domingo, fevereiro 12, 2012

A bondade no rosto



Esta mulher polaca, Irena Sendler, morreu tranquilamente numa cama aos 98 anos, depois de ter salvo 2500 crianças judias, evitando que fossem colocadas em campos de concentração nazi. 
Isto confirma a minha opinião: a bondade não pode existir sem a coragem. Basta ver o seu rosto simpático, carinhoso e bondoso, onde não encontramos traço da dureza que se associa à coragem.

No norte de Portugal, que tem uma linguagem muito variada, em risco de se perder, é utilizada a palavra fraco, ou fraca, para designar uma pessoa que não é boa.

Como se a fraqueza fosse impeditiva da bondade.

VER AQUI

Precisamos destes exemplos, agora que estamos outra vez a voltar atrás, em termos europeus.

“phosphoro” e “exhausto”

Ainda a propósito do acordo ortográfico, aqui fica a opinião de um entendido na matéria.



“Acordo Ortográfico: para além de Portugal *
1. Começo por três afirmações preliminares.
Primeiro: uma declaração de desinteresses. Não tenho interesses económicos, dependências políticas ou outras, quando me dedico a analisar a questão do Acordo Ortográfico; (…)
Segundo: uma declaração de interesse. Debato o Acordo Ortográfico porque me interessa a Língua Portuguesa e preocupa-me o seu destino, também à escala internacional.
Terceiro: uma declaração de índole ético-cultural, dividida em três frentes. Uma, que é a do respeito que igualmente me merecem todos os países onde o Português é língua oficial; outra, que é da honestidade intelectual que preside às minhas reflexões sobre este tema; uma outra ainda, que a da afirmação, relativamente a este tema, de convicções fortes, mais do que de certezas dogmáticas ou aspirações a ser dono da verdade.
(…)
A consagração de um acordo ortográfico entre os países de língua oficial portuguesa é, neste contexto, uma decisão estratégica de capital importância.
(…)
Chegado a este ponto, lembrarei algumas coisas simples, mas nem sempre presentes nesta discussão.
Primeira coisa simples: um acordo é, por natureza, um acto positivo, envolvendo um sentido de entendimento que importa enaltecer e não menosprezar.
Segundo: um acordo não é uma dogmática unificação de procedimentos, é um encontro de vontades, fundado no reconhecimento da dignidade das partes, sem preconceitos, complexos ou reservas mentais.
Terceiro: um acordo, por ser um entendimento, implica disposição para o diálogo e para abertura, não o fechamento em comportamentos autistas.
Quarto: um acordo implica também o pragmatismo que leva a que se concorde no que é possível concordar, sem prejuízo de diferenças que não põem em causa o essencial da concordância.
Por fim: se um acordo incide na ortografia, então reconheça-se que ele visa aquele domínio linguístico que é mais convencional e susceptível de reajustamentos rapidamente incorporados pelo uso e sobretudo pelas crianças, que são os falantes do futuro. Não tenham receio os educadores: o que está em causa neste acordo ortográfico é aproximar a grafia da articulação fonológica (aproximar, não identificar) ou, noutros termos, o modo como escrevemos do modo como falamos.
Já o perguntei e repito-o agora: há alguma ofensa cultural, se passo a escrever “elétrico” em vez de “eléctrico”? Houve desrespeito pelo idioma de Alexandre Herculano, pelos legisladores do Liberalismo ou pelos cidadãos letrados seus contemporâneos, quando passámos a escrever-se “fósforo” ou “exausto”, em vez de “phosphoro” ou “exhausto”? (…)”
(continua)

* Excertos da Comunicação lida na Audição Parlamentar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, promovida pela Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da Republica, em Lisboa, no dia 7 de Abril de 2008.
Carlos Reis (Angra do Heroísmo, 28 /09/1950)
Ensaísta, colaborador de jornais e revistas, professor universitário, especialista em literatura portuguesa.

sábado, fevereiro 11, 2012

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Asma está do lado do poder. Mas qual poder?: O poder asmático?

Convenhamos: a criatura até é simpática e bonitinha, mas, com um nome destes, Asma... nenhum falante da língua portuguesa a comprava... e os outros são burros.LOL

Asma, mulher do primeiro-ministro sírio, apoia a ditadura. E apoia o marido. Parece que a rapariga até tem uma educação ocidental e tudo, mas deve gostar do poder, ou assim...



VER AQUI

N. B. : Nunca coloco nestes meus blogues fotos de gente assim, mesmo que seja gente bonitinha e que esteja nas ondas. Creio mesmo que não tenho aqui nenhuma foto de Sócrates, por todos esses motivos.


Este pequeno texto tem várias repetições, mas são todas enfáticas.

Heróis Piegas do(s) mar(es)

Ninguém o disse, até agora, tão bem como o nosso atual primeiro ministro, ao criticar os portugueses: são todos uns piegas. 
Vejamos o que disse Camões, a respeito dos portugueses do seu tempo, afirmado que, depois de terem passado tudo, incluindo o Cabo Bojador e o Cabo da Boa Esperança, caíram numa preguiça, num apatia, que define como: "(N)uma austera, apagada e vil tristeza".  
Fernando Pessoa nem lhe ficou atrás, ao dizer, poeticamente, de Portugal e dos portugueses do seu tempo (dele, Fernando Pessoa) assim: "Nem rei nem lei, / nem paz nem guerra, / define com perfil e ser / este fulgor baço da terra / que é Portugal a entristecer" 


 E agora, passos Coelho, no seu esplendor como primeiro ministro deste auto-flagelado país, afirma que: "Devemos ser mais exigentes e menos piegas" Nem Camões!


Assinado: Nadinha Piegas

Génios e / ou miseráveis... quantos não haverá por esse mundo fora?




Isto aconteceu nos Estados Unidos. Uma criatura que tocava no metro ganhou 36 cêntimos que lhe foram dados por almas caridosas... não demasiado.
Tratava-se, na verdade de uma performance. O músico não era pobre. Era mesmo tão famoso, que os bilhetes para o seu espetáculo custavam, no mínimo, 100 dólares. Já agora, o violino que usava custou três  milhões e quinhentos mil dólares, mas esses pormenores de dólares para aqui e para ali, só interessm aos americanos dos estados unidos. Creio que os europeus não precisam de ler números para entender.
E esta, heim?



E Joshua Bell interpretando Fauré, um dos meus compositores favoritos.



quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Nadinha Piegas

Surgiu no Facebook uma página, com tendência a promover actos de rebelião, com o título:

Eu quero ser piegas

Algumas pessoas, não só aderiram ao "movimento", como também mudaram o seu nome do Facebook para Piegas: Maria Piegas, António Piegas...
Podem tratar-me por Nadinha Piegas.

(Estando os portugueses tão caladinhos e sossegadinhos, a verem o dinheiro a sair-lhes dos bolsos, as férias, o Carnaval, a aposentação, tudo por um canudo, Passos Coelho teve a brilhante ideia de lhes chamar piegas. - Conto este episódio em benefício dos leitores do blogue que não são portugueses, ou que o são, mas não vivem no país.)



A coragem de não imitar os outros



Esta foto tem sido muito partilhada no Facebook, já a tive há alguns dias, embora só hoje tenha saído no Jornal Público, que traz a sua explicação.
Mas não é preciso explicação nenhuma. A imagem vale só por si, é até mais interessante assim.


LER AQUI 

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Contra os que são contra o acordo ortográfico

Há um texto muito interessante, de Rui Tavares, a criticar a atitude de Vasco Graça Moura de ter proibido o uso do acordo ortográfico no Centro Cultural de Belém. 
De facto, se se pretende manter as consoantes mudas, então é necessário ir buscar muitas delas à fase da língua anterior à reforma de 1911.
Vejam

"Salvé, Vasco Graça Moura, insigne auctor que desafiaste o dictame do Governo e reintroduziste a escripta antiga no teu Feudo Cultural de Belém! Povo português, imitai o exemplo deste Aristides Sousa Mendes das consoantes mudas, como lhe chamou o escriptor e traductor Jorge Palinhos. Salvai as sanctas letrinhas ameaçadas pela sanha accordatária.
Mas ficai alerta, portugueses! As consoantes mudas são muitas mais do que julgais! O "c" de actual e o "p" de óptimo são apenas os últimos sobreviventes de um extermínio secular que lhes moveram os medonhos modernizadores da escripta. Há que salvar agora estas pobres victimas, até à septima geração.
Acolhei-as pois a todas, portugueses, recolhei-as agora em vossos escriptos como a inocentes ameaçados por Herodes. Se há uma consoante muda a salvar em factura, há outra em sanctidade, e esta ainda mais sancta do que aquela. O Espírito Sancto tem uma. Maria Magdalena tem outra. E Jesus Cristo? Ora! O fructo do vosso ventre, Maria, já tinha consoante muda mesmo antes de nascer. Não sabíeis? Assim Ele se conformou, e nós nos inconformaremos.
Há quem diga que o accordo ortográfico é um tractado internacional que foi já transcripto para as nossas directivas internas. Dizem que o assumpto morreu.
Balelas! Nada nem ninguém nos obrigará a cumprir obrigações internacionais. Vasco Graça Moura mostra o caminho, e eu  –  peccador que fui  – vejo agora a luz. Depois da summa missão de salvar as consoantes mudas que resistem, e ressusciptar as que foram suppliciadas no passado, há que supplementar este grande desígnio com outras acções.
O conductor da ambulância que leva doentes oncológicos a serem tractados, pode desobedecer ao corte de subsídios de transporte fazendo o serviço gratuitamente. O quê, a austeridade, a troika? Balelas! O memorando não passa de um simples accordo internacional que o Governo quer implementar. Se Graça Moura faz lei, de graça poderão também entrar os passageiros nos transportes públicos. E se o seu chefe for um republicano e patriota daqueles que não se contentam com andar com a bandeira num pinda lapela? Pois decrete que o fim dos feriados não vale lá na repartição. E o paginador do Diário da República pode rasurar as nomeações partidárias e alguns zeros dos salários de administrador, para dar espaço às consoantes mudas. O Governo entenderá.
Néscio António Mega Ferreira que, apesar da sua gestão impeccável, foi demitido. Nada lhe succederia se, em vez de padecer de "falta de sintonia política", tivesse antes violado um accordo internacional que o Governo decidira fazer entrar em vigor meras semanas antes.
Insensato Pedro Rosa Mendes, que foi censurado por contrariar o Governo de Angola. Se contrariasse a CPLP inteira, ainda tinha crónica, e applauso da imprensa!
Longe vai Diogo Infante, demitido por não ter dinheiro para fazer teatro no Teatro Nacional. Mas João Motta, que o substituiu, pode agora imitar a Nova Estrela de Belém. Mande as restricções às malvas, gaste o que tiver a gastar, desde que mande os actores pronunciar as consoantes que agora já não são mudas mas mártires, e que nunca mais se calarão, e que orgulhosamente transformaremos em oclusivas, fricativas ou até explosivas, se nos der na bolha, numa aKção aFFirmativa e peremPtória!
Está assim lançado um movimento que fará os gregos corar de vergonha e os alemães tremerem das pernas. Vamos dar voz às consoantes sem voz! E depois, quem sabe, aos portugueses sem voz, sem trabalho e sem futuro."

* In jornal "Público" de 6 de Fevereiro de 2012 :: 06/02/2012 Rui Tavares



segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Austeridade aumenta os problemas e, portanto, a dívida

«Os portugueses estão a aplicar mais ou menos os truques do manual que lhes foi dado», disse um oficial da Zona Euro citado pelo jornal. «Mas talvez o manual esteja errado».


Conclusão que também já muitos tiraram, para além daqueles que nada entendem do assunto.


VER AQUI

Existem muitos indícios de que as receitas para a crise estão a ser as erradas. Ver post anterior.

Ainda as agências de rating

A propósito da publicação em Portugal do seu livro  A Queda de Wall Street, Michael Lewis afirma o seguinte:


"Considero chocante que alguém ouça a opinião das agências de rating para o que quer que seja. Elas já provaram que não sabem nada. É espantoso que tenham o efeito que têm nos mercados. "


Parece que ninguém entende que se dê importância às agências de rating, pelos motivos que são expostos por este e muitos outros analistas. Então, por que razão continuam os políticos a guiar-se por elas e a pagar-lhes? Mistério? Estupidez? Porque o dinheiro não é deles? Porque o dinheiro deles está seguro, algures?


A entrevista completa: clicar aqui

domingo, fevereiro 05, 2012

Passos Coelho vai importar talibãs para imporem respeito

Acabo de ler O Menino de Cabul. Nele se conta que, nos jogos de futebol, em Cabul, havia talibãs armados de chicote para bater em quem se entusiasmasse e gritasse pelo seu clube.
É disso que precisamos. 
Alguém que reprima a alegria e o riso. Já agora, também podem obrigar os  homens a usarem todos barbas compridas, para imporem respeito às mulheres. 

Ninguém se vai rir deles, porque não pode.

E vamos todos acabar com os carnavais... 
Ditado popular: 
"A vida é um dia, o Carnaval são três"


(Não esquecer que há, neste momento, muita gente sem poder ver televisão, sobretudo pessoas de idade, para quem a televisão era o único entretém que tinham na vida. O outro, para os que viviam nas cidades, era andar de autocarro dos transportes públicos: também não podem. Encareceram de forma proibitiva.)


Get a Life, Passos Coelho, e deixa viver quem vive!

Carnaval: quantos menos motivos temos para rir, mais temos vontade de rir

Acabar com o Carnaval: e por que não proibir o riso e a alegria?


Estamos numa crise. Tiram-nos o dinheiro. Tiram-nos os feriados e as férias. Querem convencer-nos que é tudo muito sério: só podemos pensar na crise.


A alegria, já no-la retiraram , assim como já nos tiraram quase todos os motivos para rir, estes políticos e os anteriores.


Mas o ser humano é assim: quantos menos motivos tem para rir, mais tem vontade de rir.
Eles pagam-nas!


E cada vez há mais críticas jocosas a  fazer, em cada Carnaval.


Tenciono participar na manifestação de mascarados de Torres Novas. Levo uma máscara veneziana e ninguém sabe que não sou de Torres Novas!

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Senhora das Candeias e Janeiro fora

Janeiro fora, mais uma hora

Quer dizer que o dia aumenta quando Janeiro acaba


Janeiro fora, mais um ano

Quer dizer que os velhos e adoentados que chegaram ao fim de Janeiro duram mais um ano, porque o pior do frio já passou (isto no hemisfério norte, claro).

Senhora das Candeias 2 de Fevereiro

Há uns anos, fui a uma missa de sétimo dia no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, neste dia.  Foi uma cerimónia linda, porque era a senhora das candeias. 

O padre benzeu a luz. Deitou água benta sobre a luz das velas. Uma outra colega de trabalho ofereceu-me uma vela. Apetece-me lá ir amanhã, para ver outra vez. Dá para imaginar como seria quando só havia velas e candeias para iluminar as trevas...

E descobri muitos provérbios, que já aqui coloquei, sobre a Senhora das Candeias.

«Se a Senhora das Candeias chorar, está o Inverno a passar; se está a rir, está o Inverno para vir.»
«Quando a candelária chora, o Inverno já está fora. Quando a candelária rir, o Inverno está para vir.»
«Se a candeia rir, está o Inverno para vir; se a candeia chora, o Inverno está para fora.»

A ideia é esta: se está sol nos dia da Senhora das Candeias, dois de Fevereiro, vem aí mau tempo, se chover, então já acabou o Inverno.


Conclusão: Vem aí o Inverno! Ui!


P.S.: A Senhora das Candeias tem a ver com o azeite, que dá luz e com a celebração da luz que começa a aumentar de dia para dia.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

"A tradição já não é o que era" dirão estes afegãos...


"A tradição já não é o que era", dirão estes afegãos, condenados no Canadá a 25 anos de prisão, por terem assassinado 4 mulheres da sua própria família. Por "crimes de honra", claro. Elas até queriam namorar com rapazes escolhidos por elas e até queriam vestir-se à ocidental... quem é que aguenta?

Acontece que, este tipo de situação, bem como a mutilação genital feminina, já existem também em Portugal.


Mas, com os nossos "brandos costumes", estas "brandas tradições" poderão continuar a ser o que eram. Claro. "Entre marido e mulher, não metas a colher!" Haverá leis portuguesas que proíbam isto?


A morosidade da justiça e as leis obsoletas e descabidas que temos, feitas sobretudo para permitir e facilitar a corrupção política, também ajudam bué.

 

Família afegã condenada no Canadá por homicídio em “crimes de honra”


VER TAMBÉM, sobre mutilação genital feminina em Portugal.

Novos Comandantes Schetinos: Velhos a trabalhar, jovens a dançar, países a naufragar







Vale a pena comparar duas notícias de hoje, nos jornais.




Ouviram bem: já está nos 67, ponderam aumentar... parece ser esta a solução para a Europa: os velhos a trabalharem, os jovens a viverem à custa dos pais e avós...

Enfim: os Novos Comandantes Schetinos - a levarem o navio para os rochedos e a fugirem depois sozinhos, abandonando homens, mulheres e crianças.

domingo, janeiro 29, 2012

Luz ao fundo do túnel... ou as luzes do presidente nunca chegam ao fundo do túnel?

É notícia do Público de hoje que o presidente da República, Cavaco Silva, e os seus próximos, são contra Vítor Gaspar, por razões que já são óbvias: destruição completa da classe média, consequente destruição da economia, baseada em pequenas e médias empresas e, portanto, empresas pertencentes à classe média e não ao alto capital, que, de resto, já saiu do país... destruição do estado social europeu...

Luz ao fundo do túnel?

Ou as luzes do presidente nunca chegam ao fundo do túnel? Como foi o caso de se opôr a Sócrates, sem consequências, de denunciar perseguições, sem consequências, de se opôr a isto e àquilo sem consequências... ficará talvez conhecido como o "Presidente Eu Bem Dizia!"


VER AQUI

Se o Governo está a destruir tudo isto, o Presidente não pode limitar-se a comentar, como faz a oposição, como faziam os presos políticos antigamente. Tem medo de ser preso?

Mas a campanha contra o Cavaco Silva por ter dito o óbvio, será uma tentativa de o destruir? Os anteriores presidentes tinham fortunas. Não se espera que o actual presidente, que não tem vencimento, ande de calças remendadas, ou que a esposa se vista nos chineses...

E lembremo-nos: Salazar mandava remendar os cobertores do palácio de S. Bento, vender os ovos das galinhas criadas no palácio, o que a todos também parece ridículo, mas com uma agravante: 

Salazar não precisava de dinheiro, pois não tencionava abandonar o poder. Nunca. 
Os outros eram multimilionários, não precisavam de ganhar nada. O que não significa que fossem bons...




VER MEU POST ANTERIOR:

Andam a gozar com o Cavaco, agora que ele disse a verdade e por isso mesmo: não sejamos atrasados mentais!



sábado, janeiro 28, 2012

Portugal decadente: velho e relho... muito velho e muito relho

Eu, Nadinha Maria, acabo de ter em casa uma reunião de condomínio. Nela participam duas senhoras de muita idade, ambas proprietárias de casas e até de prédios de habitação, em Lisboa. Abastadas, portanto.

E têm as duas o mesmo problema, que deve ser, talvez, um problema do Portugal velho e relho.

Já viúvas, uma delas perdeu um filho na tenra idade, que já namorava a sério. O outro filho nunca se interessou por mulheres, talvez por ser um bon-vivant, ou assim... como não tem nem terá netos, o que possui ficará para esse filho, que lhe dará um destino qualquer... ou não. Neste último caso, a herança de gerações ficará para o Estado.

A outra senhora teve dois filhos: um morreu recentemente, nem novo nem velho, a outra é casada, o marido é "um grande cirurgião", segundo diz, mas não têm filhos. A única neta, de 46 anos, nunca namorou.
O que tem e que não é pouco, ficará um dia para essa neta, que, a crer no que diz a avó, não sabe viver a vida. Também não deve saber gastar dinheiro. 

Esta senhora é duma sovinice assombrosa. Parece que precisa do dinheiro para sobreviver, discutindo tudo até aos cêntimos, procurando sempre recuperar as quotas do condomínio, que paga pontualmente,   para que não lhe digam que não tem direito a isto ou àquilo. E lamenta-se. Muito.

Por exemplo, vai ter de pôr uma ordem de despejo a um rapaz que vive numa sua casa. A mãe dele morreu recentemente, mas ele não a avisou. (Estranho, quando alguém perde a mãe, a primeira coisa que faz é avisar a senhoria, mas este só a avisou meses depois). Pergunto-lhe se ele não paga. Paga. Então, por que vai pôr na rua o rapaz que perdeu a mãe há pouco tempo e o pai há mais tempo? 
- Porque ele já esteve três vezes internado no manicómio. No Júlio de Matos.
- Mas ele não tem pago a renda?
- Tem.

Este é o retrato possível, ou melhor, este é um pormenor do fresco da sociedade portuguesa contemporânea. Fresco, não. Fresca não. Velha e relha. Generosa! Bué!

Nos últimos séculos, quantas situações como esta não terão ocorrido? Mas para onde vão este dinheiro e estas posses, que pessoas avarentas juntaram, sem terem vivido a vida, sem terem gasto um cêntimo mal gasto? Para o Estado, claro. Para aqueles que comem da panela do estado: boys, tios dos boys, tias de Cascais, ministros e ministras, amigos de ministros, namorados e namoradas dos ministros, namorados e namoradas das ministras, sobrinhos e sobrinhas dos políticos, etc..

Jardins, portas, cavacos e cavacas, pintos e limas, vales e relvas, coelhos e coelhas, alçadas e alçados, pesadas (Lourdes) e pesados, casacos e casacas, cratos e crateras, cristas e cristãos, assunções e assumpções, motas e motards... e toda uma cambada hedionda, odiosa e nojenta.

 (Podem escrever isso como comment a este post).

Chega!!! Basta. PIM. Basta! PUM!

- Não chega? Não basta? Então, continuemos assim. PIM.

São, no fundo, problemas do Palhaço Rico.



quinta-feira, janeiro 26, 2012

Os Feriados

Já aqui exprimi a ideia de que, se há feriados sem sentido hoje em dia para ninguém, então que apaguem esses e que instituam outros. Até propus o 13 de Maio e uma sexta-feira qualquer dedicada ao fado, com continuação no fim de semana. E com muitos turistas...


Agora acabam com o 5 de Outubro e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, ao opor-se radicalmente, afirma que Lisboa vai continuar a comemorar o 5 De Outubro.
Como? 
- Hasteando a bandeira, com  a presença do Presidente da República.


E se fossem os dois trabalhar, em vez de irem hastear a treta da bandeira com as quinas e mais não sei o quê e ouvir o hino nacional hiper-bélico, que deveria ser mudado para uma versão mais pacifista, ou pelo menos, mais pacífica? 


E se fossem os dois fazer qualquer coisa de útil? Talvez em nosso benefício? Seria pedir demais?

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Os benefícios da crise



A crise poderá trazer-nos algo de bom, ao fazer-nos repensar e alterar hábitos e pensamentos que nos conduzem para fora de nós mesmos e para fora da nossa mesma realidade.



Antes do 25 de Abril, o povo trabalhador vivia na mais execranda miséria, eram famílias enormes só com um pai a trabalhar de sol a sol*, ou trabalhando todos na terra...

A revolução dos cravos trouxe muitos sucessos em termos de conquistas, mas também uma    extensa quantidade de  absurdos impraticáveis, muita arrogância e muito disparate.



Uma imensa quantidade de trabalhadores, demasiadamente inúmeros, inumeravelmente, confundiram o direito ao trabalho com o direito a faltar ao trabalho ou a não fazer nada no local de trabalho, protegidos por leis draconianas. Estas leis foram conquistadas a pulso, mas não protegiam os bons ou honestos trabalhadores. Não os protegiam de nada e menos ainda da da fúria dos maus. 

Os maus são aqueles que, sendo medíocres, ainda por cima não têm valores morais. Como não têm valores morais nem escrúpulos, não olham a meios para trucidar todos os outros.

Aliás, a fúria dos maus é o grande drama da sociedade portuguesa. Maus por não serem bons, maus por tentarem parecer bons e maus por serem maus e não parecerem bons. E maus por serem considerados muito bons.


O criaturo Sócrates, nas grandes machadadas que deu no pobre Portugal (continua em liberdade, a viver na zona mais luxuosa de Paris, claro...), fez mais e fez muito pior: pôs os baldas, os preguiçosos e os faltosos a avaliarem todos os outros. 

Destruiu mais, em poucos anos, do que a ganância nova-rica que assolou a sociedade portuguesa. Em que todos somos ricos da alta-sociedade, desde o varredor de rua até todos os outros.

Nem de outro modo se justifica a venda excessiva das revistas cor e rosa... eu sou cor de rosa... eu sou uma princesa destituída do trono... a revista deveria mostrar-me a mim, de coroa e tiara na cabeça... porque não mostra?

E todos precisamos urgentemente dos novos gadjets, sobretudo telemóveis do melhor que possa ser. E automóveis do mais caro que o crédito permita. Senão, ainda podem pensar que o dito varredor de rua é um pobre pé-rapado. Isso é que nunca! Pé rapado?!!!

Mas onde é que foram buscar essas expressões, como pelintra e pé-rapado? Para designar a quem? Aos que não são da dita alta sociedade? Mas quem nos designa, membros ou excluídos seja do que for? Quem nos classificou assim e para sempre? O dito salazarismo?

Vem isto a propósito de uma reportagem muito interessante do Público. Traz-nos a esperança de que recentremos os nossos pequenos universos pessoais, talvez com vantagem para todos.


Em 2012, vamos conhecer o vizinho, cuidar da horta e integrar uma associação