segunda-feira, fevereiro 20, 2012

DEZ ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO ATRAVÉS DA MÍDIA

Noam Chomsky, aquele da gramática generativa e de tanta coisa mais, elaborou agora  a lista DEZ ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO ATRAVÉS DA MÍDIA.
Todas elas se aplicam ao momento que estamos a atravessar agora, com crise e tudo.

Retirado do ótimo blogue brasileiro Excerptos ou Fragmentos, aqui vai, em resumo.

1 – A Estratégia da Distração.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças que são decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais na área da ciência, economia, psicologia, neurobiologia ou cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais” (citação do texto ‘Armas Silenciosas para Guerras Tranquilas’).

2 – Criar problemas e depois oferecer soluções.

Este método também se denomina “Problema-Reação-Solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que seja este quem exija medidas que se deseja fazer com que aceitem. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja quem demande leis de segurança e políticas de cerceamento da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer com que aceitem como males necessários o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3 – A Estratégia da Gradualidade.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, com conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira as condições sócio-econômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego massivo, salários que já não asseguram rendas decentes, tantas mudanças que provocariam uma revolução se fossem aplicadas de uma vez só.

4 – A Estratégia de Diferir.

Outra maneira de fazer com que se aceite uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para se acostumar com a idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5 – Dirigir-se ao público como a criaturas de pouca idade.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por que? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-curcuito na análise racional, e, finalmente, no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância planejada entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser alcançada para as classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8 – Estimular o público a ser complacente com a mediocridade.

Promover a crença do público de que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9 – Reforçar a auto-culpabilidade.

Fazer crer ao indivíduo que somente ele é culpado por sua própria desgraça devido à insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, em vez de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se menospreza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição da ação do indivíduo. E sem ação não há revolução!

10 – Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.

No decurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência geraram uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles que possuem e utilizam as elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfrutou de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicológica. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que este conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos. 
 

Noam Chomsky. filósofo, ativista, autor e analista político estadunidense. É professor emérito de Linguística no MIT e uma das figuras mais destacadas desta ciência no século XX. Reconhecido na comunidade científica e acadêmica por seus importantes trabalhos em teoria lingüística e ciência cognitiva.

domingo, fevereiro 19, 2012

Quando até o Carnaval nos querem tirar...


Ó Balancê balancê / Quero dançar com você...


  Encantadoramente Kitch e obsoleto, diretamente do Carnaval Brasileiro para o Carnaval Português, aqui vai a Carmen Miranda, nascida no Marco de Canaveses, meia portuguesa, só meia brasileira e portanto, simbolizando o elo de ligação entre as duas culturas.


Maria do Carmo Miranda da Cunha GO IH (Marco de Canaveses9 de fevereiro de 1909— Los Angeles5 de agosto de 1955), mais conhecida como Carmen Miranda, foi umacantora e atriz luso-brasileira.[nota 1] Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950.

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Pero que las hay, las hay



Novo cardeal português defende que função “essencial” da mulher é educar os filhos


Então, e se a mulher for mal educada e mesmo malcriada?
Não vou afirmar que há muitas mães assim, 
"Pero que las hay, las hay". 
Vamos ter um cardeal romano português muito cândido. Por onde tem andado este gatinho? ...
Até chegar a cardeal cardinalício papabile... e representante dos portugueses junto do Papa de Roma?


VER MAIS PORMENORES AQUI

(Também chamado, em Espanha, "ARCEBISPO DO CALDITO", como se vê no último link). Ou é um santo, ou temos melhor.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Afinal, as boas notícias são... notícias

O Irão acaba de proibir a pena de morte por apedrejamento, reservada, normalmente, Às mulheres consideradas adúlteras.
Este blogue tem uma petição contra isso


AQUI


Também foi abolida a condenação à morte para menores!!! Também no Irão.
A boa notícia é que as coisas vão mudando aos poucos, mesmo no Irão e é bom saber que contribuímos para isso, através do ativismo online. E outros ativismos.


VER NOTÍCIA AQUI

Ensino...




Porque é que os nossos alunos  se portam tão mal nas aulas?
Coitadinhos! 
Porque têm calor, a seguir têm frio, distraem-se, não se vê bem o que está escrito no quadro... Porque é próprio da idade, porque o computador da sala de aula funciona, mas está sem Internet... porque é tudo tão chato...

Porque é tudo tão fácil e tão óbvio...  pena que não aprendam essas coisas tão fáceis, salvo uns iluminados que são vítimas dos outros...

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

O Estado (Triste) das Nações Tristes (a continuar)





Vemos primeiro o rosto de um rapaz, orgulhoso, altivo, marcial. Aproximando mais o nosso próprio rosto, vemos mais: o rapaz chora, sem perder a expressão máscula e a juvenil máscara de que um homem não chora... 
São imagens como esta que dizem tudo, só por si. É um militar grego, no decurso da rebelião, quase revolução que grassou em Atenas.

A nossa rebelião vai ser a rebelião do Carnaval, em que haverá uma desobediência civil, com  a ajuda de dias de férias e de atestados médicos e do habitual laxismo. Do mal o menos... (?)

Vemos notícias insultuosas nos jornais, contra a Grécia, Portugal, a Europa.

Vemos pessoas a chorar nos supermercados, por não poderem comprar o que queriam.
Vemos pessoas a perderem as casas que haviam comprado com tanto sacrifício. Imaginamos como viverão essas pessoas, em casa dos pais, em casa dos irmãos, pequenos espaços atravancados, que conflitos latentes não irão despoletar?
Vemos os pais a ficarem sem casa porque eram fiadores dos filhos e não podem pagar a diferença entre o empréstimo do banco e o que a casa rendeu, num leilão ao desbarato.
Vemos que a manifestação, em Lisboa, considerada a maior dos últimos 30 anos, foi desvalorizada pelos media, como se fosse uma pequena demonstração de um grupelho. 


Vemos a Alemanha, cada vez mais arrogante, quase ameaçando invadir outra vez a Grécia, fazendo chantagem com os empréstimos, quando, na verdade, a Alemanha ainda deve à Grécia muito mais do que lhe quer emprestar, pelo modo como ocupou este país. Custa a crer? Vejam o link abaixo. ***

Vemos a Grécia, também sem razão, a viver acima das suas possibilidades, devassada por políticos corruptos e por negociantes corruptos.

Vemos Portugal, também sem razão, a viver acima das suas possibilidades, devassado por políticos corruptos e por negociantes corruptos.

*** VER AQUI


E AQUI

domingo, fevereiro 12, 2012

A bondade no rosto



Esta mulher polaca, Irena Sendler, morreu tranquilamente numa cama aos 98 anos, depois de ter salvo 2500 crianças judias, evitando que fossem colocadas em campos de concentração nazi. 
Isto confirma a minha opinião: a bondade não pode existir sem a coragem. Basta ver o seu rosto simpático, carinhoso e bondoso, onde não encontramos traço da dureza que se associa à coragem.

No norte de Portugal, que tem uma linguagem muito variada, em risco de se perder, é utilizada a palavra fraco, ou fraca, para designar uma pessoa que não é boa.

Como se a fraqueza fosse impeditiva da bondade.

VER AQUI

Precisamos destes exemplos, agora que estamos outra vez a voltar atrás, em termos europeus.

“phosphoro” e “exhausto”

Ainda a propósito do acordo ortográfico, aqui fica a opinião de um entendido na matéria.



“Acordo Ortográfico: para além de Portugal *
1. Começo por três afirmações preliminares.
Primeiro: uma declaração de desinteresses. Não tenho interesses económicos, dependências políticas ou outras, quando me dedico a analisar a questão do Acordo Ortográfico; (…)
Segundo: uma declaração de interesse. Debato o Acordo Ortográfico porque me interessa a Língua Portuguesa e preocupa-me o seu destino, também à escala internacional.
Terceiro: uma declaração de índole ético-cultural, dividida em três frentes. Uma, que é a do respeito que igualmente me merecem todos os países onde o Português é língua oficial; outra, que é da honestidade intelectual que preside às minhas reflexões sobre este tema; uma outra ainda, que a da afirmação, relativamente a este tema, de convicções fortes, mais do que de certezas dogmáticas ou aspirações a ser dono da verdade.
(…)
A consagração de um acordo ortográfico entre os países de língua oficial portuguesa é, neste contexto, uma decisão estratégica de capital importância.
(…)
Chegado a este ponto, lembrarei algumas coisas simples, mas nem sempre presentes nesta discussão.
Primeira coisa simples: um acordo é, por natureza, um acto positivo, envolvendo um sentido de entendimento que importa enaltecer e não menosprezar.
Segundo: um acordo não é uma dogmática unificação de procedimentos, é um encontro de vontades, fundado no reconhecimento da dignidade das partes, sem preconceitos, complexos ou reservas mentais.
Terceiro: um acordo, por ser um entendimento, implica disposição para o diálogo e para abertura, não o fechamento em comportamentos autistas.
Quarto: um acordo implica também o pragmatismo que leva a que se concorde no que é possível concordar, sem prejuízo de diferenças que não põem em causa o essencial da concordância.
Por fim: se um acordo incide na ortografia, então reconheça-se que ele visa aquele domínio linguístico que é mais convencional e susceptível de reajustamentos rapidamente incorporados pelo uso e sobretudo pelas crianças, que são os falantes do futuro. Não tenham receio os educadores: o que está em causa neste acordo ortográfico é aproximar a grafia da articulação fonológica (aproximar, não identificar) ou, noutros termos, o modo como escrevemos do modo como falamos.
Já o perguntei e repito-o agora: há alguma ofensa cultural, se passo a escrever “elétrico” em vez de “eléctrico”? Houve desrespeito pelo idioma de Alexandre Herculano, pelos legisladores do Liberalismo ou pelos cidadãos letrados seus contemporâneos, quando passámos a escrever-se “fósforo” ou “exausto”, em vez de “phosphoro” ou “exhausto”? (…)”
(continua)

* Excertos da Comunicação lida na Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promovida pela Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da Republica, em Lisboa, no dia 7 de Abril de 2008.
Carlos Reis (Angra do Heroísmo, 28 /09/1950)
Ensaísta, colaborador de jornais e revistas, professor universitário, especialista em literatura portuguesa.

sábado, fevereiro 11, 2012

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Asma está do lado do poder. Mas qual poder?: O poder asmático?

Convenhamos: a criatura até é simpática e bonitinha, mas, com um nome destes, Asma... nenhum falante da língua portuguesa a comprava... e os outros são burros.LOL

Asma, mulher do primeiro-ministro sírio, apoia a ditadura. E apoia o marido. Parece que a rapariga até tem uma educação ocidental e tudo, mas deve gostar do poder, ou assim...



VER AQUI

N. B. : Nunca coloco nestes meus blogues fotos de gente assim, mesmo que seja gente bonitinha e que esteja nas ondas. Creio mesmo que não tenho aqui nenhuma foto de Sócrates, por todos esses motivos.


Este pequeno texto tem várias repetições, mas são todas enfáticas.

Heróis Piegas do(s) mar(es)

Ninguém o disse, até agora, tão bem como o nosso atual primeiro ministro, ao criticar os portugueses: são todos uns piegas. 
Vejamos o que disse Camões, a respeito dos portugueses do seu tempo, afirmado que, depois de terem passado tudo, incluindo o Cabo Bojador e o Cabo da Boa Esperança, caíram numa preguiça, num apatia, que define como: "(N)uma austera, apagada e vil tristeza".  
Fernando Pessoa nem lhe ficou atrás, ao dizer, poeticamente, de Portugal e dos portugueses do seu tempo (dele, Fernando Pessoa) assim: "Nem rei nem lei, / nem paz nem guerra, / define com perfil e ser / este fulgor baço da terra / que é Portugal a entristecer" 


 E agora, passos Coelho, no seu esplendor como primeiro ministro deste auto-flagelado país, afirma que: "Devemos ser mais exigentes e menos piegas" Nem Camões!


Assinado: Nadinha Piegas

Génios e / ou miseráveis... quantos não haverá por esse mundo fora?




Isto aconteceu nos Estados Unidos. Uma criatura que tocava no metro ganhou 36 cêntimos que lhe foram dados por almas caridosas... não demasiado.
Tratava-se, na verdade de uma performance. O músico não era pobre. Era mesmo tão famoso, que os bilhetes para o seu espetáculo custavam, no mínimo, 100 dólares. Já agora, o violino que usava custou três  milhões e quinhentos mil dólares, mas esses pormenores de dólares para aqui e para ali, só interessm aos americanos dos estados unidos. Creio que os europeus não precisam de ler números para entender.
E esta, heim?



E Joshua Bell interpretando Fauré, um dos meus compositores favoritos.



quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Nadinha Piegas

Surgiu no Facebook uma página, com tendência a promover actos de rebelião, com o título:

Eu quero ser piegas

Algumas pessoas, não só aderiram ao "movimento", como também mudaram o seu nome do Facebook para Piegas: Maria Piegas, António Piegas...
Podem tratar-me por Nadinha Piegas.

(Estando os portugueses tão caladinhos e sossegadinhos, a verem o dinheiro a sair-lhes dos bolsos, as férias, o Carnaval, a aposentação, tudo por um canudo, Passos Coelho teve a brilhante ideia de lhes chamar piegas. - Conto este episódio em benefício dos leitores do blogue que não são portugueses, ou que o são, mas não vivem no país.)



A coragem de não imitar os outros



Esta foto tem sido muito partilhada no Facebook, já a tive há alguns dias, embora só hoje tenha saído no Jornal Público, que traz a sua explicação.
Mas não é preciso explicação nenhuma. A imagem vale só por si, é até mais interessante assim.


LER AQUI 

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Contra os que são contra o acordo ortográfico

Há um texto muito interessante, de Rui Tavares, a criticar a atitude de Vasco Graça Moura de ter proibido o uso do acordo ortográfico no Centro Cultural de Belém. 
De facto, se se pretende manter as consoantes mudas, então é necessário ir buscar muitas delas à fase da língua anterior à reforma de 1911.
Vejam

"Salvé, Vasco Graça Moura, insigne auctor que desafiaste o dictame do Governo e reintroduziste a escripta antiga no teu Feudo Cultural de Belém! Povo português, imitai o exemplo deste Aristides Sousa Mendes das consoantes mudas, como lhe chamou o escriptor e traductor Jorge Palinhos. Salvai as sanctas letrinhas ameaçadas pela sanha accordatária.
Mas ficai alerta, portugueses! As consoantes mudas são muitas mais do que julgais! O "c" de actual e o "p" de óptimo são apenas os últimos sobreviventes de um extermínio secular que lhes moveram os medonhos modernizadores da escripta. Há que salvar agora estas pobres victimas, até à septima geração.
Acolhei-as pois a todas, portugueses, recolhei-as agora em vossos escriptos como a inocentes ameaçados por Herodes. Se há uma consoante muda a salvar em factura, há outra em sanctidade, e esta ainda mais sancta do que aquela. O Espírito Sancto tem uma. Maria Magdalena tem outra. E Jesus Cristo? Ora! O fructo do vosso ventre, Maria, já tinha consoante muda mesmo antes de nascer. Não sabíeis? Assim Ele se conformou, e nós nos inconformaremos.
Há quem diga que o accordo ortográfico é um tractado internacional que foi já transcripto para as nossas directivas internas. Dizem que o assumpto morreu.
Balelas! Nada nem ninguém nos obrigará a cumprir obrigações internacionais. Vasco Graça Moura mostra o caminho, e eu  –  peccador que fui  – vejo agora a luz. Depois da summa missão de salvar as consoantes mudas que resistem, e ressusciptar as que foram suppliciadas no passado, há que supplementar este grande desígnio com outras acções.
O conductor da ambulância que leva doentes oncológicos a serem tractados, pode desobedecer ao corte de subsídios de transporte fazendo o serviço gratuitamente. O quê, a austeridade, a troika? Balelas! O memorando não passa de um simples accordo internacional que o Governo quer implementar. Se Graça Moura faz lei, de graça poderão também entrar os passageiros nos transportes públicos. E se o seu chefe for um republicano e patriota daqueles que não se contentam com andar com a bandeira num pinda lapela? Pois decrete que o fim dos feriados não vale lá na repartição. E o paginador do Diário da República pode rasurar as nomeações partidárias e alguns zeros dos salários de administrador, para dar espaço às consoantes mudas. O Governo entenderá.
Néscio António Mega Ferreira que, apesar da sua gestão impeccável, foi demitido. Nada lhe succederia se, em vez de padecer de "falta de sintonia política", tivesse antes violado um accordo internacional que o Governo decidira fazer entrar em vigor meras semanas antes.
Insensato Pedro Rosa Mendes, que foi censurado por contrariar o Governo de Angola. Se contrariasse a CPLP inteira, ainda tinha crónica, e applauso da imprensa!
Longe vai Diogo Infante, demitido por não ter dinheiro para fazer teatro no Teatro Nacional. Mas João Motta, que o substituiu, pode agora imitar a Nova Estrela de Belém. Mande as restricções às malvas, gaste o que tiver a gastar, desde que mande os actores pronunciar as consoantes que agora já não são mudas mas mártires, e que nunca mais se calarão, e que orgulhosamente transformaremos em oclusivas, fricativas ou até explosivas, se nos der na bolha, numa aKção aFFirmativa e peremPtória!
Está assim lançado um movimento que fará os gregos corar de vergonha e os alemães tremerem das pernas. Vamos dar voz às consoantes sem voz! E depois, quem sabe, aos portugueses sem voz, sem trabalho e sem futuro."

* In jornal "Público" de 6 de Fevereiro de 2012 :: 06/02/2012 Rui Tavares



segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Austeridade aumenta os problemas e, portanto, a dívida

«Os portugueses estão a aplicar mais ou menos os truques do manual que lhes foi dado», disse um oficial da Zona Euro citado pelo jornal. «Mas talvez o manual esteja errado».


Conclusão que também já muitos tiraram, para além daqueles que nada entendem do assunto.


VER AQUI

Existem muitos indícios de que as receitas para a crise estão a ser as erradas. Ver post anterior.

Ainda as agências de rating

A propósito da publicação em Portugal do seu livro  A Queda de Wall Street, Michael Lewis afirma o seguinte:


"Considero chocante que alguém ouça a opinião das agências de rating para o que quer que seja. Elas já provaram que não sabem nada. É espantoso que tenham o efeito que têm nos mercados. "


Parece que ninguém entende que se dê importância às agências de rating, pelos motivos que são expostos por este e muitos outros analistas. Então, por que razão continuam os políticos a guiar-se por elas e a pagar-lhes? Mistério? Estupidez? Porque o dinheiro não é deles? Porque o dinheiro deles está seguro, algures?


A entrevista completa: clicar aqui

domingo, fevereiro 05, 2012

Passos Coelho vai importar talibãs para imporem respeito

Acabo de ler O Menino de Cabul. Nele se conta que, nos jogos de futebol, em Cabul, havia talibãs armados de chicote para bater em quem se entusiasmasse e gritasse pelo seu clube.
É disso que precisamos. 
Alguém que reprima a alegria e o riso. Já agora, também podem obrigar os  homens a usarem todos barbas compridas, para imporem respeito às mulheres. 

Ninguém se vai rir deles, porque não pode.

E vamos todos acabar com os carnavais... 
Ditado popular: 
"A vida é um dia, o Carnaval são três"


(Não esquecer que há, neste momento, muita gente sem poder ver televisão, sobretudo pessoas de idade, para quem a televisão era o único entretém que tinham na vida. O outro, para os que viviam nas cidades, era andar de autocarro dos transportes públicos: também não podem. Encareceram de forma proibitiva.)


Get a Life, Passos Coelho, e deixa viver quem vive!

Carnaval: quantos menos motivos temos para rir, mais temos vontade de rir

Acabar com o Carnaval: e por que não proibir o riso e a alegria?


Estamos numa crise. Tiram-nos o dinheiro. Tiram-nos os feriados e as férias. Querem convencer-nos que é tudo muito sério: só podemos pensar na crise.


A alegria, já no-la retiraram , assim como já nos tiraram quase todos os motivos para rir, estes políticos e os anteriores.


Mas o ser humano é assim: quantos menos motivos tem para rir, mais tem vontade de rir.
Eles pagam-nas!


E cada vez há mais críticas jocosas a  fazer, em cada Carnaval.


Tenciono participar na manifestação de mascarados de Torres Novas. Levo uma máscara veneziana e ninguém sabe que não sou de Torres Novas!

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Senhora das Candeias e Janeiro fora

Janeiro fora, mais uma hora

Quer dizer que o dia aumenta quando Janeiro acaba


Janeiro fora, mais um ano

Quer dizer que os velhos e adoentados que chegaram ao fim de Janeiro duram mais um ano, porque o pior do frio já passou (isto no hemisfério norte, claro).

Senhora das Candeias 2 de Fevereiro

Há uns anos, fui a uma missa de sétimo dia no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, neste dia.  Foi uma cerimónia linda, porque era a senhora das candeias. 

O padre benzeu a luz. Deitou água benta sobre a luz das velas. Uma outra colega de trabalho ofereceu-me uma vela. Apetece-me lá ir amanhã, para ver outra vez. Dá para imaginar como seria quando só havia velas e candeias para iluminar as trevas...

E descobri muitos provérbios, que já aqui coloquei, sobre a Senhora das Candeias.

«Se a Senhora das Candeias chorar, está o Inverno a passar; se está a rir, está o Inverno para vir.»
«Quando a candelária chora, o Inverno já está fora. Quando a candelária rir, o Inverno está para vir.»
«Se a candeia rir, está o Inverno para vir; se a candeia chora, o Inverno está para fora.»

A ideia é esta: se está sol nos dia da Senhora das Candeias, dois de Fevereiro, vem aí mau tempo, se chover, então já acabou o Inverno.


Conclusão: Vem aí o Inverno! Ui!


P.S.: A Senhora das Candeias tem a ver com o azeite, que dá luz e com a celebração da luz que começa a aumentar de dia para dia.