Esta é uma Foto de Louise Brooks - atriz do cinema mudo.
Foto dos anos 20
Fotógrafo
Eugene Robert Richee.
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
Esta é uma Foto de Louise Brooks - atriz do cinema mudo.
Foto dos anos 20
Fotógrafo
Eugene Robert Richee.
No centenário da Natália Correia, recordo muitas vezes um episódio. Eu andava a escrever a primeira tese universitária sobre a sua obra (ninguém queria fazer ou orientar essas teses por medo dela) e ia muito regularmente ao Botequim, onde participava das tertúlias constantes que lá se faziam. Se ainda não leram, vale a pena ler o livro muito interessante da Natália “Não percas a Rosa” um diário do PREC em que quase tudo acontece neste restaurante-bar, pertencente ao seu terceiro marido.
Comecei a interessar-me por política, pois a Natália fazia questão que eu me sentasse na mesa dela ou na do Dórdio Guimarães, o quarto marido, desde que eu lhe disse que estava a fazer a tese. Comecei a ler os jornais e a ver o telejornal, sobretudo ao sábado, antes de ir para lá, para poder participar ativamente das conversas.
Um dia, o telejornal deu uma curta entrevista com o escritor David Mourão Ferreira, muito amigo da Natália, mas eu não percebi nada do que ele disse. Pensei: o que vou eu dizer à Natália? Que não percebi nada? Nem pensar nisso é bom! Não vou ao Botequim. Vou e digo que não vi. Vou e digo que percebi tudo. Não vou.
Digo que o televisor se avariou, conjecturava eu já no táxi a caminho do Botequim. Pronto, digo que vi e finjo que percebi perfeitamente, digo que sim com a cabeça… quando lá chegar volto para trás e vou para casa…
Mal entro no Botequim, dou um beijo à Natália, sento-me à mesa e a Natália pergunta- me imediatamente:
- A menina viu a entrevista com o David Mourão Ferreira na televisão ?
- Vi.
- E percebeu alguma coisa?
- Não… não percebi nada.
A Natália ficou muito feliz com esta resposta e disse muito alto, dirigindo-se a todos os que se encontravam no bar:
- Veem? Esta menina não percebeu absolutamente nada do que disse o David! Vou já telefonar ao David e dizer-lhe! Ó Sr. Bandola, ligue-me já o telefone para o David Mourão Ferreira.
Envergonhadíssima, aterrada, a pensar que estava a viver um pesadelo, pouco faltou para eu me meter debaixo da mesa ou fugir dali a sete pés, ao ouvir tais declarações. Mas a Natália explicou-me: também não tinha percebido nada, mas toda a gente que entrou no Botequim antes de mim e a quem fez a mesma pergunta, respondeu logo que tinha percebido tudo perfeitamente.
Ao telefone, minutos depois, o “David” contou-lhe que nessa entrevista tinha dito cobras e lagartos da situação política e sobretudo de Cavaco Silva. Então os jornalistas cortaram todas as críticas que fez e emendaram as outras frases e o seu discurso de tal maneira absurda, que nem ele próprio percebeu nada do que disse no noticiário do Telejornal.
Depois desta conversa, a Natália contou alto e bom som tudo isto , injuriou todos os outros frequentadores que se encontravam no Botequim e elogiou-me imenso, colocando-me nos píncaros, menina cultíssima, inteligentíssima, verdadeira, disse logo que não percebeu nada…
Completamente babada com tanto elogio dito em voz alta e naquele tom de voz da Natália, jurei para nunca mais voltar a ter as dúvidas que tinha tido e jurei para mim mesma que nunca mais iria fingir perceber o que não perceber.
E também jurei, é claro, que nunca iria perder a rosa.
Não tenho prestado atenção à política nacional nem a questões como a de um tipo que deu um beijo numa rapariga, a questão nacional está perfeita, no melhor dos mundos possíveis, por enquanto…
Como dar atenção a essas niquices quando a Ucrânia já perdeu 400 mil soldados pobres, sendo que os heróis ricos pagaram subornos e atestados médicos falsos (até parecem portugueses) quando, entre a Ucrânia e a Rússia há muitos milhares de amputados, quando há tanta gente a sofrer horrores na Ucrânia e na Rússia, quando ninguém é a favor da paz exceto o Papa e pessoas que são criticadas por isso, quando a desumanidade se tornou bandeira daqueles que julgam defender a democracia e os direitos humanos?
Quais são os direitos humanos do povo ucraniano que estão a ser defendidos neste momento, quais os direitos humanos dos russos que perdem filhos, maridos e pais nesta guerra que ninguém quer que termine, porque a comunicação social nos diz que é uma guerra boa?
Conheço muito mar, mas ainda não conhecia o caminho para as Berlengas, nem as Berlengas. Imaginei que fosse um lugar igual a tantos outros, mas não é.
Não me ocorreu tomar comprimidos para o enjoo ou levar sacos para vomitar como muitos fizeram e acabei por ir todo o caminho a conversar com dois rapazitos, um português e um brasileiro, cujos pais, avós e tias vomitavam furiosamente num sacos pretos fornecidos pela companhia de navegação.
Os rapazitos não enjoaram, é claro e eu muito menos. Acabou por ser uma viagem imaginária. Quando as ondas de três metros elevavam o navio e o faziam oscilar um pouco de través, um deles imaginava um tubarão a saltar e a it ter connosco. De nada valeu dizer que os tubarões são peixes e não golfinhos, garantiu que os tubarões brancos saltam três metros.
Quando mais tarde eu almoçava satisfeitíssima no meu lugar que reservei num restaurante, aparecem as três guias turísticas da pequena e simpática agência de viagens, tão enjoadas que quase me vomitavam em cima quando perguntei se eram servidas do meus camarões “al ajilo” regados com vinho verde branco. Uma delas chegou mesmo a desmaiar, pelo que me contaram. Porque é que não tomou comprimidos para o enjoo? Tomar, tomei, mas vomitei-os logo…
Fui entretanto ver a ilha que o mesmo é dizer ver as gaivotas, até fotografei e filmei uma delas no ninho com os pequenitos. Quando cheguei à praiazinha do tamanho de um lenço da mão para um mergulho refrescante, já as duas guias mais jovens me chamaram de dentro do mar de braços erguidos, gritando em altos berros “trabalhar assim!!!”, já esquecidas da tenebrosa e enjoativa viagem de regresso.
Acabei por trazer do mar duas pequenas penas brancas, a pensar na minha irmã mais velha e nos anjos. Sempre que vou ao mar, agora, recordo-a intensamente e com prazer, numa saudade alegre.
Nunca gostei de contemplar as estrelas, mesmo quando em criança fazia isso com o meu avô e a minha família, nas noites quentes de verão, porque imaginava sempre um imenso vazio. Além do vazio, imaginava um tempo infinito, nenhum deles com espaço para nós. Um tempo que não podemos viver, um espaço onde não há outros seres como nós.
Imaginando agora que no espaço estelar existem outros seres, ao olhar para a noite estrelada sinto-me mais acompanhada do que alguma vez me senti.
Imagino esses seres distantes e talvez muito estranhos a olharem para as estrelas e a imaginarem o vazio ou a pressentirem-nos a nós e a outros como eles…
E as noites de verão com muitas estrelas visíveis mudaram completamente para mim.
Paz? Quem quer a paz é acusado de gostar de Putin. Quem gosta da Ucrânia quer isto que se vê nas fotos!
Imagem: pintura de Célia Pike
Conhecem a história da Jenny do Totanic?
Era uma gata que levaram para o Titanic para comer ratos (trabalhar) e como mascote, transferida de outro navio. Era tratado por um tripulante chamado Jim Mulholland e teve logo uma ninhada de gatinhos.
Quando aportaram a Southampton, a Jenny saiu e levou a ninhada, transportando um por um os gatinhos.
Ao ver isto, Jim Mulholland pensou que a gata deveria saber algo que ninguem mais sabia e saiu também. História gira, não é?
A cadela de um amigo meu foi atropelada. Até agora, já gastou 800 Euros e ainda não sabe quanto custará a cirurgia.
Vi a radiografia dos ossos partidos e fora do sítio da pata. Há umas décadas, sem radiografia, os médicos puxavam pela perna ou pelo braço do doente humano e punham os ossos no sítio. Agora é necessária uma cirurgia para a cadela, tão cara que o dono não sabe se pode pagar. Disseram-lhe, enfim, deram-lhe a entender com muita clareza:
“- Ou tens dinheiro para pagar, ou vais-te embora. “
Fiz-lhe ver que as colónias de gatos (gosto mais de gatos e por isso estou mais a par) têm veterinários que fazem castração das gatas gratuitamente. Esses nunca dirão:
“- Ou tens dinheiro para pagar, ou vais-te embora.’
Sim, há sítios mais baratos e que nunca dirão tal coisa. Toda a gente que conheço fica horrorizada perante esta frase, coitadinhos dos cães e dos gatos… o porco, o bacalhau, as galinhas também são animais, mas não são bonitos nem queridinhos…
Nos Estafos Unidos, o que se nota bem, se prestarmos atenção, nas séries que decorrem em hospitais ou clínicas, quando lhes aparece alguém com cancro, dizem-lhe:
“- Ou tens dinheiro para pagar, ou tens um seguro de saúde que pague, ou vais-te embora.”
Na série com o título poético Virgin River, uma mulher com Lúpus não quer ir ao médico, por saber o que a espera, mas o marido insiste. Então, médico explica ao marido: o tratamento do Lúpus custa 36 mil euros por ano. O casal não poupa nem um cêntimo por mês, portanto, a senhora não poderá tratar-se. Sim, pode: naquele lugar idílico, vão fazer uma festa cujos lucros revertem para o tratamento. Fica tudo ótimo, na série.
Aparentemente, os americanos acham normal, que alguma pessoa não seja tratada porque não tem nem dinheiro nem seguro para se tratar, como acham normal darem biliões de dólares dos seus impostos para provocarem e manterem guerras em solo alheio.
Guerras em lugares em que ninguém tem seguro de saúde e muito menos dinheiro, em que ninguém acha estranho que lhe digam, quando está a morrer:
“- Ou tens dinheiro para pagar, ou vais-te embora.”
Sabem-me dizer em que mundo vivemos? Em que século?
- Por favor, em que século estamos? Em que planeta? Please?!
(Em Portugal também era assim no século XIX e depois, se lermos com atenção o livro de Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro.)
Recordam-me agora deste texto escrito em 2009
https://terraimunda.blogspot.com/2009/07/apetece-me-contar-vos-isto.html
Os novos reis de Inglaterra são feiitos e com uma ar nada majestático nem régio, mas as roupagens maravilhosas e o barulho das luzes tornam tudo deslumbrante.
Quanto ao povão inglês, nem sequer consegue chegar perto, mas sentem-se todos muito felizes vestidos de formas ridículas, por contraste com aqueles seres vestidos e coroados com milhões de libras, como querendo demonstrar que não pertencem à mesma espécie.
Entretanto, a polícia encarregou-se de meter na cadeia quem pensa e se exprime de modo diferente, como os republicanos e os ecologistas, num país que se gaba de ser democrático.
Lol. Assim vai o planeta!
Até há poucos anos, os jornais publicavam uma grande mentira logo na primeira página, no dia um de abril. Todos tentavam descobrir qual era e às vezes acertavam.
Hoje em dia, os jornais trazem grandes mentiras logo na primeira página todos os dias. Ninguém, tenta descobrir quais são e se alguém tentar, não acerta.
Os nossos soldados marinheiros só participam em missões que não impliquem qualquer risco de vida para eles próprios, mas isso não é grave, porque há muitas: coser meias, tratar de bebés, fazer croché…
Cozinhar implica o risco de incêndio, os agricultores e jardineiros correm o risco de apanhar uma pneumonia ou uma entorse, o mesmo para os cantoneiros, os médicos e enfermeiros podem contrair doenças contagiosas… é tudo perigisíssimo!
(Imagem: Foto retirada da Internet)
Já se percebe: agora que a paz estava à vista, o TPI (juízes ingleses e polacos)tornaram-na completamente inviável, com o custo de descridibilizarem completamente o TPI.
Há um ano, também Boris Johnson inviabilizou a paz que estava à vista, pois o chamado “triângulo do Diabo” lucra com a guerra ao vender armamento. Em breve haverá soldados portugueses a serem trucidados na Ucrânia. O que nos vale é que os nossos soldados vão fazer como os marinheiros dos Açores: não temos condições de segurança! Não vamos!
Muitos ucranianos também estão a fugir, apesar da recente legislação de Zelensky que endureceu as penas para os heróis que fogem da guerra. Ou que recuam da frente de combate, ou que fingem estar doentes… glória aos heróis! Glória à Ucrânia!
Enfim, quem quer a guerra são uns dez ou onze políticos… que conseguem convencer os amigos da Ucrânia de que é bom para os ucranianos servirem de carne para canhão, sobrando uma sociedade de viúvas e órfãos, mão de obra baratíssima para as empresas americanas e do “triângulo do Diabo”, como lhe chama o Sul Global (Inglaterra, França, Estados Unidos). Glória à Ucrânia, que se está a oferecer, como Carneiro no altar do sacrifício no altar de interesses mais elevados: os do Triângulo do Diabo.
Quando se celebra o centenário de Natália Correia, esta visão desassombrada de Agostinho Costa sobre a guerra continua a ser uma novidade absoluta.
(Imagem: cartoon com assinatura)
Os comentadores e cronistas que defendiam a versão oficial e quase única sobre o Covid, defendem agora a versão oficial e quase única da guerra e estão muito bem na vida.
Quem não gosta de interpretações oficiais e únicas da realidade, informa-se e tenta contrariá-las: Covid, guerra e o que vier. Como comentador, filósofo, escritor, quem assim fala não tem futuro…
Isto faz-me lembrar a peça de teatro Rhinocéros de Ionesco, em que todas as pessoas se transformam em rinocerontes. As que tentam resistir acabam por ceder para serem iguais à maioria.
A União Soviética, para permitir a representação desta peça nos seus teatros, pediu a Ionesco que declarasse não ter intenção de a criticar, o que foi recusado. Não, Rhinocéros não é só uma crítica à União Soviética, embora também o seja.
Rhinocéros é também uma crítica ao pensamento único que se está a instalar nas “democracias” ocidentais: Covid, guerra e o mais que aí vem. E há-de vir. Aparentemente, seguem-se os OVNIS.
Criticam Cristiano Ronaldo por ter escolhido a Arábia Saudita em vez de Portugal? Mas foi Portugal que o obrigou a ficar sentado num banco a ver a seleção portuguesa a ser derrotada no campeonato do mundo! Aparentemente por ter dito um palavrão entre-dentes contra selecionador.
Muitos de nós já passamos por algo de semelhante, num país em que são os “vidrinhos” que estão no poder, pessoas medíocres que se sentem ofendidas se não forem elogiadas, louvaminhadas. Que sentem necessidade de espezinhar e marginalizar os melhores.
Não esquecer que este selecionador foi substituído, mas recebeu uma indemnização tão grande, que, comparada com ela, a da Alexandra parece uma ninharia. É por estas e por outras que estamos sempre a ser ultrapassados na União Europeia.
Este jornal ucraniano on-line e em inglês, Kyiv Independent, foi fundado por jornalistas expulsos do jornal Kyiv Post, antes também independente, por não se submeterem a Zelensky, como se lê no último Expresso.
Neste número, o Kyiv Independent acusa Zelensky do seguinte: como tem de alterar a legislação para se adaptar à União Europeia, aproveitou a oportunidade para fazer leis que lhe dão o controle da imprensa: já tem o controle da justiça, do parlamento, etc.
A diretora deste jornal, Olga Rudenko, uma das personalidades do ano, considera Zelensky “desesperadamente medíocre”.
Se seguirmos o jornal no Twitter, estaremos a apoiá-lo. É menos tendencioso do que os nossos jornalistas portugueses quando comentam este conflito, pois põe em causa o presidente.
Para quem lê inglês, recomenda-se. Claro que é mil por cento contra a Rússia, como é natural, é o inimigo. Deles. O que não é motivo para nós não termos uma visão neutral.
A visão neutra é a mais difícil, mas cito a nossa Sophia “odiei o que era fácil”.