Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
sábado, março 03, 2012
quinta-feira, março 01, 2012
Deus é sempre uma pergunta?
Deus é sempre uma pergunta (Clicar por cima)
Esta é uma das não muitas pessoas que admiro, por me parecer que não apresenta grande diferença nem nenhuma incoerência entre as ideias que lhe são caras e as atitudes que professa.
Teóloga, estudante / e ou / especialista de temas literários e artísticos, activista dos direitos da mulher, etc...
quarta-feira, fevereiro 29, 2012
Até custa a crer: as freiras católicas Irmãs oblatas pedem bordel com sexo seguro
Até custa a crer: as freiras católicas Irmãs Oblatas pedem um bordel para Lisboa com sexo seguro.
É notícia de hoje. E por outro lado, não custa mesmo nada a crer, porque as freiras católicas Irmãs Oblatas são cristãs, e Cristo preocupou-se com os pecadores. E com as doenças e com os doentes. Incluindo as doenças dos pecadores.. Cristo foi muito incómodo no seu tempo. Por isso o crucificaram. E continua a ser incómodo hoje, por isso o enchem de máscaras. Das máscaras convencionais.
António Costa rejeita surgimento de bordel, mas estuda “safe house”
Talvez venha a propósito falar do papel das mulheres na Igreja Católica, ou mesmo das feministas católicas. Como é o caso do movimento Graal.
E já agora, da minha querida amiga e antiga professora de Mestrado, Isabel Allegro de Magalhães, membro significativo do Graal, que acaba de publicar o seu primeiro livro sobre religião. Inclui convite para o lançamento do livro no Porto.
E que também é notícia de hoje no Jornal Público, ainda não disponível na net.
terça-feira, fevereiro 28, 2012
Lixo de Luxo
S&P baixa rating da Grécia para incumprimento selectivo.
Vejam se entendem: Parece que há várias espécies de lixo. Lixo de 1ª, lixo de 2ª, lixo de 3ª, etc.
Por exemplo:
A Grécia já era lixo, baixou para lixo, tornou a baixar para lixo e agora, de acordo com a notícia em epígrafe, ainda pode subir para lixo.
Portugal já está no lixo, mas ainda pode baixar para mais lixo ou subir para menos lixo. Ou seja, é ainda Lixo de Luxo.
Entretanto, pagamos milhões a estas agências de rating: Moody's, S&P (Standard and Poors), etc. para que elas possam avaliar-nos desta disfemística maneira.
Difícil de entender? Nem tanto. Use as celulazinhas cinzentas.
domingo, fevereiro 26, 2012
Corrida na Ponte: não percam
Há já uns anos que não vou à Corrida na Ponte 25 de Abril, designada por meia-maratona de Lisboa e por mini-maratona.
Andei uns tempos com uma dor num calcanhar, que passou usando sapatos da MBP, mas agora tenho um motivo diferente: vou viajar, com partida nesses dia.
Os meus blogues vão ganhar com isso. Não digo aonde vou, para causar suspense ao meu único (única?) fã :) Imperdoavelmente, não tenho aqui fotos dessa maravilhosa terra, que conheço bem. Mas já não vou lá desde que tenho os blogues.
Vocês depois vêem.
Entretanto, recomendo vivamente esta corrida, que é a mais fantástica maneira de começar a primavera: sentindo-a dentro do corpo.
Hei-de ir depois a uma das corridas de mulheres (e para mullheres, cá entre nós). Há uma boa e outra para mulheres que nunca correram na vida. Depois digo.
sábado, fevereiro 25, 2012
Até Quando?
E que " os portugueses não passariam tantos sacrifícios se algumas situações tivessem sido investigadas."
Todos sabemos disto, pessoas com responsabilidade afirmam-no na comunicação social, o que é que falta para acabar com este saque à nossa miséria?
Desespero? Já há, ou ainda não?
"Desgraça ou ânsia"?
"Dá-nos o sopro, aragem, ou desgraça ou ânsia
Como que a chama da vida se renova
E outra vez conquistemos a Distância
Do Mar ou outra - mas que seja nossa""
«A Troika e os 40 ladrões»
Um jornalista espanhol, Santiago Camacho, vai lançar hoje em Portugal o seu livro A Troika e os 40 ladrões»: por detrás da crise, uma análise lúcida e duríssima da situação económica e financeira mundial.
É espanhol e considera que Portugal está a ser particularmente molestado pelo que chama um "assalto à mão armada".
Não é o único a pensar e a escrever assim, como já demos conta aqui, neste blogue.
O livro responde as estas perguntas, que faz:
"Quem
governa o mundo? Qual é o poder real dos políticos? Até que ponto a nossa vida é
condicionada por organizações internacionais e corporações privadas? Qual o
papel dos paraísos fiscais que dão abrigo ao dinheiro do crime ou da corrupção?
Por que se permite a existência destes territórios sem lei? O que está realmente
a acontecer na economia mundial, como chegámos a esta situação e quem está a
ganhar com a crise?"
VER TAMBÉM NESTE BLOGUE outro livro semelhante
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quinta-feira, fevereiro 23, 2012
Quaresma: abstinência ou vegetarianismo?
Nunca fiz abstinência na Quaresma, por duas razões: não me identifico com o catolicismo e acho ridículo comer lagosta em vez de frango como modo de ser místico... nada contra a lagosta, nada contra o frango...
Há muitos anos, alguém que me ia avaliar (já naquele tempo) queria obrigar-me, num almoço de trabalho, a comer camarão em vez de meio bife com batatas fritas. Como eu era muito magra e muito teimosa, lá foi o meio bife. A nota baixou um nadinha, mas, como eu era também algo contestatária, subiu outra vez um nadinha... ficou um nadinha abaixo das católicas ferrenhas - isto aconteceu na cidade do Porto, uma das razões, a menor de todas, que me levaram a mudar para aqui.
Sou religiosa sem ter religião, mas, mesmo que não fosse religiosa, com ou sem religião, consideraria importantes os jejuns e as restrições de comida impostos pelas religiões. Por razões espirituais e físicas. Hão-de reparar que todas as religiões têm também uma ginástica e não é pequena para alguns o ajoelhar e levantar e sentar e ajoelhar da católica. Sobretudo se o padre for daqueles que diz a missa em 100 rotações... em 10 minutos, como conheço bem um.
Este ano, decidi cumprir as restrições da Quaresma, nos dias assinalados e outros, ora fazendo jejum, ora consumindo alimentação vegetariana.
A ideia é cumprir, pelo menos às vezes, o preceito budista de Ahimsa: não violência. Ghandi aplicou este conceito da maneira que conhecemos, os vegetarianos ampliam-no para a ideia de não matar animais.
E tem um lado egoísta: faz bem à saúde. O colesterol não existe na matéria vegetal. Mas isso é o menos. Jejuar às vezes, abster-se de carne às vezes, fazer exercício físico sempre, tudo isto faz bem à saúde. E à alma.
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
De como utilizar as garrafas de água do Parlamento
Em tempo de crise, o que conta é a criatividade, ou, como dizia Camões, "engenho e arte"
(Foto tirada do Facebook)
Merecemos os políticos que temos?
A resposta a esta pergunta só pode ser:
- Sim! Claro!
E, no entanto, sentimos que não os merecemos.
Numa altura e que a fome aumenta, ou, pelo menos, a carência de alimentos, em que todos ganham menos, em que muitos perdem a casa que julgavam possuir, os deputados discutem que fica mais caro beber água da torneira do que serem-lhes fornecidas garrafinhas de água e copinhos de plástico para a beber...
O primeiro ministro, que concluiu a licenciatura aos 37 anos, ainda assim, melhor do que o anterior, que tinha um diploma falso, queixa-se de que não ganha bem e chama-nos piegas.
O Presidente da República queixa-se do mesmo, mas acha que nós não somos piegas. O Portas não se queixa de coisa nenhuma e só diz que nós não somos piegas... porque quer ser o próximo primeiro ministro e um futuro presidente da república.
E se emigrássemos todos?
terça-feira, fevereiro 21, 2012
Será que li bem?
Motivo desta carestia? Este:
"O cálculo incluiu os custos de pessoal “para o enchimento, limpeza, colocação e arrumo dos vasilhames” e chegou à cifra de 2730 euros [por mês] – cerca de dez vezes o valor para a água mineral. O Conselho de Administração também considerou o custo dos jarros em si, avaliados em 4680 euros – o equivalente a 18 meses de água mineral." (Sic.)
Acham que li bem?
Alguns deputados não fazem coisa nenhuma, nem falam, para que precisam da água? Então e os professores, que tanto falam, por que não lhes dão água? E já agora, canetas, lápis, papel, tinteiros, etc...
Anarquia Carnavalesca
Houve ou não houve feriado de Carnaval?
Resposta:
- Nim!
Estabeleceu-se uma espécie de desobediência civil, com contornos caricatos.
Os trabalhadores da CP fizeram greve contra o governo e, portanto, fizeram o jogo do governo, ao impedirem as pessoas de se deslocarem da forma mais simples para as terras portuguesas do Carnaval. De facto, como diz o Público:
"O sindicato dos maquinistas agendou para esta terça-feira uma greve total. Estão definidos serviços mínimos, mas os comboios especiais de Carnaval com destino a Ovar e Estarreja não se realizam."
Por sua vez, os autocarros do Porto e de Lisboa procederam como se fosse feriado, longe de fazerem greve, claro e os do metro fizeram greve.
E todo o mundo foi curtir o Carnaval.
Muito mais eficaz do que e fosse uma luta organizada, pois nem foi bem uma luta: foi uma anarquia.
Bakunine teria aplaudido.
VER TAMBÉM AQUI
Resposta:
- Nim!
Estabeleceu-se uma espécie de desobediência civil, com contornos caricatos.
Os trabalhadores da CP fizeram greve contra o governo e, portanto, fizeram o jogo do governo, ao impedirem as pessoas de se deslocarem da forma mais simples para as terras portuguesas do Carnaval. De facto, como diz o Público:
"O sindicato dos maquinistas agendou para esta terça-feira uma greve total. Estão definidos serviços mínimos, mas os comboios especiais de Carnaval com destino a Ovar e Estarreja não se realizam."
Por sua vez, os autocarros do Porto e de Lisboa procederam como se fosse feriado, longe de fazerem greve, claro e os do metro fizeram greve.
E todo o mundo foi curtir o Carnaval.
Muito mais eficaz do que e fosse uma luta organizada, pois nem foi bem uma luta: foi uma anarquia.
Bakunine teria aplaudido.
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segunda-feira, fevereiro 20, 2012
DEZ ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO ATRAVÉS DA MÍDIA
Noam Chomsky, aquele da gramática generativa e de tanta coisa mais, elaborou agora a lista DEZ ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO ATRAVÉS DA MÍDIA.
Todas elas se aplicam ao momento que estamos a atravessar agora, com crise e tudo.
Retirado do ótimo blogue brasileiro Excerptos ou Fragmentos, aqui vai, em resumo.
1 – A Estratégia da Distração.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças que são decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais na área da ciência, economia, psicologia, neurobiologia ou cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas Silenciosas para Guerras Tranquilas’).
2 – Criar problemas e depois oferecer soluções.
Este método também se denomina “Problema-Reação-Solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que seja este quem exija medidas que se deseja fazer com que aceitem. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja quem demande leis de segurança e políticas de cerceamento da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer com que aceitem como males necessários o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3 – A Estratégia da Gradualidade.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, com conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira as condições sócio-econômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego massivo, salários que já não asseguram rendas decentes, tantas mudanças que provocariam uma revolução se fossem aplicadas de uma vez só.
4 – A Estratégia de Diferir.
Outra maneira de fazer com que se aceite uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para se acostumar com a idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5 – Dirigir-se ao público como a criaturas de pouca idade.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por que? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-curcuito na análise racional, e, finalmente, no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.
7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância planejada entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser alcançada para as classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
8 – Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.
Promover a crença do público de que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9 – Reforçar a auto-culpabilidade.
Fazer crer ao indivíduo que somente ele é culpado por sua própria desgraça devido à insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, em vez de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se menospreza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição da ação do indivíduo. E sem ação não há revolução!
10 – Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles que possuem e utilizam as elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que este conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos.
Noam Chomsky. filósofo, ativista, autor e analista político estadunidense. É professor emérito de Linguística no MIT e uma das figuras mais destacadas desta ciência no século XX. Reconhecido na comunidade científica e acadêmica por seus importantes trabalhos em teoria lingüística e ciência cognitiva.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças que são decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais na área da ciência, economia, psicologia, neurobiologia ou cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas Silenciosas para Guerras Tranquilas’).
2 – Criar problemas e depois oferecer soluções.
Este método também se denomina “Problema-Reação-Solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que seja este quem exija medidas que se deseja fazer com que aceitem. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja quem demande leis de segurança e políticas de cerceamento da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer com que aceitem como males necessários o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3 – A Estratégia da Gradualidade.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, com conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira as condições sócio-econômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego massivo, salários que já não asseguram rendas decentes, tantas mudanças que provocariam uma revolução se fossem aplicadas de uma vez só.
4 – A Estratégia de Diferir.
Outra maneira de fazer com que se aceite uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para se acostumar com a idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5 – Dirigir-se ao público como a criaturas de pouca idade.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por que? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-curcuito na análise racional, e, finalmente, no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.
7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância planejada entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser alcançada para as classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.
8 – Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.
Promover a crença do público de que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9 – Reforçar a auto-culpabilidade.
Fazer crer ao indivíduo que somente ele é culpado por sua própria desgraça devido à insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, em vez de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se menospreza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição da ação do indivíduo. E sem ação não há revolução!
10 – Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles que possuem e utilizam as elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que este conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos.
Noam Chomsky. filósofo, ativista, autor e analista político estadunidense. É professor emérito de Linguística no MIT e uma das figuras mais destacadas desta ciência no século XX. Reconhecido na comunidade científica e acadêmica por seus importantes trabalhos em teoria lingüística e ciência cognitiva.
domingo, fevereiro 19, 2012
Quando até o Carnaval nos querem tirar...
Ó Balancê balancê / Quero dançar com você...
Encantadoramente Kitch e obsoleto, diretamente do Carnaval Brasileiro para o Carnaval Português, aqui vai a Carmen Miranda, nascida no Marco de Canaveses, meia portuguesa, só meia brasileira e portanto, simbolizando o elo de ligação entre as duas culturas.
Maria do Carmo Miranda da Cunha GO IH (Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909— Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi umacantora e atriz luso-brasileira.[nota 1] Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950.
Maria do Carmo Miranda da Cunha GO IH (Marco de Canaveses, 9 de fevereiro de 1909— Los Angeles, 5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi umacantora e atriz luso-brasileira.[nota 1] Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950.
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
Pero que las hay, las hay
Novo cardeal português defende que função “essencial” da mulher é educar os filhos
Não vou afirmar que há muitas mães assim,
"Pero que las hay, las hay".
Vamos ter um cardeal romano português muito cândido. Por onde tem andado este gatinho? ...
Até chegar a cardeal cardinalício papabile... e representante dos portugueses junto do Papa de Roma?
VER MAIS PORMENORES AQUI
(Também chamado, em Espanha, "ARCEBISPO DO CALDITO", como se vê no último link). Ou é um santo, ou temos melhor.
terça-feira, fevereiro 14, 2012
Afinal, as boas notícias são... notícias
O Irão acaba de proibir a pena de morte por apedrejamento, reservada, normalmente, Às mulheres consideradas adúlteras.
Este blogue tem uma petição contra isso
AQUI
Também foi abolida a condenação à morte para menores!!! Também no Irão.
A boa notícia é que as coisas vão mudando aos poucos, mesmo no Irão e é bom saber que contribuímos para isso, através do ativismo online. E outros ativismos.
VER NOTÍCIA AQUI
Este blogue tem uma petição contra isso
AQUI
Também foi abolida a condenação à morte para menores!!! Também no Irão.
A boa notícia é que as coisas vão mudando aos poucos, mesmo no Irão e é bom saber que contribuímos para isso, através do ativismo online. E outros ativismos.
VER NOTÍCIA AQUI
Ensino...
Porque é que os nossos alunos se portam tão mal nas aulas?
Coitadinhos!
Porque têm calor, a seguir têm frio, distraem-se, não se vê bem o que está escrito no quadro... Porque é próprio da idade, porque o computador da sala de aula funciona, mas está sem Internet... porque é tudo tão chato...
Porque é tudo tão fácil e tão óbvio... pena que não aprendam essas coisas tão fáceis, salvo uns iluminados que são vítimas dos outros...
segunda-feira, fevereiro 13, 2012
O Estado (Triste) das Nações Tristes (a continuar)
Vemos primeiro o rosto de um rapaz, orgulhoso, altivo, marcial. Aproximando mais o nosso próprio rosto, vemos mais: o rapaz chora, sem perder a expressão máscula e a juvenil máscara de que um homem não chora...
São imagens como esta que dizem tudo, só por si. É um militar grego, no decurso da rebelião, quase revolução que grassou em Atenas.
A nossa rebelião vai ser a rebelião do Carnaval, em que haverá uma desobediência civil, com a ajuda de dias de férias e de atestados médicos e do habitual laxismo. Do mal o menos... (?)
Vemos notícias insultuosas nos jornais, contra a Grécia, Portugal, a Europa.
Vemos pessoas a chorar nos supermercados, por não poderem comprar o que queriam.
Vemos pessoas a perderem as casas que haviam comprado com tanto sacrifício. Imaginamos como viverão essas pessoas, em casa dos pais, em casa dos irmãos, pequenos espaços atravancados, que conflitos latentes não irão despoletar?
Vemos os pais a ficarem sem casa porque eram fiadores dos filhos e não podem pagar a diferença entre o empréstimo do banco e o que a casa rendeu, num leilão ao desbarato.
Vemos que a manifestação, em Lisboa, considerada a maior dos últimos 30 anos, foi desvalorizada pelos media, como se fosse uma pequena demonstração de um grupelho.
Vemos os pais a ficarem sem casa porque eram fiadores dos filhos e não podem pagar a diferença entre o empréstimo do banco e o que a casa rendeu, num leilão ao desbarato.
Vemos que a manifestação, em Lisboa, considerada a maior dos últimos 30 anos, foi desvalorizada pelos media, como se fosse uma pequena demonstração de um grupelho.
Vemos a Alemanha, cada vez mais arrogante, quase ameaçando invadir outra vez a Grécia, fazendo chantagem com os empréstimos, quando, na verdade, a Alemanha ainda deve à Grécia muito mais do que lhe quer emprestar, pelo modo como ocupou este país. Custa a crer? Vejam o link abaixo. ***
Vemos a Grécia, também sem razão, a viver acima das suas possibilidades, devassada por políticos corruptos e por negociantes corruptos.
*** VER AQUI
domingo, fevereiro 12, 2012
A bondade no rosto
Esta mulher polaca, Irena Sendler, morreu tranquilamente numa cama aos 98 anos, depois de ter salvo 2500 crianças judias, evitando que fossem colocadas em campos de concentração nazi.
Isto confirma a minha opinião: a bondade não pode existir sem a coragem. Basta ver o seu rosto simpático, carinhoso e bondoso, onde não encontramos traço da dureza que se associa à coragem.
No norte de Portugal, que tem uma linguagem muito variada, em risco de se perder, é utilizada a palavra fraco, ou fraca, para designar uma pessoa que não é boa.
Como se a fraqueza fosse impeditiva da bondade.
VER AQUI
Precisamos destes exemplos, agora que estamos outra vez a voltar atrás, em termos europeus.
VER AQUI
Precisamos destes exemplos, agora que estamos outra vez a voltar atrás, em termos europeus.
“phosphoro” e “exhausto”
Ainda a propósito do acordo ortográfico, aqui fica a opinião de um entendido na matéria.
“Acordo Ortográfico: para além de Portugal *
1. Começo por três afirmações preliminares.
Primeiro: uma declaração de desinteresses. Não tenho interesses económicos, dependências políticas ou outras, quando me dedico a analisar a questão do Acordo Ortográfico; (…)
Segundo: uma declaração de interesse. Debato o Acordo Ortográfico porque me interessa a Língua Portuguesa e preocupa-me o seu destino, também à escala internacional.
Terceiro: uma declaração de índole ético-cultural, dividida em três frentes. Uma, que é a do respeito que igualmente me merecem todos os países onde o Português é língua oficial; outra, que é da honestidade intelectual que preside às minhas reflexões sobre este tema; uma outra ainda, que a da afirmação, relativamente a este tema, de convicções fortes, mais do que de certezas dogmáticas ou aspirações a ser dono da verdade.
(…)
A consagração de um acordo ortográfico entre os países de língua oficial portuguesa é, neste contexto, uma decisão estratégica de capital importância.
(…)
Chegado a este ponto, lembrarei algumas coisas simples, mas nem sempre presentes nesta discussão.
(…)
A consagração de um acordo ortográfico entre os países de língua oficial portuguesa é, neste contexto, uma decisão estratégica de capital importância.
(…)
Chegado a este ponto, lembrarei algumas coisas simples, mas nem sempre presentes nesta discussão.
Primeira coisa simples: um acordo é, por natureza, um acto positivo, envolvendo um sentido de entendimento que importa enaltecer e não menosprezar.
Segundo: um acordo não é uma dogmática unificação de procedimentos, é um encontro de vontades, fundado no reconhecimento da dignidade das partes, sem preconceitos, complexos ou reservas mentais.
Terceiro: um acordo, por ser um entendimento, implica disposição para o diálogo e para abertura, não o fechamento em comportamentos autistas.
Quarto: um acordo implica também o pragmatismo que leva a que se concorde no que é possível concordar, sem prejuízo de diferenças que não põem em causa o essencial da concordância.
Por fim: se um acordo incide na ortografia, então reconheça-se que ele visa aquele domínio linguístico que é mais convencional e susceptível de reajustamentos rapidamente incorporados pelo uso e sobretudo pelas crianças, que são os falantes do futuro. Não tenham receio os educadores: o que está em causa neste acordo ortográfico é aproximar a grafia da articulação fonológica (aproximar, não identificar) ou, noutros termos, o modo como escrevemos do modo como falamos.
Já o perguntei e repito-o agora: há alguma ofensa cultural, se passo a escrever “elétrico” em vez de “eléctrico”? Houve desrespeito pelo idioma de Alexandre Herculano, pelos legisladores do Liberalismo ou pelos cidadãos letrados seus contemporâneos, quando passámos a escrever-se “fósforo” ou “exausto”, em vez de “phosphoro” ou “exhausto”? (…)”
(continua)
* Excertos da Comunicação lida na Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promovida pela Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da Republica, em Lisboa, no dia 7 de Abril de 2008.
* Excertos da Comunicação lida na Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promovida pela Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da Republica, em Lisboa, no dia 7 de Abril de 2008.
Carlos Reis (Angra do Heroísmo, 28 /09/1950)
Ensaísta, colaborador de jornais e revistas, professor universitário, especialista em literatura portuguesa.
Ensaísta, colaborador de jornais e revistas, professor universitário, especialista em literatura portuguesa.
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