos interessantes. Inesperados e invulgares.

sexta-feira, março 16, 2018

Estamos a precisar de um Eça de Queirós, um daqueles muito chatos!

Se Eça de Queirós exagerou na critica à sociedade portuguesa, elogiando sempre muitíssimo, por contraste, qualquer criatura ou qualquer evento inglês, nem mesmo esse escritor teria sido capaz de inventar histórias como esta.

Enquanto uns portugueses dão do pouco que têm para ajudar as vítimas dos incêndios, outros, não poucos, tentam aproveitar-se da tragédia para ganharem um dinheirinho.

Como a minha mãe dizia, são o Xico Lamúrias. O Xico Lamúrias fica sempre a ganhar sobre os estóicos...
Não ter dizer que não aconteça noutros países, mas se calhar há penas mais pesadas em alguns para quem se arma em mártir, nestes casos.

Ver esta notícia

"Segundo fonte do ministério, na maioria dos casos, estão em causa as candidaturas para quem sofreu prejuízos entre os mil e os cinco mil euros. Uma das situações mais comuns detectadas, por exemplo, foi a apresentação da mesma candidatura, para o mesmo terreno, por diferentes titulares e/ou a diferentes medidas.
Além disso, houve também quem declarasse danos em construções que já se encontravam abandonadas ou em ruínas antes da ocorrência dos incêndios e que registrasse danos superiores aos realmente sofridos."

Chatos, neste caso, não por ser maçador, que não é nada, mas por ser excessivo na crítica.


domingo, março 11, 2018

Côco é bom, mas, bem...



Na lojinha de nepaleses onde o comprei, garantiram-me que era mesmo muito fácil abrir este coco, a delicada senhora nepalesa e o reformado veterano português da Guiné que costuma estar lá, sentado na cadeira de alto espaldar reservada aos clientes que queiram conversar. Era dar-lhe com uma grande faca, como esta que já ia para o lixo. Com uma machadinha, que não tenho. Bater com ele numa esquina, etc. Já estraguei várias coisas, já quase espatifei vários azulejos, já quebrei várias esquinas, mas o côco continua assim 🙂 Oh!
- Era só apanhar uma pedra do chão e bater-lhe com ela. Quando estávamos na Guiné - diz o veterano.
- Bater-lhe com a pedra, pois, mas... em cima de quê?
- No chão.
- No chão de quê?



Depois de fazer um golpe na mão, de praticamente ter escaqueirado vários azulejos, de ter estragado a pintura de várias esquinas da casa e de ter amolgado mesmo o alumínio da banca, eis o côco, partido e aberto.
Ficou caríssimo!!!
Mas como é que se come isto? À dentada?

quinta-feira, março 08, 2018

Dia da Mulher e Natália Correia



No dia internacional da mulher, recordo pessoalmente Natália Correia, que conheci com esta aparência, já no fim dos seus dias. Casada 4 vezes com homens (o 4º marido julgava ser o terceiro), era vulgar dizerem que era lésbica, que não gostava de homens, porque considerava as mulheres superiores aos homens. 

Ciao, Natália!

"Acho que a missão da mulher é assombrar, espantar. Se a mulher não espanta... De resto, não é só a mulher, todos os seres humanos têm que deslumbrar os seus semelhantes para serem um acontecimento. Temos que ser um acontecimento uns para os outros. Então a pessoa tem que fazer o possível para deslumbrar o seu semelhante, para que a vida seja um motivo de deslumbramento. Se chama a isso sedução, cumpri aquilo que me era forçoso fazer. 

Natália Correia, in Entrevista '(1983)' "

Dia Internacional da Mulher: recordar e esquecer



No dia Internacional da Mulher, 8 de março, recordar as que nos precederam na luta pelos direitos, como estas duas senhoras que reclamavam o direito ao voto, esquecer que houve um tempo em que as mulheres nem se queixavam, ou em que erra necessário queixarem-se de pequenas coisas como esta.

Ou de pequenas coisas como terem o direito de não serem vítimas de violência, doméstica ou outra. 

Quando esquecermos porque nos parece impossível ter havido tempos tão atrasados...

quarta-feira, março 07, 2018

O que é que se passa em Itália?



Não sei. Mas este artigo de opinião do Jornal Público esclarece alguma coisa, parecendo compreender Itália, que adoro.

Vejam AQUI

Itália: museu ou laboratório?

Citando:


"Olvida-se, porém, que a Itália não é só museu, é outrossim laboratório. Foi experimento bem cedo na emergência das propriedades do Estado moderno nas suas múltiplas “repúblicas” (e aí está o Príncipe de Maquiavel para o atestar). Mas também e seguramente na difusão do nacionalismo e na aspiração da unificação: quem se esqueceu do papel de Mazzini? Foi assim com o advento das ideias fascistas e de Mussolini no início do século XX. Assim foi com o lugar único e irrepetível do Partido Comunista italiano nos quarenta anos do pós-guerra. E nem a lógica de actuação das Brigadas Vermelhas e dos seus antagonistas deixou de estar com o ar do tempo. Pensando no fenómeno Trump, basta evocar o triângulo “empresa-comunicação-política” armado por Berlusconi.

Que fique claro: na inovação política, a Itália não pede meças a ninguém. A condescendência dos congéneres europeus não tem sentido algum: poucos países dispõem de um ambiente cultural e académico tão rico e informado, com um debate tão completo e complexo. É algo que não transparece para a esfera pública e se ignora fartamente, mas atesta a sentença de Galileu: eppur se muove. Não pode, por isso, espantar que, para o bem e para o mal, a Itália tome a dianteira em algumas experiências."

sexta-feira, março 02, 2018

Pobres dos pobres

Eu sempre o soube e sempre o disse, mas a sociedade portuguesa anda a dormir: as pessoas carenciadas, seja económica, psicológica ou socialmente, não têm qualquer poder de reivindicação para exigirem os seus direitos. A honestidade é mais consistente quando se tem medo das consequências.

Descobre-se agora tanta desonestidade nas organizações de "caridade", encoberta até agora pela massa acrítica do povo português
Caridade, sobretudo, para os chefes das organizações... que são os mais beneficiados.
E ficamos muito tristes ao lermos, nas notícias, os nomes, aparentemente ingénuos das organizações: o Sonho, a Joaninha os Pirilampos...

Ver aqui, por exemplo

Não é só a gestão da 'O Sonho' que está sob suspeita. Também as IPSS 'Os “Pirilampos' e 'A Joaninha' estão a ser investigadas


Recordando outra vez Guerra Junqueiro e a romântica miséria


OS POBREZINHOS

Pobres de pobres são pobrezinhos,
Almas sem lares, aves sem ninho...

Passam em bandos, em alcateias,
Pelas herdades, pelas aldeias.

É em Novembro, rugem procelas...
Deus nos acuda, nos livre delas!

Vêm por desertos, por estevais,
Mantas aos ombros, grandes bornais.

Como farrapos, coisas sombrias,
Trapos levados nas ventanias...

Filhos de Cristo, filhos de Adão,
Buscam no mundo côdeas de pão!

Há-os ceguinhos, em treva densa,
D’olhos fechados desde nascença

Há-os com f’ridas esburacadas,
Roxas de lírios, já gangrenadas.

Uns de voz rouca, grandes bordões,
Quem sabe lá se serão ladrões!...

Outros humildes, riso magoado,
Lembram Jesus que ande disfarçado...

Enjeitadinhos, rotos, sem pão,
Tremem maleitas d’olhos no chão...

Campos e vinhas!... hortas com flores!...
Ai, que ditosos os lavradores!

Olha, fumegam tectos e lares...
Fumo tão lindo!... branco nos ares!...

Batem às portas, erguem-se as mães,
Choram meninos, ladram os cães...

Rezam e cantam, levam a esmola,
Vinho no bucho, pão na sacola.

Fruto da horta, caldo ou toucinho,
Dão sempre os pobres a um pobrezinho.

Um que tem chagas, velho coitado,
Quer ligaduras ou mel-rosado.

Outro, promessa feita a Maria,
Deitam-lhe azeite na almotolia.

Pelos alpendres, pelos currais,
Dormem deitados como animais.

Em caravanas, em alcateias,
Vão por herdades, vão por aldeias...

Sabem cantigas, oraçõezinhas,
Contos d’estrelas, rei e rainhas....

Choram cantando, penam rezando,
Ai, só a morte sabe até quando!

Mas no outro mundo Deus lhes prepara
Leito o mais alvo, ceia a mais rara...

Os pés doridos lhos lavarão
Santos e santas, com devoção!

Para lavá-los perfumaria
Em gomil d’ouro, d’ouro a bacia,

E embalsamados, transfigurados,
Túnicas brancas, como em noivados,

Viverão sempre na eterna luz
Pobres benditos, amem, Jesus!...


In "Os Simples"

Guerra Junqueiro
1850 – 1923