sábado, julho 25, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: opiniões para quê?




Porém, em Inglaterra... a máscara pode ser útil, afinal!

Em Portugal, pelo contrário, não se discute nem se questiona nada: nem a obrigatoriedade do uso da máscara, nem os direitos e liberdades e garantias individuais, nem coisa alguma...

Uns cumprem as regras de form acéfala, outros baldam-se de forma não menos acéfala. Opiniões para quê???? Afinal, temos uma imensa massa acrítica... acéfala...

Banksy colocou uma série de imagens de ratos com máscara, alegadamente por ser a favor do seu uso, mas um a favor muitíssimo irónico.

Vemos pessoas a serem advertidas por anónimos porque se esqueceram da máscara, vemos uma notícia em que uma senhora, suspeita de estar infectada com Covid, recusa fazer mais testes e vai para casa, mas é imediatamente perseguida pela polícia. Nada disto gera polémica neste país à beira-mar plantado, tal como não gera polémica que os fundos comunitários tenham enriquecido e vão enriquecer meia dúzia de nababos.

O fundospara ressarcir vítimas de incêndios vão para pessoas que nunca foram vítimas de nada e que, bem ao contrário, são videirinhas. E simpáticas. E pouco críticas.

(Fotos retiradas da Internet.
1. Tim Shieff, campeão mundial de freerunner
2. A segunda retirada da Internert, também em Londres.)

quarta-feira, julho 22, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: PETS, "tutores" e etc.


Qualquer dia, por haver tanta exigência no tratamento dos animais de estimação, um pobre vai preso, ou é trucidado pelo povo, por ter um cão ou um gato.
Por não o alimentar melhor do que se alimenta a si, por não lhe dar proteção médica e medicamentosa, tal como na as dá a ele mesmo...
- Onde é que estão as vacinas?
- As do gato, ou as minhas? Não tenho.
- E a alimentação adequada?
- Só comemos pão sem nada e sopa do Pingo Doce fria.
- Quer matar o cão? !!!
Curiosamente, o pet gosta tanto deste dono, como gostaria se ele fosse dono de um palácio.
Com a diferença de que os donos dos palácios não gostam muito de cães e gatos vadios... e que teria morrido de fome se estivesse à espera de donos milionários.
Aliás, "tutores".

segunda-feira, julho 13, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: quantos ratos, quantas formigas?




Quando vim viver para Lisboa, há muito tempo, porque passava por aqui a caminho do Algarve e ficava sempre deslumbrada com tanta beleza, chocou-me particularmente aquilo que nada tinha a ver com a beleza pura, estética: uma certa mesquinhez inquisitorial, ou digamos pidesca, um provincianismo que nunca me teria passado pela cabeça, ao ponto de haver cafés, como existe ainda hoje o célebre Galeto, que eram considerados lugares de engate, como se estivéssemos numa vilória, com lugares marcados para gente impura e para gente decente. Lugares de imoralidade... de ignomínia...

Chocou-me o não ver uma diferença imensa entre uma capital europeia e uma terriola do “interior”, que eu conhecia bem.

Impressionou-me também, pelo lado do ridículo, um fator curioso: era nesse tempo Presidente da Câmara de Lisboa aquele marido da mulher do já então falecido Sá Carneiro. Creio que o Presidente se chamava Abecassis, como a mulher.

Espalhados por todo o lado, havia cartazes enormes com uma mensagem que era algo deste género: A Câmara de Lisboa já conseguiu exterminar milhões de ratos. Diziam mesmo um número aproximado, vamos supor, 5 milhões, 100 milhões…

Tinha uma imagem com muitos ratos, representados como figuras antipáticas. 
Ponho-me a pensar: e se fosse hoje? Se fosse hoje pré-covid, ou seja, ontem, e se fosse hoje, ou mesmo após a pandemia, (pois haverá um pós-pandemia)?

Bem, se fosse hoje, haveria os que tinham muita pena dos ratinhos mártires, haveria o PAN, sigla que nada parece ter a a ver com PANdemia, a não ser o próprio PAN que é uma espécie de epidemia… haveria os artistas a protestar contra tal feiura de cartaz, que terá custado muito dinheiro à dita autarquia… haveria os vegetarianos a reclamar, os budistas e os hindus, enfim, não seria possível.

Como não é politicamente correto falar destas coisas, existem atualmente em Lisboa muitas pragas: de ratos, de baratas, de formigas…. milhões de milhões de bichos que, alegadamente, de acordo com essa teorias, se forem mortos, irão talvez encarnar em bichos ainda piores… para nos atazanarem ainda mais. Então, mais vale não falar muito no assunto.
Afinal, ainda nos falta o mosquito do dengue, que talvez emigre para cá em breve.

Lidemos com os ratos, as formigas, as baratas de esgoto e as baratas alemãs, como se vivêssemos num terriola do terceiro mundo (Ah, não se diz terceiro mundo), enfim, como é que se diz????

Alguém sabe?

(Imagem: rato sem máscara, Bansky, Street Art)

domingo, julho 12, 2020

Diário da quarentena e do desconfinamento: o Reino de Portugal e dos Algarves


Quando vivi em Portimão, um dia fui ao melhor restaurante de lá do sítio, com uns amigos, festejar o aniversário de uma amiga. Era grande, com muitas mesas, mas quando chegamos estava quase vazio. Que bom! 
Depois de o restaurante encher completamente, fomos os últimos a ser servidos, porque éramos os únicos portugueses. Fomos também os últimos a sair, com o restaurante quase vazio. Nunca mais lá fomos, claro, nem a comida nos soube bem naquele dia.
Agora que os ingleses não podem vir para Portugal, pode ser que, no Algarve, aprendam a cativar os portugueses, sejam eles turistas ou residentes.



Pode ser que o 
Reino de Portugal e dos Algarves se torne agora mais português.


sexta-feira, julho 10, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: Será que nos podemos passar dos carretos por causa do Covid?

Hoje numa frutaria de nepaleses, as frutarias em Lisboa são quase todas de indianos e de nepaleses, depois de terem pertencido a chineses, uma senhora portuguesa com ar de tia (de Cascais) perguntou-me por que razão uma cartela que dizia abacate estava no sítio das ameixas. Fiz-lhe ver que a cartela estava no sítio dos abacates e que havia outra no sítio das ameixas, que dizia: Ameixas.

Logo a seguir, ao balcão, estava mesma senhora atirar uma manga de mão para mão, como fazem os malabaristas. Ri-me, não apenas porque a senhora ainda não tinha pago e portanto estava a correr o risco de atirar para o chão a fruta sem a pagar, mas sobretudo porque descobri hoje que há uma palavra inglesa para dizer isso, sem tradução para português: joggling, ou to joggle. Nós temos os substantivos: malabarismo e "jogos malabares". Gosto destas diferenças entre as línguas, que têm, necessariamente, uma história.
Respondi, portanto, a rir, que a senhora poderia sempre encontrar emprego no circo, se não conseguisse noutra parte.
Qual não foi o meu espanto, ao ouvir a senhora diz que não quer levar aquela manga, porque está pisada. A nepalesa que, como os seus conterrâneos, costuma ter uma calma oriental, esotérica, começou a protestar, dizendo que tinha sido senhora a pisar a fruta. A senhora encolheu-se, mas não respondeu nem voltou atrás. Por mim, julguei ter ouvido mal, por causa da máscara.

Concluo, talvez, isto: dizem que o Covid 19 também ataca o cérebro e então, talvez tenhamos de nos habituar a situações insólitas, disparatadas e absurdas, como esta, que até parece uma anedota de loiras ou de "tias de Cascais" ...

quinta-feira, julho 09, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: Bolsonaro com Covid 19, porquê e para quê?




Então parece que o Bolsonaro se queixou de estar com Covid porque o filho estava a ser julgado por corrupção.
Resultou, aqui em Portugal e no mundo estava toda a gente a falar do pai, ninguém ouviu falar do filho...


Diário do confinamento e do desconfinamento: correr com a clientela

Sempre houve vendedores de lojas que não gostam de vender nada porque não gostam de trabalhar. Correm com os fregueses a grande velocidade e rapidamente levam à ruína um estabelecimento que lhes seja entregue, mesmo se antes era próspero. 

  • Sei lá, vá lá ver. Tem lá um papel que explica tudo. Quer saber o preço? Então vá lá buscar a coisa é traga-a cá. Depois, leve-a outra vez...

Agora há um outro tipo de vendedor que corre com os fregueses. Adora vender, é dono da loja, mas tem um tal terror do coronavirus que grita histericamente quando alguém se esquece da máscara, ou quando entram na loja mais um cliente do que o recomendado, afugentando para sempre a clientela. Que acha estranha aquela gritaria em vez da grande simpatia anterior. 

terça-feira, julho 07, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: Vem aí a peste negra medieval e a Inquisição





Foi recentemente confirmado um caso de peste negra na China.
Não é tão cedo que deixaremos de usar máscaras, distanciamentos, proibições de toda espécie.
A seguir à peste negra medieval, que mais pestes medievais virão aí?
Talvez a Inquisição, que já se anuncia.


Imagens da Internet: Máscaras usadas para evitar a peste negra: o bico continha ervas aromáticas.


Diário do confinamento e do desconfinamento: abraços não, turistas, sim. Aos molhos!

Clandestinamente já se dão e sempre se deram abraços não virtuais. Abraços reais: de carne e de músculos e de suor e de odores. e de corpos gelados ou febris.
Não me venham com conversas de que queremos cá os ingleses aos molhos, mas que eu não posso abraçar um aluno que vi há bocado e que me queria abraçar e eu a ele. Só pudemos falar a 2 metros de distância e de máscara.
Mas a distância entre os alunos é de um metro... os professores mais velhos, ainda que diabéticos e hipertensos, podem trabalhar, etc.
Vocês não veem isto? Não me ouviram protestar mil vezes? Mas diziam que eu não tinha razão.

segunda-feira, julho 06, 2020

Diário da quarentena e do desconfinamento: Os Doentes Imaginários (de Molière, por exemplo)

Estou em crer que, embora tenham morrido mais algumas pessoas por Covid ( até agora, em Portugal, só 1600, o que é cerca de metade das que morrem com gripe em Portugal todos os anos), embora morram mais pessoas por outras doenças porque têm medo de ir ao hospital, embora morram muitas pessoas por medo e por tédio, estou em crer que Estou em crer que, embora tenham morrido mais algumas pessoas por Covid ( até agora só 1500, que é metade das que morrem com gripe em Portugal todos os anos), embora morram mais pessoas por outras doenças porque têm medo de ir ao hospital, embora morram muitas pessoas por medo e por tédio, estou em crer que se vão safar muitas outras pessoas porque, em vez tomarem de remédios da farmácia, vão tomar chazinhos, ou não tomar nada.Como nas peças de Molière em que são os médicos que põem as pessoas doentes.


Que me desculpem os farmacêuticos e farmacêuticas, mas os que são bons já perceberam isto. E já vendem chazinhos e quejandos.se vão safar muitas outras pessoas porque, em vez tomarem de remédios da farmácia, vão tomar chazinhos, ou não tomar nada.
Como nas peças de Moliere em que são os médicos que põem as pessoas doentes.
Que me desculpem os farmacêuticos e farmacêuticas, mas os que são bons já perceberam isto. E já vendem chazinhos e quejandos.

quinta-feira, julho 02, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: a formação no trabalho e as outras formatações

Munindo-me de uma paciência de Job, dei-me ao trabalho de me inscrever em duas ações de formação sobre novas tecnologias e ensino a distância, este último conhecido como E@D.
Nas duas vezes, não percebi absolutamente nada. Depois, sozinha e com o auxílio do Google, descobri o que necessitava de saber.
Falando com outras pessoas e vendo os comentários no site, constatei que ninguém percebeu coisa alguma dessas explicações.
Não fiquei demasiado surpreendida, pois já me aconteceu muitas vezes, sobretudo com temas de informática e de pedagogia.
Assim vai este país... quem sabe ensinar não tem estes tachos que rendem muito dinheiro, apenas faz o seu trabalho muito bem e sem recompensas, que também não pede. A recompensa é só a gratidão dos alunos.
Talvez até... infelizmente.


Diário do confinamento e do desconfinamento: só um printscreen em vez de uma festa

Até mesmo o último dia de aulas não foi tão giro como costuma ser... uma festa...
Só fizemos um printscreen, para mais tarde recordar.


segunda-feira, junho 29, 2020

Diário do confinamento e do desconfinamento: o amor à vida






Quando eu comecei a trabalhar, há muitos anos, já nesse tempo como professora, partilhei uma casa alugada com várias amigas, algumas delas médicas. Umas iam saindo e outras entrando, pelo que foram várias.
Uma delas era muito sensível e muito preocupada. Um dia chegou a casa debulhada em lágrimas e deixou-mea mim ainda mais de rastos. O caso não era para menos.
Um dos seus doente, ela era boa e trabalhava com um cirurgião apesar de estar a começar, já não tinha pernas nem braços, mas, para poder sobreviver, deveria ainda ser submetido a uma intervençãp em que lhe tirariam mais um bocado do pouco que tinha nos membros inferiores. 
O pior foi que ela, médica, tinha desatado a chorar na frente do doente,, com pena dele. Choramos as duas abraçadas, muitas vezes, com pena do homem...
Mais tarde, tive de lhe confessar: não aguentava mais aquelas confidência: eu já não dormia, já não conseguia pensar noutra coisa, eu não estava preparada para ouvir aqueles casos, nunca me teria passado pela cabeça escolher ser médica, o meu trabalho como professora estava longe de ser fácil eu detestava-o, pensava mesmo em desistir do ensino, etc... 
Enfim, deixamos de falar sobre esse assunto, claro.
Um dia, ela veio ter comigo e sentou-se na minha cama, mais abismada ainda do que antes e fez questão de me contar tudo o resto...
Embora a Maria tenha rezado para que o doente morresse durante a operação, a que ela tinha assistido como ajudante do ortopedista, quando o homem acordou, mostrou-se muito feliz por estar vivo e anunciou que se ia casar! 
O médico cirurgião, mais velho, explicou-lhe que só um imenso desejo de viver tinha permitido que aquele homem sobrevivesse. E que aquela situação não era assim tão rara.
Se compararmos esta história com outras, de pessoas aparaentemente felizes, saudáveis, belas e ricas que se suicidam, devemos constatar que não somos todos iguais. 
E, sobretudo, que não importam nada os detalhes.... 
Será que aquela pessoa se suicidou porque tinha problemas económicos? Será que ninguém a amava? Estaria muito doente? 

Enfim... A vida chama por nós. Talvez mais por uns do que pelos outros. Uns respondem, outros não.

sábado, junho 27, 2020

Diário da quarentena e do desconfinamento: perseguir bandidos ou confinar entre 4 paredes?




Numa pequena terra do Norte (de Portugal), um homem de idade com Covide foi mandado para casa, ou quis ir , devendo ficar em confinamento.

Como vivia sozinho numa casa isolada, rodeada de campos e de bosques que lhe pertenciam, andava pelos campos e pelos bosques, muito longe dos habitantes mais próximos. Estes últimos, armados em Big Brother, telefonaram à guarda, muito indignados.
A guarda, naturalmente, ligou as sirenes e as luzes e foi a grande velocidade, como se andasse a perseguir traficantes em Manhattan, assarapantando a pacata população. Para obrigar um senhor de 93 anos a ficar confinado entre paredes. Emparedado até à morte, pois morreu pouco depois.

quarta-feira, junho 17, 2020

Diário da quarentena e do desconfinamento: quebrar estátuas






A primeira vez que vi a estátua do Padre António Vieira foi na notícia de que tinha sido vandalizada, pouco depois de ter sido inaugurada (em 2017), já na altura pelo mesmo motivo.
Fiquei chocada ao vê-la, como depois quando a vi em presença.
Quem é que tem o mau gosto de fazer uma escultura de homenagem, representando um padre com crianças nuas, nesta altura em que tanto se fala da pedofilia de padres católicos? 
Como é que se escolhem os artistas e que liberdade é esta de fazerem o que lhes dá na bolha? O artista não se lembrou disso? Ou teve alguma intenção esquisita? Estará a gozar connosco? Não dá vontade de a deitar abaixo?
Isto, para nem mencionar a mensagem arrogante da grande superioridade católica sobre a cultura dos índios, aqui infantilizados, estando os índios simbolizados por crianças e nós, portugueses, por um ser muito superior.

Vieira realizou muitos projetos, trabalhou intensamente e viveu muito tempo, não apenas como missionário nos confins do Brasil de então, mas também na política portuguesa, como embaixador de Portugal na Holanda, para negociar a parte do Brasil que os Holandeses tinham conquistado a Portugal durante a ocupação espanhola. 
Nessas época, torna-se confessor da rainha Cristina da Suécia, em Roma e dizem mesmo que houve uma paixão amorosa entre eles.
Houvesse ou não, Vieira recusou essa vida "regalada" e voltou para Portugal, regressando mais tarde para o meio dos índios.
Em Roma, tinha sido muito apreciado como intelectual, como pensador, como escritor e poderia nunca de lá ter saído.
Talvez o escultor para uma estátua de Vieira devesse ser alguém com experiência de vida. E com juízo.


P.S.: Quando está tudo metido em casa, não é difícil quebrar estátuas...

(Imagens retiradas da Internet)

Diário da quarentena e do desconfinamento: As máscaras e a Santa Inquisição



A nossa sociedade, que teve a Inquisição durante séculos, ainda tem um pendor muito inquisitorial, sobretudo em Lisboa. Foi a primeira impressão negativa que tive quando vim para cá, há muito tempo, é a impressão que continuo a ter.
Isto nota-se muito agora, desde que, a partir de um determinado dia, se tornou obrigatório o uso de máscara. A partir do minuto zero desse dia, cai tudo em cima de quem não tem máscara, ou a esqueceu, ou a tem colocada abaixo do nariz...
Isto não vai desaparecer em breve, porque as pessoas adoram controlar-se umas às outras. 

Até agora, não tinham pretexto, agora têm.

Por outro lado, quando, em Lisboa, vemos uma muçulmana de rosto tapado (aliás, não vemos, as pessoas de outras culturas não se atrevem  usar aqui os seus trajos, ainda bem no caso das muçulmanas) logo receamos as consequências de alguém andar na cidade de rosto tapado e de identidade desconhecida. 
Mas tudo muda quando o problema nada tem a ver com diferentes culturas, claro.

terça-feira, junho 09, 2020

Diário da quarentena e do desconfinamento: continuem a espalhar o terror, please!




Agora, que muitas pessoas passam horas frente  o televisor a ver e ouvir notícias de terror sobre o coronavírus, surge também uma curiosa notícia: no rio Douro, em Espanha, está um crocodilo do Nilo, perigosíssimo e pesando 250 Kgs. Enorme!!!!
Querem ir para as praias fluviais? Olhem que o crocodilo rapidamente vem de Espanha para Portugal! 
Lá fora, fora de casa, é um lugar perigoso.
Embora os jornalistas, os jornais, as televisões, as rádios onde trabalham adorem veicular estas notícias, há sempre um basta!
"Basta Pum! Basta!" - no dizer de Almada Negreiros.
Então, parece que afinal, em vez do crocodilo horrendo, era só uma lontrinha querida. Com um peso  que oscila entre os 8 e os 18 Kgs... e com um arzinho doce... 
Só têm uma coisa em comum: o homem tira-lhes pele, para a usar.

Continuem a espalhar o terror, please! We love that!!!!
(Fotos retiradas da Internet) 

Diário da quarentena e do desconfinamento: alguém espera ficar cá para sempre?



Existe a ideia de fazer um passaporte para quem já teve o Covid 19, ou para quem passou num teste de imunidade. essas pessoas poderiam ir a todo o lado, mesmo em caso de nova quarentena.
Vem logo alguém dizer que nada disso conta, quem já teve pode voltar a ter, etc…
A OMS afirma que os assintomáticos não constituem perigo, pois não contagiam, vem logo uma criatura, médico, investigador, jornalista dizer que os assintomáticos são perigosíssimos. 
Alguém aguenta isto? 
A culpa é dos confinados por vocação, que dão ouvidos a esta gente e que permitem todo o tipo de lavagem ao cérebro. A eles e a todos.
Vamos tentar vivera nossa vida sem o terror das doenças? 
Todos podemos morrer. De susto, de medo, de tédio, de gripe, de coronavirus, de acidente, afogados na praia, de terramoto com o telhado em cima da cabeça…
Alguém espera ficar cá para sempre? Não? 

Então, coragem!

domingo, junho 07, 2020

Diário da quarentena e do desconfinamento: a eficácia que se avaria

Fúrias

Escorraçadas do pecado e do sagrado 
Habitam agora a mais íntima humildade 
Do quotidiano. São 
Torneira que se estraga atraso de autocarro 
Sopa que transborda na panela 
Caneta que se perde aspirador que não aspira 
Táxi que não há recibo estraviado 
Empurrão cotovelada espera 
Burocrático desvario 

Sem clamor sem olhar 
Sem cabelos eriçados de serpentes 
Com as meticulosas mãos do dia-a-dia 
Elas nos desfiam 

Elas são a peculiar maravilha do mundo moderno 
Sem rosto e sem máscara 
Sem nome e sem sopro 
São as hidras de mil cabeças da eficácia que se avaria

Já não perseguem sacrílegos e parricidas 
Preferem vítimas inocentes 
Que de forma nenhuma as provocaram 
Por elas o dia perde seus longos planos lisos 
Seu sumo de fruta 
Sua fragrância de flor 
Seu marinho alvoroço 
E o tempo é transformado 
Em tarefa e pressa 

A contratempo. 

Sophia de Mello Breyner

domingo, maio 31, 2020