quarta-feira, junho 02, 2010

Ainda os médicos LOL

Uma senhora que conheci, foi um dia ao médico. O qual lhe disse, com ar pesaroso e dramático:
- Você nunca mais, em toda a sua vida, pode comer sardinhas. Ouviu?!
- Tudo bem - respondeu ela, alegre - detesto sardinhas!
O médico, desolado, descoroçoado e desorbitado de espanto, retorquiu, lúgubre:
- Você não sabe o que perde!

Interpretação: claro. Se ela tivesse começado por dar essa informação de que odiava sardinhas, logicamente o médico tê-la-ia aconselhado a comer sardinhas todos os dias durante o resto da sua vida.
Perante esta inusitada aversão ao prato quase nacional, e, a seu ver, delicioso, que diz ele? Volta atrás? Não. Mantém a sua palavra? Só pode, claro!

Nunca confiem nos médicos. Nunca lhes digam a verdade.

A não ser que sejam médicas naturistas, como a minha Rogélia, louca varrida, milagrosa, azamboada, com visões e que me revelou, recentemente, que eu fui o Rei da China há dez mil anos. Ainda perguntei, disfarçando a vontade de rir:
- Não seria a rainha?
Não, claro que não , a rainha não tem poderes nenhuns, nem responsabilidades nenhumas...
Fui ver à net: há dez mil anos já havia reis na China? Já existia um país chamado China? Resposta:
Sim.

É que Portugal tem 800 anos, mais coisa menos coisa... e é o país com as fronteiras mais antigas da Europa... A Europa é um pouco atrasada e recente.
LOL!

Em resumo: imaginem que vocês estão com o ego um tanto por baixo. Mesmo correndo o risco de ficarem ainda pior, suponham, por hipótese, que a vossa médica milagrosa vos diz que vocês foram o rei da China. Tinha-me sido detectada uma doença que parecia ser grave, pelos médicos normais, mas que afinal não era nada grave, como ela sempre afirmou. Afinal o meu verdadeiro problema é o Karma e mais nenhum!

Que não há motivo nenhum para eu me rir - diz ela, ofendida, ao ver-me rir às gargalhadas. Porque eu declarei guerra aos povos limítrofes, quando fui o rei, da China, diz ela. Que morreram milhares e milhares de chineses por minha causa. Isto para nem falar dos meus inimigos, ou, seja, os inimigos dos chineses, que caíram que nem tordos. E por minha culpa - diz ela. Porque eu tinha a missão de mudar o mundo para melhor, mas mudei-o quase para pior. Ou deixei-o estar tão mal como estava.

E concluiu, numa linguagem que não entendi bem se era espanhol (a sua língua) ou português ( a minha):

- Enfim, fodeste tudo!

Espero que fosse latim: "fodere" em latim, significa furar.

P.S.: Esta mulher curou uma minha amiga que estava desenganada dos médicos e que, não só está óptima, como deixou de usar óculos, porque agora vê bem sem eles.

domingo, maio 30, 2010

A praia e os médicos

Odeio praia.
Os médicos, pensando que me chateiam, dizem-me que não devo ir para a praia, por ser eu demasiado branca e demasiado sensível ao sol.
Nunca digam a um médico que gostam de alguma coisa. Mintam. Aldrabem!
Se vocês forem abstémios, mandam-vos beber álcool. Se gostam de álcool, dizem-vos que não podem beber uma gota.
Se vocês dizem que odeiam a praia, mandam-vos fazer praia, se dizem que adoram praia, proibem-vos de ir para lá.
Aqui estou eu à sombra, felicíssima por não estar a torrar à torreira do sol e a fazer a vontade aos médicos, que até recentemente, sempre me mandaram fazer praia. Por pensarem que eu não gostava de praia.
E agora mudaram de ideias. Parece que tenho um problema com o sol... e mesmo assim...
Embora com carradas de cremes, acham eles que eu posso, se quiser, ir para a praia. Não quero. Não vou! Ouviram bem?!

Adoro o mar, adoro o sol. Detesto praia, que é a terra. Terra Imunda!

segunda-feira, maio 24, 2010

O MAR

Vangelis West across the sea


domingo, maio 23, 2010

Os únicos amigos são os novos amigos

Biografia

Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz, no mar, no vento.


Sophia de Melo Breyner

Será que podemos tirar esta conclusão: os melhores amigos são os novos.
Segunda conclusão: os únicos amigos são os novos amigos

Nunca tal ouvi! - Dirão vocês!

sexta-feira, maio 21, 2010

Portugal no seu melhor


Já sei.
Já sei que os ledores desta escrevedora / escrevedeira (*) estão fartos de não terem visto um post novo durante uns dias. Cá esta.
Razões profissionais e outras, sobretudo OUTRAS me têm impedido de "postar"
"Wish me luck".

Portugal no seu melhor é, por exemplo, Sintra.
Cá fica a foto para os "ledores" estrangeiros ou que vivem no estrangeiro terem inveja de mim, que fui ontem a Sintra e hei-de voltar para passar uns dias.
Enveja? A enveja "Escura e feia" (de Bocage)?
Claro que não, refiro-me à inveja boa, claro. Tipo: Óh, quando eu for grande... /ou/ Óh, quando o Sócas estiver na cadeia, / ou / Oh, um belo dia veremos ("un bel di vedremo"), eu hei-de ir a Sintra. Depois de ter visto e revisto Lisboa, claro.

* A escrevedeira é um pássaro sazonal, que também passa por Sintra. Ver imagens da Escrevedeira no blogue Escrevedoiros.

domingo, maio 16, 2010

Le Temps des Cerises



Estamos, outra vez, no tempo das cerejas.
Aqui está uma bela e mesmo mítica canção francesa, Le Temps des Cerises.
Colocarei uma diferente versão no Blogue Escrevedoiros.


Letra

Quand nous chanterons, le temps des cerises
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête.
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au coeur
Quand nous chanterons, le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur.

Mais il est bien court le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreilles,
Cerises d'amour aux robes pareilles
Tombant sous la feuille en gouttes de sang.
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendant de corail qu'on cueille en rêvant.

Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d'amour
Evitez les belles!
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai point sans souffrir un jour.
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des peines d'amour.

J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps là que je garde au coeur
Une plaie ouverte.
Et Dame Fortune en m'étant offerte
Ne pourra jamais fermer ma douleur,
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au coeur.

Couplet ajouté pendant la guerre de 1871

Quand il reviendra le temps des cerises
Pendores idiots magistrats moqueurs
Seront tous en fête.
Les bourgeois auront la folie en tête
A l'ombre seront poètes chanteurs.
Mais quand reviendra le temps des cerises
Siffleront bien haut chassepots vengeurs.
n

sábado, maio 15, 2010

Vídeo Promocional de Portugal na Expo de Xangai

PORTUGAL, UMA PRAÇA PARA O MUNDO from Anze Persin on Vimeo.


Conseguiram dar, neste vídeo, uma imagem de arquitectura muito moderna, conciliada com outra mais antiga, europeia, que é mais frequente, embora aqui pareça menos. Talvez para contrariar a imagem que Portugal possa ter de país passadista. Saudosista. Ou mesmo Fadista. LOL

quarta-feira, maio 12, 2010

Nuvens



Há muitos anos atrás, estava eu a ver na televisão, com uma amiga, uma reportagem sobre as comemorações da paz em Angola. O repórter dizia:
- "Não se vê vivalma nas ruas" - mostrando a câmara umas ruas desertas.
Os comentadores, perguntados sobre esta inédita situação, afirmavam ser perfeitamente natural, uma vez que o povo já estava céptico. Afinal, era a segunda vez que se anunciava a paz no país. Eu disse à minha amiga:
- O povo angolano céptico e não querendo festejar? Muda de canal!
No outro canal, via-se uma enorme multidão nas ruas e o repórter a afirmar:
- É o delírio! Uma multidão incrível!

Lembro-me sempre disto quando ouço ou leio alguns comentários. Por exemplo, tornou-se consensual dizer que Bento XVI não é um Papa de multidões.
Têm a certeza?

(Pormenor: eram muito bonitas as nuvens que se formaram por detrás do altar. Os barcos, não vi).

terça-feira, maio 11, 2010

Visita Papal


A Língua portuguesa é traiçoeira: fiquei impressionada e sensibilizada por ouvir o Papa (vocês sabem que gostei dele desde o primeiro dia) dizer missa e fazer uma homilia num português perfeito.
Fico sempre impressionada ao ouvi-los falar tantas línguas, o que faz lembra aquele episódio bíblico das línguas de fogo, que deram aos apóstolos o dom de falar todas as línguas.
Incrível falar tão bem tantas línguas como este Papa faz e o seu antecessor!
Mas... fala sempre com pronúncia alemã, incluindo a língua italiana, rolando sempre os rrs... o que dá:
Urremos Irrmãos em vez de : oremos irmãos. Mas talvez tenha razão. Em Portugal, os tempos estão mais para urrar do que para orar.
URREMOS!

segunda-feira, maio 10, 2010

Deseja Factura? Ké Frô?

Quase sempre quando vou a um restaurante, fazem-me esta pergunta, que me coloca um trilema:

Ser simpática e dizer que não, mas ser cúmplice na fuga aos impostos do dono do restaurante, ser antipática, mas boa cidadã? Mentir dizendo que desejo um papel completamente anódino e prosaico?

Apetece-me dizer:
- Ouça lá, uma factura não é um objecto de desejo. Ninguém deseja uma factura!
Sendo assim, a resposta só pode ser:
- Não, não desejo nem nunca desejei uma facturinha.

Mais simpáticos, exactos e correctos são os indianos que andam pela Lisboa nocturna a vender rosas:
- Frô?
Estes sim, poderiam perguntar: "Deseja frô?" Porque a flor, essa já pode ser um objecto de desejo...
E gosto do termo, que faz lembrar o português medieval, o tempo da "fror", da "frol"
Da Frô...

quinta-feira, maio 06, 2010

Lojas de todo o mundo

Nos últimos, anos Lisboa foi enriquecida com lojas de comida de todo o mundo, ou quase: do Nepal, da Índia, da China, da Roménia...
Que abrem ao Domingo.
Acabo de descobrir o Magazin Romanesc, que tem coisas boas, como chá de framboesa. E outras que ainda não provei, mas devem ser boas, incluindo enchidos, bebidas e doces como compotas.

domingo, maio 02, 2010

Trilema Budista

Mesmo antes de ser meia Budista não-praticante, antes mesmo de ter ouvido falar em Budismo, sempre tive horror a matar ou ver matar animais, por mais pequenos que sejam. Em criança, pegava-me à bulha com as outras crianças para as impedir de matar insectos e outros bichitos assim minúsculos, ou seja, usava a violência para parar a violência...
Agora, estava eu felicíssima com um mangericão que comprei e que me perfuma a casa (refiro-me à erva aromática com fins culinários, mas que neste caso tinha o fim de planta doméstica). Eis senão quando, vejo que metade já foi comida e mesmo reduzida a pó.
Intrigada, fui ver: são umas lagartitas muito pequeninas e muito pretas. E muitas.
E agora, que faço? Mato dezenas, centenas de lagartas para proteger a planta? Uso o que resta com fins culinários e como-a? Como a planta e as lagartas? Não faço nada e permito que as irmãs lagartas reduzam a pó a minha plantinha aromática, o irmão mangericão?
Não sei se isto é um trilema ou um quadrilema, mas dilema não é, porque não há só duas hipóteses.

sexta-feira, abril 30, 2010

Deus Mãe

Acabo de descobrir um conceito místico de que nunca tinha ouvido falar nestes termos e que me agrada profundamente:
Deus Mãe
Não é deusa mãe, em inglês é também Mother God e nas outras línguas também deve ser.
Creio que, neste sentido, existe Deus Pai e Deus Mãe.
Eu já tinha conhecimento de que o Espírito Santo pode ser considerado o lado feminino de Deus, mas não conhecia este termo. Aposto que nenhum de vocês ouviu nunca falar de tal.
A título de exemplo,

quarta-feira, abril 28, 2010

Ai que bom!

Ai que bom! A Bolsa de Lisboa só caiu hoje 1,89%.
Muito pouco, se considerarmos que abriu a cair e esteve a perder quase 6 por cento. Afinal não estamos assim tão perto da Grécia, felizmente. Muito menos da Alemanha, infelizmente.
Foi você que votou Sócrates? Parabéns!

quinta-feira, abril 22, 2010

Portugal à beira da falência

Dizia-se que não havia alternativa a Sócrates, por isso ele teria necessáriamente de ganhar as eleiçoes...
Será possível fazer pior do que isto??????

terça-feira, abril 20, 2010

A Vera Intelijumência

Uma professora de português que conheço muito bem... contou-me esta história, a mim, Nadinha. E falou assim.
Tive, há uns anos, uma turma péssima de 10º ano. Muitos alunos tinham notas a português entre dois e cinco valores e quase todos tinham estas notas a matemática. No meio disto tudo, havia a Vera, uma aluna que, quando todos tinham negativa e ela tinha 17, tentava tirar 18 ou 19, tendo acabado o 12º com vintes.

No fim do ano, alguns dos piores alunos resolveram assistir às aulas de apoio que eu podia dar, gratuitamente, se tivesse "fregueses" e, a partir daí, portaram-se muito pior nas aulas, dizendo que, como iam ao apoio, já não precisavam de se esforçar mais.
Um dia, fizeram-me queixa da Vera:
- Ela tem a mania de imitar uma mula nas aulas e os professores nem desconfiam dela e ralham connosco. É claro que nós não fazemos queixa...
Perguntei-lhes várias vezes por que razão não faziam queixa e eles deram sempre boas razões, bondosas e muito solidárias, sem aparentemente se darem conta de que, ao contarem-me a mim, estavam a fazer queixa...
- Mas eu nunca ouvi esse ruído da mula. - Respondi, tentando disfarçar a vontade de rir.
- Ela nas suas aulas não imita uma mula porque gosta muito de si e está sempre a falar de si e a dizer isso.
- Mas o que é isso de imitar a mula?
- Zurra.
- Ah! Zurra?! Mas isso não é imitar um burro? - Perguntei.
- Sim, também pode ser...
- Eu já reparei que ela fica muito aborrecida quando vocês dizem asneiras ou exprimem ideias parvas, racistas, por exemplo. Não será nessa altura que ela "imita a mula"?
- Sim, talvez...
- E vocês não percebem que ela vos está a chamar burros?
- Ah! Pois é! Pode ser... Havemos de reparar quando é que ela faz isso... - iam dizendo eles entre si, muito consternados.

Eu tinha muita pena desta rapariga, caída no meio daquela cambada de ignorantes e parvos, muito enfadada, mas ela não se deixava influenciar nada por ninguém, nunca. E divertia-se à sua maneira. Um dia, no fim do ano, uma colega pediu-lhe que lhe fizesse um trabalho para me apresentar, a ver se não reprovava.
O trabalho estava invulgarmente bem redigido, mas aparecia nele várias vezes a palavra vera, com o sentido de verdadeira, autêntica, etc... a amiga também não reparou nesta assinatura... e eu não podia afirmar que fosse uma assinatura, nem tinha provas de que o trabalho não tinha sido feito por ela... de facto, o único defeito do texto era a repetição excessiva desta palavra.

Vou pedir à Vera que leia isto, a ver se é vero, pois nunca lhe contei esta "não-queixa" que os colegas me fizeram e também tive o cuidado de não a contar aos outros professores da rapariga, a não ser depois de as aulas acabarem.

Há quem chame a isto, e vem a propósito o termo: intelijumência (palavra aglutinada e derivada de jumento).
Pensando melhor, as mulas não zurram, acho eu.

sábado, abril 17, 2010

100 anos


Nem de propósito, no dia do meu aniversário, descubro no Facebook uma mulher que, aos 100 anos, renovou o passaporte para o caso de lhe apetecer partir outra vez à aventura. E porque não, diremos nós?
Não é que eu tenha depressões com a idade, mas se tivesse...
É uma grande exploradora, do século XX e creio até que já li um livro dela, sobre uma viagem ao Tibete.
Desse livro guardei sobretudo a recordação da imundície que refere constantemente, dentro das casas onde dormiu e que me parece ser, hoje em dia, o principal obstáculo às viagens assim.
Conheci recentemente uma jovem francesa que fez uma viagem à Índia como todo o mundo gostaria de fazer, a não ser as dondocas que não podem viajar a não ser em hotéis de 5 estrelas, como conheço algumas. Perguntei-lhe se não teve problemas com a higiene: sim, esse era exactamente o principal problema: andou a vomitar sangue muito tempo, sobretudo enquanto andou por lá, mas acha que depois disso se tornou resistente às doenças.
Mas é claro que o livro é muito interessante, passado numa época antiga e que parece mais antiga ainda, como se estivéssemos quase no princípio dos tempos. Um exotismo que quase já não existe em lado nenhum.

e Aqui:

End of story: morreu aos 101 anos, em 1969. A esperança de vida era, então, bem inferior à de hoje.
A fotografia é interessante: não está nos olhos dela o desejo de fazer grandes e diferentes coisas? No entanto, seria talvez normal que acabasse por fazer apenas o mesmo que fazem todos...