sábado, janeiro 28, 2012

Portugal decadente: velho e relho... muito velho e muito relho

Eu, Nadinha Maria, acabo de ter em casa uma reunião de condomínio. Nela participam duas senhoras de muita idade, ambas proprietárias de casas e até de prédios de habitação, em Lisboa. Abastadas, portanto.

E têm as duas o mesmo problema, que deve ser, talvez, um problema do Portugal velho e relho.

Já viúvas, uma delas perdeu um filho na tenra idade, que já namorava a sério. O outro filho nunca se interessou por mulheres, talvez por ser um bon-vivant, ou assim... como não tem nem terá netos, o que possui ficará para esse filho, que lhe dará um destino qualquer... ou não. Neste último caso, a herança de gerações ficará para o Estado.

A outra senhora teve dois filhos: um morreu recentemente, nem novo nem velho, a outra é casada, o marido é "um grande cirurgião", segundo diz, mas não têm filhos. A única neta, de 46 anos, nunca namorou.
O que tem e que não é pouco, ficará um dia para essa neta, que, a crer no que diz a avó, não sabe viver a vida. Também não deve saber gastar dinheiro. 

Esta senhora é duma sovinice assombrosa. Parece que precisa do dinheiro para sobreviver, discutindo tudo até aos cêntimos, procurando sempre recuperar as quotas do condomínio, que paga pontualmente,   para que não lhe digam que não tem direito a isto ou àquilo. E lamenta-se. Muito.

Por exemplo, vai ter de pôr uma ordem de despejo a um rapaz que vive numa sua casa. A mãe dele morreu recentemente, mas ele não a avisou. (Estranho, quando alguém perde a mãe, a primeira coisa que faz é avisar a senhoria, mas este só a avisou meses depois). Pergunto-lhe se ele não paga. Paga. Então, por que vai pôr na rua o rapaz que perdeu a mãe há pouco tempo e o pai há mais tempo? 
- Porque ele já esteve três vezes internado no manicómio. No Júlio de Matos.
- Mas ele não tem pago a renda?
- Tem.

Este é o retrato possível, ou melhor, este é um pormenor do fresco da sociedade portuguesa contemporânea. Fresco, não. Fresca não. Velha e relha. Generosa! Bué!

Nos últimos séculos, quantas situações como esta não terão ocorrido? Mas para onde vão este dinheiro e estas posses, que pessoas avarentas juntaram, sem terem vivido a vida, sem terem gasto um cêntimo mal gasto? Para o Estado, claro. Para aqueles que comem da panela do estado: boys, tios dos boys, tias de Cascais, ministros e ministras, amigos de ministros, namorados e namoradas dos ministros, namorados e namoradas das ministras, sobrinhos e sobrinhas dos políticos, etc..

Jardins, portas, cavacos e cavacas, pintos e limas, vales e relvas, coelhos e coelhas, alçadas e alçados, pesadas (Lourdes) e pesados, casacos e casacas, cratos e crateras, cristas e cristãos, assunções e assumpções, motas e motards... e toda uma cambada hedionda, odiosa e nojenta.

 (Podem escrever isso como comment a este post).

Chega!!! Basta. PIM. Basta! PUM!

- Não chega? Não basta? Então, continuemos assim. PIM.

São, no fundo, problemas do Palhaço Rico.



quinta-feira, janeiro 26, 2012

Os Feriados

Já aqui exprimi a ideia de que, se há feriados sem sentido hoje em dia para ninguém, então que apaguem esses e que instituam outros. Até propus o 13 de Maio e uma sexta-feira qualquer dedicada ao fado, com continuação no fim de semana. E com muitos turistas...


Agora acabam com o 5 de Outubro e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, ao opor-se radicalmente, afirma que Lisboa vai continuar a comemorar o 5 De Outubro.
Como? 
- Hasteando a bandeira, com  a presença do Presidente da República.


E se fossem os dois trabalhar, em vez de irem hastear a treta da bandeira com as quinas e mais não sei o quê e ouvir o hino nacional hiper-bélico, que deveria ser mudado para uma versão mais pacifista, ou pelo menos, mais pacífica? 


E se fossem os dois fazer qualquer coisa de útil? Talvez em nosso benefício? Seria pedir demais?

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Os benefícios da crise



A crise poderá trazer-nos algo de bom, ao fazer-nos repensar e alterar hábitos e pensamentos que nos conduzem para fora de nós mesmos e para fora da nossa mesma realidade.



Antes do 25 de Abril, o povo trabalhador vivia na mais execranda miséria, eram famílias enormes só com um pai a trabalhar de sol a sol*, ou trabalhando todos na terra...

A revolução dos cravos trouxe muitos sucessos em termos de conquistas, mas também uma    extensa quantidade de  absurdos impraticáveis, muita arrogância e muito disparate.



Uma imensa quantidade de trabalhadores, demasiadamente inúmeros, inumeravelmente, confundiram o direito ao trabalho com o direito a faltar ao trabalho ou a não fazer nada no local de trabalho, protegidos por leis draconianas. Estas leis foram conquistadas a pulso, mas não protegiam os bons ou honestos trabalhadores. Não os protegiam de nada e menos ainda da da fúria dos maus. 

Os maus são aqueles que, sendo medíocres, ainda por cima não têm valores morais. Como não têm valores morais nem escrúpulos, não olham a meios para trucidar todos os outros.

Aliás, a fúria dos maus é o grande drama da sociedade portuguesa. Maus por não serem bons, maus por tentarem parecer bons e maus por serem maus e não parecerem bons. E maus por serem considerados muito bons.


O criaturo Sócrates, nas grandes machadadas que deu no pobre Portugal (continua em liberdade, a viver na zona mais luxuosa de Paris, claro...), fez mais e fez muito pior: pôs os baldas, os preguiçosos e os faltosos a avaliarem todos os outros. 

Destruiu mais, em poucos anos, do que a ganância nova-rica que assolou a sociedade portuguesa. Em que todos somos ricos da alta-sociedade, desde o varredor de rua até todos os outros.

Nem de outro modo se justifica a venda excessiva das revistas cor e rosa... eu sou cor de rosa... eu sou uma princesa destituída do trono... a revista deveria mostrar-me a mim, de coroa e tiara na cabeça... porque não mostra?

E todos precisamos urgentemente dos novos gadjets, sobretudo telemóveis do melhor que possa ser. E automóveis do mais caro que o crédito permita. Senão, ainda podem pensar que o dito varredor de rua é um pobre pé-rapado. Isso é que nunca! Pé rapado?!!!

Mas onde é que foram buscar essas expressões, como pelintra e pé-rapado? Para designar a quem? Aos que não são da dita alta sociedade? Mas quem nos designa, membros ou excluídos seja do que for? Quem nos classificou assim e para sempre? O dito salazarismo?

Vem isto a propósito de uma reportagem muito interessante do Público. Traz-nos a esperança de que recentremos os nossos pequenos universos pessoais, talvez com vantagem para todos.


Em 2012, vamos conhecer o vizinho, cuidar da horta e integrar uma associação


sábado, janeiro 21, 2012

O Naufrágio da Concórdia: Sinal dos Tempos



O navio Costa Concordia foi batizado com o segundo nome, em homenagem à concórdia entre os vários países europeus.
O seu naufrágio acontece numa época em que a Merkel, a Alemanha e a França voltam a desejar a hegemonia, desta vez através de estranhos e cabalísticos símbolos e signos económicos.
Esta ideia está longe de ser original, pelo contrário, é evidente, é meramente um raciocínio lógico.

O Naufrágio da Concórdia: Sinal dos Tempos!

Na imagem de satélite, os deuses assistem, consternados ou divertidos, ao augúrio, lá de cima, de onde se encontram. Depende: se são deuses gregos ou romanos, assistem consternados. Se são deuses hindus, chineses e outros do género, estarão necessariamente divertidos.


Mas isto parece ser apenas um indício: naufragou a concórdia, mas (ainda) não se afundou.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Andam a gozar com o Cavaco, agora que ele disse a verdade e por isso mesmo: não sejamos atrasados mentais!

Não é por acaso que andam a  gozar com o Cavaco, quando ele acaba de dizer uma verdade estranha:

Cavaco surpreendido com aceitação dos líderes europeus da chantagem política das agências de rating.


Cavaco sempre foi um pouco descabido nas suas afirmações, como se pode ver neste blogue, clicando no seu nome ao fundo deste post
Mas, porque se lembraram disso agora? Será assim tão descabido?

Nos meios ligados à chamada "alta sociedade portuguesa", Cavaco Silva é muito criticado por não ser oriundo dessas classes altas, chamemos-lhes assim. Tem muitos tiques e sobretudo, muita falta de tiques dessa classe das tias, por ser o primeiro presidente da república oriundo da classe média-baixa. Imperdoável, claro!


Não esquecer  que essa classe mais alta tem ligações perigosas "liaisons dangereuses" ao salazarismo. Embora os seus preconceitos sejam extensivos a todos os partidos, incluindo o PC, sobretudo por influência das revistas cor de rosa, neste país inculto.

Porque, embora minoritária, ainda é essa classe da alta burguesia que conta, em termos de modas, protocolos, etc. E também é essa classe que leva para si os impostos dos pobres e dos míseros, como no tempo do Rei Artur (aquele da Idade Média).

Uma mulher como a esposa de Cavaco Silva, presidente ou futuro ex-presidente da República, gasta tanto dinheiro em roupas, que nem o que um marido ganha num mês lhe chega para comprar um vestido.
Parece que, quando foi reeleito, Cavaco Silva disse à mulher que iam gastar tudo em roupas para ela. Não duvidem: uma carteira Hermès custa cerca de 5000 Euros. Um ou dois meses de ordenado do marido... Mas essas carteiras vendem-se muito... talvez as comprem, em Portugal, os muitos corruptos que nos destruíram o país e respetivas esposas. Como Duarte Lima e outros que hão-de vir a lume.


Não vejo quem mais. E se houvesse um político "relativamente" honesto e não muito rico, que... o que diriam os políticos nada honestos, corruptos, etc.??? Gozavam com ele, claro.

Não acreditam? Custa a crer, mas é verdade.



Ficará conhecido, no futuro, como sendo o "Presidente Eu Bem Dizia?"

Cavaco surpreendido com aceitação dos líderes europeus da chantagem política das agências de rating

Pensei que era só eu que estava surpreendida por os líderes de toda a União Europeia pagarem muitos milhões de Euros às agências de rating, que, provavelmente, iriam à falência se esses países se demarcassem em conjunto. Em vez disso, sofrem os efeitos das quedas dos ratings sem nunca se queixarem a sério nem reagirem, o que sempre me pareceu muito estranho. Seria talvez uma opinião minha baseada na não compreensão de qualquer coisa. Afinal...

Cavaco surpreendido com aceitação dos líderes europeus da chantagem política das agências de rating

Será que os líderes europeus ganham pessoalmente algum dinheiro com isso? Talvez muito? Já é para perguntar isto, acho eu. 
Já parece que está tudo minado...

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Nepotismo. Alguém sabe o que isso quer dizer? Bragas de Macedos, por exemplos... Portantos...

Não existem palavras para dizer aquilo que é muito vulgar e muito normal, claro. A não ser as palavras "normal" e "claro".
Nepotismo. Alguém sabe o que isso quer dizer?
Claro que não. Em Portugal é o mais vulgar e o mais normal, portanto, não tem nenhum nome, a não ser um nome muito erudito: nepotismo.

Vem isto a propósito da filha de Braga de Macedo (Quem se lembra do adiantado mental? - Eu não me lembrava, juro! Já esqueci há bué).

Pois a filha do dito cujo, a muito promissora artista Braga de Macedo, futura artista afamada, tem sido notícia porque beneficiou de várias "alcabalas" (?) do pai: Braga de Macedo.
O douto Instituto onde trabalha Braga de Macedo, o pai,  chegou mesmo ao ponto de financiar as residências artísticas e as exposições no estrangeiro da dita mocinha: Braga de Macedo. - a filha, do senhor presidente Braga de Macedo, o pai. Entendem?

Claro que todo o mundo entende. Só não entendem a que propósito a Nadinha dá este informe. A única pergunta a fazer à Nadinha é esta:

- Ó Nadinha, estás parva? Serás ingénua? Qual é o problema?

Não há nenhuma palavra para mencionar e nomear aquilo que é perfeitamente vulgar e absolutamente normal. A não ser a palavra normal. Nepotismo? Isso deve ser italiano. E os italianos são parvos. Ou é latim. E esses romanos são doidos. 


VER AQUI

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Violações em direto ou: quem manda neste pequeno planeta?



É notícia atual que, num programa reality show no Brasil, um jovem violou em direto uma colega. Estranha notícia: como é que, havendo milhares ou milhões de pessoas a ver, ninguém o impediu.
Estranha notícia, sim, mas não tão estranha como esta outra do Jornal de Negócios, referente a um Nobel da Economia:

“É surpreendente que as pessoas levem as agências de ‘rating’ muito a sério”, afirmou Joseph Stiglitz, Nobel da Economia de 2001, à margem do Congresso da APED. “O que elas têm feito recentemente é uma tentativa de recuperar o seu “status”, porque já falharam desastrosamente. Estão a tentar mostrar que são duras”.


"Para o Nobel da Economia, que esteve hoje de passagem por Lisboa, as agências têm atuado “de forma política e irresponsável, e obviamente estas descidas têm consequências políticas”.
No fundo, todos nós sabemos isto e sabemos que quem manda no mundo, atualmente, são três agências de rating, as mesmas que são culpadas da crise por terem cometido demasiados erros. O mistério é: por que razão permitem os políticos que isto aconteça?"

Ver aqui o resto, no Jornal de Negócios


Outra do mesmo economista, Joseph Stiglitz, no Expresso:
Stiglitz: "Austeridade não é solução" para a retoma da economia


Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.         


terça-feira, janeiro 17, 2012

O Naufrágio de Portugal

Maria de Lurdes Rodrigues vai agora ser julgada num caso de escandalosa corrupção. Estamos mesmo a ver que não se vai provar nada, claro.
E vamos continuar a pagar, do pouco que ganhamos, estes saques a que o país é constantemente sujeito,a utêntica pirataria.
Talvez agora, as pessoas que a elogiavam compreendam com quem os professores tiveram de se haver: uma força da destruição, tal como Sócrates, tal como os agentes das agências de rating e outros.
Mas eles estão sempre bem... Portugal é que não.

Que Vergonha!!!




É com consternação que assistimos aos relatos da cobardia do comandante do navio Costa Concordia, que fez naufragar o navio por incompetência, por não ter seguido as rotas que é obrigado a seguir e nem sequer aceitou o aviso do chefe de mesa, natural da ilha, de que estavam demasiado perto de terra e que aquela zona tinha muitos escolhos, mas que tentou salvar a  pele em vez de tentar salvar os passageiros ea tripulação.
Esta cobardia contrasta com a coragem de muitos tripulantes e até mesmo de muitos passageiros, pois a eles se deveu o salvamento de tanta gente. Vi na RAI Uno uma mesa redonda em que muitas pessoas italianas, desde uma actriz até um antigo marinheiro, todos passageiros deste navio elogiavam a coragem uns dos outros e da tripulação. 

Temos s impressão de que os navegantes são corajosos e até se diz que o comandante deve naufragar com o navio. Se fosse em Portugal, concluir-se-ia logo que o comandante seri aparente de algum ministro ou de alguém influente. Será o mesmo em Itália? 








Ver Aqui

E AQUI

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Naufrágios: o passado e o presente



Vou publicar aqui mais posts sobre naufrágios, já tenho vários, como se pode ver clicando na tag abaixo "Naufrágios".
Este, no vídeo, o do navio Sírio, também já aqui referido, aconteceu há cem anos com um navio italiano a caminho do Brasil, também por culpa do comandante. 
Mas a criatividade napolitana transformou este dramático episódio, que de outro modo ficaria sem história (só tem história o que é narrado) num momento interessante do canto napolitano, os Cantastorie - histórias cantadas, quase parecidas com a nossa "literatura de cordel", mas musicada com grande emoção, inteligível mesmo para quem não entenda a língua.
O Costa Concordia tinha 4000 tripulantes, o que é hoje em dia muitíssimo, por ser um dos maiores navios do mundo, mas o Sírius ou Sírio já tinha 2000. A diferença, muito pequena se pensarmos em dimensões oceânicas com cem anos de diferença, explica-se contudo: na terceira classe viajavam a monte "ao molho" e sem condições mínimas, centenas ou milhares de emigrantes, que, se morressem na viagem, o problema era deles. 
(Como agora, com o neo-liberalismo introduzido em Portugal pelo bem intencionado, simpático e muito ingénuo coelho, em italiano coniglio, ler conilho).

Ver actualizações sobre o Costa Concordia ( o navio da Discórdia)
AQUI

domingo, janeiro 15, 2012

Acordo ortográfico


Para que conste: sou a favor do acordo ortográfico. A atual ortografia pareceu um escândalo em 1911, agora parece não poder ser alterada... a ortografia é uma mera convenção e, como tal, pode ser alterada.



Não devemos ficar agarrados a uma regra só porque é regra, ou que é tradição. Também é tradição as mulheres ficarem em casa e não meterem prego nem estopa em coisa nenhuma.


Fernando Pessoa, que era completamente contra o acordo ortográfico, não percebia como se poderia escrever lírio, quando, em lyrio ou cysne, o y imitava o lírio e o pescoço do cisne. Pois.


O francês, como nunca teve um acordo ou uma reforma ortográfica, está a ficar obsoleto, até para os mesmos franceses. Que preferem o inglês, como toda a gente, para falar de certas coisas.

sábado, janeiro 14, 2012

Naufrágios e heroísmo. Ou a falta dele





Não sei se já contei isto aqui, mas creio que não. 
No início de cada cruzeiro há uma simulação de acidente ou naufrágio, situação em que seria necessário abandonar o navio, o que assusta muita gente, por fazer lembrar o filme do Titanic. Por sua vez, os tripulantes têm vários treinos de simulação, para além deste, nomeadamente quando o navio está fundeado. Quanto às baleeiras salva-vidas, elas são removidas e içadas de cada vez que se utilizam como barcos de transporte.

Numa dessas simulações que são muito lentas e demoradas, no Princess Danae, uma criança comentou:
- Se isto fosse a sério, já tínhamos naufragado.
Um elemento da tripulação que estava a coordenar a situação, um homem já com bastante idade, respondeu:
- Se isto fosse a sério, eu já não estava aqui. - E começou a contar um episódio em que naufragou e só sobreviveu porque não esperou por ninguém.
A mãe da criança agradeceu a sinceridade... 

Como diz o filósofo José Gil, uma caraterística da mentalidade portuguesa é o burgessismo (qualidade do burgesso), que, de facto é muito bem aceite na sociedade portuguesa, provocando frequentemente um riso coletivo. Como foi o caso.

O programa humorístico em que Hermano José criticava isso mesmo, pessoas a rirem em coro de piadas sem graça, por serem ditas por alguém a quem queriam agradar, ou por serem apenas grosseiras, gerou demissões dos actores e a mais completa indiferença do público. Masoquisticamente, preferimos aceitar o "burgessismo" de forma acrítica.

É claro que reclamei desta declaração, até por ser sincera, porque a sinceridade não é uma qualidade "per si". E é claro que admiro os tripulantes deste navio, que ajudaram os passageiros, ao contrário do que disse o tipo referido, o criaturo.

E vi na RAI que uma tripulante, pelo menos uma, fugiu a nado. Para além do execrável comandante. Que só podia estar bêbado...

Quantas inconfessáveis cobardias, quantos não exaltados heroísmos. Sobretudo de alguns que morreram (refiro-me aos naufrágios em que muita gente morreu, incluindo os que deram o lugar a outros para os salvar)...





Naufrágio do Costa Concórdia


Imagem: Costa Victoria (o navio grande) fundeado ao largo da ilha grega de Santorini


Viajei no Costa Victoria, navio da Costa Cruzeiros, com partida de Veneza. Vi na televisão de Veneza, na véspera da viagem, que tinha havido uma tentativa da Al Qaeda para colocar uma bomba num desses navios, fundeados no porto, notícia que não circulou, talvez por motivos de segurança *.

Nunca tive tanto medo de navegar, nos vários cruzeiros que fiz, quando nos pediam que não aceitássemos presentes de estranhos, podia ser uma bomba, nunca aceitássemos embrulhos fechados, ao comprar qq coisa, deveríamos pedir que embrulhassem à nossa frente, etc. Há sempre um certo receio, claro,  num chão que bamboleia, mas sem motivo aparente.

Creio que nunca contei isso aqui, até porque ainda não tinha blogues, só há algumas fotos dessas viagens nos primeiros posts. E não haveria, ou eu não tinha, máquinas fotográficas digitais.



Como a viagem foi muito bela, beleza acentuada pelo sentido da aventura, de que o medo é o ingrediente e a especiaria principal, hei-de digitalizar e colocar aqui algumas fotos "analógicas". Não sendo saudosista, e muito menos saudosista de acontecimentos nefastos, creio não ter guardado os jornais de bordo, que faziam os referidos avisos. Hei-de contactar uma amiga que viajou comigo.



* - Soube, mais tarde, que várias tentativas da Al Kaeda de concretizar os muitos atentados bombistas ameaçados pela organização para serem levados a cabo em Itália, foram gorados pela colaboração da Máfia napolitana com a polícia. Atacar Itália? Só passando sobre o cadáver da Máfia.



VER AQUI imagens  do naufrágio.
VER AQUI a notícia no Jornal Público
Neste blogue, tenho um post sobre um naufrágio ocorrido há 100 anos, com um navio indo de Itália para o Brasil, o Sírius. VER AQUI



sexta-feira, janeiro 13, 2012

Medicina Rústica

Ando a ler, com grande prazer, um livro muito interessante. Medicina Rústica. O autor, brasileiro, Alceu Maynard Araújo publicou-o em 1961, tendo-se tornado uma obra de referência essencial da medicina popular brasileira.
Muito bem escrito, revela todo um universo folclórico interessante, variado e rico, embora se restrinja a uma pequena região, com um nome estrambólico, pelo menos para nós: Piaçabuçu. Esta terra, com cerca de 2000 habitantes, era sede do município, mas toda a região foi observada.
Não demonstra ainda muito respeito por estas tradições, antes simpatia e grande curiosidade, na intenção de contribuir para que a medicina "verdadeira" possa vir a utilizar alguma erva ou outro produto, por se comprovar que faz bem.
Indica que esta Medicina Rústica tem influências africanas e por isso também da medicina árabe, influências portuguesas e indígenas. Mas é sobretudo composta por rituais mágicos e por amuletos que se usam, ou como profilaxia, ou como cura. Não se chamam amuletos, mas sim bentinhos, mochilinhas, etc... por exemplo, saquinhos com orações impressas, dentes de jacarés, presas de aranha, etc... destacando-se objectos relacionados com o Padre Cícero (Meu Padrim Cirço), desde farrapos de batina até rosários ou água benzidos num local relacionado com ele.
Algumas das rezas e benzeduras só podem ser feitas por algumas pessoas, que só as podem ensinar aos discípulos em determinados dias do ano, como Sexta-Feira Santa, Natal e, curiosamente, 25 de Março. Esta data misteriosa talvez esteja relacionada com o padre Cirço.
Há também termos e expressões muito giros, como estes: "Outras vezes é a "benzinheira" a pessoa que tem força para mandar o quebranto para as "areias gordas do mar sagrado". O curador de cobras torna a pessoa imune ao veneno da cobra, ou cura-a de uma picada de serpente.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

O fundo do fundo do fundo do poço

Com a criatura denominada José Pinto e auto-denominada José Sócrates, chegámos a acreditar que tínhamos batido no fundo do poço. Esta metáfora significaq ue, após bater no fundo, voltaremos à superfície e à luz, qual Jonas saído do ventre da baleia, a qual deixa de ser terrível animal inimigo, para se transformar no mais fiel aliado, ou mesmo na companhia de transportes marítimos de cruzeiro, qual luxuosa Costa Cruzeiros.

Acabamos de constatar que o fundo do poço ainda não está próximo, embora continuemos a descer vertiginosamente, com este Passos Coelho e amigalhaços, incluindo a Ferreira Leite, uma das criaturas que afundou o ensino, tendo mesmo protagonizado um dos piores momentos da que passou a chamar-se geração rasca. Foi quando alguns estudantes tiraram a roupa interior e exibiram as partes pudendas à Sra. D. Manuela Ferreira Leite, ministra, com algumas palavras escritas nessas mesmas partes pudendas, que alguma cabeça bem pensante exclamou nos jornais: 


- Isto é uma geração rasca.

Esses mesmos ex-estudantes da geração rasca, que devem estar desempregados, na sua maioria, hão-de lamentar não terem repetido o gesto na semana passada, ou que os "maiores" (palavra espanhola para dizer velhos) não tenham feito a mesma coisa, imitando os jovens rasca que talvez tenham criticado.
Pois a Sra. Manuela, filha ou neta de famosos políticos da primeira República, acaba de declarar que, a partir dos 70 anos, os doentes deveriam pagar a hemodiálise. Sabendo nós que se morre, se não se fizer hemodiálise, resta a situação: que morram os pobres.

Mas os pobres somos todos nós, quando os ricos são os políticos e os financeiros e os políticos financeiros como o Catroga. Os ricos não são os que têm muito dinheiro, os ricos são aqueles que ficaram com o dinheiro que falta no país, são os que ficaram com os impostos de milhares de pessoas... são escandalosamente ricos, quais Reis Salomões num país que aboliu as monarquias há séculos.

E eu até entendo. Uma minha jovem amiga, ainda hoje jovem, que se curou dum cancro grave há vários anos, informou-me que gastou, em tratamentos, os impostos que pagará toda a vida, mais os impostos que eu e outras pessoas pagaremos toda a vida. Fiquei assustada. 

A pergunta seguinte é: e as pessoas de 70 anos, 80, 90, algumas já em vida quase vegetativa, também têm direito a esses tratamentos gratuitos? Ainda hoje não sei a resposta a esta pergunta... mas... esperemos que os médicos saibam decidir esta e muitas outras questões... 
Saber, não sabem... basta ver os atestados falsos que têm andado a passar a todo o mundo, por aí. Que uma política levantasse a questão, vá que não vá, que tenha equacionado a questão nestes termos...
Perguntem-me como deve esta questão ser tratada... não faço a menor ideia. Mas não me compete a mim fazer estas ideias e sim a políticos assessorados a peso de oiro por especialistas em todas a s matérias, com diplomas comprados a presuntos e passados aos domingos.


Há um vídeo muito engraçado sobre as gaffes da dita criatura. É de morrer a rir. Ou de viver a rir. Aí vai.






sábado, janeiro 07, 2012

Carne de vitela assada com castanhas e cogumelos: "Outono Doirado"

Da primeira vez que fiz uma assado, a minha irmã perguntou-me:
- O quê? já te meteste em assados?


De facto, numa das primeiras vezes que cozinhei, há milénios, toda a gente olhou para a comida de modo desconfiado, a perguntar-se o que seria aquela coisa. O meu pai, bom viajante,  serviu-se, comeu à vontade e disse:
- Sabe-se que é de comer, come-se!


Mais tarde, na mesma época, fiz um novo cozinhado: até já dava para entender que era para comer, ainda que eu não tivesse dado essa informação, mas a quantidade era tão reduzida que o meu pai, viajante como era, declarou:
- Come-se pão!


A razão destas minhas aventuras culinárias algo hieroglíficas era ter morrido recentemente a minha mãe, cozinheira "de mão cheia", mas que nunca me ensinou a cozinhar. (Também não teve muito tempo para o fazer, morreu nova).
- As mulheres são umas escravas da cozinha. Eu não te quero assim. Estuda. Se não souberes cozinhar, hás-de descobrir uma maneira de comer sem cozinhar. Não te cases. Não tenhas filhos! Vive a tua vida:  estuda e viaja.


E assim fiz. Com uns pais tão breves e tão simpáticos, ficou quase arruinada a minha já pouca vocação culinária e doméstica.


Resumindo rapidamente, pouco cozinhei desde essas primeiras experiências hieroglíficas, eu diria mesmo, criativas.


Agora ando a inventar cozinhados. O resultado foi ter passado de pessoa magra e esquelética para abonada criatura, abundante de carnes, amante do garfo, sem serem já visíveis os ossos, apesar do desporto.


E aí vai a minha mais recente criação "Outono Dourado", para parafrasear um poema de Fernando Pessoa. Os que vinham à procura da receita, já desistiram há várias linhas azuis de lerem isto, mas, aí vai. Aí vai... 




Carne de vitela assada com castanhas e cogumelos: "Outono Doirado"


Compra-se, no Pingo Doce (Ai, não, em qualquer outro lugar, excepto no Pingo Doce) um naco de lombo de vitela (que não encolhe ao ser assada, a acreditar no que disse o rapaz de luvas de malha de ferro que ma vendeu e que me fez recordar os cavaleiros medievais, mas que apenas usa a malha de ferro por ser obrigatória pela ASAE, que nesse tempo, ainda não existia. 
No Pingo Doce, de Janeiro a  Janeiro, não, foi em Janeiro, mas nunca mais lá vou, por razões políticas que todos os portugueses conhecem, abaixo o Pingo Doce!!!!).


Numa assadeira de cristal, aliás, de Pirex, por enquanto, ou assim, coloca-se para aí um copo de vinho branco, umas colheres, duas ou três, de óleo vegetal, para não ter muita gordura, sal e quatro dentes de alho en camicia (com pele). Coloca-se em cima a carne e rega-se esta com um pouco de vinagre balsâmico, polvilhando-se depois com pimenta preta (do reino) moída. Este preparado fica de um dia para o outro, creio que se chama a marinar, e talvez mesmo se chame em vinha de alhos. Mas não me perguntem esses detalhes.


No dia seguinte, coloca-se no forno, com castanhas, deitando um nadinha de sal sobre as castanhas. Nunca consegui que as batatas ficassem assadas, ficam sempre meias cruas, mas, se vocês conseguirem, isto pode ser feito com batatas. 
Ao fim de 25 minutos, abre-se o forno, tira-se a assadeira, volta-se a carne ao contrário, viram-se ligeiramente também as castanhas, ou as batatas (talvez batatas às rodelas estreitas resolvam o problema), e colocam-se cogumelos por cima. Não se mergulham no molho, apenas se pousam por cima. Fica no forno mais uns 20 minutos, no total, entre 45 minutos e 55 minutos.


Perguntem-me qual é a melhor parte deste assado.
- Ó Nadinha, qual é a melhor parte deste assado? 
- São os cogumelos.



P.S.: Se vocês tiverem feito, como recomenda a minha médica naturista, um jejum de 24 horas, ou seja, ficarem sem comer desde hora do almoço de um dia até ao almoço do dia seguinte, isto sabe tão bem como se fosse a comida dos anjos e, além disso, não engorda.
Nadinha



quinta-feira, janeiro 05, 2012

La Befana



Os italianos têm uma personagem parecida com o Pai Natal, mas com muito mais ligação ao Verdadeiro Natal... é La Befana.

Era uma velhinha muito velha, muito feia e muito rota, que andava a limpar e a varrer a casa. Os Reis Magos, passando pela sua terra e por ela, perguntaram-lhe o caminho apara Belém, mas ela não sabia. Então, contaram-lhe que iam ver o Menino Jesus e perguntaram-lhe se queria ir com eles.
La Befana disse que não, mas depois ficou a pensar, a pensar, decidiu ir e montou na vassoura, levando um saco de doces para o Menino Jesus.
Como não conseguiu encontrá-lo, resolveu dar um doce para cada criança, metendo-o dentro das meias (naquele tempo ainda não havia o conceito de bactérias dentro das meias e assim...)

E na noite de 5 para 6 de Janeiro, noite de Reis, lá anda ela...


(N.B.: Bruta, em italiano quer dizer feia)

terça-feira, janeiro 03, 2012

Presépio da Estrela e Basílica da Estrela III









E Agora, o Presépio



Alguns leitores do blogue pediram-me que fosse à Basílica da Estrela, em Lisboa, ver para eles (ou seja, fotografar e colocar aqui, para eles) o presépio.

Primeiro, a própria basílica da Estrela, vista do Jardim da Estrela.
Depois, o interior. Por detrás do túmulo da Rainha Dona Maria I, há uma porta escondida, que dá acesso ao presépio, mas só às vezes. Só na época natalícia.
Clicar em baixo, no link (ou tag) Presépio da Estrela


(Para ver mais presépios, clicar, ao fundo desta mensagem, na palavra Presépios. Aparecem todos seguidos, mas só depois deste)

Presépio da Estrela e Basílica da Estrela II




(Túmulo da Rainha Dona Maria I, fundadora da Basílica da Estrela)


Alguns leitores do blogue pediram-me que fosse à Basílica da Estrela, em Lisboa, ver para eles (ou seja, fotografar e colocar aqui, para eles) o presépio.

Primeiro, a própria basílica da Estrela, vista do Jardim da Estrela.
Depois, o interior. Por detrás do túmulo da Rainha Dona Maria I, há uma porta escondida, que dá acesso ao presépio, mas só às vezes. Só na época natalícia.
Clicar em baixo, no link (ou tag) Presépio da Estrela