sábado, julho 07, 2012

Deus é muito meu amigo!


Deus é tão meu amigo!

Recordo com insistência esta frase, repetida várias vezes em tom exclamativo, por uma senhora que conheci num autocarro dos transportes públicos, em Lisboa.

E passou logo a enumerar as provas da amizade que Deus lhe dá. Depois de um dia muito cansativo de trabalho, nas limpezas  em casa das senhoras ("que me tratam todas muito bem"), chegou à paragem e logo lhe apareceu o autocarro 42. Só teve de correr um bocadinho e logo o apanhou. Como tem os pés e as pernas inchados, não poderia correr muito, claro. Mas também não foi preciso. Os exemplos repetiam-se, quase todos deste género. Deus era tão seu amigo, que lhe punha sempre à frente o autocarro 42 e, na quimioterapia que andava a fazer, também nunca tinha de esperar muito tempo. Aparecia logo o 42, a colocá-la à frente de todos. Porque Deus é muito meu amigo!


Conjeturei que Deus seria muito mais seu amigo se lhe tivesse dado um Mercedes dos grandes, com motorista, ou, pelo menos, dinheiro para pagar um táxi. Talvez tenha mesmo sorrido, involuntariamente, embora tenha fingido concordar.

Como esta frase me vem frequentemente à memória, bem como a situação em que a escutei, acabei por concluir que Deus é muito mais amigo desta mulher, preocupando-se com os horários do autocarro 42 para o colocar à frente dela sempre que está com pressa, do que seria, se lhe tivesse dado um Mercedes com motorista, pois, só quando faltasse o motorista, ou na improbabilidade de o automóvel se avariar, iria ela pensar que Deus é muito seu amigo, ao passo que, deste modo, está constantemente a concluir que Deus se preocupa com ela. E que quer o melhor para ela. E, circunstância teológica não ignorável, que Deus é menos amigo e se preocupa menos com as outras pessoas do que com ela.

Tendo eu sido educada numa família católica, que esgotava os seus deveres religiosos em as mulheres irem sempre à missa aos domingos e comungarem sempre na Quaresma, estando os homens dispensados destes preceitos, dou comigo com estas lucubrações ateias. Talvez mesmo cínicas, pois os raciocínios ateus não têm nenhum sentido para os crentes. Nem vice-versa. 

Nem eu sou tão ateia assim... mas Deus nunca foi tão meu amigo, ao ponto de me dar esta impressão de estar sempre ao meu lado, a pressionar os motoristas da Carris (que andam sempre atrasados), por minha causa. Voltei-me mais para o Budismo, uma religião sem Deus. E sem acreditar "demasiado".


Vem tudo isto a propósito de um artigo extraordinário que li hoje, do Padre Anselmo Borges, personalidade de admirável lucidez dentro do pensamento católico, em contra-corrente com a maior parte dos líderes católicos e também vem a propósito do livro que aconselha, escrito por um ateu.

AQUI


Onde o padre afirma: "Tenho aqui sublinhado a necessidade que os crentes têm de ouvir os ateus, pois, pelo facto de se encontrarem fora, estão mais capacitados para se aperceberem da desumanidade, intolerância e superstição que se apoderam tantas vezes das religiões.",
Ou
"as religiões, sendo humanas, trazem consigo uma enorme herança de oportunismo, violência e miséria moral, mas são igualmente fonte de dignidade, verdade, imensa generosidade".

Livro Referido no artigo:

Religião para Ateus, de A. de Botton


Ou Aqui

sexta-feira, julho 06, 2012

Corte de Subsídos de Férias e de Natal: Então e o Relvas? Então e o Duarte Lima? E as PPP?

Estávamos já todos conformados a perder tudo isto, o que é estranho, convenhamos.

Uma das razões era os estrangeiros acharem esquisito nós ganharmos 14 meses, sem repararem que era apenas um pormenor: a verdade é que ganhamos menos do que eles, mas recebemos em 14 prestações o que os outros recebem em 12.

Agora, o Tribunal Constitucional considera que é ilegal retirarem-nos estes subsídios. 
O primeiro ministro decide logo que, então, vai cortar os subsídios a todos os trabalhadores, não só aos funcionários públicos.

Mas como? Agora?!!!
Agora que sabemos!

Sabemos que o 2º ministro mais importante do governo vigarizou os documentos. E que uma universidade e o primeiro ministro são cúmplices...

Sabemos que as dívidas do Duarte Lima foram perdoadas...

Sabemos que o partido socialista não pode exigir que o governo vá buscar às Parcerias Público Privadas (PPP) os mil milhões de euros necessários  para a reposição dos subsídios, porque foi o Sócrates que inventou as PPP. 

Sabemos que o partido socialista não pode colocar em causa a licenciatura do Relvas sem colocar em causa a licenciatura do Sócrates


ETC...

Vamos ignorar o que sabemos? Vamos continuar a ser governados por pessoas às quais não confiaríamos o nosso livro de cheques? Nem a chave da nossa casa? 

quarta-feira, julho 04, 2012

Cores da bandeira: corada de vergonha e verde de inveja



Perante todos estes casos de corrupção, em que uns enriquecem extraordináriamente, enquanto outros ganham menos ou ficam sem emprego por causa desse enriquecimento, a bandeira portuguesa cora de vergonha, ao mesmo tempo que fica verde de inveja. 
O novo significado das cores da bandeira nacional: vermelho de vergonha e verde  de inveja. Porque é assim que se sentem os portugueses.

Caça aos PIIGS

O sonho de todo o estudante é tirar um curso superior sem se levantar da cama nem da areia da praia. Miguel Relvas conseguiu fazer isso. Com uma cadeira do curso de Direito, avaliada com 10 valores, conseguiu  frequentar o 2º ano do curso de direito, como declara nas habilitações e mais tarde fazer uma licenciatura num ano. Nada  disto é ilegal, claro. São eles que fazem as leis.
Sócrates desapareceu, enquanto tira o curso de Filosofia na insuspeitada Sorbonne,
Duarte Lima, esse anjo bento, já fez várias, mas recentemente, teve as suas dívidas perdoadas e pagas pelo estado.
Todo o telejornal de hoje falava de corrupção, agora também dos diplomatas que compram eletrodomésticos para serem reembolsados dos impostos e os devolvem à loja logo a seguir.

Depois aparece o primeiro-ministro a dizer que não percebe qual é o problema. Pois não.


E a pobre bandeira portuguesa, por detrás deles, cora de vergonha, ao mesmo tempo que fica verde de inveja, as novas cores da bandeira nacional.


Porque os veradadeiros PIIGS não são Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. São os políticos destes países. Se fizermos uma caça aos PIIGS, talvez nos livremos deles.

terça-feira, julho 03, 2012

Estado da Nação





Tímidos informáticos, tímidos no Facebook e tímidos MESMO!!!!

Quando comecei a aprender informática, era o desespero dos professores. Avançava a grande velocidade, tentava, experimentava, como se deve fazer, mas depois, nem eu nem eles sabíamos voltar atrás. Nessa época, ninguém percebia muito do assunto....
Fiquei a saber que não sou nada tímida, no aspeto informático. Chama-se "tímidos informáticos" àqueles que só fazem o que sabem fazer, com muito cuidado e muito devagarinho. E que talvez não sejam nada tímidos na realidade real.

E agora, no Facebook? 

Os que não são tímidos informáticos tendem a não ser nada tímidos no Facebook, porque se sentem bem numa "Second Life" com relações virtuais. Os que são tímidos informáticos são tímidos no Facebook e talvez não na realidade lá fora.

E quando se encontram? Aí é que a coisa se complica. Pessoas que conversam todos os dias nas redes sociais ficam envergonhadas e sem jeito numa relação a 3 dimensões, outras comportam-se muito naturalmente, mas o que conta é, sobretudo, saber quem pediu amizade: se me pediram amizade eu sinto-me à vontade, mas se fui eu que pedi...

Bem, é que o relacionamento nas redes sociais não tem nada a ver com o relacionamento normal. Além disso, é um relacionamento muito jovem. 
Onde é que se viu duas pessoas francamente adultas irem a passar na rua e de repente pedirem a amizade uma à outra? E que amizade é esta do Facebook? Para durar? Para exportar para fora da Net?
Ainda ninguém sabe a resposta a esta e outras perguntas.


segunda-feira, julho 02, 2012

"Coração de vidro cortei-me num sonho como um diamante"

- Gostaria de ajudar as crianças com cancro?
- Não gostaria de ajudara as crianças orfãs?
- Gostaria de ajudar os portugueses / africanos / chineses / que passam fome?

A resposta  a estas perguntas, neste momento, diferentemente do que era há meses, só pode ser:
- Não!
- Não?!

Aqui em Lisboa, fazem esta pergunta vinte vezes por dia, a quem passe em certos locais várias vezes, para além de nos assediarem de outros modos, ainda mais originais:
- Posso cumprimentá-la de mão? - Perguntam-nos, estendendo a mão, com um enorme sorriso. É para nos proporem um cartão de crédito que todo o mundo já tem.
Vem-nos logo à ideia: nunca se nega um aperto de mão (bem, a não ser num caso de grave ofensa).
E a única conclusão, sempre, parece ser:
- Esqueçamos tudo o que aprendemos até agora!
-Não!
- Mas eu só quero apertar-lhe a mão!

Mesmo que acabasse por ceder, vou voltar a passar no mesmo lugar ainda umas 3 vezes na próxima meia hora e ele vai perguntar-me sempre a mesma coisa, de mão estendida.

E o nosso coração fica cada dia mais duro. E o nosso relacionamento com os outros cada vez mais gelado.


A resposta não às primeiras perguntas deste post não é a resposta certa, mas sim: 
- Gostaria de ajudar, mas já ajudei e, além disso, não tenho tempo agora para parar e ouvir o seu arrazoado, até porque já hoje me perguntaram isso 5 vezes. Resumindo:
-NÃÃÃOOOOO!!!

P.S.: O título deste post é um verso de Natália Correia do poema Núpcias Químicas  (Clicar por cima) "Coração de vidro cortei-me num sonho como um diamante"

sexta-feira, junho 29, 2012

Atestados médicos falsos

As televisões acabam de descobrir a pólvora: que há atestados médicos falsos.


Na verdade, estes atestados são considerados, na função pública, não como uma fraude, mas como mais uma burocracia chatíssima. Vou contar o que contou à Nadinha uma professora sua amiga. Escrevo como se fosse ela  a escrever, na primeira pessoa.


- Um dia, cheguei atrasada, cinco minutos, a um exame que não se realizou por falta de alunos. Esta situação repetia-se todos os anos e o meu papel era estar numa sala à espera que os alunos me colocassem dúvidas sobre o teste, que tinha sido feito por mim. Ia muito a tempo, mesmo que o exame se tivesse realizado, mas não se realizou, e marcaram-me falta.

- Fui ter com as criaturas que me marcaram falta e expliquei-lhes a situação. Responderam:

- Desculpa, mas agora já tens falta. Mete um atestado médico.
Perplexa, respondi:
- Vocês estão a ver-me aqui, de perfeita saúde, pronta a trabalhar se houvesse trabalho a fazer e não há e dizem-me que meta um atestado médico a dizer que estou doente e impossibilitada de trabalhar? Não será melhor tirarem-me a falta?!

- Tu já tens falta. Vai falar com a Presidente da Escola! (ou lá como é que se chamava na altura, esse cargo).
- Fui falar com a criatura, a qual me respondeu:

- Não te preocupes. Tu já tens falta, claro. Mas mete um atestado médico.

O defeito está, obviamente, nas leis que só aceitam doenças como justificação para faltar e que aceitam um atestado médico contra qualquer outra evidência de saúde.

Quantas vezes ouvi eu declarações como esta e também ameaças de meter atestados médicos se houvesse alguma contrariedade.

- Os médicos limitavam-se a repor a normalidade e o bom senso, onde isto nunca existiu. Mil exemplos poderia dar , todos eles caricatos de uma forma ou de outra - acrescentou  a professora, muito amiga da Nadinha.


- Ah, e o que aconteceu depois - perguntou a Nadinha.
- Recusei-me a justificar a falta e a meter atestado. Anos mais tarde, tiraram-ma. Até lá, esperaram que eu cedesse e já aceitavam só um requerimento, que me recusei a apresentar. 

- O defeito, aliás, está logo no próprio conceito de falta, que começa entre os alunos, em crianças:
- Quantas faltas tens?
- Cinco!
- Só?!!!

Tudo isto pressupõe que podemos faltar ao trabalho ou às aulas sem nenhum motivo, a não ser ficar em casa a ver televisão. Este motivo não se distingue de outros, muito válidos, mas que não envolvem doenças. 


E ai de quem discordar deste status quo.

quarta-feira, junho 27, 2012

São estes os pobres que temos? Que ricos pobres!

Novas regras para atribuição do rendimento mínimo, agora designado por Rendimento Social de Inserção (RSI), aqui.


Bem, quem tivesse carros e barcos avaliados em mais de 25 mil euros, não sei se o rendimento mínimo lhe chegaria para a gasolina.

E mesmo agora, para quem tiver carros ou barcos avaliados em 24 999 Euros.


Suspeito, até, que as marcas vão passar a vender automóveis e barcos, em Portugal, ao preço de 24999 Euros, para que quem tem o rendimento mínimo garantido os possa comprar.


Nunca se entendeu muito bem como era ou é atribuído este rendimento mínimo. Basta ver que é uma lei do Sócrates. Que até parecia boa.

Nesta terra, tudo se corrompe. Deve ser do calor.

terça-feira, junho 26, 2012

Greve de todos os Transportes e a Hipótese de Nero: deixar arder a cidade




As greves dos transportes atingiram um grau de chantagem para o governo e desprezo pelo povo português e pela economia do país, que se torna chocante. É como se os médicos ameaçassem matar os doentes se o ministério não aceitasse as suas reivindicações, ou se os Sapadores Bombeiros ameaçassem deixar arder a cidade, qual Nero, a não ser que lhes aumentassem os ordenados e / ou os dias de descanso.

No Natal, os da CP fizeram greve, por saberem que toda a gente quer ir à terra passar as festas com a família. Se as pessoas não conseguirem fazer isso, ou se  os mais pobres não conseguirem fazer isso, esse argumento será mais um motivo de persuasão. E continuaram assim na Páscoa e no São João.

Agora, no Verão, é a TAP que pretende fazer greve, ameaçando estrangular as nossas receitas com o turismo, numa absoluta indiferença para com a sociedade portuguesa, com a economia, a crise, etc...

São, de facto, sindicatos que têm muito poder e que não olham a meios para atingirem os fins. São trabalhadores que esquecem a sua função de promover e possibilitar a viagem, condenando o cidadão à estagnação, ou à escolha de outros países. Lutando contra a sua vocação.

Sendo os sindicatos entidades políticas, deveriam seguir as regras políticas. Ver o que é melhor para o país, para os viajantes, e também para eles mesmos, sem que seja essa a prioridade. Mas o que se viu, numa recente greve da Carris, em Lisboa, foram piquetes de greve, que não deixavam ninguém trabalhar. O que desculpabiliza o trabalhador comum.

Só por isso, vale a pena ver esta petição, que se compreende, venha ela de quem vier.


segunda-feira, junho 25, 2012

Acordo ortográfico: Ó seus pactectas! Para que querem vocês o c?

(Correção do título - também pode ser assim: Ó seus pateptas! Para que queriam vocês o p?)


Pouco tempo passado sobre a entrada em vigor do acordo ortográfico, surpreendemo-nos com o não acontecimento que foi  a adesão rápida, sem dor e sem história ao que, para alguns, parecia vir a ser o fim do mundo e o fim da língua portuguesa.
Já quase não me lembro que objeto tinha c e pergunto-me para que servia tal coisa, a não ser para confundir, baralhar e levar o pobre escrevente a dar erros. A razão é conhecida, no entanto: o c servia para abrir o e. Então e na palavra veto, para só dar um exemplo, não era necessário o c para abrir o e?
E pateta, que nunca se escreveu com c? 

Ó seus patectas! Digam lá para que queriam vocês o c!

Recentemente, ao limpar o teclado do computador, estraguei a letra c. Ainda usei o teclado durante bastante tempo, em parte pela experiência invulgar: pouca falta me fazia essa letra, escrevendo de acordo com o Acordo Ortográfico (AO), sobretudo se compararmos com a falta que teria feito antes do AO. Era também engraçado ver as palavras que apareciam quando lhes faltava um c, ou mesmo dois. 

Também ao ler textos escritos por estudantes se nota que há muito menos erros por este motivo, exceto quando decidem colocar um c onde ele nunca existiu.

É muito mais fácil e descomplicado escrever assim. 

P.S.: No Terra Imunda, há já muito tempo que se usa o AO, ao ponto de terem pedido para colocar um link para ele no blogue Em Português Grande, que também aqui foi colocado nos favoritos.

A razão da imediata adesão, foi ter a Nadinha lido há muito tempo e recentemente relido as polémicas que se fizeram ouvir aquando da reforma ortográfica de 1911, hoje absolutamente ridículas. Ou melhor, engraçadas. Digamos, risíveis.

domingo, junho 24, 2012

Joana Vasconcelos


Foto de Luís Vasconcelos

Ao mesmo tempo que a seleção portuguesa ganha muitos jogos do Euro, Joana Vasconcelos é a primeira mulher e a/o artista mais jovem a expôr no Palácio de Versalhes, apesar da sua obra extravagante e feminista. Mas, ainda assim, popular, ao que parece.
Os sapatos feitos de tachos ficam bem nesta sala, a Sala dos Espelhos a sala do narcisismo e do luxo do corpo... :)

Então, o que é que está mal em Portugal? As pessoas não... 

Ver aqui artigo muito elogioso do crítico de arte francês Philippe Dagen, no jornal Le Monde, que também explica as obras e inclui algumas fotos.

Joana Vasconcelos, une femme un peu trop libre pour la cour du Roi-Soleil



As inúmeras porteiras (concierges) e empregadas de limpeza portuguesas que trabalham em Paris, algumas destas últimas, seguramente na Palácio de Versailles, poderão agora identificar-se com: as panelas dos sapatos da Cinderela / Marilyn, as rendas de bilros e outras rendas e bordados portugueses, os "Corações Independentes" do fado, da filigrana portuguesa e das colheres de plástico e ainda com a sua conterrânea, que ora lhes entra pela porta da frente, pelo grande esplendor do Palais, exuberante, irónica, contestatária, espalhafatosa... rica? 

Mas, se calhar, nem sequer lá vão... talvez não saibam de nada... talvez só entendam de tachos e de panelas e de rendas de bilros e de bilras ( birras?) e de corações muitíssimo dependentes...

Apesar das críticas que frequentemente se fazem em Portugal a esta artista, acusando-a, sobretudo, de ser a artista do regime, um regime acéfalo, e sem discordar, necessariamente, dessas formulações, constata-se que é preciso ter muita garra para fazer o que se vê na foto.

Ver aqui página da artista

sexta-feira, junho 22, 2012

quinta-feira, junho 21, 2012

solstício de verão







hoje é o solstício de verão. feliz verão para voces , muito quentinho, muito iluminado.
ficam aqui as fotos do passeio noturno no parque natural do monsanto.



quarta-feira, junho 20, 2012

Artigo de Pedro Afonso no público - Médico psiquiatra


já vários blogues fizeram eco destas declarações sobre a sociedade portuguesa. o terra imunda é mais um...


Artigo de Pedro Afonso - Médico psiquiatra

Pedro Afonso,médico psiquiatra no Hospital Júlio de matos

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas
esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo
epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da
Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No
último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença
psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas
perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com
impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência,
urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das
crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens
infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos
dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos
os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na
escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos
terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade
de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural
que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos,
criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze
anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100
casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo
das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres
humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas
sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém
maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa,
deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos
ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de
alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez
mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença
prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e
produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de
três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a
casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma
mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão
cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três
anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de
desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho
presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela
falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição
da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual,
tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar
que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês,
enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à
actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e
complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de
escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando
já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com
responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos
números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de
pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um
mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de
um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência
neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o
estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se
há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma
inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

sábado, junho 16, 2012

Tese da Anabela





Uma minha amiga, Anabela Rocha, vai defender, na próxima segunda feira, na Universidade Nova, uma tese sobre esta filósofa, Beatriz Preciado. Eu nunca tinha ouvido falar dela, mas vejo agora que é importante ter ouvido falar dela.
Faz parte das ideias novas e das novas transformações do mundo em que vivemos, Sec XXI, sendo, de certa forma, simultaneamente teorizadora e agente dessas transformações.


E tudo isto é, também, é um sinal dos tempos.


Aqui, uma sua entrevista com o muito interessante filósofo e místico Alejandro Jodorovsky.


VER AQUI

sexta-feira, junho 15, 2012

Abundânia, opulência e fome

Assine a petição online


"18 milhões de pessoas -- incluindo 1 milhão de crianças -- estão desesperadas por comida na região do Sahel, afetada pela seca, na África. No entanto, os apelos urgentes por ajuda humanitária foram acompanhados de um silêncio ensurdecedor vindo dos governos ao redor do mundo. A ONU somente recebeu 43% de $1.5 bilhão de dólares em ajuda humanitária que são necessários – é um déficit gigante. Os EUA, Japão, França e Alemanha são os países que têm poder para fazer toda a diferença se comprometendo com sua contribuição de ajuda humanitária. Exigimos que impeçam que essa catástrofe se transforme em algo mortal agindo imediatamente."


AQUI

quinta-feira, junho 14, 2012

Madonna Mia!




Senhora de 54 anos (Madonna) mostra "nipples" e algo mais, deixando todo o mundo passado dos carretos! 
Creio que a palavra "sexagenária" vai desaparecer de todas as línguas, dentro de seis anos.
E um Sinal dos Tempos.
Isto há-de vir a constar dos livros de História e das enciclopédias.