- Ó mulher! Tu sabes onde é que nós passamos bem as nossas férias? Na nossa casinha. Queremos ir ao café, é aqui mesmo ao pé. Queremos ir ao correio, é já ali. Queremos ir ao supermercado, é aqui perto. Queremos ir à mercearia, é só sair a porta.
Queremos comer, comemos. Queremos beber, bebemos. Queremos dormir, dormimos. Queremos mijar, mijamos...
Onde nós estamos mesmo bem, é na nossa casinha.
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
quarta-feira, agosto 31, 2011
terça-feira, agosto 30, 2011
Boas notícias, afinal
Tem havido algumas boas notícias, disfarçadas pelo meio de informações económicas decepcionantes. Mas tudo é ilusão. o bom e o mau.
As verdadeiras notícias, aquelas que ficam para a história, neste caso, são as boas.
Warren Buffet, multimilionário americano, declarou que as pessoas como ele deveriam pagar mais impostos para superar a crise, no que foi imediatamente seguido pelos alguns multimilionários franceses, os quais chegaram ao ponto de fazer uma petição nesse sentido. Que foi aceite, claro, e não só em França.
Melhor ainda. É notícia de hoje, 30 de Agosto, que a empresa IKEA fez a maior doação da história para as Nações Unidas. A favor dos refugiados. Isto numa época em que muitos são contra os emigrantes / refugiados...
Não esqueço uma notícia, fait-divers, que li em tempos: que o presidente, ou director da Ikea, não sei como se diz, numa ocasião em que veio a Portugal, ficou hospedado numa pensão barata, a pensão Alegria, indo de autocarro para o Ikea e a pé até ao autocarro. Disse-me uma amiga assistente social (e minha professora de Yoga) que costumam alojar nessa pensão os pobres sem abrigo, por ser barata e limpa...
Algumas pessoas de esquerda têm dificuldade em acreditar nestas coisas, mas isso é porque os tempos mudaram e porque as pessoas, (incluindo os multimilionários), não são nem nunca foram todas iguais. Não é caso para desistir da esquerda, mas sim para abrir as janelas do espírito e ver o tempo sem preconceitos.
segunda-feira, agosto 29, 2011
Os Prazeres: Regressar
Alguém me sabe dizer o que tem de especial a nossa própria cama?
Regressar é maravilhoso, sobretudo quando acontece muitas vezes seguidas...
É mais belo quando regresso do mar e a cama me parece incrivelmente segura, fixa, inabalável, mas regressar da terra também é bom.
sábado, agosto 27, 2011
sexta-feira, agosto 26, 2011
domingo, agosto 21, 2011
Cartão de pobre
Com este novo governo vamos ter uma novidade: o cartão de pobre.
Para pagar a luz, para comprar passes sociais, para isto e para aquilo.
Como nesta terra sempre acontece, vai haver pessoas a pedir cartão de pobre e, ao mesmo tempo, a exibir status de rico.
LOL.
Para pagar a luz, para comprar passes sociais, para isto e para aquilo.
Como nesta terra sempre acontece, vai haver pessoas a pedir cartão de pobre e, ao mesmo tempo, a exibir status de rico.
LOL.
sábado, agosto 20, 2011
Provérbios descabidos
Há muitos provérbios, bem como expressões populares, que são descabidos, embora nós os usemos frequentemente, o que é curioso. É curioso, pois muitos outros, mais sensatos, caíram em desuso há muito tempo, por se referirem a realidades que já nos são estranhas.
Os que refiro são corruptelas de outras frases, ou seja, alterações erróneas.
"Quem não tem cão caça com gato" - imaginem o que seria um caçador ir com o gato para o meio dos montes. A certa altura o gato deixava até de o conhecer e perdia-se, pois os gatos, quando estão a acerta distÂncia do dono, perdem o contacto e deixam de o conhecer. Então seria "Quem não tem cão caça como gato", ou seja, sozinho. Convenhamos que a primeira versão é muito mais gira. É absurda.
Aqueles dois gémeos são iguais, são a cara um do outro "cuspida e escarrada". Isto faz algum sentido, "cuspido e escarrado"? Nenhum. Há quem considere que é a corruptela de frase muito erudita: esculpido em Carrara. Mas existem opiniões diversas.
Esta parece natural, mas deriva de outra mais antiga: "Quem tem boca vai a Roma" era "Quem tem boca vaia Roma", ou seja, critica a política de Roma. Neste caso passou a querer dizer outra coisa, pelo menos na Europa, embora se utilize também no Brasil: podemos ir a Roma perguntando o caminho.
"Não páras quieto, parece que tens bichos carpinteiros" - o que são bichos carpinteiros? Talvez seja melhor: "parece que tens bichos no corpo inteiro"
"Cor de burro quando foge" deveria ser, ou era, na sua origem "Corro de burro quando foge" .
Enfim, outros haverá, quem quiser pode acrescentar alguns como comentário.
segunda-feira, agosto 15, 2011
Fernando Pessoa online
E aqui está um site que contem muitas das obras de Pessoa, creio que só as editadas, pois intitula-se obra édita. Caso contrário, seria inédita.
VER AQUI
E tem a vantagem de estar organizado por temas.
VER AQUI
E tem a vantagem de estar organizado por temas.
domingo, agosto 14, 2011
Os Piratas
Não é fácil escrever um romance, ou mesmo fazer um filme cuja acção decorra no mar, mas a tentação é grande, dada a apetência pelos temas marítimos.
Vejamos: para haver uma história, tem de haver um problema; ora, os problemas no mar nunca são pequenos: tempestades, naufrágios... diria mesmo que são definitivos.
Há uma história muito interessante em si, a dos descobrimentos, mas ainda não se conseguiu ultrapassar uma dificuldade romanesca: a ausência de mulheres a bordo. O amor, não sendo indispensável num romance, é quase sempre o seu centro e ainda não se escreveram, que eu saiba, romances em que o comandante se tenha apaixonado pelo grumete ou pelo cozinheiro. O único mais ou menos interessante que li sobre os descobrimentos narrava as viagens de Diogo Cão, mas metia três mulheres, numa situação muito forçada e pouco verosímil, não pela sua presença ali, de facto havia mulheres nesses navios, mas pelas insólitas relações que se estabeleciam.
Existindo o relato autêntico da viagem de Vasco da Gama à Índia, a sua ficção romanesca apresenta dois problemas: o terrível feitio de Vasco da Gama, a diferença de mentalidades entre essa época e a nossa e, principalmente, a ausência de mulheres numa história muito longa. Camões resolveu isto à sua maneira: introduzindo as deusas, as ninfas, os amores e desamores entre os deuses, o episódio de Inês de Castro, etc...
Restam os piratas e, mais ainda, as piratas. Como quase todos os romancistas escrevem hoje para satisfazer o suposto gosto do público e do comércio, o tema dos e das alegadas piratas contorna a situação. Eles não têm problema nenhum, o leitor identifica-se com as personagens, deseja a sua vitória... é o que acontece com o filme Piratas das Caraíbas. Quanto às piratas, embora tenham existido, têm dado motivo a romances, desde ridículos a absurdos. Ver aqui um exemplo. Alguns interessantes, sim, mas só pela história e não pelas referências ao mar.
Há um filme maravilhoso sobre o tema, um dos meus preferidos, no geral, Cantando Por detrás das Cortinas, ou Cantando dietro i paraventi do qual coloquei excertos aqui e no Escrevedoiros.
Vem isto a propósito de um dos livros que ando a ler. Não é ficcional, é muito real, ao ponto de se supor que o seu autor teria sido pirata.
História Geral dos Piratas, Capitão Johnson. - Lisboa: Cavalo de Ferro, 2011
quinta-feira, agosto 11, 2011
Se não comermos, não bebermos água, não nos lavarmos nem acendermos a luz
Se não comermos, não bebermos água, não nos lavarmos nem acendermos a luz, poupamos muito dinheiro, resolvemos os problemas do país e continuamos a ter direito a uma bandeira e a um hino nacional que diz assim: "contra os canhões marchar marchar", embora os nossos antepassados tenham marchado mais contra setas e azagaias, quem levava os canhões eram eles, e agora também já se usam os mísseis de longo alcance... mas as tradições, vale a pena mantê-las.
O que não vale a pena é manter algumas tradições parvas, como a de o Estado Português pagar os tratamentos dos dentes ou os óculos dos portugueses: sem dentes, os portugueses comem menos e sem óculos vêem menos, poupam em jornais, livros, televisão, etc...
Vem isto a propósito desta eufemística notícia, que li várias vezes por me custar a crer:
Saúde deixa de pagar reembolsos directos aos doentes
Prometi não criticar o governo durante uns meses e cumpri, sem dificuldade: estava tão farta do anterior, que ainda confundo estes ministros com os santos do calendário. Ou confundia. Até ter lido isto.
terça-feira, agosto 09, 2011
O respeitinho, o seguro e a prudência
Tenho perguntado aos deuses por que razão os portugueses mudam de personalidade assim que mudam as leis.
Se podem protestar protestam imenso, são muito livres, agressivos e até manifestam mau feitio.
Basta uma criatura como Sócrates alterar as leis, para tudo mudar.
Se não podem protestar não protestam, são muito simpáticos, subservientes. Ou, se foram colocados como chefes, tornam-se autoritários, indiferentes, cruéis, onde antes eram chefes sem poder mas muito amáveis.
Agora que o mundo está em revolução e que "estão mexendo no nosso bolso" veremos o que acontece.
E acabo de encontrar parte da resposta numa entrevista de Fernando Rosas no DN de hoje: "a ideologia de Salazar está toda nos nossos ditados".
De facto, "o respeitinho é muito bonito" "devagar se vai ao longe", "vale mais um pássaro na mão do que dois a voar"... "o seguro morreu de velho e a prudência foi ao enterro", "comer e calar".
Aceitam-se contribuições com mais ditados deswte género. Que nos impedem de:
- arriscar
- protestar
- lutar
- tomar a iniciativa
- agir
Enquanto não passarem de moda.
domingo, agosto 07, 2011
Porto Novo
Rochedo de Santa Rita, Porto Novo.
Sabem a história de Santa Rita de Cássia? É mais uma santa medieval, com uma história estranha.
Era de Cássia, cidadezinha italiana. Essa terra situa-se na região do mundo que tem mais santos por metro quadrado. Assis (S. Francisco de Assis e Santa Clara de Assis) Pádua, Santo António de Lisboa e de Pádua, etc.
Santa Rita rezava num rochedo, que em italiano se diz Scoglio. Deve ser por isso que este escolho se chama Rochedo de Santa Rita. O seu corpo está incorrupto em Cássia, desde a Idade Média.
É das principais santas da religião católica, ou melhor, dos principais santos, juntamente com santa Bárbara e os dois referidos. A prova disso é que há muitas mulheres em Portugal que se chamam Rita de Cássia e que a maior estátua do continente americano é a sua, no Brasil.
Uma das realizações desta mulher como santa, foi pedir a morte dos dois filhos que tinha, porque queriam matar um homem. Adoeceram e morreram, mas não assassinaram ninguém.
Como já era viúva, ficou livre de entrar para o convento, o seu sonho desde a juventude. Muitas das santas foram, a seu modo, feministas.
sábado, agosto 06, 2011
Porto Novo
Esta terra é Porto Novo. Tem um rio que não chega ao mar, por pouco, como se vê na foto.
Foi aqui que desembarcaram os ingleses para combater os franceses das Invasões Francesas.
Antes disso, também andaram por aqui os dinossauros. Tem rochas esquisitas. A da terceira foto faz lembrar ossos: de dinossauro?
Passando a mão por aquela pedra, ficou assim e depois muito macia.
Não acho graça nenhuma aos dinossauros. Já aqui disse que só me interesso pelas realizações humanas. E pela beleza, que é sempre uma realização divina.
Não acho graça nenhuma aos dinossauros. Já aqui disse que só me interesso pelas realizações humanas. E pela beleza, que é sempre uma realização divina.
sexta-feira, agosto 05, 2011
O elétrico dos Prazeres
Este elétrico, o famoso 28, faz uma carreira muito regular e muito necessária, entre o largo em frente do Cemitério dos Prazeres (reparem no nome) e o largo da Graça, passando perto do Castelo de São Jorge, etc.
Deste lado nada há para ver, a não ser o cemitério, que tem visitas guiadas, percursos assinalados para turistas e um museu, mas poucos têm interesse por este tipo de turismo. Os cemitérios de Lisboa têm nomes estranhos: o dos Prazeres, o da Ajuda, o de Benfica, que faz lembrar o Benfica e o do Alto de São João, esse mais normal, embora o São João faça lembrar a festa do S. João.
Foi algo que também me impressionou muito quando vim morar para Lisboa. Até refiro este no meu livro Imaginália.
Ora acontece que, quando os moradores desta zona esperam apanhar a dita viatura, ela aparece cheia de turistas, felicíssimos porque o bilhete é muito barato. Todos têm bilhete de ida e volta, pelo que o bicho vai a abarrotar desde a saída.
Com algum bom senso, os condutores mandam sair todo o mundo, sendo suposto que têm direito a entrar primeiro os que já estão na paragem. O que não é simples nem pacífico. Excepto para os estrangeiros, que acham tudo maravilhoso e que não podem discutir por desconhecimento da língua.
Em lado nenhum há um transporte tão exótico e tão barato para turistas, já para nem falar dos barcos que atravessam o Tejo...
Não é por acaso que Lisboa está tão bem cotada como cidade de visita.
Não é por acaso que Lisboa está tão bem cotada como cidade de visita.
quinta-feira, agosto 04, 2011
Ideias novas, agradáveis e tudo
Na entrevista da revista Visão a Pierre Dukam, médico e autor de best-sellers sobre dietas, a certa altura há a seguinte afirmação:
O prazer é tudo o que nos estimula para a vida. E a luta pela sobrevivência também nos proporciona prazer.
Se estamos desidratados no deserto e bebemos água, o que é que experimentamos? Prazer. Se não necessitamos dela, não a bebemos.
Uma mística muito conhecida na América, Almine, afirma que a nossa missão nesta vida é a penas fruí-la: "enjoy life".
O prazer é tudo o que nos estimula para a vida. E a luta pela sobrevivência também nos proporciona prazer.
Se estamos desidratados no deserto e bebemos água, o que é que experimentamos? Prazer. Se não necessitamos dela, não a bebemos.
Uma mística muito conhecida na América, Almine, afirma que a nossa missão nesta vida é a penas fruí-la: "enjoy life".
segunda-feira, agosto 01, 2011
Professora e alunos no Nepal
Ainda não entendi de que se queixam os professores...
Desde que haja professores e alunos... não é preciso mais nada...
Nem mais ninguém.
Bem, o quadrito, às vezes, dá jeito.
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