quarta-feira, janeiro 27, 2010

Contos de Santo António

Tenho publicados neste blogue muitos contos populares, alguns dos quais eram inteiramente desconhecidos. Têm muita procura, em grande parte proveniente de brasileiros. Quase todos s são do Douro Litoral e era o meu avô que os contava à lareira, tantas vezes os mesmos que ficaram bem na memória. Era também para isso que eles serviam.
Há vários sobre Santo António.
Numa aldeia de Castelo de Paiva, há um solar que dizem ter sido dos avós deste santo, mas parece que há muitas outras terras que dizem o mesmo, orgulhando-se de ser o berço dos pais e avós de um dos santos mais apreciados no mundo inteiro... sobretudo em Itália.

Estou a lembrar-me bem de um deles. É assim:

Um dia, os pais e os avós de Santo António resolveram ir todos juntos a uma romaria (dizem onde é a romaria). E então mandaram o Santo António, que era criança, ficar em casa a guardar os campos e a enxotar os pássaros para que não comessem as sementes.
Santo António aborreceu-se de estar sozinho e fez o seguinte: pegou numa rede de pesca, (a terra fica perto do rio Douro e do rio Paiva) e disse aos pássaros que fossem para debaixo da rede, como se fosse uma gaiola.
As aves assim fizeram, e o menino foi ter com os pais e os avós à festa. Estes ficaram muito zangados por o santinho ter abandonado os campos e ralharam muito com ele, mas quando chegaram, deram com os pássaros todos presos dentro da rede de pesca.

Este foi-me contado por várias pessoas, sempre com muitos pormenores realistas, como se se tivesse tudo passado ali.
Um aspecto que acho muito interessante nestes contos populares é a mentalidade que lhes está subjacente, neste caso em relação ao modo como se tratavam as crianças e ao trabalho infantil. Também parecia muito convincente neste aspecto, há muitos anos atrás.
O que está bem patente neste ditado popular: "o trabalho do menino é pouco, mas quem não o aproveita é louco". Neste caso, era só enxotar os pássaros...

(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Ratos e... Homens(?)

Odeio matar ou permitir que morram animais e é claro que sou contra a pena de morte.
Em contrapartida:
é claro que não permito que os ratos se reproduzam na minha casa e quando aparece uma osga, tento apanhá-la para a pôr no contentor do lixo da rua, onde talvez morra. Já sabem que sou "meia budista". Quanto aos ratos...

Estou a ver televisão: deram em directo e voltam a dar mil vezes em diferido o enforcamento de Sadham Hussein. Recentemente falam do enforcamento de um braço (direito, ou esquerdo, não sei...) de Sadham.
Dizem que vão mostrar imagens: respiro fundo e preparo-me para aguentar imagens que não vejo sem dor, apesar de tudo.
Mas preciso de respirar muito mais e de ganhar muito mais coragem quando é para decidir matar o único rato que anda / andou na minha casa.

Não devemos esquecer: estes dois políticos poderiam ter acabado com a pena de morte no seu país. Nesse caso, não seria possível condená-los à morte.
Há coisas que não vale a pena recordar. Há coisas que nem vale a pena esquecer.
Não vale a pena esquecer a morte inglória destes dois, como consequência das atrocidades que cometeram e dos muitos que condenaram à morte. Tal como não vale a pena eu recordar a primeira e única vez que coloquei veneno na minha casa para matar um rato. Mas recordo. E não consigo esquecer. Juro!

domingo, janeiro 24, 2010

O meu avô era jovem

Uma amiga ficou de me dar apontamentos que tirou, em inglês, da Tara Ghandi, bisneta de Ghandi de que falei aqui.
Lembro-me agora duma intervenção que me pareceu também interessante:
Um rapazinho perguntou-lhe se Ghandi pensava que os jovens tinham alguma coisa a fazer para mudar o mundo, uma revolução, ou assim.
Creio que não entendeu muito bem a pergunta, o que é natural e respondeu:
- O meu avô era jovem. Sempre foi jovem.

Gostei. Há de facto pessoas que são sempre jovens, não há dúvida de que o avô da senhora (a neta tem 77 anos) era jovem. E ela também.
A outra questão é esta: de facto, nós, ocidentais, temos tendência para pensar que os jovens é que deviam mudar o mundo e agir para isso, mas a pergunta que faço, depois de ter pensado no assunto, é esta: quem é que não tem nada a perder? Os jovens actuais, que vivem uma intensa competição? Ou as pessoas mais velhas, muito mais?
No Oriente acontece às vezes um homem de idade rico dar tudo o que tem e tornar-se asceta até morrer.

Creio que a ideia de Tara Ghandi era que todos nós podemos ou devemos agir para mudar o mundo. Os jovens também.

sábado, janeiro 23, 2010

Assim vai o mundo

Segundo o presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, Wolfgang Wodarg, a campanha da "falsa pandemia da gripe, criada pela OMS e outros institutos em benefício da IF, é o maior escândalo do século na Medicina", escreve o jornal.
In site da RCM Pharma

Porque será que muitas pessoas sempre desconfiaram disto? Aqui mesmo apresentei muitas vezes essa opinião.

Mas o mais engraçado, ou talvez o menos engraçado de tudo é isto:


quarta-feira, janeiro 20, 2010

O Segredo do Segredo

Bem, todos nós lemos o segredo, mesmo aqueles que não acreditam em nada e mesmo aqueles que não lêem livros. Então, nada como fazer "revisões da matéria". Vejam!

Conquístate a ti mismo....(Susana Grossi)

Hoy deseo sugerirte que hagas una experiencia contigo mismo, para beneficio de tu propia vida y de los que te rodean. Se trata de que te decidas a pensar y actuar durante sólo una semana:

“Hoy seré feliz. Expulsaré de mi espíritu todo pensamiento triste. Me sentiré alegre. No me quejaré de nada. Hoy agradeceré a Dios la alegría y felicidad que me regala. Trataré de ajustarme la vida. Aceptaré el mundo como es y procuraré encajar en este mundo.

Si sucede algo que me desagrada, no me mortificaré ni me lamentaré, más bien agradeceré, de mis impulsos, pues para triunfar debo superarme, debo tener el dominio de mí mismo.

Trabajaré alegremente, con entusiasmo, haré de mi trabajo una diversión. Comprobaré que soy capaz de trabajar con alegría. Resaltaré mis éxitos grandes o pequeños y no pensaré en mis fracasos. Seré agradable. No criticaré a nadie. Olvidaré los defectos de los demás y concentraré mi atención en sus virtudes. No envidiaré nada.

Tendré presente que muchos no tienen lo que yo tengo y que el destino feliz pertenece a los que luchan y que el futuro se resolverá, en función de la actuación de mis Hoy.

No pensaré en el pasado negativo. No guardaré rencor y practicaré el perdón.”

in Evolución, Consciencia, Crecimiento Personal y Global ♥ LuxVitae.com

terça-feira, janeiro 19, 2010

Tara Ghandi

Fui à Gulbenkian ouvir falar a neta do Ghandi, Tara Ghandi.
É uma mulher sábia, que tenta difundir e também pôr em prática o legado do avo^.
Disse algumas coisas que me impressionaram, senão totalmente originais, pelo menos interessantes no contexto.
- Qual é o contrário do amor? - disse ela. - O ódio? A indiferença?
- Não, é o medo.
Exprimindo amor e respeito por todos e também pelos animais, disse que em todas as línguas que conhece, os homens se insultam chamando uns aos outros nomes de animais. Além de os comerem, de tirarem deles alegria, companhia, etc...
"As vibrações do silêncio - é essa a melhor linguagem".
Uma mulher sábia, a que devemos prestar atenção: é provável que dê entrevistas a jornais...

domingo, janeiro 17, 2010

FERROADAS

É para mim um mistério isto:
Este blogue tem já 4 anos, 1027 Mensagens, 33 000 visitas e etc...
O meu blogue Escrevedoiros só tem:
448 Mensagens, 10 000 visitas, etc.
Este pequenino tem, no entanto, mais seguidores, mais blogues que linkam para ele, parece ter a preferência dos visitantes. Mas tem tão poucos por dia, que acabo por publicar aqui o que desejo que seja lido...
Enfim: escrevo neste o que me incomoda e lá, o que me agrada.
Estou convencida de que algo que distingue os poetas, (sem me estar a considerar poeta), é sentirem, por um lado, uma grande maravilhamento perante as coisas belas e superiores e por outro, um horror/asco/nojo perante os aspectos irrisórios e prosaicos do mundo. Creio que o que fiz foi separar os dois em dois blogues. Mas o que tem mais sucesso, no fundo, é este. Talvez por causa das "ferroadas" que dá...
Vem isto a propósito de Escrevedoiros estar agora nos links do Blogue Ferroadas, o que muito me orgulha, pelo que passo a colocar as Ferroadas aqui, nos Favoritos. Temos em comum o sermos mais ou menos anarquistas: o mais ou menos é da minha parte. E jovens, porque todos os anarquistas são jovens, independentemente da idade (biológica).
Saliento este post
de FERROADAS: Pão de Terra

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Pica-Pau

Às vezes não sei se hei-de colocar um post aqui ou nos Escrevedoiros, mas aqui é visto por muito mais gente...
Enviaram-me isto por email e é impressionante. Seria de esperar que desistisse, não acham?

terça-feira, janeiro 12, 2010

Falta de Mulheres

Já aqui falei disto em tempos, mas ainda não tinha uma prova a confirmar, como o é esta notícia do Jornal I.
Quando falei a primeira vez, a Jubi, que vivia no Japão, comentou que isto acontece e m todo o Oriente e que qualquer mulher casada tem, pelo menos, um amante.


Mais de 24 milhões de chineses podem não ter mulher em 2020

Frequentemente se acusam as mulheres de terem falta de homem, mas o inverso deve ser bem pior.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Um dos posts muito procurados neste blogue é aquele em que tenho o poema "Autogénese" de Natália Correia.
Aqui vai o vídeo em que a própria Natália o declama.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Conchelos


Agora que sei que os poupilos são conchelos, já posso pesquisar na net (ver post anterior).
E sinto-me muito feliz porque descobri grandes propriedades interessantes dos poupilos/conchelos: são bons para a epilepsia, o suco é calmante, a folha é boa para feridas e para queimaduras...
Era uma das plantas da minha infância, que tinha esquecido há décadas, até que as vi por acaso na Espiúnca, uma aldeia para onde gosto de ir passear, por ser ainda muito campestre.
Lembro-me de que me esqueci de que a minha mãe me ensinou uma brincadeira especial com esta planta. Creio que ela representava ou simbolizava qualquer coisa; uma boneca, a roupa da boneca? A comida? Vi na net que a planta fica vermelha no Verão e dá flores. Arroz? Será que as flores faziam de conta que eram arroz?
A minha mãe sabia brincar sem brinquedos, como quem nunca os teve e ensinava-me a fazer isso, o que era mais curtido do que ter um fogão que parece um fogão, uma panela que parece uma panela, como as das minhas amigas, que me pareciam ridículas. Elas e as suas domésticas panelas de brincar.

Duvido que alguém se lembre destes muitos pormenores que a minha mãe me dizia e que esqueci. Não é possível perguntar-lhe a ela, que já morreu há séculos... no século passado.
Mas eu lembro-me de que me esqueci. E sei que era giro aquilo que lembrava, se não tivesse esquecido. Tinha a ver com símbolos. Com representações irreais, muito mais belas do que a realidade.

"Infância, a idade de ouro dos poetas" - Garrett


Afinal, a Inteb e a Emília lembram-se bem disto tudo. Porque será que esqueci?

Mas vocês nunca tinham ouvido falar das suas propriedades medicinais, nem imaginavam, pois não? A Internet é incrível: juntou logo as vossas memórias e a informação dum "expert" no assunto.


terça-feira, janeiro 05, 2010

Poupilos... O que será?




De repente, vi um maciço de poupilos. Como não tinha máquina fotográfica, fui à procura no dia seguinte e encontrei estes, naquela borda da cruz.
Não sei o que são poupilos, nem os encontro na Internet. Ou têm um nome inteiramente diferente, ou são desconhecidos.
Fazem parte das plantas da minha infância. Bonitos, estranhos, agradáveis ao tacto.
Da infância passada no campo costumo guardar os sabores de todas a coisas e também das ervas. Sabor amargo, desagradável.
O que será?
Agradeço ao autor do blogue, muito interessante
o esclarecimento que deu aqui em baixo, em nota:
"São conchelos, e um dos nomes comuns que lhe dão é Umbigo-de-Vénus."

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Quarto aniversário deste blogue

Faz hoje quatro anos que decidi fazer este blogue e que o passei à prática. No dia um de Janeiro, por me parecer essa uma maneira boa de começar o ano, a fazer algo de diferente e de definitivo.
Muita água correu no entretanto no leito das águas.
A minha relativa filiação budista Zen nunca aparecia aqui, mas através do Facebook descobri muitas mensagens budistas interessantes, que decidi partilhar convosco.
Ver este vídeo com écran completo, descontrair, não dar muita importância à mensagem escrita com palavras: ouvir por dentro.
Nestes 4 anos, tive visitantes muito frequentes e muito participativos, que desapareceram e deram lugar a outros. Não sei se desapareceram para sempre, pois alguns deixaram de comentar mas continuaram presentes.
Orgulho-me muito dos que tenho agora como assíduos participantes.
Obrigada a todos, os leitores e os comentadores, pois é para vocês que escrevo, não só os blogues mas também muitas outras coisas!

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Procure um trevo de quatro folhas

UMA DÉCADA DE 2010 MUITO FELIZ!!!
QUE REALIZEMOS OS NOSSOS SONHOS
E QUE SONHEMOS OUTROS PARA REALIZAR DEPOIS
Procure um trevo de quatro folhas para dar sorte para este Novo Ano

terça-feira, dezembro 29, 2009

"Caim" livro de José Saramago

Foi com surpresa que li o livro "Caim" de José Saramago nestes dias de Natal.
Tanta celeuma, tanta polémica, tudo por causa dum livrinho aparentemente sem grandes ambições e até mesmo cómico?
Mais uma vez, depois de ter feito o mesmo em "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", Saramago vai à Bíblia importar histórias magníficas e conta-as à sua maneira, ganhando muito dinheiro com essas histórias que lhe não pertencem, enquanto procura ridicularizá-las.
Gostei do livro, ri-me muito, mas não me parece que seja para levar a sério.
Caim, depois de matar o irmão Abel, como toda a gente sabe, viaja no tempo e assiste aos grandes episódios da Bíblia em que o Deus do Antigo Testamento mata ou manda matar milhares de pessoas ou mesmo todas (no caso do Dilúvio), sem que se veja um motivo para tal, se interpretarmos a Bíblia literalmente.
O interesse do romance é sobretudo o humor de Sramago, que só se lhe conhece dos livros, parecendo não o ter na vida "real" e a magnificiência dos episódios bíblicos "tomados de empréstimo", como este senhor costuma fazer.
Notar que o livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" foi publicado , mais ou menos em simultâneo com o livro dum escritor americano designado "O Evangelho Segundo o Filho" e numa época em que muito se fala muito dos Evangelhos apócrifos: "O Evangelho Segundo São Tomé", etc.
Fez-me lembrar aqueles filmes de Mel Brooks em que, usando hilariantes anacronismos, o cineasta conta a sua versão da História da Humanidade. Confesso que não me lembro do título do ou dos filmes. Se alguém se lembrar...
É caso para pensar se não será uma atitude de procura de fé por parte do autor, ainda o veremos dizer como Bocage: "Rasga meus versos [livros] /crê na Eternidade".

domingo, dezembro 27, 2009

O Caminho de Ferro





Nesta pequena localidade do Douro Litoral já referida, houve um dia o grandioso projecto de fazer um caminho de ferro, com comboios que chegassem lá e a ligassem à civilização.
Se observarem bem as fotos verão... não, não pode ser... será?
Por vicissitudes da política, que tão bem conhecemos hoje em dia, o caminho de ferro não se fez e os habitantes locais ficaram a ver navios...
A ver navios não, por duas razões: a primeira é que a terra não fica à beira-mar, a segunda é que o povão foi buscar os carris de ferro que estavam amontoados à espera de melhor sorte e fez com eles...
Ramadas para videiras de uvas para fazer vinho verde tinto. Para além dos postes / esteios de granito, impensáveis hoje em dia, reparem na configuração da secção dos ferros que seguram os arames, que por sua vez seguram as videiras.
Ampliar. Vê-se melhor na terceira fotografia. Chama-se a isto ramada ou latada, conforme a terra.
Também se chama caminho de ferro aéreo. Chão que deu uvas. Esperteza saloia. Aceito outras sugestões.
Agora fala-se do TGV...

sábado, dezembro 26, 2009

Cruzes!


Posted by Picasa
Aqui, no Douro Litoral onde me encontro agora, ainda se vêem algumas cruzes como esta na berma das estradas. E são bermas bonitas, agora no Inverno, com tanta vegetação. Adivinhem o que significa a cruz: que morreu aqui um homem, talvez há cinquenta, sessenta anos, creio que caiu. Imaginem se agora puséssemos ainda cruzes em todas as bermas de estrada onde morreu gente: era tudo cheio de cruzes em toda a parte.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Falar Línguas Estrangeiras

Um pássaro Mainá, que julgo ser um estorninho, na China, aprendeu a miar para impor respeito a dois papagaios que o dono tinha. Percebeu que os bichos têm medo do gato da vizinha e toca de falar a língua dele.
Não é giro?
VER AQUI