quarta-feira, agosto 08, 2012

Bloomsday? E por que não o dia do Dessassossego?

Sabem o que é o Bloomsday?


É um dia feriado na Irlanda, para comemorar o dia narrado no romance Ulisses, de James Joyce. A obra refere a "odisseia" de Leopold Bloom durante 16 horas do dia 16 de jinho de 1904, pelas ruas de Dublin, fazendo apenas coisas vulgares. É um livro imenso e chatíssimo, que pouca gente consegue ler até ao fim (a Nadinha nunca conseguiu, apesar de ser uma leitora compulsiva que até lê cartas, cartazes, listas de compras, ementas, etc).

Aparentemente, os poucos que conseguem ler até ao fim, adoram. 
No dia 16 de Junho na Irlanda e noutros países, celebra-se este romance, por exemplo, comendo o que comeu o Bloom, fazendo o que fizeram as personagens, o que é obra, dado que não fizeram nada de anormal.


Parece claro que, sendo a Irlanda um pequeno país muito nacionalista e orgulhoso, valoriza o pouco que tem.

E se nós fizéssemos o mesmo, em vez de embandeirarmos em arco porque tivemos uma medalha de prata nos Olímpicos que foi quase de ouro? E que é uma vergonha por ser tão pouco. Mesmo que fosse uma única vitória em ouro. 


O dia do Desasossego, o dia dos Maias, o dia do Amor (de Perdição), o dia da Blimunda, o dia... não digo mais por serem demais os livros bons. O dia do tio Luís (de Camões), o dia da Menina e Moça, o dia do tio Gil, em que se comia cabrito como no Auto da Índia, ("a metade dum cabritinho")...



O primeiro, dia do Desassossego, talvez seja o mais viável, dado que a Casa Fernando Pessoa já o tem, juntamente com várias ideias ligadas ao desassossego, propostas pela sua atual e ótima Directora, Inês Pedrosa. E que a palavra é muito expressiva, sendo que tudo e mais alguma coisa pode ser feito neste dia...



Poderia começar pela Câmara de Lisboa, tornava-se feriado em todo  o país, depois no Brasil... até já temos o precedente de o nosso dia nacional ser o de Camões, um poeta...


O dia do tio Pêro: da "Carta do Achamento do Brasil", dia que tinha pano para mangas. Na verdade, tinha pano para um fato. Facto? Fato? As pessoas poderiam fantasiar-se de Índios e de Descobridores, poderiam fazer muitas coisas que são narradas... nadar, andar de barco, sei lá... comer o que deram a comer aos índios no nau capitaina... até podia ser um dia de nudismo.

Vou enviar esta proposta à Casa Fernando Pessoa. Aos políticos não dou ideias. Roubavam-mas e ainda me acusavam de plágio. E tinham logo equivalência a escritores.

segunda-feira, agosto 06, 2012

Como era antigamente? Como será no futuro?






Das últimas vezes que pesquisei no Google, procurei temas tão variados como: como abrir as conchas das ostras, tomar ou não medicamentos para a malária, quando se  viaja, o que são as lesmas do mar (lindíssimas), como colorir o cabelo com henna, fotografias antigas e máquinas fotográficas última geração, etc.


Quando algumas pessoas que conhecemos, profissionalmente ativas, começaram a trabalhar, ainda nem se usavam fotocópias, que já existiam mas não tinham um preço aceitável, ainda não havia computadores pessoais (um computador ocupava, nessa época uma enorme sala e muitas pessoas, (com empregos que deixaram de existir e existiram pouco tempo), muito menos havia telemóveis... E tudo isto há relativamente pouco tempo.

Mas todas estas limitações  já estão esquecidas. é fácil adaptarmo-nos ao melhor.

Porque é que outros aspetos da vida e da tecnologia não evoluíram quase nada?

Por exemplo, não deixou de haver agressividade e até mesmo violência entre pessoas que se estimam, os automóveis não mudaram muito, não ficaram muito mais baratos, muito mais rápidos, não voam... as casas não são muito mais baratas (pelo contrário), nem mil vezes melhores... a ideia é esperar que tudo isto venha a melhorar muito. Não melhoraram muito porque o seu melhoramento iria contra os interesses instalados. Quem quer casas e automóveis muito baratos e muitíssimo bons? Como escravizar criaturas, se tudo lhes é acessível por pouco que ganhem? 

(Nas imagens acima, vemos uma ficção: em 1900 julgavam, talvez com razão, que voar seria a nossa maneira mais comum de viajar, no ano 2000. Ou então viajava-se em comboios-navios que continuavam na terra a viagem iniciada no mar.)

sábado, agosto 04, 2012

Vidas: O Diogo


Sinto às vezes, ao passar numa parte menos frequentada das Amoreiras, uma certa nostalgia, não um sentimento de tristeza pessoal, mais, talvez, uma sensação de pura compaixão. 
Foi lá que a minha grande amiga Vitória me contou os factos que vou narrar, poucos meses antes de morrer, subitamente. Ela teria, no máximo, uns 60 anos... hoje em dia é considerado cedo, portanto.
Encontrámo-nos por acaso nas Amoreiras, vi que estava desanimada (não era pessoa de mostrar o que sentia)  e fomos, por escolha dela, àquele café a que eu nunca tinha ido, nem voltei.

Essa mulher teve sempre uma grande paixão por uma primo da mesma idade, O Diogo. Pela parte dele, militar de carreira e muito conservador, marialva, era difícil de entender o que sentiria, mas nunca casou e voltava para ela, de vez em quando. Nunca tiveram filhos... por causa dessa inconstante relação e dos vários abortos, frutos também dessa inconstante relação e da imprevidência dos dois.

E então ela contou-me, com uma tristeza que tentava disfarçar, sem necessidade de a exprimir nem muito menos de a dissimular, pois eu poderia imaginar o que sentia, visto que éramos amigas.

O Diogo era muito "forreta". Poupava de tal maneira, que nem comprava medicamentos analgésicos para a mãe, que lhos pedia e implorava, muito menos para ele mesmo. Juntou muito dinheiro. Depois de passar à reserva, decidiu ir viver para a aldeia onde tinha nascido. Tinha uma casa com um grande quintal nas traseiras, pomar e horta. Quase não comprava nada, consumia o que cultivava. Não se dava muito com os vizinhos, vinha raramente a Lisboa, a minha amiga estava encarregada de lhe tratar das questões logísticas da casa na capital.

A certa altura, deixou de ter contacto com o Diogo. Telefonou, mas não conseguiu falar com ele... também, não era pessoa de se preocupar muito... nada dramática... esperou para ver o que acontecia.

Veio mais tarde a ser informada: encontraram o corpo do Diogo no seu quintal, morto há cerca de um mês, parcialmente comido por cães. O quintal estava murado a toda a volta, o que explica que tenha caído e não tenha sido encontrado. Os cães ficaram malditos para sempre, pois numa aldeia, até os animais têm reputação, vivos ou mortos.


A Vitória foi ao funeral. Como o Diogo não se deu ao trabalho de fazer testamento, os únicos herdeiros eram uns parentes e respetivos filhos. Com quem não se dava. No funeral, como é natural, estavam felicíssimos, pois iam herdar o dinheiro poupado com grande sacrifício, numa vida pouco vivida, sem alegria nem consolo. Com muita dor, não mitigada por analségicos, por serem caros. Afirmavam:

- Já morreu tarde. Eu mal podia esperar para ganhar aquele dinheiro todo.
- Foi pena o tipo não ter morrido há 5 anos, quando eu precisava tanto de dinheiro... mas agora também, faz cá um jeitaço!

Vi a tristeza e o desânimo invadirem o rosto e o olhar da minha amiga, enquanto me narrava estas e outras frases que tinha ouvido no funeral do seu amante de toda a vida, usando o discurso direto, saborendo sem  prazer um café que foi arrefecendo. Um café adocicado, mole, morno de tanto esperar e insípido. Como a sua mesma existência .

Poucos meses depois, a nossa mulher-a-dias comum ligou-me para o telemóvel, estava eu a trabalhar. Informou-me de que a minha amiga tinha morrido. Subitamente, durante a noite. Sozinha em casa.

Hoje, dia 4 de Agosto, faria anos, mas já não faz. Há quantos anos já não faz anos? 3,4,5?

Que importa o calendário? No seu último aniversário telefonou-me para casa, mas eu estava algures no estrangeiro, talvez no Brasil, nas Canárias, ou no mar. 

Nunca fixei datas, raramente me lembro de um aniversário...

(Os nomes são fictícios, de resto, é tudo verdade. Talvez mostre um pouco o que é a sociedade portuguesa contemporânea, o materialismo, o culto dop dinheiro, o modo de transmissão da riqueza, etc.)

sexta-feira, agosto 03, 2012

Exames de Português do 12º Ano e a saga do rigor ("mortis")

Já aqui foi várias vezes referido este tema, ao ponto de se tornar recorrente neste blogue. Para ver posts anteriores, clicar na Tag  .

Também partilhei um link dum texto de António Guerreiro no Expresso, desmontando o exame da 1ª fase, bem como uma opinião do representante da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Albino Almeidaque partilho, defendendo a demissão da atual direção do Gave, ou mesmo a sua extinção, como era promessa do atual Ministro da Educação.

Segue agora a "saga" da 2ª Fase do mesmo exame.

Logo na primeira pergunta sobre um texto do Memorial do Convento, pede-se o seguinte: 

"1. Indique, de acordo com o primeiro período do texto, três elementos que caracterizam Baltasar no momento em que regressa a casa."

O primeiro período é o seguinte:

"Regressou o filho pródigo, trouxe mulher, e, se não vem de mãos vazias, é porque uma lhe ficou no campo de batalha e a outra segura a mão de Blimunda, se vem mais rico ou mais pobre não é coisa que se pergunte, pois todo o homem sabe o que tem, mas não sabe o que isso vale."

Seríamos levados a supor que a  pergunta é demasiado fácil, não fosse o critério de correção decidido em reunião do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional)  e recebido pelos  examinadores às 23 horas do dia 23 de Julho, para correção exames realizados em 13 de Julho:

"A expressão «filho pródigo» não constitui, por si só, um elemento caracterizador de Baltasar no momento em que regressa a casa."


Sendo assim, os elementos ( linguagem perfeitamente familiar e nada científica) caraterizadores aceitáveis são: tem mulher, não tem mão e é pobre. "Tem mulher" é um elemento caraterizador??? Eu não acertava essa e, portanto, ia para o filho pródigo. Perdia logo uns pontos largos.



Na verdade, Baltazar é comparado ao filho pródigo, já que só regressa a casa quando precisa de dinheiro. Havendo trabalho em Mafra e como os pais vivem nessa terra, regressa e vai para casa deles, depois de ter passado anos sem dizer se estava vivo ou morto. 



O receio de o aluno acertar por acaso, pois pode não saber quem é o filho pródigo, deveria ter sido previsto ao fazerem uma pergunta tão óbvia e tão parva, em vez de se considerar totalmente errada uma resposta totalmente certa.



Será possível haver pior? Sim. Senão, vejamos...



Quanto ao que normalmente chamamos "redação", pede-se que se faça uma reflexão sobre o papel do homem e da mulher na atualidade. Os alunos do 12º ano, que terminam agora uma escolaridade com 12 anos de português, não terão dificuldade em responder, mas correm sérios riscos.


Os melhores e mais cultos farão uma reflexão sobre o papel da mulher e sobre o modo como tem evoluído ao longo do tempo. Esta resposta poderá ser desvalorizada até zero, de acordo com os mesmos critérios recebidos pelos corretores em 23 de Julho (10 dias após o exame e 3 dias antes do dia em que deverão ser entregues os exames corrigidos - 26 de Julho). 

Sendo assim, 

"[...]quando os examinandos abordam, exclusiva ou predominantemente, a evolução verificada ao longo dos tempos, ocorre um desvio do tema e, em certos casos, um incumprimento da tipologia solicitada. Nos critérios de classificação, estão previstos níveis de desempenho correspondentes a estas situações."

Um dado que se tem evidenciado nestes exames (de há 5 ou 6 anos para cá) é o facto de os melhores alunos terem notas fracas, com uma incrível frequência, ficando muitas vezes atrás de alguns dos piores, por exemplo, um aluno muito bom tem 10, ou 9,5, ao passo que um dos piores alunos tem 11.

Será que existe, por detrás disto, uma intenção? 
Seria necessário, para isso, haver pessoas inteligentes por detrás dessa intenção, o que não parece ser o caso. António Guerreiro afirma que sim, a mim parece-me mais parolice e o reflexo das cabeças ocas que tratam do assunto. 

Ou talvez a intenção seja levar os alunos a verem os Morangos com Açúcar em vez de lerem um livro? Porque para entender o Memorial do Convento, de José Saramago é preciso conhecer a Bíblia e tanto um livro como o outro são muito chatos. Mas então o tipo não é ateu? Who cares? Whatever?


Caso para perguntar: onde é que pára a Associação De Professores de Português? 
Resposta: Como sempre, a dizer "Amen Jesus" aos ministérios, aos ministros, às ministras e ao governo, sejam eles quais forem. Felizmente, os professores de português, na sua esmagadora maioria, não são sócios dessa aberração, que até era a favor das TLEBS quando o país inteiro se movimentava ativamente contra.

domingo, julho 29, 2012

Clix versus ZON

Mudei recentemente da Clix para a Zon. Já depois de ter mudado, fui informada pela Clix de que era obrigada a pagar mais um mês. Um mês após ter entregue o equipamento, ainda pagava tudo e ainda o mais Tv Cine.
Procurei informação na net. Encontrei inúmeras reclamações contra a Clix e li o comentário de um seguidor do meu outro blogue, queixando-se de que teve até um contencioso em tribunal contra  a Clix e que estava satisfeitíssimo com a Zon.

Que faço? Pago, não pago? Parece que assinei, há anos, um contrato em que me comprometia a isso e a Clix tem de pagar aos fornecedores de conteúdos, não pode ficar a perder porque eu não avisei com antecedência de um mês, etc...

Um mês depois de ter entregue o equipamento, recebo um ultimato por e-mail, ameaçando-me de ser obrigada a pagar mais isto e mais aquilo, se não entregar o equipamento rapidamente.

Conclusão?

Conclusão: Informando a  Zon destes factos, foi-me confirmado que, de facto, a Clix teve de pagar aos fornecedores, mas, como eu paguei duas vezes o mesmo serviço dos fornecedores, à Clix e à Zon, a Zon reembolsa-me desse dinheiro, dando-me um crédito no mesmo montante, ou seja, não pago um mês à Zon.

Para além de tudo o mais, tenho Internet grátis no telemóvel e nos computadores portáteis através da FON ZON, podendo ainda ligar-me do estrangeiro. E até posso ganhar dinheiro, porque tenho um hotspot da Zon, em casa.
Sítios como o Tv Cine, posso tê-los num mês e anulá-los no mês seguinte, como me parece normal. 
E ainda pago menos 20 Euros por mês, com direito a tudo isto, incluindo Tv Cine.


A ideia antiga era que roubar aos clientes era a maneira de enriquecer. Agora, existe a  ideia de que roubar os clientes é uma maneira de perder clientes. Já não somos ignorantes nem parvos e existe concorrência.

Acho importante partilhar isto com todos os que estejam indecisos. Este blogue é visto por muita gente.

sábado, julho 28, 2012

Ano 2000 visto em 1900







Estes postais ilustrados ilustram o que, no ano de 1900, alguém imaginou que seria o ano 2000.
É claro que íamos andar todos a voar, ou com asas ou erguidos em balões, podendo até passear em carruagem sobre a água. E que não haveria chuva nas cidades, pois todas teriam um teto de vidro...

Ver mais no site LA BOÎTE VERTE 

domingo, julho 22, 2012

A retranca









Sabem o que é  a retranca? Bem, eu sabia que estar na retranca era estar no contra, era ser agressivo, mas nunca imaginei que fosse tão... tão... vejamos:


A retranca é isto que se vê na imagem: uma espécie de tronco, antigamente seria um tronco, que fica por debaixo das velas e que as sustenta. Quando o vento vira, nada mais natural que uma pessoa distraída apanhar com a retranca na cabeça!!! UI!!!


Aquela espécie de roldana que segura  a retranca chama-se burro. Por razões óbvias. Quem quer segurar e aguentar a retranca? Só um burro.


OH! Tanta filosofia no velame dos navios: "à terra onde fores ter, faz como vires fazer" - mais um ditado que terá sido ditado pelas longas viagens marítimas.


(Bem, a palavra também significa: 

- Tranca de porta ou janela
- Correia que passa por debaixo da cauda das cavalgaduras e impede que a sela ou o selim escorregue para a frente)

Enfim, a retranca é algo pouco simpático. Figurativamente, estar na retranca ainda significa estar desconfiado.

Pudera: com uma correia como a referida, com uma tranca que bate na cabeça, com uma tranca na porta ou janela: o melhor é ficar mesmo e sempre "na retranca".

Tall Ship Race Lisboa 2012











Fotos tiradas a bordo do navio (lugre) Príncipe Perfeito.

terça-feira, julho 17, 2012

o "Rigor Mortis" do "ministro da educação" Nuno Crato.

Mais uma Universidade que vai para o galheiro por ter tido a subida honra de ter formado um ministro. Os brasileiros chamam a isto "Queima de arquivo". Sim, conheço quem lá dê aulas e que vale um zero menos. Mas isso também é verdade para o Ministério da Educação. E para todas as estruturas que metem políticos. Também conheço uns que são bons, num lado e no outro, mas esses também andam a reboque dos chicos espertos.


Ministro da Educação confirma

Auditoria à Universidade Lusófona já está em curso e fica 

concluída no Verão


Ler também, num anterior post deste blogue, textos sobre o rigor ("mortis") do assim designado "ministro da educação", que, ainda recentemente, era contra tudo aquilo que agora  proclama. 


AQUI: 

“Os exames e a comédia do rigor”


"Quem ti viu, quem ti vê..."

segunda-feira, julho 16, 2012

Foi bonita a festa, pá!!!




Realizou-se hoje, em Lisboa, uma manifestação contra o Miguel Relvas. Exigindo a sua demissão.

Não estava muita gente, mas estavam poucos e bons. Gente de todas as idades, professores, jornalistas, artistas, etc...
A Nadinha não levou máquina fotográfica., pensando que tinha o telemóvel, mas também não o levou.
Só podemos publicar uma foto alheia, talvez mais tarde haja outras, emprestadas.

O ambiente era agradável, quase familiar, embora um nadinha "revolucionário". Bem, se o Relvas não for demitido, na próxima segunda feira há mais e levo máquina fotográfica, o telemóvel e tudo!!!


VER AQUI NA RTP 1

“Os exames e a comédia do rigor”

[...] "O aluno não é convidado a pensar, a interpretar, a escrever, mas a decorar chavões, a papaguear tópicos, a repetir interpretações fabricadas que circulam como um cânone que não admite desvio [...]"




“Os exames e a comédia do rigor” é o título de um artigo de António Guerreiro, publicado na revista do Jornal Expresso: Atual, de 14 Julho 2012.
Na impossibilidade de o transcrever aqui na íntegra, recomenda-se a sua leitura, por ser uma análise lúcida e rigorosa do exame de Português da 1ª chamada do 12º ano. Que justifica os resultados: por um lado fracos, por outro, não estabelecendo qualquer tipo de diferença entre os alunos ótimos e os médios, o que sobressalta até estes últimos. E que só não vê quem não quer ver, pois de há uns poucos anos para cá, acontece sempre isto.
Creio que o texto estará disponível online a partir de uma data que não sei qual seja.


Ficam aqui citações.



"O que imediatamente chama a atenção é o facto de boa parte da prova exigir, não que o aluno escreva, mas que ordene, escolha e associe frases já dadas."
"Os textos literários são estudados como se tivessem interpretações fechadas e o exame, por sua vez, vai confirmar esse fechamento."



"Os critérios de correção, lavrados em verdadeiros tratados (os critérios de correção têm mais páginas do que o enunciado do exame), fundam-se numa ciência para a qual não temos nome porque trata de hipóteses e de "cenários de resposta". Eles preveem tudo - todos os desvios, todas as incorreções, todas as imperfeições e incompletudes das respostas dos alunos - e para tudo o que preveem têm uma quantificação.

Se, ainda assim, o professor, presumindo-se um avaliador competente, quiser operar um pequeno desvio e introduzir o seu critério de quantificação, lago saberá que a grelha Excel onde vai lançando a pontuação das respostas só aceita os números previstos pela ciência que projeta "cenários de resposta".

No fim de todos os mecanismos de vigilância por que passou, há uma grelha Excel que lhe diz que ele não é nada e nunca será nada.” 




sábado, julho 14, 2012

Manifestação pela demissão de Miguel Relvas




Alguns portugueses sente-se muito orgulhosos por serem portugueses, mas entregam os destinos da nação e do povo "Lusíada" a criaturas como esta (Miguel Relvas). Síndrome da incoerência, ou síndrome da despersonalização?

Não são mesmo nada dignas de orgulho nacional, muitas das notícias que recentemente correm nos jornais. Como estas, que se seguem neste post. Por ordem aleatória. Cada notícia tem um link que se pode seguir.



El ministro de Asuntos Parlamentarios logró la equivalencia de 32 de las 36 disciplinas de una carrera de tres años después de ser analizado por un único profesor





Relvas recebeu 14 mil euros de reforma




Passos Coelho renova total confiança em Miguel Relvas



Por estes motivos, eu vou a:
Manifestação pela demissão de Miguel Relvas

SE CONCORDA E NÃO PODE IR À MANIF, PODE ASSINAR A PETIÇÃO

AQUI


(E não esquecer:  esta causa é muito importante enquanto questão de princípio, mas o essencial é  tudo o mais. Por exemplo, as parcerias público-privadas (PPP).)





quinta-feira, julho 12, 2012

Manifestação pela demissão de Miguel Relvas VAMOS PARAR DE RIR!!!

Criticar o governo (o poder) pode ser, ou não, um ato de coragem: para uns, impossível fazê-lo, para outros, impossível não o fazer... 

Manifestação pela demissão de Miguel Relvas, convocada pelo Facebook Dia 16 de Julho, Às 19 horas, em frente à Assembleia da Repúbica.

Passamos a vida a rir ironicamente. Às vezes com alguma alegria. Sempre com algum cinismo, de episódios como o de Miguel Relvas... Fora com este tipo de alegria, fora com quem nos deseja cínicos, incompetentes e conformados. Se formos cínicos em relação à corrupção, seremos iguais a eles.

Eu, pelo contrário, nunca me rio das coisas que não têm graça. Esta criatura não tem graça nenhuma!!!

VAMOS PARAR DE RIR!!! VAMOS RIR SÓ DAQUILO QUE NOS ALEGRA; ESTÁ BEM????

É UMA QUESTÃO DE PRINCIPIO

segunda-feira, julho 09, 2012

Nuno Crato: Yes Minister!


Por uma vez, o presidente da confederação de pais tem razão no que diz. E diz que os exames não são credíveis. E que deveriam ser. 

Ver aqui abaixo

De facto, quando Nuno Crato "subiu" [(desceu?) (ao ponto de chegar )] ao poder, logo afirmou que ia acabar com o GAVE (Gabinete de Avaliação Educacional).

Não só não acabou, como também nem mexeu uma palha na direção e constituição do GAVE. 

A grande meta, aliás, do ministro nuno crato, são as metas, ideia definida pela isabel alçada, contra a qual o atual ministro disse cobras e lagartos. Mas agora  são as metas que contam, sendo que as metas podem querer dizer tudo e mais alguma coisa.


E a outra meta é sorrir ironicamente quando lhe perguntam uma opinião sobre a licenciatura de Miguel Relvas. Sorriso compreensível no líder de um partido clandestino durante uma qualquer ditadura, no receio de vir  a ser torturado numa roda, menos entendível num ministro  de uma pretensa democracia.

E a outra meta é nem dizer nada perante a suspeita de que os temas dos exames de português foram conhecidos antes dos exames. Ou vir mais tarde, dizer que é boato. Boato? 
E os exames da segunda fase foram, ou não, elaborados pelas mesmas pessoas que, alegadamente e segundo os boatos, deixaram escapar informação? 

Sim, não, talvez, o que acha o senhor ministro?

Resposta óbvia: 
YES MINISTER!!!!!!

E a outra meta é... era... teria sido, gostaríamos que tivesse sido... mas...



sábado, julho 07, 2012

Parcerias Público Privadas (PPP)





CHAMA-SE ESTE VÍDEO: "A MÁFIA DAS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS EM PORTUGAL"




VAMOS CONSENTIR? VAMOS PAGAR? VAMOS FICAR SEM OS SUBSÍDIOS DE NATAL E DE FÉRIAS, QUE SÃO, APENAS, UMA PRESTAÇÃO DO QUE NOS DEVEM?
VER 31, 38 MINUTOS E 40 MINUTOS.


E TAMBÉM 40 MINUTOS - 50' . E JÁ AGORA, VEJAM TUDO. HÁ PESSOAS QUE DIZEM A VERDADE.


COMO PODERIA O PS SER CONTRA AS PPP? FEITAS PELO ANTERIOR MINISTRO PS: NEM GOSTO DE DIZER O NOME... QUE SEMPRE ME PARECEU UM NOME FALSO

Deus é muito meu amigo!


Deus é tão meu amigo!

Recordo com insistência esta frase, repetida várias vezes em tom exclamativo, por uma senhora que conheci num autocarro dos transportes públicos, em Lisboa.

E passou logo a enumerar as provas da amizade que Deus lhe dá. Depois de um dia muito cansativo de trabalho, nas limpezas  em casa das senhoras ("que me tratam todas muito bem"), chegou à paragem e logo lhe apareceu o autocarro 42. Só teve de correr um bocadinho e logo o apanhou. Como tem os pés e as pernas inchados, não poderia correr muito, claro. Mas também não foi preciso. Os exemplos repetiam-se, quase todos deste género. Deus era tão seu amigo, que lhe punha sempre à frente o autocarro 42 e, na quimioterapia que andava a fazer, também nunca tinha de esperar muito tempo. Aparecia logo o 42, a colocá-la à frente de todos. Porque Deus é muito meu amigo!


Conjeturei que Deus seria muito mais seu amigo se lhe tivesse dado um Mercedes dos grandes, com motorista, ou, pelo menos, dinheiro para pagar um táxi. Talvez tenha mesmo sorrido, involuntariamente, embora tenha fingido concordar.

Como esta frase me vem frequentemente à memória, bem como a situação em que a escutei, acabei por concluir que Deus é muito mais amigo desta mulher, preocupando-se com os horários do autocarro 42 para o colocar à frente dela sempre que está com pressa, do que seria, se lhe tivesse dado um Mercedes com motorista, pois, só quando faltasse o motorista, ou na improbabilidade de o automóvel se avariar, iria ela pensar que Deus é muito seu amigo, ao passo que, deste modo, está constantemente a concluir que Deus se preocupa com ela. E que quer o melhor para ela. E, circunstância teológica não ignorável, que Deus é menos amigo e se preocupa menos com as outras pessoas do que com ela.

Tendo eu sido educada numa família católica, que esgotava os seus deveres religiosos em as mulheres irem sempre à missa aos domingos e comungarem sempre na Quaresma, estando os homens dispensados destes preceitos, dou comigo com estas lucubrações ateias. Talvez mesmo cínicas, pois os raciocínios ateus não têm nenhum sentido para os crentes. Nem vice-versa. 

Nem eu sou tão ateia assim... mas Deus nunca foi tão meu amigo, ao ponto de me dar esta impressão de estar sempre ao meu lado, a pressionar os motoristas da Carris (que andam sempre atrasados), por minha causa. Voltei-me mais para o Budismo, uma religião sem Deus. E sem acreditar "demasiado".


Vem tudo isto a propósito de um artigo extraordinário que li hoje, do Padre Anselmo Borges, personalidade de admirável lucidez dentro do pensamento católico, em contra-corrente com a maior parte dos líderes católicos e também vem a propósito do livro que aconselha, escrito por um ateu.

AQUI


Onde o padre afirma: "Tenho aqui sublinhado a necessidade que os crentes têm de ouvir os ateus, pois, pelo facto de se encontrarem fora, estão mais capacitados para se aperceberem da desumanidade, intolerância e superstição que se apoderam tantas vezes das religiões.",
Ou
"as religiões, sendo humanas, trazem consigo uma enorme herança de oportunismo, violência e miséria moral, mas são igualmente fonte de dignidade, verdade, imensa generosidade".

Livro Referido no artigo:

Religião para Ateus, de A. de Botton


Ou Aqui

sexta-feira, julho 06, 2012

Corte de Subsídos de Férias e de Natal: Então e o Relvas? Então e o Duarte Lima? E as PPP?

Estávamos já todos conformados a perder tudo isto, o que é estranho, convenhamos.

Uma das razões era os estrangeiros acharem esquisito nós ganharmos 14 meses, sem repararem que era apenas um pormenor: a verdade é que ganhamos menos do que eles, mas recebemos em 14 prestações o que os outros recebem em 12.

Agora, o Tribunal Constitucional considera que é ilegal retirarem-nos estes subsídios. 
O primeiro ministro decide logo que, então, vai cortar os subsídios a todos os trabalhadores, não só aos funcionários públicos.

Mas como? Agora?!!!
Agora que sabemos!

Sabemos que o 2º ministro mais importante do governo vigarizou os documentos. E que uma universidade e o primeiro ministro são cúmplices...

Sabemos que as dívidas do Duarte Lima foram perdoadas...

Sabemos que o partido socialista não pode exigir que o governo vá buscar às Parcerias Público Privadas (PPP) os mil milhões de euros necessários  para a reposição dos subsídios, porque foi o Sócrates que inventou as PPP. 

Sabemos que o partido socialista não pode colocar em causa a licenciatura do Relvas sem colocar em causa a licenciatura do Sócrates


ETC...

Vamos ignorar o que sabemos? Vamos continuar a ser governados por pessoas às quais não confiaríamos o nosso livro de cheques? Nem a chave da nossa casa? 

quarta-feira, julho 04, 2012

Cores da bandeira: corada de vergonha e verde de inveja



Perante todos estes casos de corrupção, em que uns enriquecem extraordináriamente, enquanto outros ganham menos ou ficam sem emprego por causa desse enriquecimento, a bandeira portuguesa cora de vergonha, ao mesmo tempo que fica verde de inveja. 
O novo significado das cores da bandeira nacional: vermelho de vergonha e verde  de inveja. Porque é assim que se sentem os portugueses.

Caça aos PIIGS

O sonho de todo o estudante é tirar um curso superior sem se levantar da cama nem da areia da praia. Miguel Relvas conseguiu fazer isso. Com uma cadeira do curso de Direito, avaliada com 10 valores, conseguiu  frequentar o 2º ano do curso de direito, como declara nas habilitações e mais tarde fazer uma licenciatura num ano. Nada  disto é ilegal, claro. São eles que fazem as leis.
Sócrates desapareceu, enquanto tira o curso de Filosofia na insuspeitada Sorbonne,
Duarte Lima, esse anjo bento, já fez várias, mas recentemente, teve as suas dívidas perdoadas e pagas pelo estado.
Todo o telejornal de hoje falava de corrupção, agora também dos diplomatas que compram eletrodomésticos para serem reembolsados dos impostos e os devolvem à loja logo a seguir.

Depois aparece o primeiro-ministro a dizer que não percebe qual é o problema. Pois não.


E a pobre bandeira portuguesa, por detrás deles, cora de vergonha, ao mesmo tempo que fica verde de inveja, as novas cores da bandeira nacional.


Porque os veradadeiros PIIGS não são Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. São os políticos destes países. Se fizermos uma caça aos PIIGS, talvez nos livremos deles.