terça-feira, março 08, 2011

Nos outros dias do ano, onde é que se escondem os mascarados?

Hoje, dia de Carnaval, ao olhar pela janela e ao ver um dia cinzento, triste e lúgubre, lembro-me da minha infância.
Num dia de Carnaval igual a este, fomos dar a "volta dos tristes" na minha terra, na província e no Norte: a minha mãe, uma minha tia, os filhos dela e eu. Era um dia desolado, pontuado às vezes por uns mascarados tristes, que agora se chamam caretos e estão a ser recuperados, na moda, quase. Até que o meu primo, mais novo que eu, apontando para um ou dois caretos*, entrapados de roupa e ainda com panos na cara,  perguntou à mãe:
- Nos outros dias do ano, onde é que vivem os mascarados?
A mãe e a tia olharam uma para a outra embaraçadas, risonhas e melancólicas . Depois, vendo um bidon de alcatrão que ali estava perto (nessa altura havia sempre muitos bidons vazios por toda a  parte, não sei porquê), uma delas respondeu:
- Vivem dentro dos bidons de alcatrão!

Foi um dos Carnavais mais desolados da minha vida.
Foi num século passado e atrasado. Num tempo que, felizmente, não voltará.
O meu primo não chegou a entender que havia feito uma pergunta filosófica. Vou perguntar-lhe, através da net, se se lembra disto.


*Resolvendo o problema do frio (e já agora sem custos adicionais), mascaravam-se com muitas camadas de roupa, parecendo bonecas de pano e cobriam a cara com meias. Metiam medo...). Creio que é a isto que chamam caretos.



segunda-feira, março 07, 2011

Esta coisa linda da interactividade...

Quero compartilhar convosco uma coisa linda que acaba de acontecer neste blogue.


Há bocado, uma pessoa, que eu não conhecia, descobriu uma pequena reportagem que fiz da Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, em Novembro de 2010, gostou imenso de uma obra fotografada e resolveu partilhá-la no Facebook. Apareceram vários amigos dela a ver o post, tiveram a  amabilidade de deixar comentários no próprio blogue e, por minha sugestão, procuraram a escultora no Facebook.
Passado um bocado, apareceu a própria artista, muito satisfeita. Deixou um comentário emocionado e o endereço de email, com  a promessa de enviar convites para a sua nova exposição, a quem lhe escrever.


VER AQUI: A crise desperta a criatividade

Por sorte, fiquei hoje metida em casa quase todo o dia, porque tenho uma infecção num pé e aproveitei para me dedicar a este Blogue e ao Facebook. O pé dói-me, acho que não poderei ir à Mini-Maratona da Ponte, mas não é grave.


Já uma vez tinha acontecido algo idêntico com uma actriz brasileira, que agora é minha amiga...


VER AQUI: As Confissões de Leontina - teatro


A propósito, esta peça está actualmente em exibição no Rio de Janeiro. Gostaria muito de a rever...
E também partilho aqui uma entrevista com a escultora no Sapo

Adiamento recurso de Portugal ao FMI agrava custos da crise

in Jornal de Negócios Clicar por cima

Sem ser economista, eu também já suspeitava disto e já o disse aqui. Porque não o diz quem deve dizê-lo? Para quem não leu, disse-o
AQUI 

Pontualidade Brasileira

É notícia de primeira página de O Globo um atraso de 30 minutos no desfile de Carnaval.
É a chamada pontualidade brasileira. LOL!


Mangueira entra na avenida com atraso de 30 minutos


A pontualidade britânica cora de vergonha

domingo, março 06, 2011

Homens da luta ganham festival da canção? LOL!



Não vi, não ouvi, nem ouvi falar, porque não me interesso por essas coisas, mas pressagio agora mais um sinal de que algo está a mudar. Em vez dessa piroseira do costume e contra  a vontade do júri e do público presente, ganha uma atitude um pouco anárquica e muito "lutadora".
Até que enfim, um grande smile!
Esperemos que os jovens egípcios influenciem os jovens portugueses. E os outros.
É preciso acabar com as evidências e com o status quo. E com a piroseira. Parar de fingir que está tudo bem. 
Em termos musicais não vale grande coisa ou nada, mas a Europa sabe o que estamos a passar. E a Europa também precisa de apanhar uma abanão.
LER NOTÍCIA NO PÚBLICO
E já agora partilho a opinião dum blogue que também não conhecia:
Atributos
Acredito na Juventude. Cada vez mais.

sexta-feira, março 04, 2011

A Nossa Presidenta da República, Angela Merkel

Disse que nós deveríamos agradecer ao Governo Português pela coragem que teve ao adoptar estas medidas de austeridade.
Obrigada, governo Português. Obrigada, senhora Presidenta.
Viele Dank, Frau Merkel!


De Nada! 
Nadinha

quinta-feira, março 03, 2011

O Estado da Nação: O Passado e o Presente

Lembro-me de que, quando eu era católica praticante (até aos 18 anos), costumávamos rezar para que os pobres fossem menos pobres. Pedíamos também que fossem para o Céu a almas que estavam no Purgatório. Nunca pedíamos que fossem para o Céu as almas que estavam no Inferno, porque isso era considerado impossível. Mesmo que fossem nossos parentes muito amados ou nossos amigos próximos (nessa época ainda não havia o Facebook, nem os amigos virtuais). Não nos passava pela cabeça que Deus, que tudo podia, pudesse alterar a ordem das coisas.
Tentávamos que os muito pobre(zinhos) jantassem com alguma abundância na noite de Natal. Desde que tudo voltasse à normalidade no dia 26 de Dezembro, em que os ricos se destacavam pela riqueza, nós comeríamos com abundância (quero dizer: de comida) e os pobres sonhavam com o próximo jantar de Natal, em que voltariam a comer, se Deus quisesse, e nesse caso, graças à Sra. Dona Fulana de tal, que é tão boa pessoa, muitas batatas e uma lasquinha de bacalhau, regados com um fiozinho de azeite da terra...


Tenho a impressão de que agora os pobrezinhos somos nós e que o festim do azeite e da terra passou para outras andanças: políticos e outra gentalha pouco recomendável. Todos ligados à política e todos a comer à nossa custa.


Nessa época nós costumávamos desejar uns aos outros um bom Natal, uma boa consoada, uma boa Páscoa e até mesmo um Feliz ano Novo. Isto era o máximo que desejávamos: um ano inteiro de grande felicidade. Reservar-nos-íamos o direito de nos inconciliarmos com a criatura, a certa altura, e de lhe reservarmos um tempo péssimo a partir de Janeiro do ano seguinte.


Fiquei banzada por uma muçulmana que conheci em Marrocos me ter desejado uma vida longa e feliz. Longa e Feliz?!!! Não é só por uma dia, por um mês, por um ano? E se eu desiludir? Mesmo assim? Porquê? Alguém me ama assim tanto, alguém ama assim tanto a humanidade? Posso desejar uma longa e feliz vida a quem me trama a vida?


Agora sou budista. Os meus votos são assim:
May all living creatures be free and happy.
Tradução: possam todas as criaturas vivas serem livres e felizes.
Mas hesitei ao escrever a frase em inglês. A que li foi: May all beings be free and happy. 
Tradução: possam todos os seres serem livres e felizes!


Pergunta: para sempre? É que esse pormenor não é referido. E depois, há outros pormenores. Se peço ou desejo que todos os seres vivos sejam livres e felizes, estou a esquecer os mortos. Não desejo que os mortos sejam livres e felizes? 
Mas se escrevo todos os  seres vivos: não estou a esquecer o mar, por exemplo? Não quero que o mar seja livre e feliz?


Então, talvez seja assim: como os budistas são normalmente pobres, podem dar-se ao luxo de desejar o mesmo para todos e para sempre:


Possam todos os seres serem livres e felizes para sempre!



Política virtual

De cada vez que algum partido faz algo contra Sócrates, os "politólogos" do costume afirmam que fez um grande favor a Sócrates, como ele se estivesse de pedra e cal, como se fosse impossível derrubá-lo.
O povo português assiste impotente, enquanto os políticos enriquecem como Cresus, destruindo o país e a nossa qualidade de vida. Os comentadores políticos, esses vivem na realidade virtual...
Que quer isto dizer? Que os portugueses que votaram Sócrates e que vêem tudo a encarecer perigosamente enquanto ganham menos, ou mesmo quando já perderam o emprego, ao contrário das expectativas que tinham, voltarão a votar nele?
O FMI vinha se os juros ultrapassassem 7 por cento, já ultrapassaram há um mês e não vem porque Sócrates cai se ele vier e não quer cair... não acham isto perigoso?
E agora a Merkel põe e dispõe neste país, numa altura em que é derrotada no dela!
Não entendo porque é que este governo não cai...

domingo, fevereiro 27, 2011

Precious


Acabo de ver no Tv Cine um óptimo filme de 2010: Precious.
É o retrato duma América (USA) que não conhecemos e dificilmente imaginamos, pois parece ser pior do que tudo o que conhecemos. Passado no Harlem, embora, como filme, capte a beleza de lugares degradados e mesmo sórdidos, mostra a história de uma jovem negra, obesa, abusada pelos pais... e grávida do segundo filho (chamam Monga à primeira, como diminutivo de mongolóide).
A protagonista tem 17 anos e não sabe ler, embora tenha frequentado sempre a escola. Vive com a mãe à custa da Segurança Social.
Ficamos a perceber melhor a importância da educação...
Com a ajuda de uma professora para adultos, consegue libertar-se dos condicionalismos do nascimento.

VER AQUI O TRAILER

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Miséria poética

Navegando imaginariamente, enquanto janto, comendo e bebendo em frente às minhas janelas e olhando para o Monsanto, imagino e sonho que singro num navio no Mediterrâneo Oriental. Ou ao largo da Sicília.
As montanhas que vejo, (o Monsanto), ora são os montes gregos do Parnaso, ora as rivas escarpadas de certas regiões italianas, cujas cidades e vilarejos trepam a pique pelas encostas, alcandoradas nos penedos e ribanceiras, quais impacientes cabras monteses.


E ocorrem-me músicas e canções italianas: Torna a Surriento *... filmes italianos, telenovelas brasileiras em que entram pobres italianos, I Malavoglia **, magnífico retrato da miséria dos pescadores italianos. 


É uma miséria poética. Bella. 


Como hoje em dia tudo se vende, ou nada se vende, temos uma miséria vendável, literária e bela. Das regiões pobres de Itália. E a miséria comum, feia, escura e medonha. Nojenta e suja... Invendável, portanto! Como a nossa. E como todas as outras.



* No vídeo por Pavarotti, canção sobre a emigração italiana, de Nápoles, letra em dialecto napolitano. Ver letra em Escrevedoiros Clicar


**  Romance de Giuseppe Verga, autor também do libretto da ópera Cavaleria Rusticana... * (Trad. Cavalaria rústica / ou cavalheirismo rústico)


terça-feira, fevereiro 22, 2011

Cansados de descansar? Mini-maratona na ponte 25 de Abril

Como tenho andado meia lesionada num pé e como o Inverno tem sido esquisito, estou farta de descansar.
Quem quer ir caminhar / correr na Mini-maratona na ponte 25 de Abril, dia 20 de Março?
Para deitar fora o mofo do Outono e do Inverno e para arejar a moleirinha. 
Desde a estação do comboio até ao Restelo devem ser uns 10 Km. Mas podemos ir devagar, ganhamos na mesma uma medalha de participação.
Não estou a sugerir que nos encontremos antes de começar a corrida, não vale a pena, pois uns correm muito e outros pouco... 
Encontramo-nos, com milhares de pessoas, lá.
É para festejar a Primavera, fora e dentro de nós.


Inscrições no Banco Banif, 18 Euros, com direito a T shirt da Adidas alusiva ao evento, para estilar... ver aqui e medalha bonita. 


Ver reportagem neste blogue sobre a corrida de 2009

Ou mesmo aqui

domingo, fevereiro 20, 2011

Lei do Malawi: anti-flatulência

O Malawi está a pensar criar uma lei, a lei anti-flatulência, que proibe soltar gases em locais públicos.
Ver Aqui
Fiquei na dúvida: ai em Portugal é permitido?
O Sócrates ainda não se lembrou dessa, senão já teria criado um imposto para quem deseje dedicar-se a esta barulhenta actividade. Ou teria feito um referendo, criando inimizades para o resto da vida entre os que são a favor e os que são contra.
Os humoristas agradecem. Nunca eles se lembravam de tal.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Que parvos que nós somos!

Em Portugal está tudo óptimo! Os juros da dívida pública não podiam ultrapassar os sete por cento a dez anos,  já os ultrapassaram, não só a dez anos como também a cinco, mas tudo bem. O Primeiro Ministro diz que está tudo óptimo, o PR e a oposição parecem concordar... está tudo óptimo para eles, como para o presidente do Burkina Faso.
A propósito: tenho um amigo virtual no Facebook que é desse país improvável.
Fecham empresas, desaparecem jornais e revistas...
A imprensa internacional diz que Portugal se está a afundar, mas o PM afirma que a venda da dívida foi um grande sucesso e que está tudo óptimo.


Há uns anos, se uma rapariga fosse para a televisão dizer "Que parva que eu sou", considerava-se que era uma invasão da privacidade (dela). Como os tempos são outros, o privado passou a público e todos nos identificamos com a parvalheira.


Que parvos que nós somos!

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Vida Humana Longe Daqui



Belíssima reportagem da BBC sobre vida em condições extremas. Impressionante no minuto dois, (2' 50'') um rapaz a atravessar um rio em duas cordas. E há outros assim... Mas é muito belo.


(Clicar duas vezes no écran para o ampliar.)

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Não claro e Não profundo, Não humano, não etc...

Qualquer bom professor de Português ensina aos seus alunos que os adjectivos e os advérbios não podem ser utilizados quando se pretende objectividade.
Mas o Ministério da Educação utiliza até à exaustão adjectivos e advérbios no documento de avaliação dos professores, sendo um adjectivos ou um advérbio o que distingue o Bom do Muito Bom e do Excelente.
Esta situação é simultaneamente gozada e muito rigorosamente indiciada como um óbice a este sistema.
Dou exemplos:


Qual é a diferença entre demonstração clara, que dá direito a Muito Bom, e uma demonstração, que só dá direito a BOM? estão a gozar?
Ou
Entre um profundo comprometimento e um comprometimento que não seja profundo como deve ser medida a diferença?


Este texto é apresentado pela Escola Secundária da Amora. Eu nunca tinha ouvido falar da Amora. Onde é que fica a Amora?
Quero ir para lá!!!

domingo, fevereiro 13, 2011

Os Ladrões

Antigamente os ladrões eram metidos na cadeia, ou então andavam a monte pelas selvas.
Só os seus netos chegavam, às vezes, o poder, já revestidos de uma patine de cultura, civilização e honestidade.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Glória ao Egipto- Marcha Triunfal


Gloria all' Egitto - Coro y Marcha Triunfal
Precisávamos de uma revolução igual à do Egipto.
Há voluntários para se imolarem pelo fogo?
Às vezes há boas notícias!
Gosto de manifestações e de revoluções. Quem me dera estar no meio daquela bagunça!!!

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Incêndio perto do Arco do Carvalhão




Incêndio perto do Arco do Carvalhão, Lisboa, hoje às 21 horas.
Os bombeiros vieram logo e correu tudo bem.
Mas aluz do fogo faz ver coisas que não se viam. Ampliar primeira foto.

O chato do Eça

Eça de Queirós tem a mania de ser muito actual. Que chato! Senão, vejamos.


" (...) O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro…(…)"
— Uma Campanha Alegre (1890-1891)

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Nessun Dorma


Il principe ignoto
Nessun dorma! Nessun dorma! Tu pure, o Principessa,
nella tua fredda stanza
guardi le stelle
che tremano d'amore e di speranza...
Ma il mio mistero è chiuso in me,
il nome mio nessun saprà!
No, no, sulla tua bocca lo dirò,
quando la luce splenderà!
Ed il mio bacio scioglierà il silenzio
che ti fa mia.
Voci di donne
Il nome suo nessun saprà...
E noi dovrem, ahimè, morir, morir!
Il principe ignoto
Dilegua, o notte! Tramontate, stelle!
Tramontate, stelle! All'alba vincerò!
Vincerò! Vincerò!