Já me tinham avisado, mas é claro que eu não acreditei.
Disseram-me que quando pedimos o orçamento para uma obra em casa e depois mandamos acrescentar algum extra, por pequeno que seja, o preço aumenta logo para o dobro. E as pessoas pagam.
Embora eu não tenha acreditado, a amiga que me disse isto só se enganou em duas coisas:
1º- o preço aumentou, não para o dobro mas sim para o triplo, por uma coisita de nada que pedi.
2º- É claro que não paguei.
Hoje, finalmente, entendi-me com o empreiteiro, pagando cerca de metade do que me pediu.
Ficámos tão felizes e amigos para sempre, que o senhor até fez questão de que eu fosse ver uma remodelação que fez numa casa vizinha, e eu fui. Estava realmente muito bonita.
Só não entendo por que razão as pessoas pagam tudo o que lhes pedem...
Parecia aqueles vendedores que vi em Marrocos e na Tunísia: pedem uma exorbitância e ficam muito felizes com pouco... mas desses eu tenho pena, porque são pobres e às vezes dou mesmo o que pedem.
Só não tive pena de um taxista em Casablanca que me pediu 100 euros para ir da zona do porto em que estava o navio até ao centro da cidade, num carro completamente desconjuntado. Eram uns 2 minutos de caminho e aceitou fazê-lo por 5 Euros.
Convenhamos: aqui em Lisboa não custava mais de 3 e a vida lá não é tão cara.
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
quarta-feira, setembro 17, 2008
segunda-feira, setembro 15, 2008
Louros
Estas imensas ávores são loureiros das Índias, que o mesmo é dizer, da América. Há aqui muitos loureiros, mas estes ficam enormes.
sábado, setembro 13, 2008
Tempo de Renovação
Estamos em tempo de renovação.
Meditemos sobre a mudança que queremos.
A mutação é inevitável sempre.
Ou mudamos como queremos ou mudamos de outra maneira qualquer.
Meditemos sobre a mudança que queremos.
A mutação é inevitável sempre.
Ou mudamos como queremos ou mudamos de outra maneira qualquer.
quinta-feira, setembro 11, 2008
Caçar com gato
Gosto de alguns ditados populares, sobretudo dos mais absurdos como este:
"Quem não tem cão, caça com gato".
Imaginem caçar com um gato, que não vai atrás das pessoas para lado nenhum e que não faz nada que lhe mandem...
Mas foi o que me aconteceu. Como a minha máquina fotográfica pifou, fui buscar uma velha.
A velha não é velha, tem três anos, é equivalente à nova, mas que diferença! Nem tem cartão de memória... e é só comparar as fotos de uma e outra...
Conclusão: as coisas ficam velhas em 3 anos.
Outra conclusão:
"Quem não tem cão, caça com gato".
"Quem não tem cão, caça com gato".
Imaginem caçar com um gato, que não vai atrás das pessoas para lado nenhum e que não faz nada que lhe mandem...
Mas foi o que me aconteceu. Como a minha máquina fotográfica pifou, fui buscar uma velha.
A velha não é velha, tem três anos, é equivalente à nova, mas que diferença! Nem tem cartão de memória... e é só comparar as fotos de uma e outra...
Conclusão: as coisas ficam velhas em 3 anos.
Outra conclusão:
"Quem não tem cão, caça com gato".
terça-feira, setembro 09, 2008
Terra Imunda
Uma das minhas amigas Marias enviou-me por email este texto de Guerra Junqueiro sobre Portugal. Resolvi colocá-lo aqui para vocês me dizerem se tudo mudou desde 1886 até ao século XXI.
" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..." Guerra Junqueiro escrito em 1886
" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..." Guerra Junqueiro escrito em 1886
sábado, setembro 06, 2008
quinta-feira, setembro 04, 2008
Negócios islâmicos
O Activo Banco 7 envia todas as semanas aos clientes uma newsletter muito interessante, com informações sobre economia e finança.
Vejam isto, sobre a lei islâmica, que proibe inúmeros investimentos e negócios.
Segundo a "Sharia" o dinheiro não pode gerar dinheiro, logo a cobrança de juros é considerada usura.
É proibido ("haram") investir na comercialização e produção de bebidas alcoólicas, tabaco, derivados de carne de porco, armamento, produtos financeiros convencionais, seguros e na generalidade das indústrias de lazer (actividades de jogo, hotéis, restaurantes, cinema e música, entre outros).
As empresas com um endividamento superior a 33,33% do total de activos ou da sua capitalização bolsista actual, não podem beneficiar dos serviços de um banco islâmico, nem são passíveis de investimento.
E portanto, há produtos financeiros próprios para quem quiser cumprir estas e outras leis da "Sharia" (lei que regula a vida privada, publica e financeira dos muçulmanos).
Vejam isto, sobre a lei islâmica, que proibe inúmeros investimentos e negócios.
Segundo a "Sharia" o dinheiro não pode gerar dinheiro, logo a cobrança de juros é considerada usura.
É proibido ("haram") investir na comercialização e produção de bebidas alcoólicas, tabaco, derivados de carne de porco, armamento, produtos financeiros convencionais, seguros e na generalidade das indústrias de lazer (actividades de jogo, hotéis, restaurantes, cinema e música, entre outros).
As empresas com um endividamento superior a 33,33% do total de activos ou da sua capitalização bolsista actual, não podem beneficiar dos serviços de um banco islâmico, nem são passíveis de investimento.
E portanto, há produtos financeiros próprios para quem quiser cumprir estas e outras leis da "Sharia" (lei que regula a vida privada, publica e financeira dos muçulmanos).
quarta-feira, setembro 03, 2008
Nefertiti
Ando a ler agora um livro, um romance histórico sobre Nefertiti e o rei Akhenaton.
Sei que já vi um filme sobre isto e até me parece que fosse antigo, talvez com a Sofia Loren? Se alguém se lembrar, agradeço que diga. Lembro-me bem da cerimónia dos mortos, retirada do livro dos mortos do Egipto antigo, um óptimo momento de cinema.
Quanto ao livro, lê-se com agrado, se ignorarmos que todos tomam banho todos os dias, escrevem em papiros tudo o que lhes vem à cabeça, amarrotam os papiros e deitam-nos ao lixo de cada vez que a mensagem lhes desagrada, enfim, o que vos tenho dito como defeitos do romance histórico.
Cada vez mais me convenço que o romance histórico não é literatura, como li num artigo cujo autor não fixei, mas que parece corresponder a uma teoria actual.
Será uma espécie de reportagem histórica, que poderá ser quase exacta na "pior das hipóteses" e delirante na melhor, ou seja, naquela versão que todos queremos ler.
E todos fazem massagens, só falta limparem o traseiro a papiros e usarem telemóvel, mas esta última também existe sob a forma de bola de cristal, ou algo mágico que faça as vezes da televisão e do telemóvel.
Como vêem, regressei. Mas ainda não definitivamente.
Sei que já vi um filme sobre isto e até me parece que fosse antigo, talvez com a Sofia Loren? Se alguém se lembrar, agradeço que diga. Lembro-me bem da cerimónia dos mortos, retirada do livro dos mortos do Egipto antigo, um óptimo momento de cinema.
Quanto ao livro, lê-se com agrado, se ignorarmos que todos tomam banho todos os dias, escrevem em papiros tudo o que lhes vem à cabeça, amarrotam os papiros e deitam-nos ao lixo de cada vez que a mensagem lhes desagrada, enfim, o que vos tenho dito como defeitos do romance histórico.
Cada vez mais me convenço que o romance histórico não é literatura, como li num artigo cujo autor não fixei, mas que parece corresponder a uma teoria actual.
Será uma espécie de reportagem histórica, que poderá ser quase exacta na "pior das hipóteses" e delirante na melhor, ou seja, naquela versão que todos queremos ler.
E todos fazem massagens, só falta limparem o traseiro a papiros e usarem telemóvel, mas esta última também existe sob a forma de bola de cristal, ou algo mágico que faça as vezes da televisão e do telemóvel.
Como vêem, regressei. Mas ainda não definitivamente.
quarta-feira, agosto 27, 2008
Gigos
terça-feira, agosto 26, 2008
sexta-feira, agosto 22, 2008
Feira
quinta-feira, agosto 21, 2008
Ainda a Boneca da Montra: Concurso
Ocorreram-me outras conclusões para a história da Boneca da Montra, dentro dos finais infelizes.
Terror:
Um dia, a menina foi ao aniversário da pior inimiga e um dos presentes que ofereceram à aniversariante foi a Boneca da Montra. Ainda por cima, a pior inimiga não ligou nenhuma à boneca, porque tinha outras maiores. Que horror!!!!!!!!!!
Suspense:
Oferecem à menina a Boneca da Montra, mas como era muito cara, não a deixam brincar com ela. Põem-na em cima do guarda-roupa da menina, que está proibida de trepar ao guarda-roupa, ou mesmo de lhe tocar, para não a estragar.
A menina continua a olhar para a Boneca da Montra como se a Boneca estivesse na montra.
Concurso:
Invente você outros finais, felizes ou infelizes para a Boneca da Montra.
Candidate-se! Incríveis prémios! (Eu não disse que eram bons...)
Terror:
Um dia, a menina foi ao aniversário da pior inimiga e um dos presentes que ofereceram à aniversariante foi a Boneca da Montra. Ainda por cima, a pior inimiga não ligou nenhuma à boneca, porque tinha outras maiores. Que horror!!!!!!!!!!
Suspense:
Oferecem à menina a Boneca da Montra, mas como era muito cara, não a deixam brincar com ela. Põem-na em cima do guarda-roupa da menina, que está proibida de trepar ao guarda-roupa, ou mesmo de lhe tocar, para não a estragar.
A menina continua a olhar para a Boneca da Montra como se a Boneca estivesse na montra.
Concurso:
Invente você outros finais, felizes ou infelizes para a Boneca da Montra.
Candidate-se! Incríveis prémios! (Eu não disse que eram bons...)
terça-feira, agosto 19, 2008
Lembra-se da Boneca da Montra?
A história era assim:
A menina passava sempre por aquela loja para ver a boneca da montra. Mesmo que tivesse que percorrer um caminho muito mais longo, todos os dias, para ir para a escola, ou que inventar algum pretexto para a levarem por aquela rua.
Os finais da história são variados:
Final mau: um dia, a menina olha para a montra e não vê a boneca, que foi vendida e não há outra igual (no mundo).
Final pior: um dia, a menina passa no mesmo sítio, mas não vê a boneca, nem a montra, nem a loja nem a rua, que já não existem: explicações: ou passou demasiado tempo, ou houve uma guerra, um terramoto, ou então a história é filosófica...
Final ainda muito pior: um dia oferecem à menina, como grande surpresa, embrulhada num papel bonito, com um laço bonito, dentro de uma caixa bonita, a boneca que estava na montra ao lado daquela, ou a que estava na montra da loja do lado. Porque é este final muito pior? Porque é o normal.
Final bom: um dia oferecem à menina, como grande surpresa, embrulhada num papel bonito, com um laço bonito, dentro de uma caixa bonita, a boneca da montra.
Final que não vem nas histórias: um dia a menina compra a boneca da montra.
Foi o que me aconteceu.
Este computador, realmente portátil, minúsculo e lindo, só existe à venda há cerca de um mês, mas eu já andava à procura dele pelo menos há 4 ou 5 anos.
Este era o que estava exposto para venda, o último.
UAU!!!!!!!!!!!
Comprei a boneca da montra!!!!!!!!!!!!!!!
Vou escrever nele para vocês.
A menina passava sempre por aquela loja para ver a boneca da montra. Mesmo que tivesse que percorrer um caminho muito mais longo, todos os dias, para ir para a escola, ou que inventar algum pretexto para a levarem por aquela rua.
Os finais da história são variados:
Final mau: um dia, a menina olha para a montra e não vê a boneca, que foi vendida e não há outra igual (no mundo).
Final pior: um dia, a menina passa no mesmo sítio, mas não vê a boneca, nem a montra, nem a loja nem a rua, que já não existem: explicações: ou passou demasiado tempo, ou houve uma guerra, um terramoto, ou então a história é filosófica...
Final ainda muito pior: um dia oferecem à menina, como grande surpresa, embrulhada num papel bonito, com um laço bonito, dentro de uma caixa bonita, a boneca que estava na montra ao lado daquela, ou a que estava na montra da loja do lado. Porque é este final muito pior? Porque é o normal.
Final bom: um dia oferecem à menina, como grande surpresa, embrulhada num papel bonito, com um laço bonito, dentro de uma caixa bonita, a boneca da montra.
Final que não vem nas histórias: um dia a menina compra a boneca da montra.
Foi o que me aconteceu.
Este computador, realmente portátil, minúsculo e lindo, só existe à venda há cerca de um mês, mas eu já andava à procura dele pelo menos há 4 ou 5 anos.
Este era o que estava exposto para venda, o último.
UAU!!!!!!!!!!!
Comprei a boneca da montra!!!!!!!!!!!!!!!
Vou escrever nele para vocês.
segunda-feira, agosto 18, 2008
Terceiro Capítulo: O Regresso
Bem, o regresso não teve história, pensando melhor, foi cheio de sensações invulgares e talvez mesmo únicas, que talvez um dia use para escrever qualquer coisa...
Um estranho e óptimo jantar num restaurante à beira da estrada, por exemplo...
Um estranho e óptimo jantar num restaurante à beira da estrada, por exemplo...
domingo, agosto 17, 2008
Segundo Capítulo: Pont Mans
Ao chegar a Pont Mans, sem me parecer que valia a pena fixar o nome da terra, dado que estava a meio de sítio nenhum, resolvi cirandar pelas redondezas. E que vejo???!!!
Uma imensa igreja, talvez seja mais exacto dizer uma basílica, tão grande como feia, em tons de azul, se não me engano, atrás de uma enorme imagem escultórica de nossa Senhora igualmente feia e azul, tudo isto rodeado de um espaço muito amplo e muito dividido, como se fossem necessário tantos pátios, caminhos, muros, etc. Fiquei assombrada. O que era aquilo? Numa França tão cheia de catedrais sofisticadas e antigas, uma coisa daquelas...
Apesar de haver tanto espaço, não se via vivalma, o que adensava o mistério: para quê uma igreja tão grande numa terra sem ninguém?
De repente vejo aparecer uma senhora com todo o ar de ser muito religiosa e austera, o que aqui chamávamos uma "beata". Não era simpática, mas mesmo assim dirigi-me a ela e perguntei o que era aquilo.
Mirou-me consternada e ofendida. Eu falava muito bem francês e a senhora não podia sequer imaginar que uma francesa nunca tivesse ouvido falar de Pont Mans.
- Desculpe, é que eu sou estrangeira, na verdade, sou portuguesa...
- E portuguesa mas nasceu aqui?!
- Não, nada disso, sou mesmo estrangeira...
- Julga que me engana? Veio para cá em criança e quer-me convencer de que...
- Não, eu de facto estou aqui só há quinze dias...
Depois de a ter convencido, ela explicou-me: antes de ter aparecido em Lourdes, a Nossa Senhora apareceu em Pont Mans. Mas o santuário de Lourdes e o culto da Nossa Senhora de Lourdes acabaram por ofuscar a adoração de Nossa Senhora de Pont Mans, que, contudo, ainda era importantíssima em França. E concluiu perguntando-me com ar magoado:
- Mas vocês, lá em Portugal, nunca ouviram falar da Nossa Senhora de Pont Mans?
Pelo modo como falou, dir-se-ia que ela própria nunca tinha ouvido falar da Nossa senhora de Fátima, também concorrente da sua, mas nessa época, Fátima não tinha tanta fama internacional como tem hoje.
Tentando não a desiludir nem ofender mais, lá me escapei como pude, pedindo desculpa, dizendo que nunca ouvira falar... sumindo do mapa.
Alguns anos depois, ao estudar a poesia e a vida de Antero de Quental, descubro o seguinte.
Este nosso grande poeta, um dos primeiros ateus por obrigação, agnóstico, era torturado pela dúvida, sendo atraído pela religião católica, que contudo negava com veemência, como atitude filosófica.
Numa noite de tempestade, colocou-se à frente de uma igreja, ao cimo das escadas, afirmando que Deus não existia e desafiando-o a provar-lhe o contrário.
- Se existes, manda que um raio me destrua, a mim, que te nego! (Palavras minhas).
Não aconteceu nada, a não ser os seus amigos escritores e ateus, entre eles Eça de Queirós, terem-lhe posto o apelido de Santo Antero.
Então, Antero, aguardando uma prova, um sinal da existência de Deus, viu esse sinal na aparição da Nossa Senhora em Pont Mans, a primeira das "modernas" aparições.
Tão emocionado ficou, que se reconverteu ao catolicismo, creio que só temporariamente, como é próprio dos seres torturados pela dúvida, e escreveu então alguns dos mais belos poemas místicos da língua portuguesa.
Musicados posteriormente, são hoje muito conhecidos do grande público e vou transcrever aqui dois deles.
Cenas dos próximos capítulos (se os houver): De Pont Mans à cidade do Porto. (Continuação da minha viagem).
Sonetos de Antero de Quental
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despôjo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
Obtido em "http://pt.wikisource.org/wiki/Na_m%C3%A3o_de_Deus"
Cheia de Graça, Mãe de Misericordia
N'um sonho todo feito de incerteza,
De nocturna e indizivel anciedade,
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...
Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade,
Que até nem sei se as há na natureza...
Um mystico soffrer... uma ventura
Feita só do perdão, só da ternura
E da paz da nossa hora derradeira...
Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!
Obtido em "http://pt.wikisource.org/wiki/%C3%81_Virgem_Santissima"
sábado, agosto 16, 2008
Viagens de aventura: França
Hoje em dia as pessoas viajam com tudo pago, com guias... é um modo de viajar a que se chama fazer turismo. Para alguns, isto é quase o contrário de viajar, pois não tem aventura nem inesperado. Tenho viajado assim algumas vezes, mas não sempre.
Vou contar-vos a primeira vez que fui a França.
Fui com a Emília, que agora vive lá e com um amigo que tínhamos nessa época, bonitinho, simpático, pouco dotado para as línguas...
Nenhum de nós tinha dinheiro, mas o desejo era grande. Decidida a transformar o desejo em vontade, eu, que sempre tive jeito para viajar, talvez seja a única coisa paera que tenho jeito, decidi pelos três. Vamos para França no dia de tal e marquei uma data, já que a viagem tinha sido adiada muitas vezes, talvez até de um ano para outro.
Perante esta obrigação, eles foram à cidade mais próxima comprar umas coisas de que precisavam. Ao regressar, imaginem, tinham arranjado uma boleia com um emigrante português, o Sr. Manuel, para o Sul de França, creio que Lyon.
Lembras-te, Emília? A Emília ainda anda por aqui...
E lá fomos no dia previsto. O Sr. Manel era um querido, mas punha no gravador do automóvel uma múisica horrenda e muito romântica, só para emigrantes, sempre a mesma...
Muitos anos depois essa música foi aqui vulgarizada pelo cómico Hermano José e ridicularizada... por ser coisa de ignorantes... mas a verdade é que ninguém em Portugal conhecia tal música. Essa foi a parte chata da viagem... Emília, esqueço-me dos pormenores...
Eles também nos arranjaram uma casa de um emigrante (imaginem!) no Norte de França. Fomos para lá e depois para a Normandia, onde tínhamos amigos franceses que trabalhavam numa fábrica de queijos, talvez "La Vache Qui Rit". Esses amigos arranjaram-nos boleia para Portugal em camions Tir dessa fábrica, mas só um em cada camion. Acreditam nisto? Pois é verdade.
Eu era nessa época uma pessoa extravagante, aparentemente sem muito sentido prático, mas na viagem descobriu-se que era muito desenrascada, o que foi importante para a minha alma e para sempre até agora.
Por esse motivo, arranjaram-me uma boleia que não era directa: primeiro ia num camion até Pont Mans e depois esperava por outro...
A continuar...
Cenas dos próximos capítulos: Pont Mans e comentários da Emília ( talvez em privado).
sexta-feira, agosto 15, 2008
Teide
O grande ausente das minhas fotografias da ilha de Tenerife é o vulcão Teide. Talvez também a sua personagem principal.
Só tenho estas fotos, pelo menos bonitas, embora tenho visto imagens e mesmo cartazes muito lindos.
Primeiro porque não fui lá vê-lo, segundo porque estava sempre envolto em névoa ou coberto de nuvens.
É esta água, da névoa e das nuvens, a que chamam chuva horizontal, que alimenta o bosque de laurissilva e outras zonas verdes das ilhas.
Esta terra em primeiro plano chama-se Orotava.
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