A religião é, simultaneamente, o melhor e o pior que a Índia tem para oferecer. A Índia exporta religiões, misticismos e espiritualidades que são a principal ameaça à religião católica e outras cristãs.
Talvez porque leva a sério o espírito religioso, ao contrário da nossa civilização, que o submeteu às políticas, aos interesses, aos materialismos...
Chega a ser paradoxal assistir a um culto em que homens e mulheres se rojam pelo chão, às vezes chorando, na presença destas figuras, que, neste caso, têm enormes dimensões, impondo-se pela sua grandeza física. E também pela sua estranheza.
Não, para eles, o homem não é semelhante a Deus e Deus não se assemelha ao homem.
Creio que é esta a grande novidade dum país tão velho e tão tradicionalista. Foi, pelo menos, a grande novidade para mim.
Quem quer um Deus parecido com o homem?
Estas imagens são da religião hindu, maioritária com 80 % de crentes: representam os deuses Vishnu e Hanumani.
Também foi neste país que nasceu o Ioga e o Budismo, decorrente do Ioga, estes realmente exportados para o Ocidente.
Se, por um lado, somos surpreendidos por esta iconografia de deuses, muito teatral e mesmo muito cinéfila, por outro lado, o Budismo, o Bramanismo e o Jainismo não consideram haver necessidade de um deus como figura central. O espírito do Universo é espírito. Comum a todos os seres do universo.
Há também Muçulmanos, Siques, e, claro, católicos.
Tolerância religiosa? Sim, a um nível que nos é inimaginável. Mas também conflitos e crimes com motivo religioso, a um nível que podemos imaginar, porque conhecemos bem. Da nossa história.