A ação decorre em Istambul nos inícios do Século XX. As mulheres da alta sociedade são muito instruídas e muito ocidentalizadas, educadas por professoras europeias, mas vêem-se confinadas aos haréns e à vida que sempre levaram as suas antepassadas.
As personagens do livro conseguem estabelecer contacto (no meio de perigos terríveis) com um famoso escritor francês, que adivinhamos ser o autor, porque tinha já escrito um livro em que as defendia. Contam-lhe então a sua triste e monótona vida, enquanto estiolam na solidão e na sombra.
A ideia é que escreva para elas este romance, exatamente com o mesmo título.
É um belo livro, com maravilhosas descrições de Istambul, narrado com uma sensibilidade quase feminina.
Parece-nos às vezes que a mulher ocidental já conquistou tudo ou quase tudo, mas ainda hoje, noutros países, vivem ou sobrevivem mulheres que não têm nenhum direito.
Como diz Aun Sun Kyi: "Usa a tua liberdade para promovera nossa!"
Excerto do Cap XXIV (final do capítulo):
"Um vento agreste gemia nas árvores. A velha Yriané, uma
das nossas escravas, um pouco feiticeira, que sabe ler nas borras do café,
pretendia que este dia era favorável para ler o nosso destino. Trouxe-nos café, que era preciso beber;
passava-se isto ao fundo do jardim, num recanto abrigado pela colina, e parece
que ainda a vejo sentada aos nossos pés, entre folhas mortas, ansiosa por ver o
que descobria. Nas chávenas de Zeyneb e Mélek só viu divertimentos e presentes:
eram tão novas ainda! Mas baixou a cabeça ao ler a minha. "Oh! O amor
vela", disse, "porém o amor é pérfido. Passará muito tempo antes que
voltes ao Bósforo, e, quando voltares, terá voado a flor do teu bem-estar.
Pobre criança, pobre criança! No teu destino só há amor e morte." com
efeito, só este Verão aqui voltei, depois do meu triste casamento. Todavia, foi
a flor do meu bem-estar que voou, posto que o bem-estar nunca o conheci... Não
é verdade? Mas nunca a sua predição final me chamou tanto a atenção como agora:
"No teu destino só há amor e morte." Djenana" Pierre Loti