domingo, novembro 09, 2008

Destruir a Escola Pública


A ideia do governo é destruir a escola pública, criando um tão grande facilitismo que os alunos saem de lá sem saberem nada.
Os que podem, aqui e em toda a parte, dão aos filhos uma "boa educação", mandando-os para colégos caros.
Os outros saem da esola, ou sairão no futuro, se não pudermos evitar, sem hábitos de trabalho, com uma preguiça inominável e pensando que podem continuar assim. E podem. Podem aumentar a delinquência e a criminalidade.

Para já, ainda alguém que goste de estudar pode ter um bom futuro, mesmo que não tenha dinheiro para livros. É-lhe, ou era-lhe dada uma oportunidade. Que deixará de lhe ser dada, se as coisas continuarem assim.
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E agora, José?

Em 8 de março houve um manifestação, em Lisboa, com 100 mil professores, ou seja, quase todos.
Em 8 de Novembro houve um manifestação, em Lisboa, com 120 mil professores, ou seja, todos.
Com a óbvia excepção dos que, por motivos de saúde ou de idade, não puderam fazer uma viagem de ida e volta de 600 e às vezes mais quilómetros, para andarem 5 horas a pé pelas ruas da cidade. É duro! É duro, mesmo para quem se levanta da cama em Lisboa e vai de táxi para o local da Manif, quanto mais para quem vem de tão longe: Algarve, Norte... Os de Cinfães, por exemplo, a acreditar nos jornais, demoraram nove horas e meia a chegar à capital.
E agora, Milú?

P.S.: o comentário da Maria no post seguinte, refere-se a um post como este, que retirei.

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quinta-feira, novembro 06, 2008

"Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos"


Ando a experimentar a minha máquina fotográfica nova, que comprei agora para fotografar um evento a ter lugar no Sábado. Se adivinham qual é, não digam. Este blogue tem segredos, é tanto o que parece mostrar como o que oculta.
Ainda não sei lidar bem lidar com ela, mas esta foto mostra bem a Lisboa real.
Sé de Lisboa e roupa a secar.
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quarta-feira, novembro 05, 2008

Barak Obama

Até que enfim uma boa notícia!
E ainda dizem que as boas notícias não são notícias.
Finalmente alguém que tem sonhos, ideais, ideias novas e que consegue convencer os outros de que esses sonhos e esses ideais são bons!
De futuro vou designá-lo aqui pelo termo carinhoso de Barraca Abana. (Para quem é ou vive no estrangeiro:uns cómicos da televisão chamam-lhe assim). Acho que ele vai abanar isto tudo.


A propósito: também temos um comentador novo no blogue, que também tem um blogue. Chama-se a si mesmo filomeno2006 e parece ser espanhol. Veio à procura do termo estafermo. Lembram-se? Se não se lembram podem escrever "estafermo" onde diz "pesquisar no blogue", acima da página e vão lá ter.
Beijinhos
Nadinha

terça-feira, novembro 04, 2008

Sopa de urtigas e máquina nova




Comprei uma máquina fotográfica nova e muito melhor do que as outras, com muito zoom, mas ando a experimentá-la e ainda não sei lidar bem com ela. Ela vê coisas que eu não vejo, por exemplo.
Acabo de descobrir que, se procurarmos bem, mesmo nas ruas de Lisboa acabamos por arranjar urtigas que cheguem para fazer uma sopa, como se vê pela gravura junta.
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sexta-feira, outubro 31, 2008

Escola de Malucos

Tenho conhecido vários imigrantes.
Quase todos, russos, ucranianos, brasileiros, me têm dito o mesmo: tencionam ficar em Portugal para sempre.
Alguns têm cá a família toda, porque já a trouxeram, acham que isto é uma terra boa onde se vive bem...
Existe, contudo, um problema.
Uma russa, uma engenheira nuclear russa, que trabalha como cozinheira numa escola básica, sendo o marido também russo, também especialista numa especialidade em que há agora excedentários na Rússia, responde-me, quando lhe pergunto se tenciona regressar à terra dela:
- Não posso ir. O meu filho tem estudado aqui e, embora seja muito bom aluno, se agora voltássemos para a Rússia, punham-no numa escola de malucos.
- Escola de malucos? - Digo eu, siderada - O que quer dizer isso?
- O ensino aqui em Portugal está tão facilitado que, se o meu filho fosse agora para a Rússia, era tão ignorante que parecia um atrasado mental. Mandavam-no estudar para uma escola de malucos. Entende?
- Entendo sim. Ele ia para uma escola de malucos porque não sabe nada.
Agora imaginem o que vão saber os estudantes portugueses quando esta ministra decidir que ninguém pode reprovar, que todos os estudantes, bons, maus, péssimos, baldas, têm que passar de ano, mesmo que não façam nada o ano inteiro. Sabem o que é não fazer nada, para os nossos jovens mais recentes? É pedirem à irmã que lhes pegue no comando remoto e que mudem de canal.
É não pegarem numa caneta para escrever uma frase, por duas razões:
1º - Porque não têm caneta e dá trabalho irem comprar uma, para além de que custa dinheiro...
2º - Porque não têm papel e dá trabalho irem comprar papel, para além de que custa dinheiro...
3º - É carregarem, na mochila para a escola, uma caneta, um caderno e tantas outras coisas que pesam...

Esta ministra é um génio. Mas os alunos que deviam adorá-la, odeiam-na.
Malefícios da democracia...

terça-feira, outubro 28, 2008

Escravatura, hoje

Fiquei abismada ao ler hoje no Público uma notícia sobre escravatura em África, nos nossos dias. Não é que não tivesse ouvido falar, nem que não fosse imaginável, só não imaginava que fosse legal, ainda nos nossos dias.
De facto, a escravatura foi abolida no Níger só há 5 anos e ainda existe noutros países.
Todos nós, há uns meses atrás, ficámos siderados com a notícia daquele pai austríaco que tinha a filha e os filhos-netos numa cave... pois algo de muito semelhante e em cerrtos casos muito pior se passará nesses países e sem dúvida nos países muçulmanos, em que queimam e matam mulheres impunemente.
A notícia do Público é uma boa notícia, mas realmente parece péssima pelas outras informações que estão implícitas.

A notícia já não está online, mas tem por título:

Mulher do Níger indemnizada por ter sido escrava.

já agora, foi indemnizada em cerca de 15 mil Euros

domingo, outubro 26, 2008

Os Novos Pobres

Já aqui escrevi alguns posts em que ironicamente comentava a existência de novos pobres, ou mesmo novos pedintes, por contraste com os novos ricos.
Referia-me a um tipo de pessoa que não gosta de trabalhar e que vive da abastança da nossa sociedade: homens que nos aparecem de calções, vindos da praia e pedem esmola para irem para casa de comboio...

Agora, mais recentemente há uns novos pobres que não dão nenhuma espécie de vontade de rir: pessoas com alguma idade, parecem ter trabalhado toda a vida, mas talvez o que têm não chegue. Há vários aos fins-de-semana, à entrada e saída das Amoreiras.
Quando damos, respondem qualquer coisa assim, embora às vezes com certo ar de indisfarçável e justificável inveja:
- Deus lhe acrescente o que lhe fica!
- Deus lhe dê tudo o que deseja!
Dá vontade de responder assim:
- Se Deus ouvisse o que lhe pede, você não estava aí a pedir.
Não, não devemos responder isto, a resposta certa é:
- Obrigada!
Afinal, é o mesmo que desejar feliz Natal ou boas férias, um desejo simpático...

sábado, outubro 25, 2008

Feira Biológica do Príncipe Real (continuação)

Voltei à Feira Biológica que é sempre aos sábados de manhã. Desta vez as urtigas não eram tão frescas nem viçosas, pelo que não comprei nada.
Em contrapartida, havia hoje, como talvez em todos os 3ºs sábados do mês, uma lindíssima feira de artesanato e velharias.
Nas velharias, encontrei uma curiosa imagem em porcelana da Rainha Santa Isabel, idêntica a uma gravura que conheço, ambas no acto de realizar o milagre das rosas. Hesitei em comprá-la por 15 Euros (é tudo muito barato, se compararmos com os preços das velharias das Amoreiras), mas... ainda se fosse a Santa Bárbara, a que acho graça por me parecer inteiramente fictícia...
Enfim, se encontrarem uma imagem interessante de Santa Bárbara, digam-me.
Recentemente comprei à Carla, do blogue "Sim Tristeza", um Santo António todo azul, feito por ela. Está em cima do frigorífico: viver em Lisboa e não ter um Santo António de Lisboa todo azul em cima do frigorífico é como ir a Roma e não ver o Papa. Nunca entendi esta expressão, dado que os romanos, homens e mulheres, são em geral bonitos e que o Papa, pelo menos o anterior, era visível em todas as partes do mundo.

terça-feira, outubro 21, 2008

Nova visista (de estudo) à Feira Biológica do Príncipe Real

De vez em quando faço uma visita, mais de estudo que outra coisa, à Feira Biológica do Príncipe Real. Já aqui escrevi duas vezes sobre isso: da primeira vez tendo ficado muito espantada com o que vi, da segunda já mais ambientada.
E agora.
A primeira coisa que me impressionou foram as urtigas. Não eram caras, um pequeno molho custava só 70 cêntimos. É verdade que na natureza são grátis, mas também é raro encontrá-las tão viçosas. Só uma vez, em que fiz uma excursão saudosista a um lugar muito bonito à beira-rio e em que viemos todos (eu e as pessoas que convenci a irem comigo) a gemer, com as pernas e os pés a arder, (era Verão) é que as vi tão viçosas e frscas. E numa grande extensão de terreno, campos e campos que tivemos de atravessar. Mas creio que essas urtigas não foram vendidas a 70 cêntimos o molho, talvez por não haver quem as comprasse, no que se perdeu uma boa maquia.

Enfim, como gosto de experimentar coisas novas, mas como sinto um certo receio em transportar um molho de urtigas, fui tomar o pequeno almoço a um café muito bonito e muito "in", enquanto meditava no assunto: tinham-me garantido que as urtigas dão uma sopa deliciosa, com muito ferro e que faz muito bem, e secas dão um chá muito bom.
Enfim, quando regressei o meu dilema tinha sido resolvido, pois todos os molhos de urtigas a 70 cêntimos tinham voado como por encanto, o que significa que não falta quem as queira.

Restou-me comprar umas fitinhas chamadas erva-do príncipe, muito boas para fazer um chá digestivo e saboroso, garantiram-me, e que se dependuram na cozinha voltadas para baixo, como fazem as bruxas com os chás. É o que vou fazer. Talvez um dia até dependure do tecto da cozinha uma réstia de cebolas e outra de alhos. Sobretudo se vierem aí os tempos do racionamento. Quem sabe? Já estivemos mais longe deles.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Estado da Nação: Magalhães Part Two

Ao dirigir-se, no dia seguinte à escola da criatura, a mãe deparou-se com uma situação veramente insólita: vários professores estavam sentados nas escadas a fingir que remavam e a cantar uma cantiga idiota sobre o Magalhães:


- ao que isto chegou- disse para com os seus botões - esta ministra está a pôr os professores todos doidos! mas depois lembrou-se que deviam estar a ser avaliados. e bem precisavam de se esmerar, pois ela, por exemplo, tinha dado negativa à professora dos filhos todos. Era o que faltava!


Entrando de rompante pela sala dentro, perguntou:


- olhe lá, quem é que roubou o Magalhães do meu filho?


- Só se alguém estivesse doido é que roubava o Magalhães do seu filho - disse, tremendo, aprofessora - os outros são todos crianças e só ele é que tem 18 anos e esse corpo, não vê?


- Eu cá não quero saber de nada disso, ouviu? Dá cá o Magalhães do meu filho. e tu também dá cá o Magalhães do meu filho. E você?


- Este é o meu - disse a professora, já debaixo da mesa.


- Então vou levá-lo. dá-me também esse. Dá cá! dá cá, olha que levas! estes computadores são verdadeiramente portáteis. Levo estes todos e ainda posso levar mais um ou dois.






Neste interim, os dois filhos mais velhos da mulher, irmãos da criatura, foram postar-se à entrada das escolas de outros bairros da cidade, a apreenderem os Magalhães que tinham sido roubados ao irmão.


E assim se criou uma pequena e média empresa familiar de venda de Magalhães.


Viram o "happy end"?

quinta-feira, outubro 16, 2008

Estado da Nação: O Magalhães

(Ler o texto anterior neste blo9gue)
-Oh mãezinha! O meu colega da carteira roubou-me o meu Magalhães!
-O quê? Roubaram-te o teu Magalhães? Ai, eu te garanto que alguém há-de pagar por isso!
Pai: - Tem calma, mulher, tu da outra vez que fostes defender o piqueno destes dois murros na professora e quase que ias dentro!
- Quase que ia, mas não fui! E ela ficou sem os dois dentes da frente. É verdade, ó filho, a tua professora inda não tem os dois dentes da frente?
- Não, ela disse que os vai pôr, mas desde que tu lhe rachastes a cabeça e lhe partistes os dentes a gente não percebe nada do que a gaja diz. Fala tudo em esses: - Fossstes tu que fizzessstes isssto?
A gente faz um pagode! Começamos todos a responder assim:
- Não fui eu, fossstes tu que fizzzzzzzestesssssssss... Ah ah ah!
Pai: - Ah ah ah!
Mãe:- Ah ah ah! Ai que eu até me dói a barriga!
Pai: -Ui que eu rebento!

(Cenas dos próximos capítulos: a mãe recupera os vários Magalhães que tinham sido roubados ao saeu filho, incluindo o da professora e vai vendê-los para a feira da ladra.)

P.s.: Não é o PS, é o post scriptum: se você clicar aí em baixo onde diz Estado da Nação, aparecem vários textos que escrevi ao londo de dois, quase três anos e dos quais muita gente gostou.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Magalhães: os analfabetos mais caros do mundo

Até agora as criancinhas (a partir daqui abreviado para "criaturas" em espanhol) saíram das escolas primárias sem saberem ler nem escrever. Mas agora, tudo vai mudar.
Existiam uns computadores feitos de propósito para o Terceiro Mundo e o governo português mandou fazer esses computadores numa fábrica portuguesa ( escolhida com toda a isenção, esperemos...) e resolveu dá-los ou vendê-los baratos às "criaturas".
Qualquer pessoa que tenha visto uma criança nas imediações de um computador terá retirado a mesma conclusão: a criatura gruda-se no computador, experimenta todas as teclas e todas as hipóteses, antes de descobrir os jogos. Depois disso já não quer saber de mais nada. Isto se não tiver dado cabo do computador.
Outra constatação evidente: para uma criatura os computadores não têm dono, ou melhor, são todos dela. Quer sejam do pai, da avó, da tia ou da vizinha.
Agora com o Magalhães tudo vai mudar. O que acontecerá à criancinha que deixar cair o dela e o destruir? Ficará info-excluída, ou, como é óbvio, têm de lhe dar outro? Ou mais dois, durante o ano, para cada um?
A criatura que destruiu o seu computador e que quer jogar não irá concluir que o Magalhães do colega do lado é dele? E se o colega for magrinho e o que estragou o Magalhães for grande e gordo? Quem é que fica sem Magalhães? Afinal, são todos iguais...
Vamos ter, no futuro, os analfabetos mais caros do mundo. Mas alguém há-de lucrar alguma coisa com este negócio.

terça-feira, outubro 14, 2008

Os meus fregueses

Os meus fregueses não têm feito comentários nenhuns: será por causa da crise? Será do Outono?
Mas só é Outono em alguns sítios...
De qualquer modo, apesar de não haver comentários, não tenho tido menos fregueses nos blogues.
Conselho / Sugestão útil:
Comprem ações da bolsa (portuguesa, francesa, japonesa) estão todas ao desbarato e em saldo...
Ou comprem fundos e neste caso é melhor internacionais. Enfim, os bancos que faziam os fundos já faliram quase todos, mas os fundos existem e persistem. E também estão em saldo...
Beijos
Nadinha

segunda-feira, outubro 13, 2008

Quem lucra com a crise?

Ouvi uma entrevista com o empresário Henrique Neto, que muito aprecio até porque o conheço pessoalmente.

Como sempre, deu uma visão muito lúcida sobre a actual crise, muito informada também, visto que sempre negociou com os Estados Unidos e conhece muito bem a situação.

E houve uma afirmação que me impressionou, sabendoa ainda por cima que ele é do PS.

Disse que o Governo teria de responder pelo descalabro da economia portuguesa e das contas do Estado, mas vai dar a desculpa de que tudo se deve à crise internacional, ou seja, é o Governo quem mais ganha com a crise.

Vi e ouvi esta entrevista enquanto caminhava na passadeira no ginásio, mas de repente vieram dizer-me que estava na hora de fechar e que eu tinha que sair: fecham sempre o ginásio meia- hora mais cedo da hora marcada....

Ora bolas, não ouvi o resto...

Mas a pergunta é: no meio de tudo isto, o Governo ainda quer fazer obras megalómanas para que o "Sócrates" fique na história?

Só se ficar na história como o homem que levou o país à bancarrota, na esperança de vir a ser presidente da ONU, ou da CEE, enfim, dessas coisas de que ninguém quer ser presidente, a não ser ele.

sábado, outubro 11, 2008

O medo é o verdadeiro perigo

Manuela Ferreira Leite afirmou, depois de muitos terem dito e inúmeros terem sentido o mesmo, que vivemos um déficit democrático, pois as pessoas têm medo de falar, de criticar seja o que for, de protestar.
Creio que sempre foi assim, mas também acho que agora é insustentável, sobretudo porque, como quase sempre acontece, o medo é maior que o perigo, ou por outra, o medo é o verdadeiro perigo. Já o tenho dito aqui a propósito de vários medos. Por exemplo, no Brasil, senti que as pessoas não andam nas ruas porque têm medo e portanto só andam nas ruas aqueles que são perigosos: se todo o mundo saísse à rua, podia até haver levantamentos de grupos para defender alguém...
Vem isto a propósito de notícias recentes que começam a levantar o imenso véu da corrupção: as casas da Câmara de Lisboa alugadas por 25 cêntimos a pessoas ricas e a empresas, um livro recentemente publicado dizendo que os portugueses toleram bem a corrupção. Depois digo o título, pois não o fixei.
Muitas vezes me surpreendi, depois de ter protestado contra isto e aquilo, por me terem dito que eu tive muita coragem. Coragem? Então qual foi o perigo? Corro algum risco por protestar? Normalmente não tenho essa noção e até fico assustada quando me dizem que fui muito corajosa...
Corajosa? Que é que eu fiz? Apenas exerci o direito à indignação e o dever cívico de criticar o que está mal.
Agora creio que compreendo melhor que, tal como o "respeitinho", o silêncio também é muito bonito. É que, para haver corrupção, é necessário haver cumplicidades. É que as cunhas são o sistema deste país e quase ningém está imune. É um silêncio cúmplice, é o silêncio de quem pensa que são todos iguais... na cunha.
E vocês acham que a CEE vai continuar a financiar um país em que os ricos pagam 25 cêntimos para viver num palácio em Lisboa e mostrar que são ricos e os remediados pagam 1000 Euros para viver numa casita vulgar? E mostrar que são pobres?
É que nós achamos tudo isto muito bem.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Vem aí o dengue

Não, não é o Deng Xiao Ping. Não se assustem.
É só uma epidemia de dengue, que começou no Brasil e que ameaça chegar cá.
Creio que é aquilo que conhecemos por doença do sono.
Falando outro dia com uma brasileira do Sul, creio que do Paraná, ela disse que lá na terra dela não há dengue, porque: os polícias entram na casa das pessoas, regularmente, mesmo que seja contra a vontade delas.
Se tiverem jarras com a água já velha, obrigam a deitá-la fora, por exemplo. Depois vão aos quintais e jardins. Se encontrarem um pneu velho, por exemplo, levam-no para o destruir, pois o pneu há-de vir a juntar água, que se tornará um viveiro de mosquitos.
Enfim, se o dengue vier para cá, já sabemos o que fazer: evitar a água parada e tudo o que possa criar mosquitos.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Abençoados aqueles que gastaram tudo o que tinham!

Porque deles foi aquilo que tiveram. Digo eu.
Afinal de contas, nós andávamos todos, em todo o mundo, a poupar para alimentar os bancos, que, por sua vez, alimentavam o sistema financeiro americano, o verdadeiro coração da América.
E agora corremos o risco de ficar sem a grana que juntámos ao longo da vida e ainda é possível que os ordenados sejam reduzidos por causa disso ( os subsídios de férias e de Natal já eram...).
Abençoado quem gastou todo o dinheiro que tinha, que herdou ou que ganhou!
Prometo que, se escapar desta, vou gastar muito mais e dar muito mais a quem me apetecer. Afinal de contas, está fora de causa eu trazer para casa as notas e escondê-las debaixo do colchão: os ratos, os ladrões e a desvalorização das moedas aconselham-me vivamente a não fazer isso: solução?
- Gastar! Curtir! Enquanto é tempo, enquanto há dinheiro, enquanto ainda há gente que sabe curtir!

domingo, outubro 05, 2008

Cunhas?!

Parece ser absoluto consenso que as cunhas são o normal no sistema português. Alguém que estudou muito, trabalhou muito e além disso é bom, normalmente, repito: normalmente é ultrapassado por um(a) baldas que não sabe nada, não tem grandes capacidades e que ainda implica e complica quando alguém lhe faz sugestões complicadas, ou críticas.
Já todos nos tínhamos habituado a isso: é a cultura portuguesa do nepotismo e do compadrio, que levámos para as antigas colónias, ao ponto de ainda hoje elas serem ingovernáveis, tal como a "pátria-mãe" (ouvi este termo "pátria-mãe" em qualquer parte das minhas andanças, não me lembro agora se era Portugal ou Espanha).
Estava tudo bem, até que...
Tchan tchan tchan tchan...........
Até que este governo resolveu pôr essas eminências pardas, que passaram à frente das outras por cunhas, a, ouçam bem, a...
A avaliar as outras.
Então e agora já está tudo mal. O equilíbrio é importante! O que é que acontece quando uma nação perde o equilíbrio, conquistado ao longo de séculos e até mesmo transportado para além-mar?
Veremos nas cenas dos próximos capítulos.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Cunhas?!

Cunhas?!
Que grande novidade o haver cunhas em Portugal, ou mesmo serem elas quase o essencial do sistema português!!!!!!!!!!!
Vivi uns anos no Algarve. Conheci lá uma senhora extremamente simpática. À boa maneira portuguesa, convivia com ela e ela e eu com todo o mundo no café que frequentávamos. Como diz José Gil, os portugueses não convivem a não ser em famíla ou indo a sítios onde encontram os outros "por acaso". Encontrávamo-nos todos por acaso no café onde íamos todos todos os dias.
A senhora dizia que tinha sido rica e que tinha dado muitas coisas aos "amigos" (mais uma vez se dá razão a José Gil, livro: " Portugal Hoje, o Medo de Existir" já referido num destes blogues). Quando ficou pobre, entre aspas, ninguém lhe deu nada, dizia ela e acrescentava o exemplo: tinha dado uma cadeira linda e cara, uma antiguidade, a uma "amiga". Quando ficou pobre pediu-lha de volta mas a amiga recusou-se a devolvê-la.

Contava outra coisa, confirmada por várias pessoas com quem eu convivia nessa época e que me despertavam credibilidade. Era esta pérola:

Um dia num café, uma professora dessa pequena cidade do Algarve estava com os azeites e disse:
- Oh quem me dera ter um emprego porreiro, andar de terra em terra, viajar, não ter que aturar alunos.
A dita senhora, que tinha uma irmã a trabalhar no Ministério da Educação e que oferecia cunhas a todos os professores, com a mesma prodigalidade com que ofereceu a cadeira antiga à amiga:
- Se quiser alguma coisa, é só dizer-me, que eu peço à minha irmã e ela faz-me tudo o que eu lhe peço!
Dizia eu, a dita senhora, ao ouvir a professora aborrecida e frustrada, logo telefonou à irmã, que imediatamente criou um cargo assim: viajar de um lado para o outro, cirandar sobretudo pelo Algarve e ir às vezes a Lisboa, cargo este a ser desempenhado por uma professora algarvia da cidade de X.

Adivinhem o resto! Não, pensando bem, não conseguem, não têm imaginação para tanto, pois o resto é assim:

A rapariga, que tinha dito aquilo num momento de fraqueza e de fantasia, realmente desejava aquele emprego, mas não o queria, preferia uma coisa mais cómoda, ficar sempre no mesmo sítio... e portanto recusou.
Foi-me dito por várias pessoas que a dita senhora andava pelos cafés (recordar o que foi dito sobre José Gil) a pedir aos professores que encontrava que ficassem com aquele emprego, porque a irmã tinha-o criado de propósito para alguém daquela terra, alguém jovem, professor, ou professora de preferência e agora não sabia o que fazer a semelhante cargo, visto que ninguém o queria!