Para podermos tomar uma decisão, precisamos normalmente de perguntar e ficar a saber os preços das coisas. Como quando queremos escolher um hotel, um ginásio, um sítio de retiro...
E de repente ficamos a saber que já não existem preços! Os preços, agora, chamam-se valores e os valores dependem das "nossas necessidades" - reparem na palavra. Isto acontece, sobretudo, com sítios caros ou não concorrenciais, para evitar que os escolhamos pelo preço...
- Quais são as suas necessidades?
Convidam-nos a sentar-nos, fazem-nos umas 50 perguntas, quase todas íntimas, algumas quase inconfessáveis, sem garantirem o segredo da confissão e, quando estamos a sentir-nos inferiorizados, miseráveis, marginalizados, então sim, dizem-nos os valores.
Frisando: estes valores são para as suas necessidades. Para outras pessoas com diferentes necessidades, os valores poderão ser muito diferentes.
Quase a perder a paciência, num ginásio que fica perto do meu, muito inferior e quase com o mesmo preço, exclamo:
- Este ginásio tem ou não tem piscina? Tem ou deixa de ter piscina conforme as minhas necessidades?
- Não tem. - confessa finalmente a criatura.
- E os valores? - pergunto, já com ironia e irritadíssima.
- Só posso dizer os valores depois de lhe fazer o inquérito para avaliar a sua situação e ficarmos a saber quais são as suas necessidades.
Tão humilhados nos sentimos no fim do inquérito, que, quando nos dizem os valores adequados para as nossas necessidades, não nos passa pela cabeça dizer que achamos caro. LOL.
Como num ginásio, onde acabei por descobrir, após o interrogatório, que apenas havia uma salita com meia dúzia de máquinas. Enfim, negociei com o meu, o Holmes Place e alteraram os "valores" para metade.