quinta-feira, agosto 15, 2013

Então as férias não são para descansar?








Tudo bem. Descansa-se a trabalhar.
Depois, em Lisboa, faço posts mais explicativos.
Vêem-se por aqui muito poucos estrangeiros provenientes da Europa. Como ontem à noite pedi uma visita guiada, tive hoje direito a uma só para mim, com um Sinar giríssimo e simpático a falar português só para mim e ainda tive direito à companhia da sua namorada espanhola.

Noo hotel sou a única europeia também, mas há muitos turistas orientais. Muitos europeus, ou ocidentais (vi 3 brasileiros, pai, mãe e filha, nesta visita, também acompanhados por uma guia que falava português só para eles) anularam as reservas que tinham feito. Tiveram medo daquilo que a mim me atraiu, a contestação do sistema, que os turcos fizeram recentemente. Mas também da situação da Síria, que confina com a Turquia.

Ontem subi no elevador, chegando ao quarto no momento em que todas as  mesquitas fazem o apelo á oração. Antigamente era um Muezin, homem de voz muito potente, que subia ao minarete (aquelas torres muito altas e estreitas dos lados das mesquitas) e entoava o apelo, hoje em dia os minaretes têm atifalantes para os 4 pontos  cardeais e mensagens gravadas. O que nos parece uma chinfrineira, mas não é desagradável de ouvir, se sabemos que só dura uns minutos. A princípio assustei-me, parecia-me música pimba em alto som... :)

Subia comigo no elevador um iraquiano que me disse várias vezes, após me ter perguntado  de onde era:
- Wellcome, Wellcome to Turquia.

Por estas palavras se entende que se sente aqui em casa e que eu não estou em casa. Por ser um país muçulmano, a sua casa é a religião muçulmana. Percebi depois que chegou ao quarto a tempo de rezar. Talvez não a tempo de lavar os pés e as mãos antes disso... vi-o hoje com mulheres de preto e lenço preto na cabeça.
O guia, Sinar, é muçulmano não praticante. Diz que 40 por cento dos muçulmanos turcos o são, pois é aqui permitido. Também é por isso que discordam do seu primeiro ministro, muito beato.
De facto, até criou a imposição de as mulheres entrarem convenientemente vestidas no museu Topkaki. Eu não precisei de fazer nada, mas a espanhola não entrou, para não usar uma burka, como ela chama às roupas que nos obrigam a vestir.
A razão para fazer isto, ao contrário do Ataturk que secularizou até a igreja / mesquita de Hagia Sofia, também transformada em museu, é que o Topapki contém várias relíquias do cristianismo e da religião muçulmana.
Gostei de ver o Bastão de Moisés, creio que se chama vara de Aarão, a espada de David, mas não gostei de ver e realmente não vi os pêlos da barba do profeta. Cada um deles está quase invisível, dentro de uma caixinha de ouro, estendido sobre duas pedras preciosas. Não gosto nada da relação que as religiões estabelecem com os pêlos do corpo humano e disse ao Sinar que queria sair dali.
Vi também o 6º  maior diamante do mundo, chamado qualquer coisa como "Diamante do Colhereiro" (aquele que faz colheres) do tamanho de um ovo de galinha classe S. E muitas esmeraldas do tamanho de ovos de galinha classe M. Nunca tinha visto tanta maravilha em termos de pedras preciosas.
O diamante é magnífico, parece ter luz própria. Tentaram roubá-lo muitas vezes.

quarta-feira, agosto 14, 2013

Cadeiras




Esquecendo que ainda não estou na União Europeia (digo ainda, porque a Turquia já pediu a sua entrada pela segunda vez), procuro várias coisas que não existem. Um sítio para dar informações aos turistas, uma planta da cidade. O rapaz do restaurante onde almocei foi comigo a uma espécie de papelaria, onde me mostraram um atlas do mundo. Mas não tinha  planta de Istambul. Só nas paragens de autocarro e não há também no sítio de táxis para turistas.

Em contrapartida, encontrei várias coisas que não procurei. Como, por exemplo, estas e outras cadeiras colocadas na rua, incluindo os dois banquinhos, à porta de uma loja fechada, um deles já esmagado, talvez por um automóvel. Suspeito, neste momento, que as cadeiras estão a guardar o lugar de motorizadas, mas ainda não sei bem.

Esta ausência de receio de colocar muitas coisas na rua da quarta maior cidade do mundo, que também se verifica no mobiliário de jardim, é tanto mais estranha, quanto, no hotel, não me queriam devolver o passaporte. Porque há muitos carteiristas e é melhor deixá-lo aqui. Colocavam-no num sítio onde era facílimo roubá-lo, por trás da rececionista. Recusei, claro. Como solução de compromisso, aluguei um cofre e deixei-o lá, com alguns cartões.
- E se a polícia me pedir o passaporte?
- Diga que está no hotel!

Já me têm dito que gostam dos diários de viagem deste blogue, porque mostram muitos aspetos invulgares que os outros não mostram, em vez de mostrarem o que é idêntico em toda a parte.

Mas para isso é preciso fazer o tipo de viagem que os outros não fazem. Sem guias locais a mostrarem-nos o que querem que vejamos.

Hoje, 15 de Agosto, descobri o mistério das cadeiras, que também vi na avenida moderna onde fica o meu hotel. Qualquer pessoa as pode utilizar e utiliza. Até se marcam encontros nelas. Nesse e noutros aspetos este país é muito civilizado e temos muito a aprender e a imitar. Ideia simples e boa.

Istambul






O único lugar que conheço nesta cidade e todo o mundo conhece é a praça Taksim, onde tem havido manifestações.
Mal saio do hotel para explorar as redondezas, vejo um autocarro que diz Taksim. Entrei. Não estava na paragem, mas tinha porta aberta.
Fui parar a um sítio qualquer, muito bonito, à beira mar. Amanhã tentarei ir numa visita guiada. Às quartas feiras não há e ainda bem, pois gosto de deambular e de fazer exercício.
Esta gente só fala turco, até mesmo os taxistas próprios para turistas. Afirmam falar inglês, mas não deve ser o mesmo inglês que eu falo.
Depois entrei em vários autocarros: mostrei os 2 Euros que me parece ser o preço, mas as pessoas a quem tentei impingi-los abriram os braços, encolheram os ombros e disseram uma frase em turco, sempre a mesma. Saí onde me apeteceu, sem pagar e ninguém pareceu importar-se com isso.
O taxista que me trouxe ao hotel era simpático, mas nem tentei falar com ele, apenas lhe mostrei o papel com a direção.
São todos muito simpáticos, embora ninguém fale uma palavra que se entenda.

terça-feira, agosto 13, 2013

Ciao




Depois digo alguma coisinha.
Só uma dica: desta vez levo um lenço para por na cabeça, para não ser obrigada a colocar lenços transpirados e quiçá, com piolhos, como no ano passado.
Só mais uma dica: não vou para o mar.

sexta-feira, agosto 09, 2013

Miradouro Arco da Rua Augusta III







Também está finalmente visível ao público a Estátua de D. José, no Terreiro do Paço (praça também chamada, prosaicamente, Praça do Comércio), há meses em restauro.
Muito bonita, parece nova em folha.

Pena não terem consertado os dedos da personagem masculina, no grupo escultórico do lado nascente. Até parece querer dizer alguma coisa com os dedos assim, num gesto à Pedro Abrunhosa. Terá sido de propósito? Talvez a pensar na atual situação política?  :)

Como nesta antiga foto da primeira grande manifestação de professores, por exemplo. Ver neste blogue, AQUI


Miradouro Arco da Rua Augusta II






Algumas novas perspetivas, visíveis do Miradouro Arco da Rua Augusta , inaugurado hoje.

A própria Rua Augusta, na última foto, parece um tabuleiro de xadrez, com príncipes e princesas.

Há quem diga que é a mais bela praça do mundo, ou mesmo a única praça do mundo que se abre para o "mar", "mar da Palha", rio Tejo.

VER NOTÍCIA AQUI

E há uma parte III, neste blogue, sobre a Estátua de D. José.

Miradouro Arco da Rua Augusta I







Abriu hoje o Miradouro Arco da Rua Augusta, que estava encerrado há muito tempo. E que nos mostra  desconhecidas perspetivas, todas lindas, da nossa capital. Mais exatamente, numa visão de 360 graus, mas também para a Praça do comércio, mais conhecida por Terreiro do Paço. 

Há quem diga que é a mais bela praça do mundo, ou mesmo a única praça do mundo que se abre para o "mar", "mar da Palha", rio Tejo.

O Arco também foi restaurado, bem como a estátua de D. José. Está tudo lindíssimo.

As figuras alegóricas são a Glória, coroando o Génio e o Valor. 

Seguem mais dois posts sobre o assunto.


A situação não está pior, a consciência do povo é que mudou. Para sempre.

É como se estivéssemos em França, alguns anos antes da revolução. A situação não estava pior, a consciência do povo é que tinha mudado. Para sempre.

Vemos os políticos a já nem disfarçarem a corrupção. A já nem disfarçarem que cortam nas nossas pensões e não nas deles.

A Troika propôs em alternativa: aumentar a idade da reforma para 66 anos, ou fazer um teto máximo para pensões:  ninguém auferiria um a pensão acima de 5000 Euros. Mas alguns políticos e outras criaturas indiretamente ligadas à política ganham centenas de milhares de euros de reforma, por mês, todos os meses, como o Jardim, antigo CEO do BCP.  

O governo escolheu, como sempre escolheram os nossos recentes governos: pagam os pobres.

É como se estivéssemos em França, alguns anos antes da revolução. "A brincar aos pobrezinhos". A situação não estava pior, a consciência do povo é que tinha mudado. Para sempre.

E muita gente do povo continua a brincar aos ricos. A sonhar que um dia vai ser rica, quando tudo indica que um dia vai ser indigente.


quinta-feira, agosto 08, 2013

Marinho Pinto: "Tribunais arbitrais e governo, roubam o estado"

A democracia a atual é apenas isto: toda a gente pode dizer tudo o que lhe apetece. Como os três principais partidos se ocultam uns aos outros, não adianta nada protestar. Esta é  a fase atual. Mas não poderá ser sempre assim, claro.

Estes políticos vigaristas, corruptos, miseráveis, já nem tentam enganar-nos

Pensões: políticos também escapam a cortes

As reformas vão ser cortadas, apesar de o Portas ter afirmado que era "irrevogavelmente" contra.
Há exceções: as reformas dos políticos, dos juízes (para que o Tribunal Constitucional não seja contra, partindo do pressuposto de que os juízes do Tribunal Constitucional só se preocupam com eles mesmos...) e, talvez para disfarçar, ou por ainda não ser evidente, dos diplomatas.




quarta-feira, agosto 07, 2013

O Papa que agrada mais a ateus e agnósticos do que à "Santa Sé"



Nas páginas do Facebook deste Papa, aparecem pessoas a dizer que se reconciliaram com  a Igreja Católica, sendo imediatamente acolhidas por católicos convictos, outros dizem-lhe que são ateus ou agnósticos, ou de outra qualquer religião, declarando-lhe, contudo, que gostam dele. Em todas as línguas.

Pelo contrário, Francisco parece não agradar nada à auto-designada "Santa Sé" e muito menos à auto-designada Opus Dei (Obra de Deus).

Os sinais são inequívocos, a começar por desmentidos do Vaticano a falas em direto do Papa, a atos menos claros, como a proibição da venda dos seus livros nas livrarias da Opus.

Esperemos: à suspeita de assassinato e ocultação do mesmo, dentro dos portões do Vaticano, de João Paulo I, não poderá agora acontecer uma morte súbita deste, tão vaticinada por ateus e agnósticos. Seria demasiado óbvio. Mas a limpeza que Francisco está a fazer, proibindo que prelados sob suspeita de crimes se mantenham dentro de portas, a sua confraternização nada elitista com o povo, o conselho dado aos jovens, no Brasil, para serem contestatários e até mesmo revolucionários, a crítica implícita e explícita ao luxo e poder do clero, até pela adoção do nome Francisco, como o de Assis, deixam um justificado receio pela sua sobrevivência física...


Por outro lado, a atitude do Papa Francisco inscreve-se nas exigências nossa era, que pede maior pureza, maior convicção e grande coerência, a todos os níveis e a toda a gente. Os rapazes já não vão para padres para fugirem ao pesadíssimo e miserável trabalho agrícola, pelo menos na Europa. Sendo assim, devem cumprir os votos que aceitaram fazer. Todos. Mesmo que não concordem com todos.

Mas não confundir coerência partidária ou institucional com COERÊNCIA propriamente dita. Que é frequentemente o seu oposto.

Ficamos à espera da ordenação das mulheres. Quero assistir à primeira missa de uma ou duas teólogas que muito admiro, mil vezes mais inteligentes, mil vezes mais cultas e  mil vezes mais vocacionadas do que qualquer padre da mesma idade. E creio que algumas já dizem missa às ocultas.

Mas não prometo reconverter-me ao catolicismo: o passado histórico não deve ser ignorado e existem outras religiões. 

E não esquecer que Bento XVI preparou o terreno para o aparecimento de Francisco. Talvez até se tenha sacrificado por ele, apesar da sua humana vaidade.

A foto (da net) mostra dois homens, simplesmente vestidos, talvez cheios de dúvidas perante o "silêncio de Deus", como dizia Bento XVI, mas resplandecentes de HUMANIDADE. E de ESPIRITUALIDADE.


domingo, agosto 04, 2013

Dívida pública ameaça pensões

Enquanto estamos de férias, de preferência na praia e sem querermos pensar na realidade que já é bastante chata, Paulo Portas e outros irresponsáveis tomam decisões como esta

Dívida pública ameaça pensões


Governo manda investir até 90% do dinheiro das reformas em títulos do Estado. Se houver uma reestruturação da dívida, pode haver perdas altas.

São sempre os mesmos  a pagar os desmandos dos políticos.

VER TAMBÉM AQUI

    Vaticano versus Papa


    Insisto neste assunto por me parecer um sinal dos tempos.

    O Papa Francisco surpreendeu o mundo ao afirmar uma grande tolerância (pessoal?) para com os homossexuais. Diz também que os jovens devem ser revolucionários e esta palavra não é metafórica, mas parece que a comunicação social a ignorou.

    Revolução? Leiam isto:

    “Los conservadores de la curia huelen que su tiempo ha acabado”, evalúa Paolo Rodari, vaticanista de La Repubblica. Los analistas coinciden en que al final de este verano sin veraneo para el Papa —que renunció al habitual descanso en Castel Gandolfo— llega el momento de la batalla a una Iglesia burocratizada, barroca en su organización, poco transparente e ineficaz. Una batalla que es el principal legado entregado al nuevo sucesor de san Pedro por el cónclave que lo eligió."


    Temos aqui um  desmentido, anterior, sobre as acusações de Lobby gay feitas pelo Papa

    “Lobby gay”: Padre Lombardi desmente



    Sem falar do anterior desmentido, a respeito de quem vai para o céu já aqui referido (clicar na tag Papa Francisco, abaixo).

    sábado, agosto 03, 2013

    O pirata Long John Silver




    Há dois anos por esta altura, li em Cabo Verde, ilha e cidade de São Vicente, um livro intitulado História Geral dos Piratas, que chegou  a ser erradamente atribuído a Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoe. Para ver o que escrevi neste blogue sobre essa obra, clicar por cima.

    O livro, que li com grande prazer e entusiasmo, até por estar numa ilha onde esses piratas terão aportado várias vezes, é assinado por um alegado pirata arrependido, chamado Johnson.

    Leio agora com igual prazer o livro Long John Silver, que frequentemente se refere ao anterior, sendo uma das personagens o próprio Daniel Defoe, como autor da História Geral dos Piratas.

    É um romance razoavelmente bem escrito, com  a vantagem de o seu autor Bjorn Larsson, ter passado vários anos a navegar, pelo que todo o percurso marítimo não soa a falso, nem a cenário de cinema.

    Não sendo nenhum must read, a não ser para quem gosta do tema (mar, marinheiros, piratas), tem também a vantagem de estar em saldo, com aqueles descontos especiais de fim de coleção, daquelas que não se venderam muito.

    Conta a história fictícia do terrível pirata Long John Silver, amigo do escritor Daniel Defoe, escrita pelo próprio (pirata).
    Este Long John Silver é também protagonisa do famosíssimo romance A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson.


    (Algumas das informações que aqui forneço, não as tinha quando comecei a ler, pelo que você partirá em vantagem. Pode optar por ler primeiro, ou depois, qualquer um dos outros.) Com a particularidade de que todos os três representam ótimas leituras para férias, por apelarem ao espírito de aventura, ao mar, às viagens.  


    Mas não a viagens como turistas...

    quinta-feira, agosto 01, 2013

    Será que o nosso Rei D. João VI andava a brincar aos pobrezinhos?

    Por onde se depreende que o nosso rei, D. João VI, ido ou fugido para o Brasil, onde se sentiu muito bem, comia muitíssimos frangos assados por dia.

    Será que andava a "brincar aos pobrezinhos"? Digo isso, porque o frango de churrasco, hoje em dia, não é comida de ricos... E porque uma senhora multimilionária, com casa de férias na Comporta, uma casa a imitar as dos arrozeiros, mas adaptada, afirmou que andava a "brincar aos pobrezinhos".

    Cuidado! Os atuais pobrezinhos portugueses são muito gordos! E até fazem operações para emagrecer, tipo banda gástrica, à custa do estado.

    quarta-feira, julho 31, 2013

    Porque é que Camões não usava as consoantes mudas que caíram com o AO?

    Realmente, a oposição ao acordo ortográfico parece ser mais psicológica do que lógica.

    Pessoas inteligentes e cultas não têm medo nem vergonha de dizerem e escreverem as maiores bacoradas, como se estivessem apenas a contar anedotas.

    Este post do blogue Em Português Grande demonstra isso claramente.

    Mostra, também, que Camões não usava as consoantes mudas que caíram com o AO, nem mesmo (por sistema) muitas que caíram em 1911, com uma polémica maior do que a atual.

    É o caso de "«ninfas», «profeta», «cristalino», «fantasia», «Olimpo», etc., palavras que na posterior fase cultista passaram a escrever-se «nymphas», «propheta», «crystallino», «phantasia», «Olympo» “ .

    Porquê? Porque foram introduzidas posteriormente, como preciosismos barrocos.



    Andamos todos a brincar aos pobrezinhos

    Esta frase "brincar aos pobrezinhos" veio mesmo a  propósito da situação de crise que o país atravessa.

    Quando a li no Expresso, em caixa, não percebi o que queria dizer, mas parece-me que ninguém percebeu: uma  filha-família queque diz que passa férias na Comporta, a "brincar aos pobrezinhos".

    Por aqui se vê como as nossas elites são... completem com  palavra que acharem bem.

    E no sábado vai haver uma invasão da Comporta por um bando de "pobrezinhos" arrebanhados à pressa no Facebook. Está tudo doido.

    Coloco aqui um link para uma crónica interessante sobre este tema, que diz isto:

    " Para [Warren] Buffet, o direito de herança que faz dos filhos dos ricos ricos e dos pobres pobres significa querer ganhar os Jogos Olímpicos de amanhã com os descendentes da equipa dos jogos de há 40 anos."

    "Talvez por isso, Warren Buffett assumiu, numa entrevista a CNN, que "há guerra de classes, com certeza, mas é a minha classe, a classe rica, que está a fazer a guerra, e estamos a ganhá-la". Recordou ainda que só paga 17% de impostos, enquanto os seus empregados pagam 33% ou 41%."



    Conclusão: enquanto decorre a luta de classes referida por Warren Buffett, não apenas rico mas uma das pessoas mais poderosas do mundo, uma luta de classes que nos passa despercebida, nós andamos todos a brincar aos pobrezinhos e um dia paramos de brincar e acordamos... pobrezinhos. Ou já somos?

    terça-feira, julho 30, 2013

    Valores e necessidades

    Para podermos tomar uma decisão, precisamos normalmente de perguntar e ficar a saber os preços das coisas. Como quando queremos escolher um hotel, um ginásio, um sítio de retiro...

    E de repente ficamos a saber que já não existem preços! Os preços, agora, chamam-se valores e os valores dependem das "nossas necessidades" - reparem na palavra. Isto acontece, sobretudo, com sítios caros ou não concorrenciais, para evitar que os escolhamos pelo preço...

    - Quais são as suas necessidades?

    Convidam-nos a sentar-nos, fazem-nos umas 50 perguntas, quase todas íntimas, algumas quase inconfessáveis, sem garantirem o segredo da confissão e, quando estamos a sentir-nos inferiorizados, miseráveis, marginalizados, então sim, dizem-nos os valores.

    Frisando: estes valores são para as suas necessidades. Para outras pessoas com diferentes necessidades, os valores poderão ser muito diferentes.

    Quase a perder a paciência, num ginásio que fica perto do meu, muito inferior e quase com o mesmo preço, exclamo:

    - Este ginásio tem ou não tem piscina? Tem ou deixa de ter piscina conforme as minhas necessidades?
    - Não tem. -  confessa finalmente a criatura.
    - E os valores? - pergunto, já com ironia e irritadíssima.
    - Só posso dizer os valores depois de lhe fazer o inquérito para avaliar a sua situação e ficarmos a saber quais são as suas necessidades.

    Tão humilhados nos sentimos no fim do inquérito, que, quando nos dizem os valores adequados para as nossas necessidades, não nos passa pela cabeça dizer que achamos caro. LOL.

    Como num ginásio, onde acabei por descobrir, após o interrogatório, que apenas havia uma salita com meia dúzia de máquinas. Enfim, negociei com o meu, o Holmes Place e alteraram os "valores" para metade.