segunda-feira, julho 03, 2017

Romances policiais italianos


Este é o centésimo livro policial deste autor italiano, cujo herói é o inspetor Montalbano.
L'altro capo del filo

Há dois ou três publicado sem português, em Portugal, mas são muito difíceis de ler no original, pois é escrito, em grande parte em dialeto siciliano. O narrador escreve assim é assim falam os polícias, incluindo Montalbano. Italiano correto, só falam as senhoras, praticamente. 

Muitas referências gostosas a comida italiana, siciliana. 
A tradução do título poderia ser: "A outra ponta do fio" (telefónico, ou não).



E para quando a responsabilização individual por negligência e preguiça, defeitos atribuídos aos povos do sul?

Conheci em tempos e muito bem uma criatura que tinha, entre outras funções, a de ajudar pessoas em situações de emergência.
Numa certa sexta feira de inverno e de chuva torrencial, chamaram essa pessoa para acudir a uma mãe e uma filha que tinham sido despejadas de casa e estavam na rua. Não foi. Motivo: porque estava a chover muito.
Durante todo o fim de semana, a referida criatura não saiu de casa, sem que um estremecimento de culpa lhe arrepiasse os músculos descansados ou lhe tirasse o sono. Afinal, é tão agradável ficar na cama ouvindo a chuva torrencial tamborilar nos telhados, nos vidros, no telhado mais baixo do vizinho… dá sono… dá tanto sono, tanta calma e tanta paz…
Insisti, ofereci-me para ajudar, mas a explicação para nada fazer era ótima: - “Eu só tenho de atuar em caso de emergência e, quando passarem 48 horas, deixa de ser um caso de emergência… na segunda feira, o caso passa para a alçada de outras pessoas”.
Conto isto para exprimir a seguinte ideia: em Portugal há realmente muitas pessoas assim, como dizem que é comum nos países do sul da Europa. O que me chateia é que também há pessoas muito cumpridoras, que poriam tudo a toque de caixa, mas que, muitas vezes, são bloqueadas, postas na prateleira e têm de obedecer a estas. Porque estas não fazem ondas. São amorosas com as chefias, dão abraços e beijinhos, são “porreiras”.
A solução, quando se descobrem casos de negligência é acusar o governo e o ministro da tutela. Para quando a responsabilização individual? Para quando ir ver se as pessoas estão doentes e penalizar o funcionário que finge estar doente e o médico que passa os atestados a toda a gente?
Esta pessoa era considerada boa pessoa, ou mesmo muito boa pessoa. Às vezes era. E as vezes em que era tão boa pessoa e tão generosa, ficavam para as vezes em que deixava ao frio e à chuva uma mulher e a filha, sem terem que comer, sem nada que as protegesse ou aos seus haveres, enquanto ouvia tamborilar a chuva, ensonada, satisfeita e farta das iguarias que podia comprar com o subsídio que recebia, além do ordenado, para tratar de emergências.

domingo, julho 02, 2017

Assaltar o paiol de tantos? Não acredito!

Não entendi porque é que nós, portugueses, deveríamos andar a fazer aquelas rondas noturnas no paiol de Tancos, todos os dias.

Toda a gente sabe que é muito perigoso atacar um quartel, com tantos militares a dormir lá dentro, capitães, coronéis, generais e isso tudo
É claro que ninguém nunca se lembraria de roubar um paiol. Ou será que lembraria?

Mas parece que a culpa é da Catarina Martins, do Jerónimo de Sousa e do António Costa. 
Será que estavam todos a dormir? Ai que preguiçosos!

sábado, julho 01, 2017

Diálogos


- A minha senhora está de cama, ela já está desenganada dos médicos, mas borda estes paninhos - afirma o senhor de idade, mostrando envergonhadamente e quase escondendo logo a seguir, um paninho bordado, não muito bonito nem muito limpo, mas muito colorido.
- E eu vim aqui a ver se alguma senhora me compra este, pra môr de ver se compro uma garrafinha de azeite, umas batatinhas e umas couves para fazer uma sopa...
Algumas senhoras dão-lhe dinheiro, muitas mais dariam se não pedisse com tanta timidez, mais a esconder-se do que a mostrar-se, mas ninguém compra a mercadoria. Ninguém quer ter em casa um paninho, não muito bonito nem muito limpo, embora muito colorido, que lhe faça lembrar a miséria, a vergonha e a fome de duas pessoas que trabalharam toda a vida. 
Mas também o amor.

Ao ouvi-lo, imaginamos as muitas lágrimas choradas em conjunto, abraçados, mas também o amor que os mantém unidos no seu próprio lar.

sexta-feira, junho 30, 2017

Tancos ou a submissão


Já que somos tão solidários, proponho:
Proponho fazermos grupos armados, como os há na América, mas no nosso caso grupos armados clandestinos, já que é proibido usar armas de guerra, para irmos vigiar e defender o paiol de Tancos.
Já agora, alguém tem um tanque, daqueles antigos do 25 de abril? Não são os antigos tanques de lavar, são aqueles de dar tiros. 
Coitados, os rapazes de Tancos até podem morrer, se não formos lá protegê-los.

(Bem, é notícia que o Paiol de Tancos foi assaltado!)

Romance de Salvador Dali "Visages cachés"


Salvador Dali escreveu este romance da foto, Visages cachés, o único que escreveu. 
Não, não é fácil de ler, não é muito agradável de ler, por isso não é conhecido. 
Retenho uma ideia que me ocorre frequentemente: a personagem principal, evidentemente uma projeção do Salvador Dali, faz umas festas grandiosas, milionárias, mas não muito interessantes. A ideia de fazer essas festas com muitos convites e muita gente é apenas esta: que se saiba quem não foi convidado. 
Isto lembra-me uma situação laboral que conheço bem: são feitos muitos elogios, a muitas pessoas, mas o importante é notar quem não foi elogiado. 
Nunca.




quinta-feira, junho 29, 2017

Estranhas e novas liberdades de expressão

Vejamos: segundo informações da net, parece que um ser humano saudável lança gazes cerca de 20 vezes por dia, alguns sites até dizem 27.
Imaginemos então uma reunião com 10 pessoas, daquelas que duram muitas horas: fazendo as contas, como diz o Guterres, são logo 270 peidos reprimidos durante muitas horas. E curiosamente, nem sequer se fala de tal coisa. (Peço desculpa por ter utilizado aquela expressão, mas está na moda e é chique dizê-la, pois foi utilizada por um rapaz chique e de boas famílias).
Então, e se forem 100 pessoas, por exemplo, num congresso? São logo 2700 peidos (desculpem) reprimidos em simultâneo, sem que ninguém o mencione. É fazer-lhe as contas...
E se, de repente, começasse toda a gente a trocar impressões sobre o assunto? A fase seguinte, qual seria, numa reunião de 100 pessoas? Talvez escolher a liberdade de expressão, não das palavras, mas das sonoridades corpóreas, também chamadas ventosidades?  
Dizem aqueles que já foram à China que lá na China não existe toda esta repressão, sendo que as ventosidades se exprimem livremente, para grande incómodo dos narizes dos turistas ocidentais e acidentais.
Pronto. Também escrevi sobre isto. E até usei a palavra da moda.


Acho que é a primeira vez, neste extenso blogue, que é usada uma palavra deste género.

P.S.: O meu amigo Zé Daniel, após ter lido esta minha erudita dissertação, alertou-me para os perigos de tal liberdade de expressão em locais muito concorridos e públicos, ao transmitir-me uma notícia de jornal sobre facto ocorrido na Alemanha. Segundo o periódicos, um celeiro alemão explodiu devido à excessiva flatulência das vacas, tendo algumas delas ficado feridas. 

Defender a liberdade de expressão, mas a dos outros

Espantam-me as recentes atitudes de desagravo, várias e muito emocionadas, sempre que "cheira" a falta de liberdade de expressão, não deixando passar uma crítica.
É o caso, entre muitos outros, de defenderem o cantor Sobral ou o futebolista Éder por terem dito um palavrão, como se eles não soubessem que essas coisas não se dizem em público.
Se os portugueses prezam tanto a liberdade de expressão dos outros, por que razão são tão subservientes e lambe-botas no trabalho? Há exceções, mas não muitas. 
Há países em que a liberdade de criticar se estende também ao local de trabalho. Ou sobretudo ao local de trabalho.

domingo, junho 25, 2017

Exames de Português do 12º ano

Chega ao fim o pior modelo de exame do 12º de Português de que há memória, com resultados sempre desastrosos e absurdos. 

A partir do próximo ano, haverá, esperemos, um tipo de exame diferente.

Este termina com suspeitas de fraudes, não só neste ano, mas em todos os anos anteriores. Suspeitas tão legítimas, que o IAVE as mandou para o MinistérioPúblico.

Espero que se desvendem finalmente os erros muito graves deste exame. Mas não creio que o pior  sejam as fraudes, isto no caso de existirem fraudes. 

O pior é a mediocridade de quem é responsável pelos exames, ou talvez o compadrio, que leva certas pessoas a serem escolhidas para lugares de responsabilidade, neste país, não por mérito, mas por outros motivos.

Apesar de todas as tremendas falhas deste exame, ao longo de tantos anos, o IAVE manteve-se de pedra e cal através dos vários governos. Governos de: Direita, Esquerda e Volver!

(Antes de haver este exame, com resultados ridículos, os exames de Português da área de Letras eram corrigidos só por uma pessoa (como não havia os livros que há hoje, que facilitam a vida aos professores, não era qualquer um que dava esta disciplina, ou que a corrigia), ou por duas pessoas, no caso dos exames que não eram de Letras (a probabilidade de duas pessoas errarem é menor, sem ser neglicenciável).

Apesar da imensa subjectividade destes exames, cada teste é agora corrigido por uma só pessoa, podendo as notas de uma escola inteira depender da subjetividade dessa pessoa, já que os critérios são  interpretáveis. 
Outras vezes, os exames de uma escola foram corrigidos por três pessoas e nota-se bem diferença entre as classificações dos três corretores, sendo possível perceber onde acaba um e começa outro. 


sexta-feira, junho 23, 2017

Exame Português 12º - Fraude - Diz ela!



Dois comentários no DN à notícia de fraude nos exames (o 1º de um estudante, o 2º de professora, segundo o que comenta depois uma sua aluna):

Estudante: "Eu como aluno que realizei a prova, acho bastante injusto o facto de esta puder ser anulada, a culpa é da esperteza que se "xibou", essa sim é que deve ser culpada! Eu nem sequer sabia da existência dessa fuga!"

Professora (que define assim a sua profissão): "...terapia da fala em papagaios... na empresa ...manicómio oficial do estado..."

"A escrever assim, não te auguro grande classificação na disciplina. Mais valia ser anulada."

Há também outros comentários muito engraçados, mas também muito violentos, como acontece sempre que se discute a língua portuguesa.

AQUI

Aberto inquérito a alegada fuga de informação no exame de português



quarta-feira, junho 21, 2017

Ainda o "roçar mato"

 Antes roçar mato com os dentes que aturar esta canalha" - dizia uma minha tia a ralhar com os netos. Segundo conta uma neta 

Roçar mato

Roçar mato. 

Antigamente, os lavradores roçavam mato, ou seja, apanhavam à mão todo o mato que fica entre as árvores e que agora arde bem. 

Esta é uma das razões e seguramente a principal, para haver agora muito mais incêndios do que antigamente, apesar de haver então muito menos meios que agora.

Ainda não há muito tempo, esta expressão servia de metáfora para trabalho árduo. Mas caiu em desuso.



(Imagem retirada do blogue: http://anossaquintadecandoz.blogspot.pt/2006/04/monte-ida-ao-mato.html)

Portugueses comun

"Depois apareceu uma senhora e eu pedi-lhe por tudo e ela disse :
- Eu não saio daqui, eu morro aqui com vocês."
Relato de sobrevivente do incêndio de Pedrógão Grande, que não conseguia sair do carro porque estava em pânico e foi salva por esta senhora.
Assim se compreendem as medalhas do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, não aos importantes corruptos a quem agora as pedimos de volta, como os Espírito Santo,mas a este povo comum que nós somos. 
E podemos ser muito melhores, se acreditarmos e se seguirmos o exemplo desta mulher, que não deixou o nome nem o contacto.

Dinheiro para vinho, ou comida na mão? O dinheiro tem tendência a fluir para outros sítios e outros bolsos e a comida tem tendência a entulhar e a estragar-se.


Houve uma época em que, quando os pobres nos pediam dinheiro, respondíamos: não dou dinheiro para vinho. Se quer comer, dou-lhe comida.

Depois disto, várias vezes os "pobres" me incomodaram a pedir que fosse com eles a um café para lhes pagar uma sopa. Prefiro dar dinheiro, se for para vinho é "para dar de comer a um milhão de portugueses".

Mas isto alastrou e chegou a Cabo Verde e ao Brasil. 

Em Cabo Verde, uma rapariga com uma mostrenga ao colo, enorme, gorda e nada parecida com ela, pediu-me dinheiro e eu dei. No dia seguinte, já sem mostrenga, pediu-me que fosse com ela  a um mercadinho, dar-lhe fraldas descartáveis para  menina. 
Como as fraldas eram caras, queria que eu lhe desse 20 Euros para comprar num sítio onde era mais barato, porque já muitas senhoras tinham feito isso.
As meninas do mercadinho disseram que nunca tinham visto aquela rapariga com cara de drogada. 

Vem isto a propósito da nossa  recente tendência para dar arroz, massa, leite e açúcar aos pobres. Em pacotes comprados nos grandes supermercados. Sentido-nos bem (alguns sentem-se mal), sentido-nos caridosos, ao tocarmos na comida que outros hão-de comer, coitadinhos...

Mas, se em vez de comprarmos estas coisas, dermos o dinheiro, a entidade pode negociar um preço muito mais barato, se for para um terra pequena, pode dar o dinheiro para essa terra, e além do mais, não será necessário um armazém imenso, como o do banco alimentar Contra a Fome, a gastar, no mínimo, electricidade, água, etc., nem o transporte para outras terras, que muitas vezes nem se realiza.

E se dermos o dinheiro para contas solidárias: Isso sim, mas não esquecer de verificar se o dinheiro foi para quem o queríamos dar... 

E já agora, os animais. Numa tragédia, também ficam sem dono, sem comida nem água e sem assistência, às vezes presos, até porque têm mais capacidade de sobrevivência do que nós.

Dar dinheiro para contas solidárias é a solução, talvez para os bombeiros de certa região, telefonando para lá a pedir o IBAN ou NIB, para organizações de animais, perguntando o mesmo...

O dinheiro tem tendência apara fluir para outros sítios e outros bolsos.
E a comida tem tendência a entulhar e a estragar-se.



sábado, junho 17, 2017

Falar outras línguas sem um erro e com a pronúncia da capital? Provincianismo!

Este artigo faz-me lembrar o tempo em que, em sítios como a Gulbenkian, após uma palestra em francês, as pessoas receavam dar algum erro e, por isso, só se exprimiam brutamontes que não tinham percebido coisa alguma, causando imenso embaraço aos conferencistas. Era um vergonha, nesse tempo, dar o mais pequeno erro em francês ou inglês. Era uma sociedade muito provinciana, aqui em Lisboa, há 20 ou 30 anos.
Sim, como dizia Eça, como Fradique Mendes: “Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: – todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro. (…) Falemos nobremente mal, patrioticamente mal, as línguas dos outros! “

sábado, junho 10, 2017

Unicef: gostamos muito de proteger as crianças bonitas, saudáveis, ricas e limpas!



Vejam como as pessoas reagem à presença da mesma menina, bem vestida e limpa e depois mal vestida e suja. 

Nada que não soubéssemos. 
Aa UNICEF não continuou com o vídeo porque a menina ficou muito triste.


Portugal é a Nova Califórnia e com a vantagem de ficar mais perto e de se falar português.


A ser verdade o que diz o Jornal Económici...



Portugal já é “a Califórnia europeia”, relata imprensa espanhola

Fátima e o SNS

Acabo de falar com uma vendedora de produtos de Mirandela, que foi a pé a Fátima desde lá porque a Nossa Senhora lhe curou as filha de um cancro. Não posso deixar de pensar na quantidade de dinheiro dos nossos impostos que o SNS pagou para "não curar" a menina. Tudo isto seria mais normal antes de haver SNS.
Uma minha amiga que se curou em jovem diz que gastou todos os impostos que vai pagar toda a vida, mais os meus de toda a vida  e os de outras pessoas mais.
O Papa referiu-se a isto, ao mencionar a santinha (a imagem) que faz favores baratos. Ir a pé é barato, comparado com os muitos milhares de euros que custam os tratamentos, mas que acabam por ser gratuitos.
As pessoas deveriam ir a Fátima q pé para agradecer o SNS, que os anteriores governos quase destruíram, Sócrates e Passos Coelho. 



Para não falar de pessoas como a Marie Curie, que levou uma vida de sacrifício e de pobreza para permitir que se façam radiografias, TACs, etc.

sexta-feira, maio 19, 2017

Madona: Exposição no Museu Nacional de Arte Antiga




Gostei muito desta pintura de Van Dick em que a virgem tem um aspeto muito humano e muito feminino. Ontem, no Museu de Arte Antiga.



O descanso na fuga para o Egito é sempre um tema muito leve e abundante de pormenores suaves graciosos e delicados, como neste caso as cerejas, o chapéu, a expressão do burrinho...

De destacar, também, imagem que serve de Ex-libris, Madona dei Flagelai (esta última com um aspeto não demasiado humano), uma réplica em gesso da Pietà e uma minúscula pintura de Fra Angélico.



segunda-feira, maio 15, 2017

Cristas e os pobrezinhos


A Cristas vai oferecer baldes, esfregonas e pás ao pessoal dos bairros sociais. Para poder ir visitar os pobrezinhos de sandálias, sem apanhar uma erizipela nos pés.

Citação da mesma (Assunção Cristas): "Tenho calçado botas e calças de ganga muitas vezes  para estar nos bairros sociais junto das pessoas". Que querida! E luvas, não? 

Estas declarações encontram-se aqui: