quarta-feira, janeiro 19, 2011

A Sinaleira de Valongo

Nestes incipientes tempos internéticos, as figuras típicas das aldeias de outrora começam a tornar-se personagens globais...
Foi o caso daquele senhor que dizia adeus aos automobilistas, em Lisboa e que foi notícia de jornal, rádio e  televisão, aquando da sua morte.
Lembrei-me da sinaleira de Valongo, uma mulher que estava sempre na rua principal de Valongo, perto do Porto, a comandar o trânsito, com alguns adereços de polícia sinaleiro, como o capacete e as luvas. Isto ainda antes de haver mulheres-polícias e também depois.
Nunca soube nada a respeito dela, era uma figura misteriosa, os automóveis seguiam as suas instruções, o trânsito corria ordeiro. Imagino que devia haver quem protestasse... quem a tratasse mal... o que não a terá dissuadido nunca!
A figura do sinaleiro sempre me pareceu misteriosa e a dela mais ainda. Procurei no Google: encontrei várias referências.
Quem lhe diria que ia ser notícia da Internet, que não deve ter chegado a conhecer... 

terça-feira, janeiro 18, 2011

Ministras da Educação

Só agora me dou conta destes pormenores. Na avaliação dos professores, que tinha obrigação de ser ainda mais rigorosa e decente que qualquer outra, acontece o que vou expôr.
Existem umas quotas para as notas mais altas. Há vários avaliadores, muitas vezes com menos experiência e menos habilitações que os avaliados. Esses avaliadores entram nas mesmas quotas dos avaliados, ou seja: se só pode haver três notas muito altas, eles só as podem dar a duas pessoas, reservando a terceira para eles mesmos. Mas não é assim tão simples, pois há vários avaliadores, por exemplo, três para três notas altas.
Uma avaliação isenta e rigorosa, não? Isto não é sadismo?
Quem faz estas leis e com que intenção???

domingo, janeiro 16, 2011

Ler a Sina

Um bando de ciganas atravessa a rua dirigindo-se a mim. Uma delas, com ar mais moderno e cabelo mais curto, começa a ler-me a sina, enquanto as outras se afastam.
- Muita gente lhe tem inveja! Há duas mulheres que lhe vão fazer mal...
- Então para me ler a sina eu não tenho de mostrar a palma da mão?
- Não, filha! Eu estou-lhe a ler a sina na testa!
- Ah! E quanto leva por me ler a sina?
- As duas mulheres têm-lhe inveja e estão a preparar-se para lhe fazer mal. Mas você pode evitar. Faça uma salga com terra do cemitério e ponha-a debaixo do seu tapete na porta da entrada.
- Ah! Pois! Eu, por acaso, até já tinha pensado em fazer isso. Dá sempre jeito ter uma coisa como essa debaixo do tapete da entrada... digamos, à mão de semear... e então... como é que se faz a salga?
- As duas mulheres querem-lhe muito mal. Mas há alguém que a pode salvar.
- Deus?
- Não.
- Então quem?
- A Dona Rosa. 
- Quem?!
- Atravesse para aquele lado de lá e pergunte àquelas mulheres quem é a Dona Rosa.
- Fica para outra vez.

sábado, janeiro 15, 2011

quinta-feira, janeiro 13, 2011

O Desencobrimento da Terra

A Revista TRIPLOV  Acaba de sair e publica um curto texto dramático de minha autoria, intitulado 
"O Desencobrimento da Terra".
Excerto - Clicar por cima do texto


Paul Krugman e a dívida portuguesa

O prémio Nobel da Economia Paul Krugman considerou que a taxa de juro referente ao leilão da dívida pública portuguesa foi «ruinosa».



Numa apreciação publicada no seu blogue, Krugman disse que a taxa de juro foi «pouco menos que ruinosa». «Considerar um sucesso a capacidade de Portugal colocar obrigações a dez anos a uma taxa de juro de 'apenas' 6,7 por cento diz alguma coisa do profundo desespero da situação europeia», afirmou.

Acrescentou, na televisão, que com mais alguns "sucessos"  destes, a periferia europeia será destruída", a propósito de Sócrates ter afirmado que o caso foi um grande sucesso..
Este economista e colunista gosta muito de Portugal.
E este é o seu blogue CLICAR

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Ordália: para Sócrates, a vinda do FMI

Está tudo pronto para a intervenção do FMI em Portugal.
Mas Sócrates fará tudo para o evitar, porque isso significa a sua derrota. Ou um suicídio induzido, idêntico ao que os outros gregos infligiram ao outro Sócrates. Ou uma ordália. Mete-se o réu dentro de água: a justiça divina decidirá se o "arguido" morre afogado ou se ganha guelras.
Sócrates será capaz, para isso, de mentir? De aldrabar as contas?
Cenas dos próximos capítulos...
Alguém ficou traumatizado das outras duas vezes em que esteve cá o FMI?
Que bom! Estão todos muito contentes porque os mercados compraram a dívida portuguesa abaixo de 7 por cento (quase sete por cento). Pois. Mas compraram a dívida alemã a 2,87 por cento...

terça-feira, janeiro 11, 2011

Pássaro Lira



Este pássaro, o pássaro-lira, não só imita outros pássaros (mentiroso, teatreiro, aldrabão) como até imita uma motosserra.
É uma reportagem de David Attemborough.

sábado, janeiro 08, 2011

Santa Isabel da Hungria e o milagre das rosas


(Grupo escultórico de Santa Isabel da Hungria por Rudolf Moroder)

Já tinha visto esta referência num livro de Marguerite Yourcenar e pensei que fosse engano, vejo-a de novo num de Ken Follet Um mundo sem Fim. A propósito, vai dar na televisão uma série sobre Os Pilares da Terra, do mesmo autor, de que falei recentemente aqui.
Então Isabel de Hungria era tia-avó da Rainha Santa Isabel e também é uma Rainha Santa Isabel, duma família de santas. Senão, vejamos:



A minha mãe gostava muito da nossa Santa Isabel, acho que era a sua santa preferida. A minha é a também rebelde, mas mais ainda, Santa Bárbara.
Gostaram do nome de Santa Cunegundes, também chamada Kinga? Parece o nome de uma tia de Cascais.


O milagre das rosas é igualmente atribuído às duas santas.

BPN continua a gastar milhões em acções

Já viram isto? Entendem metade?
Dantes tínhamos medo das ditaduras. Agora temos medo que dêem cabo das finanças e da economia do país e também das ditaduras.
O povo português vai pagar por causa do BPN, mas o BPN não paga nada. Pelo contário, continua  a gastar dinheiro a rodos, em prol dos tipos mais corruptos deste país, incluindo os nossos honoráveis políticos.
Que podemos fazer? A mim parece-me que só mesmo outra revolução.


Leiam: 

Uma carta do Presidente da Galilei, a antiga Sociedade Lusa de Negócios que era dona do BPN, comunica aos accionistas a compra, pelo banco, de 20 milhões de euros de acções da mesma Galilei. Isto é, o banco nacionalizado, que está a ser ajudado pelos contribuintes, continua a comprar acções da antiga holding a actuais accionistas como se não estivesse numa situação de emergência financeira que obrigou à intervenção do Estado. 

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Vamos para os partidos!!!

Se eu entrasse agora num partido, que seria, necessariamente um pequeno partido de esquerda, a primeira e única proposta que faria seria esta:
- Quanto recebemos nós, neste partido, para a campanha eleitoral?
- X - seria a resposta.
- Então, eu proponho uma de duas hipóteses: ou renunciamos à totalidade do financiamento, ou renunciamos a metade. E damos o exemplo: a comunicação social vai fazer um alarde tão grande desta nossa renúncia...


Xau, filhos, acho que já fui expulsa do partido...  e acaba aqui o meu curriculum...


Uma vez sem exemplo participei numa campanha: a do movimento cívico Cidadãos Por Lisboa: achei giríssimo: era contra o PS. Logo a seguir, os Cidadãos Por Lisboa viraram a favor do PS. 
O erro não é meu. Nem vosso. Nem a culpa.
POIS!

quinta-feira, janeiro 06, 2011

O consenso académico é de que a importância das campanhas eleitorais para o resultado das eleições é mínimo.
Então, para quê gastar tanto dinheiro com esta campanha, ao mesmo tempo que se empobrece os portugueses com impostos e reduções de salário?

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Fernando Nobre

A princípio, Fernando Nobre parecia ser uma candidato muito interessante, uma verdadeira alternativa.
Logo no primeiro debate, no entanto, viu-se que com aquele tom, aquele ritmo e aquele discurso não poderá chegar a lado nenhum, em termos políticos. Pelo menos nestas eleições e a não ser que mudasse de estilo até às próximas, uma vez que tenciona voltar a candidatar-se.
Mas agora elogia Sócrates! Que pretende semelhante criatura? Dar um tiro no pé?

terça-feira, janeiro 04, 2011

A chuva na leitura do livro e também no telhado

Estou  a ler com grande prazer Um Mundo sem Fim de Ken Follet, depois de ter lido Os Pilares da Terra do mesmo autor.
Descobri-o assim: numa banca de publicidade turística espanhola, pouco depois ou pouco antes de ter reencontrado a Filipa que também trabalha em turismo - navios, havia como oferta uma brochura com uma encadernação magnífica, que continha, em espanhol, parte do 1º Capítulo deste Um Mundo sem Fim.
A personagem é uma menina que está a tentar roubar a bolsa de um fidalgo durante uma celebração religiosa numa catedral gótica (construída no livro Os Pilares da Terra). Tem medo de roubar, mas ainda tem mais medo do pai, que a mandou fazer isso e da fome da família durante o Inverno ... etc...
Pouco depois, comprei Os Pilares da Terra em espanhol, pois estava em viagem: em Portugal custaria algo como 50 Euros, pois é muito grande e em 2 volumes, em espanhol era só um e muito mais barato (acontece o mesmo com este). 
O primeiro livro é sobre a construção das catedrais góticas, em especial a de Kingsbridge, sendo elas os "pilares da terra", em termos místicos. No segundo, os construtores, plebeus, são antepassados das personagens nobres.
Para além dos livros de Pearl Buck, aqueles cuja acção decorre na China, poucas vezes gostei tanto de ler um romance.
São obras que nos colocam em contacto com os aspectos essenciais da vida e da humanidade, da natureza e do tempo.
Estava eu, por estes dias, a ler o primeiro capítulo de Um Mundo sem Fim, eram duas horas da manhã, chovia torrencialmente e de forma assustadora na Kingsbridge medieval e também no meu telhado em Lisboa, onde havia o aviso de alerta amarelo, de tal maneira que entrou água da chuva na minha casa, tendo eu interrompido a leitura para ir ver... e pôr um balde a apanhar a água...
Mas depois voltei  a recostar-me na cama, continuei a ler e lentamente abrandou e parou de chover na minha casa de Lisboa e na Kingsbridge daquele tempo.
Os telhados são sempre um problema...

P.S.: Disseram-me agora que está a passar uma mini-série sobre os Pilares da Terra no AXN. Se ainda não leram é melhor lerem agora o livro e ver a série mais tarde, que há-de voltar a dar...


sábado, janeiro 01, 2011

Aniversário do blogue Terra Imunda


Fogo de Artifício em Lisboa, hoje


Este blogue faz hoje cinco anos. 
Quando eu era muito jovem, ajudei a fundar, com os meus amigos, um jornal regional na pequena terra onde nasci. Durante vários anos após esse início, fui criticada porque nunca escrevi uma linha nesse jornal. E até hoje. 
A minha resposta era: - mas que tenho eu a dizer às pessoas desta terra, se o meu maior sonho, quando cá vivia, era fugir a sete pés para outras paragens?
Lembro-me disto agora, porque nunca me faltou assunto para estes dois blogues. A prova é que, só este, tem cerca de 1250 postagens, fora as muitas que apaguei por só me parecerem relevantes no momento em que foram escritas. Dessa terra, só três pessoas lêem os meus blogues: duas familiares e uma amiga que vive em França. 
É caso para repetir a célebre frase-título de Sartre: "Escrever para quê, para quem?"
A resposta neste caso é simples: para pessoas de Portugal (sobretudo Lisboa) e do Brasil, sendo os meus "maiores fãs"ou "melhores fregueses"  :)  completamente desconhecidos, residentes nos Estados Unidos. Que lêem os meus posts muito mais vezes do que eu.
Sim, deixámos de viver num lugar específico, na medida em que só lá estamos fisicamente. Hoje não me importaria de viver numa terra pequena... mas perto de um grande centro, claro. Lá chegaremos, a viver numa aldeia remota, sentindo-nos na crista da onda...


Com o blogue acabei também por descobrir a fotografia, pois não me parecia interessante tirar fotografias     sem as mostrar. Podiam ser melhores, pois não estudei técnicas e não quero andar carregada com uma máquina enorme, mas algumas não são más, acho eu. Hoje mesmo criei um álbum no Flickr, chamado Navegações - clicar para ver


Feliz Ano Novo para todos e muito especialmente para os meus "fregueses" dos Estados Unidos

sexta-feira, dezembro 31, 2010

Alunos não sabem raciocinar nem escrever

Após as imensas gabarolices de Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro, estranhamente, o Ministério da Educação publica um documento afirmando que

Relatório 2010. Alunos não sabem raciocinar nem escrever

Acabo de ler isto no jornal I, o qual traz também uma reportagem sobre "copianços" e o modo como podem agora ser detectados informaticamente em países que usam testes de escolha múltipla.
Afigura-se-me dizer o seguinte: o problema em Portugal tem múltiplas facetas, sendo talvez a primeiro o exagerado facilitismo proposto pelo actual governo, sendo outro que os testes deveriam ser mais rigorosos e exactos, como é o caso dos referidos de escolha múltipla, que podem existir para todas as disciplinas, sendo o terceiro que existe em Portugal uma mentalidade favorável ao copianço. Sempre existiu. Sendo uma pequena corrupção e a primeira, participa da mentalidade geral sobre a corrupção.
Toda a gente se surpreende ao ouvir a história de um rapaz que foi estudar para Inglaterra e pediu a um inglês que o deixasse copiar. Ofendido, o colega considerou que ele o estava a ultrajar por o julgar capaz de ser cúmplice de uma fraude e foi fazer queixa dele.
Quanto ao facilitismo, ouve-se hoje em dia professores gabarem-se de que os seus alunos obtêm bons resultados (notas dadas por eles mesmos), o que, também na sua opinião, significa que ensinaram bem. E que merecem uma boa nota, na recém implementada avaliação de professores, sobretudo se os seus alunos não forem submetidos a exame, porque quase não há exames nessas disciplinas.
Uma minha amiga professora de português (que vocês conhecem bem) contou-me o que vos vou contar.
- Tive uma aluna no 10º ano que vinha com o diagnóstico de dislexia. Quer isto dizer que quase tinha direito a nota positiva a português só por isso, pois era-lhe permitido dar toda a espécie de erros. Eu deveria considerar a resposta inteiramente certa se a ideia geral estivesse certa, embora mal ou muito mal expressa. A rapariga era extremamente malcriada, mal comportada e não fazia nada. 
A primeira nota que lhe dei, num teste, foi 2, de zero a vinte. Foi fazer queixa de mim - no teste seguinte teve 2,5.
No segundo período deixou de ser mal comportada, no terceiro deixou de ser malcriada. Passou com 10 e este ano deixou de ser disléxica. É claro que nunca foi disléxica...
E até me está muito agradecida pela cura milagrosa!

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Prenda de Natal para os Pobres

A Prenda de Natal para os pobres, do Excelentíssimo Primeiro-Ministro, foi serem obrigados a pagar a taxa moderadora (para serem atendidos nos hospitais, quando antes era grátis).
O pseudo-esquerdismo deste Excelentíssimo Primeiro-Ministro, acusado em inúmeros casos de corrupção (nunca provados) e mais recentemente, de ter colocado o país numa situação espantosamente má,  consiste em considerar pobres alguns, ricos outros e privilegiados os restantes, gerando grande conflitualidade entre estas 3 classes, semelhantes às passadas clero, nobreza e povo.
Vejamos: pobres são os que ganham menos de 400 Euros, antigamente 80 contos. Ricos são os que ganham mais do que isso, mesmo que seja pouco mais. Privilegiados são os juízes, professores, etc., motivo de contestação e repúdio dos pobres e dos ricos.


Com estas atitudes e estas medidas, o nosso Excelentíssimo Primeiro-Ministro irá resolver o problema que ele próprio criou como Excelentíssimo Primeiro-Ministro, ou seja, gastar tudo o que Portugal tinha e ainda o que nunca teve. Ele mesmo tem 20 motoristas e creio que 20 automóveis topo de gama.
Mas parece haver ainda muita gente disposta a votar nele. Sobretudo os  mais pobres. Que acusam da crise os referidos ricos e privilegiados.

terça-feira, dezembro 28, 2010

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal

Para variar das críticas e lamentações, aqui vai uma crónica do Expresso, feita pelo embaixador de Inglaterra. 

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal: http://aeiou.expresso.pt/um-bife-mal-passado=s24971 CLICAR

1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.  
 
2. O lugar central da comida na vida diária.  O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família. 
 
3. A variedade da paisagem.  Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies  do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior. 
 
4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX. 
 
5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente. 
 
6. A inocência.   É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência. 
 
7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista. 
 
8.  As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa. 
 
9.  A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado,  e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.       
    
10.  Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho. 
 
Então,  terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.

Ah, então é por isso...


Sociólogos dizem que portugueses receberam a crise com surpresa mas podem passar à "explosão"



Ah, agora percebo por que muitos ainda estão na fase da estupefacção! Ainda não acreditam... e por isso não percebem.
Espero que não demorem mais 48 anos a perceber!



Muito sábias palavras de António Barreto e Boaventura Sousa Santos


"Além disso, Portugal não tem tradição organizativa, considera o sociólogo, lembrando que o país viveu metade do século XX sem democracia e que, por isso, as pessoas continuam a ter medo e a viver como num regime de ditadura. "


 "Taxas elevadas de desemprego e até situações de fome ou carência podem coexistir com graus igualmente elevados de resignação"


Na minha terra, dizem que um remédio para o medo é comer crista de galo cozinhada. Quando eu era pequena, davam-me muita: as crianças têm medo...

segunda-feira, dezembro 27, 2010

A pior das idades: "Que [o mundo] não se muda já como soía"

Não vou dizer a minha idade, que já partilhei e já despartilhei, por me parecer que a maioria das pessoas não compreende nada a respeito do assunto e fica bloqueada quando se fala no tempo. É vulgar alguém ficar muito surpreendido porque outrem, que não vê há 20 anos, está 20 anos mais velho. E também é frequente alguém, quando ouve falar numa pessoa invulgar, perguntar a idade e responder, seja a idade qual for: isso é próprio das pessoas dessa idade. E assim se resolve a constante dificuldade de entender o mundo e o próximo...
Mas a minha idade é mesmo a pior, pelo menos aqui, em Portugal. Senão, vejamos.
Quando inventaram o Inter-rail, que permitia viajar de comboio a preços irrisórios, a peça "Inter-rail" era para jovens até uma determinada idade, suponhamos que era até aos18 anos. Pois eu tinha 19. 
Mais tarde, era concedido crédito aos jovens para comprarem uma casa, talvez até aos 25 anos de idade. Eu tinha 26. 
Apesar disso, apanhei todas as reformas do ensino, de tal maneira que fui das primeiras pessoas a tirar um curso de Letras sem estudar latim (e talvez mesmo grego), pelo que fui muito criticada no passado, como se tivesse culpa. (Agora já ninguém estuda latim e grego, nem parece sentir a falta dessas línguas mortas, dando-me razão ao ter eu optado por Inglês e Alemão). Mais tarde, ao chegar à Universidade, fiz o primeiro ano de um curso que imediatamente deixou de existir, pelo que tive que passar para outro, no segundo ano.
Revolução Permanente? Perguntarão os meus amigos doutras paragens...
Sim, claro: a maoista Revolução Permanente que temos tido sempre, embora sem nos apercebermos dela.


Mas as minhas atribulações, por ter nascido um ano antes ou um ano depois, ainda não terminaram nem estão quase a terminar e, na verdade, estão quase a começar.


Senão, vejamos.
Vou ser uma das primeiras pessoas a só se poderem reformar aos 65 anos, mais provavelmente 67. As pessoas um pouco mais velhas, reformam-se aos 60.
Na minha profissão, que também não digo qual é, a idade é mesmo muito relevante, pelo que serei a primeira  a experimentar a situação de ter essa idade nesta profissão. Como sempre fui atípica, não será talvez aí que me transformarei numa personagem-tipo... só acho que deve ser esquisito e difícil.
Mas há pior. Um reputado economista fez uma afirmação cabalística na televisão: que quando nós chegarmos aos 65, não vamos ter reforma, porque já não há reforma...
Ninguém percebeu muito bem o que ele quis dizer, mas eu, que estou habituada às reformas, estando sempre um ano atrás ou à frente delas...
Se e quando chegar à reforma, talvez já não haja reforma...
Ou, como dizia Camões: o mundo já não muda como mudava dantes, dito assim por ele:
"Outra mudança [o mundo] faz de mor espanto
  Que não se muda já como soía"

domingo, dezembro 26, 2010

Ciao amore, ciao





Uma canção que foi muito apreciada, a seu tempo. E a letra. Algumas palavras estão um nadinha fora do sítio... embora não pareça, é sobre a emigração.


La solita strada, bianca come il sale 
il grano da crescere, i campi da arare. 
Guardare ogni giorno 
se piove o c'e' il sole, 
per saper se domani 
si vive o si muore 
e un bel giorno dire basta e andare via. 
Ciao amore, 
ciao amore, ciao amore ciao. 
Ciao amore, 
ciao amore, ciao amore ciao. 
Andare via lontano 
a cercare un altro mondo 
dire addio al cortile, 
andarsene sognando. 
E poi mille strade grigie come il fumo 
in un mondo di luci sentirsi nessuno. 
Saltare cent'anni in un giorno solo, 
dai carri dei campi 
agli aerei nel cielo. 
E non capirci niente e aver voglia di tornare da te. 
Ciao amore, 
ciao amore, ciao amore ciao. 
Ciao amore, 
ciao amore, ciao amore ciao. 
Non saper fare niente in un mondo che sa tutto 
e non avere un soldo nemmeno per tornare. 
Ciao amore, 
ciao amore, ciao amore ciao. 
Ciao amore, 
ciao amore, ciao amore ciao.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

A velha e a couve

Já me esquecia deste conto popular, pois os religiosos são sempre um pouco esquisitos. Vem a propósito do espírito Natalício.

Era uma vez uma velha muito avarenta, na minha terra diz-se "muito pirata" ou "muito somítica" e que não dava nada a ninguém, não dava uma esmola a um pobre, não fazia bem a pessoa nenhuma.
Um dia em que estava a lavar hortaliças no rio, fugiu-lhe uma couve e ela disse:
- Coibe, bai-te com Deus e que aproveites a quem te encontrar.
Pouco depois, morreu. Ao chegar ao outro mundo, foi para o Purgatório, mas São Pedro disse-lhe:
- Só uma vez na tua vida é que tu fizeste bem, que foi aquela história da couve. Mas eu vou-te dar uma oportunidade. Agarra-te à tua coibe e sobes dependurada nela para o Paraíso.
A velha assim fez, mas as outras almas que estavam no Purgatório, quando a viram a subir para o céu dependurada na couve, também se dependuraram nas pernas dela. Então, a velha começou a dar pontapés às outras almas, batendo-lhes com os pés na cabeça, fazendo-as cair.
- A coibe é minha!  À minha custa e à custa da minha coibe é que bós não habeis de subir para o Paraíso.
E com esta última maldade, acabou por ficar onde estava.
OH!
Moral da história: se dermos uma couve, nunca devemos depois dizer assim:
- A coibe é minha!


(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)

terça-feira, dezembro 21, 2010

Linguagem de emigrante e jogos do Facebook

Dou comigo a  a falar pelo telefone com uma amiga:
- Serias capaz de unwither os meus crops?
Bem, isto tem a ver com um jogo do Facebook. As minhas abóboras estão secas e ressequidas, mas vai lá um amigo, rega-as e elas ficam viçosas e óptimas. Como se diz isto em português? Como dizer algo que não acontece, algo seco tornar-se viçoso? Reavivar? Revitalizar? Desmurchar.
- Ok. - diz ela - E então, apanha-me um stump e um skull (tudo pronunciado como se fosse português: setumpe, sekule).


Ela quer dizer que lhe arranque uma raíz de uma árvore e que lhe apanhe um esqueleto do chão... talvez o esqueleto dum animal... como se diz isto em português?
- Apanha-me esse esqueleto!


Bem, é assim que falam normalmente os emigrantes portugueses: já não sabem, ou nunca souberam, dizer em português certas coisas e portanto, dizem-nas numa miscelânea de português e outra línguas.
Caro amigo: Sem sair de casa, sinta-se emigrante na sua terra, como se estivesse num país anglófono! Talvez lhe sirva para o futuro!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

O ABORTO


- O que pensa sobre o aborto?

- Considero-o um Péssimo 1º ministro e está a governar muito mal o país….

Frase atribuída a Alberto João Jardim (circula na net sem referência à fonte).

Porque será que sempre achei muita graça a este político?



domingo, dezembro 19, 2010

Novos pedintes


Tenho-vos contado aqui sobre os novos pedintes que há agora em Lisboa, ainda recentemente encontrei um que passava recibo, mas protestou por lhe ter dado menos de 5 Euros...
Estes, da foto, são ultramodernos. Estão de passagem por Portugal e até têm site na Internet e blogue. 
Vi-os no Jornal I. 
Instalaram-se numa rua de Lisboa, onde dormem, mudam-se para outra onde pedem, com cartazes separando as esmolas: para comida, para álcool, para charros, para drogas pesadas... as pessoas acham-nos muito sinceros e ajudam muito. Intitulam-se como lazy beggars, isto é, pedintes preguiçosos.


P.S.: Vi-os ontem em Lisboa (15 / 6 / 2012). Não tirei foto porque pensei que já tinha, mas esta não é minha.

sábado, dezembro 18, 2010

Sócrates esFeMiado

Para Sócrates, vale tudo menos vir cá o FMI.
Mas o FMI saberia o que fazer e ele não sabe.
Se as 50 medidas que agora tomou para recuperar a economia são tão importantes, porque não se lembrou delas antes?
Não é ele a pessoa certa para resolver os graves problemas que criou com a corrupção e o despesismo.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Hitler também era socialista

O Cardeal Patriarca disse à Visão que não percebe por que hão-de ser os funcionários públicos a pagar a crise.
Mas parece que toda a gente percebe: porque são os outros trabalhadores que pagam aos funcionários públicos... mas então eles não são necessários?
Este governo é perito em pôr todos contra todos, contra os "privilegiados"...
Com excepção dos casamentos gay e da legalização do aborto, nunca tivemos um governo tão à direita desde a revolução.
Um governo minoritário decide liberalizar os despedimentos e não encontra dificuldade nenhuma em fazer isso...


Hitler também era socialista. Nacional Socialista.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Links para aqui

Ainda estou para entender a razão por que este site tem ligação para os meus blogues. Se alguém entender, agradeço que me diga.
CLICAR AQUI

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Alguns são muito menos iguais que os outros


Governo quer tecto máximo nas indemnizações por despedimento



Não creio que este tecto máximo se aplique aos gestores de topo, muitos deles políticos, que saem sempre a ganhar, mesmo quando são despedidos por "suspeita" de fraude.
Vocês não acham que o palerma do nosso PM anda demasiado bem disposto?
Como aqueles criminosos sem senso moral. Com eles está sempre tudo óptimo...
Haverá ainda alguém que sinta respeito por semelhante criatura?
Só se forem os tolinhos de Almansores!!!

domingo, dezembro 12, 2010

Os de Mansores II

Prosseguem as histórias de Mansores (nome ligeirmente modificado). Chamava-se tolinhos a pessoas atrasadas em termos mentais, talvez por vários motivos, incluindo o de terem sido criadas ao Deus-dará, sem nenhuma educação ou instrução.

Uma vez, um pai e um filho de Mansores compraram sardinhas e, como gostavam muito, mas era muito raro chegarem sardinhas àquela aldeia da serra longe do mar, estavam a dizer assim:
- Ai quem nos dera ter sempre sardinhas para comer.
Passava nesta ocasião por lá o almocreve, que ouviu a conversa e disse:
- Se vocemecês me derem um chapéu [cheio de] dinheiro, eu ensino-vos uma maneira de vós  terdes sempre sardinhas para comer...
Lá lhe deram o chapéu de dinheiro e o almocreve explicou:
- É só sameá-las.
- Samear as sardinhas?
- Claro!
Então, pai e filho semearam as sardinhas que tinham e ficaram a vigiar a sementeira, para que ninguém lha roubasse.
- Vai ser a nossa sorte! Vamos ficar ricos a vender as sardinhas.
Quando as sardinhas começaram a apodrecer, começaram a aparecer alguns bichos. A certa altura, pousou um gafanhoto no peito do pai, mesmo por cima do coração. Então, o pai disse:
- Ó moço, mata-me este gafanhoto!
- E como é que eu o mato, meu pai?
- Dá-lhe um tiro.
E assim foi. O moço deu um tiro no coração do pai e matou o gafanhoto e o pai.

(Eu avisei que estes contos são  muito estúpidos, mas, por isso mesmo, deve haver para eles alguma interpretação interessante, parecem contos exemplares.)

(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Os de Mansores

Publiquei neste blogue muitos contos populares, mas guardei para o fim os mais estranhos e mesmo disparatados. Eram contos que o meu avô contava à lareira, um homem que morreu muito velho e feliz, na sua cama, quando era suposto ter morrido na Flandres, na I Guerra Mundial, da qual desertou e muito bem, a meu ver.


Contava ele umas histórias estrambólicas que situava numa aldeia próxima, aldeia da serra. Embora fosse próxima, ficava num concelho rival, o que explica, em parte, o mal que dizia da gente de lá. 

Caros amigos: peçam-me que conte uma história de Mansores. E eu conto.


História de Mansores


Era de noite e estava muito calor na aldeia de Mansores  As pessoas estavam todas sentadas à porta, porque não aguentavam estar dentro de casa. Foi então que passou um almocreve e lhes disse:
- Se vocemessês me derem um chapéu de dinheiro, eu resolvo-vos o problema.
Deram-lhe o chapéu de dinheiro e o almocreve disse que a solução era tirarem o telhado de colmo das casas. E assim fizeram.
Enquanto durou o Verão viveram eles muito contentes e satisfeitos nas casas sem o telhado de colmo. O pior foi quando veio o Inverno!
Então, estavam eles cheiinhos de frio e todos molhados e passou por lá outra vez o almocreve:
- Se vocemessês me derem um chapéu de dinheiro, eu resolvo-vos o problema.
Deram-lhe o chapéu de dinheiro e o almocreve mandou-os voltar a pôr os telhados.
Eles assim fizeram e assim ficaram todos contentes dentro de casa à lareira, muito quentinhos e protegidos da chuva, por causa dos telhados.


(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)